Tony De Matos – Lado A lado (1961)

Olá, prezados amigos cultos e ocultos! Eis uma postagem com toque bem lusitano. É um disco do cantor Tony de Matos (pseudônimo de Antônio Maria de Matos), “Lado a lado”, editado pela Copacabana em 1961. “O cantor romântico da canção portuguesa”, como era conhecido, nasceu no Porto, no bairro das Fontainhas, em 28 de setembro de 1924, e faleceu em Lisboa, em 8 de junho de 1989. Desde a infância tomou contato com o mundo artístico, pois seus pais eram atores. Aos 20 anos, começou a participar em espetáculos de variedades, assinando também seu primeiro contrato como cantor, com o Café Luso, na época considerado “a catedral do fado”. Gravou seu primeiro disco em 1950, “Cartas de amor”, grande sucesso em Portugal.  Outros êxitos viriam em seguida, tais como “Trovador”, “Ao menos uma vez” e “Lenda das águas”. Teve atuações esporádicas no teatro, cinema e televisão. Em 1953, vem pela primeira vez ao Brasil, cumprindo temporada em São Paulo. E para o Brasil voltaria em 1957, ficando seis anos e abrindo um restaurante típico, O Fado, situado no bairro carioca de Copacabana. Em 1963, regressa a Portugal e continua a atuar em teatro e gravar discos. Em 1974, após a Revolução dos Cravos, teve de fixar residência nos EUA, onde ficou por oito anos, uma vez que sua música era associada ao antigo regime. Quando voltou definitivamente a Portugal, teve oportunidade de participar em diversas revistas teatrais e fez um espetáculo, em 1985, no Coliseu dos Recreios. Durante a carreira, recebeu dois prêmios Imprensa, um como cançonetista e outro como fadista. Neste LP, gravado no Brasil, Tony de Matos está no auge de sua carreira, e o repertório inclui uma música brasileira, “Ternura antiga”, de José Ribamar e Dolores Duran. No mais, um disco de primeira, prato cheio para os fãs da canção lusitana, que inclui o clássico “Só nós dois”. Não deixem de conferir no GTM, ora, pois, pois!

lado a lado

vieste para mim

ternura antiga

só nós dois

coitado do zé maria

vou trocar de coração

poema do fim

tu sabes lá

gente maldosa

hás de pagar

não dissemos adeus

não me perguntes

 

*Texto de Samuel Machado Filho

Os Titulares Do Ritmo – Concerto De Música Popular (1957)

Olá, amigos cultos e ocultos! Mais uma vez, temos  o orgulho e a satisfação de apresentar a vocês um disco dos Titulares do Ritmo, sem dúvida um dos melhores grupos vocais que o Brasil já teve. “Concerto de música popular” foi lançado pela Copacabana em 1957, ainda em dez polegadas, e seria reeditado de forma ampliada, em 1961, com quatro faixas a mais. Curiosamente, essa reedição ampliada já foi oferecida anteriormente pelo TM, mas o que importa é ouvir os Titulares do Ritmo, apresentando, nas oito faixas deste original, um repertório muito bem escolhido e de primeiríssima qualidade, com clássicos do porte de “Serra da Boa Esperança”, “Taí” e “Na virada da montanha”, no lado A cantando à capela (sem acompanhamento instrumental) e no lado B com orquestração. Um trabalho de primeiríssima qualidade, que vale a pena conferir no GTM.

funeral de um rei nagô
cantiga
prenda minha
tahi
brasil moreno
na virada da montanha
serra da boa esperança
agora é cinza



*Texto de Samuel Machado Filho

Waldir Calmon E Seu Conjunto – Para Ouvir Amando N.2 (1959)

E aí, meus prezados amigos cultos e ocultos, boa noite! Não sou muito favorável a colocar no Toque Musical a discografia completa de um determinado artista, mas existem alguns que acabam, por uma razão ou outra, sempre presentes em nossas postagens. Este é o caso do Waldir Calmon que aqui mesmo eu aprendi a amar. E pensar que na minha adolescência eu via esses discos e achava uma tremenda cafonice e quando não, ‘coisas de véio’. É, acho que fiquei velho e talvez por isso mesmo passei a apreciar a arte desse grande ‘band leader’. E assim, mais uma vez temos o Waldir Calmon, dessa vez em um lp de 12 polegadas, de 1959. Neste disco, “Para Ouvir Amando N. 2” vamos encontrar um repertório de bolero, fox e samba, músicas selecionadas, com destaque especial para os sambas, onde vamos encontrar o “Ho-bá-lá-lá”, de João Gilberto; “Pro Causa de Você”, de Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran; “Se Alguém Telefonar”, de Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim. Está aí um disco que merece atenção, inclusive pela sonoridade com solos também de guitarra em contraponto com o piano. Show! Confiram no GTM…
 
regalo de viaje – sabras que te quiero
charmaine – begin the beguine
por causa de você – se alguém telefonar
hey there – flor de lys
ho-ba-lá-lá
gauchinha benquerer – linda flor
 
 
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Michel Daud – Joias Orientais – Música De Beduíno (1959)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo um disco que é bem a cara do Toque Musical, ou por outra, é daqueles discos que só poderiam ter sido postados aqui, neste balaio sortido de curiosidades. Trago para vocês a música de Beduíno, José Assad, descendente de libaneses, compositor, cenógrafo e teatrólogo, considerado nos anos 50, o ‘rei da música oriental no Brasil’. Oriental, no caso, se refere a música de origem árabe. Beduíno, como era mais conhecido é aqui interpretado por outro artista, também de origem libanesa, Michel Daud. O disco, “Joias Orientais”, com orquestração e arranjos do maestro Edewaldo Campanella nos apresenta um curioso repertório de boleros e baiões numa roupagem que mais nos lembraria uma trilha de filme sobre Ali Baba, ou os contos da Mil e Uma Noites. Taí, uma faceta da música popular no Brasil que hoje ignoramos, a música dos imigrantes, de povos que vieram para cá trazendo também as suas tradições. Vemos isso nos imigrantes italianos, alemães e japoneses. Da mesma forma os imigrantes de origem árabe. Este disco os representa bem. Um exemplar raro que também faz parte da fonografia nacional.
Confiram, no GTM…

canção do beduíno
festim na tenda
mercador de ilusões
rainha do nilo
lago de cristal
ea-habibe
lamento árabe
ea habibe és meus olhos
noite de amor
escrava branca
caravana que partiu
rosana
 
 
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Agnaldo Rayol – Quando o Amor Te Chama (1965)

Bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Hoje estou postando aqui um disco ‘trabalhado’ pelo amigo Denys, que vez por outra me traz essas surpresinhas. Temos aqui o cantor Agnaldo Rayol, artista que fez muito sucesso nos anos 60 e 70. Já postamos ele um outro disco e também participações em discos de coletânea e até de 78 rpm. Hoje vamos com um lp dele que também foi sucesso, o “Quando o amor te chama”, título também de uma das faixas do disco, música essa, uma versão de Nazareno de Brito da francesa “Ma vie”, sucesso de  Alain Barriére. Aliás, temos neste lp algumas outras versões, como era bem de costume na época. Mas também não falta espaço para as produções nacionais, músicas bacanas como “O caminho das estrelas” e “Jequibau”, de Mário Albanese e Ciro Pereira; “Tem que ser azul”, de Messias Santos Jr. e “Amanheceu”, de Johnny Alf e Dalmo Castelo. Há também o grande sucesso, “A praia”, outra versão que foi usada até como propaganda do creme dental Kolynos. Aqui podemos ver o disquinho de papelão, chamado de “flexi-disc”. Quem se lembra disso? Se lembra, já sabe, fica em casa! Aproveita o dia para ouvir o Agnaldo Rayol 😉

o princípio e o fim
se choras, se ris
não mereço você
aventura em roma
o caminho das estrelas
quando o amor chama
jequibau
a praia
mente-me
amanheceu
querido coração

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Quatro Sambas Quatro Sucessos N. 2 (1973)

Boa noite, caríssimos amigos cultos e ocultos! Aproveitando a ‘deixa’ do aniversário de 100 anos da nossa Elizeth Cardoso eu vou colocando aqui este compacto do selo Copacabana, lançado em 1973 e trazendo como o próprio nome diz, quatro sambas de sucesso nas vozes de Elizeth Cardoso, Adeilton Alves, Benito Di Paula e Noriel Vilela. Disquinho bacana que, por certo, vai agradar a todos. Confiram no GTM…

eu bebo sim – elizeth cardoso
madalena – adeilton  alves
retalhos de cetim – benito di paula
tá com medo, diz… – noriel vilela



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Elizeth Cardoso – Falou E Disse (1970)

Boa noite, caríssimos amigos cultos e ocultos! Hoje é um dia especial, pois nesta data de 16 de julho nascia Elizeth Cardoso e hoje ela estaria fazendo 100 anos. Vejam como o tempo passa e alguns artistas serão sempre lembrados. Elizeth Cardoso então, nem precisamos comentar, é chover no molhado. Grande dama da música popular brasileira!
Com este bom pretexto trago assim mais dos excelentes discos da ‘Magnífica’. Este aqui, das melhores safras, “Falou e Disse”, de 1970. Um disco onde predominam os sambas de Baden Powell e Paulo Cesar Pinheiro, mas também cabem João Nogueira, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e outras feras da nossa música popular brasileira. Disco nota dez! Confiram no GTM

é de lei
corrente de aço
você foi um atraso no meu caminho
lua aberta
tudo ok
refém da solidão
foi um rio que passou em minha vida
degraus da vida
aviso aos navegantes
camisa branca
carta de poeta
a flor da laranjeira



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João Mineiro E Marciano – Filhos De Jesus (1981)

Boa noite para todos, amigos cultos e ocultos! Cá estamos novamente na sintonia sertaneja. Hoje trazendo uma outra dupla bastante conhecida, para não dizer famosa, João Mineiro e Marciano. Eles começaram juntos nos anos 70, mas foi só a partir dos 80 é que eles ganham projeção. Nesse período a música sertaneja estava em alta e a dupla emplacou vários sucessos a partir de então. Tiveram, inclusive um programa na televisão. No início dos anos 90 eles acabaram se separando e cada um seguiu com outros projetos. João Mineiro formou outras duplas, mas em 2012 veio a falecer. Em 2019 foi a vez de Marciano. Ele gravaram uma dezena de discos. Aqui o oitavo disco e o primeiro pelo selo Copacabana. Confiram no GTM…

filhos de jesus
vinte anos de silêncio
não adianta dizer que me ama
desprezo
sem você não sou ninguém
quarto vazio
navio do adeus
minha serenata
na metade da vida
orgulho e ciúme
amor e nada mais
terra santa de padre victor

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Grupo Xodó (1977)

Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Aqui estou eu novamente trazendo um daqueles discos que a gente não encontra informação em lugar algum, inclusive no próprio álbum, que se limita a lista de músicas e uma pequena ficha técnica que em nada contribui para a nossa apresentação. Eis aqui o Grupo Xodó em seu disco de 1977, lançado pelo selo Copacabana. Um quinteto vocal muito bom e que certamente passou batido, pois como eu disse, nada sobre eles ficou registrado até então. Se pelo menos tivéssemos os nomes dos integrantes que não fosse de maneira tão informal como colocaram: Beto no baixo; Toninho na bateria, Nando na guitarra e violão; Dinho na flauta e Joãozinho nos teclados. Parece que só pensaram nos mais chegados, os amigos e parentes do Grupo Xodo. Enfim, coisas da indústria fonográfica. Mas o que nos importa aqui é antes de tudo conhecer o som dessa rapaziada. Eles fazem uma música bem na linha de artistas como o Trio Mocotó, as duplas Tom e Dito e Antonio Carlos e Jocafi. Samba com swing, funkiado, sambalanço… Taí um disco que eu recomendo, muito bom. Confiram no GTM

brasil terra do sol
oi lá!
morena morenô
unidos de nosso senhor
cafuné
essa menina
desabafo
carnaval de lágrimas
tudo acabado
barraco de solidão


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Lupicínio Rodrigues – E A Bossa Velha (1960)

Boa noite, meus amigos cultos e ocultos! Cá estamos nós para mais uma postagem diária. É, neste ano voltamos aos velhos hábitos, ou pelo menos pretendemos. E hoje eu trago para vocês um disquinho enviado pelo amigo Denys, rapaz talentoso que recupera áudio, recria as capas e selos com grande precisão.
Temos aqui um raríssimo compacto triplo de 45 rpm, do genial Lupicínio Rodrigues, lançado em 1960 pelo selo Copacabana. Taí um disquinho que eu não conhecia e certamente muita gente por aqui também não. Mas eis que buscando no Google algumas informações sobre ele, acabei chegando numa página que nos traz um texto dos mais interessante, da jornalista e escritora (e querida) Janaína Azevedo Lopes, que caí como uma luva nessa nossa postagem:
Em 29 de dezembro de 2015, apareceu no YouTube a reprodução na íntegra do extended play Bossa Velha, de Lupicínio Rodrigues, com data de 1960 e selo da Copacabana. É um álbum raro, do qual se encontra pouca informação na internet. Neste link do CollectorsFrenzy, por exemplo, sabemos que uma edição do disco foi objeto de um leilão, em 2014, ao preço de 102,51 dólares. Segundo o site, três apostas foram feitas. 
Além da raridade, outro aspecto que Bossa Velha traz é o próprio som, extremamente refinado, resultado de uma gravação impecável. A “bossa velha” de Lupicínio é um samba cadenciado, com toques de jazz e uma interpretação elegante da poesia do porto-alegrense. Em seis faixas, Lupi canta o cotidiano de seu relacionamento, faz pedidos e alertas à mulher, tanto melancólico quanto apaixonado, e irreverente ao ponto de soar ofensivo hoje em dia. O desenho da vida boêmia está lá, por exemplo, na letra de “Esta eu conheço”, que inicia aos versos de “mandei buscar minha mulher pra casa, apesar do seu mau proceder. Pra solucionar minha casa, sem mulher não posso viver”. Duas faixas depois, o gaúcho canta “Prova de amor”, que nada mais é do que exigir que a esposa cuide da casa enquanto ele trabalha: “Que vantagem tenho em possuir o seu amor se eu que trabalho com o frio e com o calor, quem ama faz sacrifício você pra mim nunca fez eu que pago as contas quando chega o fim do mês”. Mas Lupi também canta sua ternura com, e quando o faz, é com um lirismo tão belo quanto simples: “querer desfazer a minha mágoa é tentar abrir buraco na água” canta ele em “Pegador de bolinha”…

pergunte aos meus tamancos
eu não sou louco
eu sei
esta eu conheço
pregador de bolinha
prova de amor



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Waleska – Êta Dor De Cotovelo (1981)

Olá amiguinhos cultos e ocultos. Aqui vamos nós ainda ao sabor das vozes femininas. E para hoje temos a cantora Waleska, a ‘rainha da fossa’, artista a qual já apresentamos aqui por outras vezes. Nesta oportunidade trazemos dela o lp “Êta dor de cotovelo”, seu nono lp, lançado em 1981. Não diferente de outros discos, aqui ela interpreta uma série de verdadeiros clássicos da nossa música popular romântica, músicas essas que expressam a dor do amor, a dor de cotovelo, encontros e desencontros. Quase todas já bem conhecidas do grande público. Os arranjos são do guitarrista e compositor Celso Mendes. Confiram no GTM…

ave maria no morro
serenata do adeus
chão de estrelas
canção de amor
balada triste
ciclone
alguém me disse
êta dor de cotovelo
matriz ou filial
os amantes
pra você não ir embora
meus tempos de criança
a volta do boêmio
pensando em ti
eu sou a outra
folha morta
duas mulheres e um homem
madame fulano de tal
barracão
sistema nervoso
 
 
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Carmem Costa Com Orquestra (1955)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Mais uma vez, a força feminina na música popular brasileira vai mandando ver… Hoje temos novamente por aqui a inesquecível Carmen Costa, uma cantora que dispensa maiores apresentações. Aqui temos dela o primeiro lp de 10 polegadas, lançado em 1955 pelo selo Copacabana. Neste disco estão reunidos alguns sambas que ela gravou anteriormente em discos de 78 rpm.

quase
não pode mexer
sei de tudo
não é só vestir saia
defesa
busto calado
côco duro
eu sou a outra
 

Dolores Duran – A Noite De Dolores (1960)

Caríssimos amigos cultos e ocultos, aqui vai mais um disco, que eu também achava já ter postado aqui no Toque Musical. Já foram tantos discos que as vezes é difícil lembrar. Mas, enfim, chegou a vez de “A Noite de Dolores”, um disco onde se celebrar a grande intérprete da noite, das boates e bares cariocas daquele tempo, a grande Dolores Duran. Este lp nos apresenta, entre composições próprias e de outros autores, inclusive internacionais, um típico repertório dela como intérprete e cantora da noite. Um belíssimo disco, diga-se de passagem, que merece aqui o nosso toque musical. Não deixem de conferir no GTM…

carioca 1954
ave maria lola
sinceridad
negraj manteloj (coimbra)
ma cabane au canada
canção da volta
outono
la marie vison
no other love
ojos verdes
my funny valentine
nossos destinos

Lauro Paiva – Gafieira Em Bossa Nova (1960)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Considerando o fato de que aqui postamos essencialmente discos e músicas com mais de 20 anos, por certo acredito que nosso público são de pessoas maduras e nos dias atuais, grupo de risco nessa pandemia. Daí, volto mais uma vez a lembrá-los: FIQUEM EM CASA! Aproveitem para degustar nosso cardápio, que até então está sendo diário, como nos bons tempos 🙂
Hoje, tenho para vocês o pianista e organista Lauro Paiva em um álbum de 1960, lançado pelo selo Copacabana. Lauro Paiva, embora hoje em dia seja quase um desconhecido, foi nos anos 50 e 60 um músico e compositor bem popular, principalmente em São Paulo, onde ele fez seu nome. Nascido na Bahia, trabalhou no início dos anos 50 na Radio Excelsior baiana. Mudou-se para o Rio de Janeiro logo em seguida e a partir de então vieram as gravações. Pelo que eu pesquisei ele gravou por volta de uns nove ou dez discos ao longo de sua carreira. Estabeleceu-se em São Paulo onde também tocava na noite. Aqui temos ‘Gafieira em Bossa Nova”. Como nessa época a Bossa Nova estava nascendo, começando a brilhar, muita coisa também passou a adotar o termo e não só no campo da música. Neste lp cujo repertório é pautado no samba e no choro e se complementa com uma roupagem a la bossa nova e acaba se transformando numa gafieira em bossa. Lauro Paiva mostra o quanto domina o orgão, dando um verdadeiro show de talento. Disco muito bacana que merece o nosso toque musical. Confiram no GTM…

gavião cascudo
na pavuna
dorinha meu amor
fita amarela
jura
olhos verdes
rosa morena
se você jurar
lá vem a baiana
andré de sapato novo
gosto que me enrosco
se você soubesse



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Elizete Cardoso – Quatrocentos Anos De Samba (1965)

Boa noite prezados amigos cultos e ocultos! Olha aí, mais uma artista, a qual caberia aqui no nosso Toque Musical toda a discografia, a magnífica Elizeth (ou Elizete) Cardoso. Assim, sempre que possível, vamos ter um disco dela em nossas postagens. Desta vez temos o lp de 1965, homenagem ao quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro, “Quatrocentos Anos de Samba”, nome também da música que abre o disco, composição de Luiz Antonio, que está presente em mais três faixas desse lp. Tem também o ótimo samba de Zé Keti, “O Meu Pecado”, também gravado por Paulinho da Viola. O disco tem um repertório muito bom, porém, em pleno 1965, parece ter sido gravado dez anos antes, com arranjos e orquestrações um tanto antiquadas, penso eu. Mas Elizeth é sempre Elizete e isso é oque importa. Confira no GTM.

quatrocentos anos de samba
coisas mortas
o meu pecado
tem sido assim
retrato do morro
coisas do amor
é ontem ainda
deixa que anoiteça
caminhos do esquecer
e eu tô lá
sangue quente
vedete de fogão

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Arnaud Rodrigues – Sound & Pyla Ou Homenagem Do A Ao Z (1970)

Bom tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Eu as vezes costumo fazer umas retrospectivas na linha de postagem do Toque Musical e fico mesmo abismado com tanta coisa errada que escrevi em algumas delas. Daí, quando vejo algo errado, o certo é corrigir, não é mesmo? “Sound & Pyla…”, do Arnaud Rodrigues foi um deles e portanto, agora volta em uma nova postagem, um tanto mais descente e completa. Este disco até uns quinze anos atrás se encontrava no obscurantismo dos álbuns esquecidos, em plena era do digital. Voltou a luz muito por conta de blogs musicais como o Toque Musical. Foi a partir daí que muitas pessoas puderam ter o primeiro contato com este que foi, creio eu, o primeiro disco de Arnaud Rodrigues como artista da música, acompanhado pelo grupo (seria isso mesmo?) Unidade C. “Sound & Pyla ou Homenagem do A ao Z” foi lançado em 1970 pelo selo Copacabana. Na capa, como podemos ver, temos um texto escrito a mão e assinado pelo Roberto Carlos, uma apresentação do artista para um público jovem. Passados tantos anos este disco é hoje uma raridade que muitos colecionadores tem paixão. Virou objeto de desejo até de quem nunca ouviu a bolacha no prato. É isso que fazem os formadores de opinião, levantam a lebre e douram-lhe as pérolas. Sem dúvida, o disco é bem legal e merece toda essa pompa. Afinal, raridade é raridade… hehehe…

turma do pô yeah
tema de cristina
sound & pyla
um tanto emocionado
a espera de um beijo teu
projeto apollo (minha canção é um jornal)
reginella
mônica
o que ficou
big mama
esse mundo é nosso
tributo ao sonoplasta
 
 

Luiz Vieira E Orquestra – Prelúdios De Amor (1963)

O Toque Musical presta hoje uma homenagem póstuma a um dos maiores cantores e compositores de nossa música popular. Luiz Rattes Vieira Filho, ou como ficou para a posteridade, Luiz Vieira, nos deixou a 16 de janeiro deste ano, vítima de parada cardíaca, aos 91 anos de idade. Nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 12 de outubro de 1928, e seu nome foi uma homenagem ao avô. Perdeu sua mãe com apenas dois anos de idade. Antes de completar dez anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, sendo criado pelo avô em Alcântara, distrito da cidade de São Gonçalo. Aos oito anos de idade, produziu sua primeira composição. Em criança, cantou em circos e parques de diversões, e exerceu diversas atividades no Rio, antes de ingressar na vida artística: foi domador, caminhoneiro, taxista, guia de cego, engraxate e lapidário. Em 1943, começou a se apresentar em programas de calouros do rádio e em casas noturnas da Lapa. Em 1946, foi contratado pela Rádio Clube do Brasil para apresentar, junto com Zé do Norte, o programa “Manhãs da roça”, destinado a músicas nordestinas, onde também foi secretário, diretor musical e redator. Trabalhou ainda no programa “Picolino”, de Barbosa Júnior, e transferiu-se depois para a Rádio Tamoio, onde passou a se apresentar no programa “Salve o baião”, onde recebeu o título de “príncipe do baião”, apresentando-se ao lado de Luiz Gonzaga, o “rei do baião”, Carmélia Alves, a “rainha”, e Claudette Soares, a “princesinha”. No mesmo período, a convite de Almirante, passou a trabalhar na PRG-3, Rádio Tupi. Em 1951, gravou seu primeiro disco, na Todamérica, interpretando “Baião da Vila Nova” e “Coreana”, composições de sua autoria e Ubirajara dos Santos. No mesmo ano, com a inauguração da TV Tupi do Rio, participou do primeiro programa musical da televisão, “Espetáculos Tonelux”, apresentando-se ao lado da vedete Virgínia Lane. Apresentou também programas nas TVs Record e Excelsior de São Paulo. Teve mais de quinhentas composições e muitos sucessos, gravados por ele próprio e por outros artistas. Entre seus maiores sucessos podemos citar “O menino de Braçanã”, “Estrada de Colubandê”, “Estrela miúda”, “Na asa do vento”, “Balada do amor sublime”, “Guarânia da saudade”, “Guarânia da lua nova”, “Estrela de veludo”, “Inteirinha”, “Os olhinhos do menino”, “Paroliado”, “Maria Filó (O danado do trem)”, “Cantiga pra Ribeirão Preto” e “Estrada da saudade”. O TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos este compacto duplo dos anos 1960, lançado pela Copacabana, que inclui os dois prelúdios de sucesso de Luiz Vieira, “Paz do meu amor” e “Prelúdio para ninar gente grande”, mais conhecido pelo subtítulo “Menino passarinho”. “Temporal em nosso amor” e “Caminhos do amor” completam o disco, cuja postagem, sem dúvida, é uma singela homenagem do TM a este grande cantor e compositor brasileiro que partiu, mas deixou uma obra musical que ficará para sempre!

paz do meu amor – preludio n.2
prelúdio para ninar gente (menino passarinho)
temporal em nosso amor
caminhos do amor




*Texto de Samuel Machado Filho 

Amado Maita (1972)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje o nosso encontro é com Amado Maita, músico paulista que lançou em 1972 este que foi o seu primeiro e único disco. Lançado em uma única tiragem pelo selo Copacabana, certamente não vingou por ser bom demais, acima da média. Um disco feito com esmero, música popular brasileira de qualidade. A música de Amado Maita me lembra um misto de Milton Nascimento e Gonzaguinha, também naqueles tempos. O repertório e quase todo autoral ou em parceria com José Wilson Lopes. Há ainda espaço para sua interpretação nas faixas, “Piedade”, de Miguel e Lindolfo Lage; “Sabe você”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra e o antigo samba “Não me diga adeus”, de Paquito, Luiz Soberano e João Corrêa da Silva. Amado Maita conta com o apoio de um time de músicos de primeira. Figuras como Hamleto, Guilherme Vergueiro e Edson Machado são alguns dos destaques, juntamente como os arranjadores Antonio Barbosa e Mozar Terra que dão ao trabalho uma pegada mais jazzística. As regências ficaram por conta do maestro Leo Peracchi. A produção foi do italiano Cesare Benvenuti, aquele que também produziu uma onda de artistas brasileiros, com nomes gringos e cantando em inglês. Este disco esteve esquecido por muito tempo e só veio a aparecer a partir do bum dos blogs musicais e das redescobertas fonográficas, por conta de pesquisadores e colecionadores. Quem muito chamou a atenção para este disco foi o músico Ed Mota, levantando a poeira e fazendo neguinho correr sebos e também Mercado Livre em busca da bolacha. Foi aí que o preço subiu e chegou as alturas fazendo com que ele viesse a ser relançado em 2018, pela Patuá Discos. Como a segunda edição também foi limitada (1500 discos), hoje é possível que já não seja mais encontrado, ou talvez até encontre, mas com um precinho salgado. Maita faleceu em 2005. Infelizmente, não há muita informação sobre sua trajetória pessoal ou artística. Ele é pai da cantora Luísa Maita, uma das boas revelações do cenário atual da música brasileira. Confiram no GTM.

samba de amigo
mariana
os mergulhadores
cemitério dos vivos
piedade
gestos
o mostro verde do mal
sabe você
não me diga adeus
reflexão
 

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The Angels – Compacto (1963)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Compactando as emoções, tenho hoje para vocês este raro disquinho, um compacto duplo, com quatro faixas do conjunto The Angels, lançado em 1963 pela gravadora Copacabana. Este grupo pode ser considerado um dos pioneiros do rock nacional. Surgiu no final dos anos 50, quando o rock’n’roll começou a se espalhar pelo mundo. Formado no Rio de Janeiro pelos irmãos Carlos e Sérgio Becker (voz/guitarra e sax tenor), tendo ainda Jonas Damasceno no contrabaixo, Romir Andrade na bateria e Carlos Roberto na guitarra solo. Gravaram, inicialmente, três compactos pela Copacabana, sendo este o primeiro, se não me engano. Pouco tempo depois mudariam o nome da banda para The Youngsters, passando a gravar pela CBS e ainda na Polydor, já nos fins dos anos 60. O grande exito do grupo foi ter acompanhado Roberto Carlos em seus primeiros discos. Também gravaram acompanhando outros artistas, principalmente os da Jovem Guarda.
No disquinho que aqui apresento temos quatro músicas, autênticos rock’n’roll, sendo dois deles autorais, da própria banda. Confiram mais essa raridade no GTM, como sempre completo! 😉

gravy (for my mashed potatoes)
hully gully baby
hully guitar
the hully gully



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Vicente Barreto – Nação Brasileira (1985)

Vicente Barreto, cantor e compositor que o Toque Musical põe em foco no dia de hoje, é o legítimo “tabaréu”, caipira do Nordeste. Nasceu em Salgadália, distrito de Conceição do Coité, no interior da Bahia, em 5 de abril de 1950, mas foi criado no município de Serrinha. Autodidata na arte de tocar violão, é parceiro de diversos artistas da MPB, tais como Alceu Valença (“Morena tropicana”, “Cabelo no pente”, “Pelas ruas que andei”), Tom Zé (“Hein!”, “Esteticar”, “Vaia de bêbado não vale”), Vinícius de Moraes (“Eterno retorno”), Celso Viáfora (“A cara do Brasil”, “A notícia”, “Por um fio”) e Paulo César Pinheiro (“Na volta que o mundo dá”), e tem dez álbuns lançados, o mais recente, “Cambaco”, de 2015. Suas músicas também foram gravadas por intérpretes do porte de Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Alaíde Costa e Mônica Salmaso, entre outros. “Nação brasileira”, que o TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos, é o quarto disco de Vicente Barreto, e foi lançado em 1985. Aqui, o destaque fica por conta de “Amor de papel”, uma parceria com Raul Ellwanger, que foi tema da primeira versão da novela global “Sinhá Moça”. Ambos também assinam “Moça do Leblon” e “Cangaíba”. Há ainda parcerias com Jaguar (“Beijo de lua” e “Teias do coração”), Hermínio Bello de Carvalho (“Gaiola”), Alceu Valença (“Pirapora”) e Zé Rocha (“Mudança do tempo” e “Maracatu, nação brasileira”).  Tudo resultando em mais um disco que vale a pena conferir. 

moça do leblon
gaiola
beijo de lua
o sanfoneiro
teias do coração
pirapora
amor de papel
mudança de tempo
cangaíba
maracatu nação brasileira

*Texto de Samuel Machado Filho

Leci Brandão (1985)

Cantora, compositora, atriz e política. Assim é Leci Cristina Brandão da Silva, ou simplesmente Leci Brandão, que o Toque Musical põe em foco no dia de hoje. Ela nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1944, e começou sua carreira no início dos anos 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Começou a chamar a atenção do grande público em 1975, ao participar do festival Abertura, da TV Globo, defendendo seu samba “Antes que eu volte a ser nada”, mais tarde faixa-título de seu primeiro LP. Uma das mais importantes intérpretes de samba da MPB, Leci Brandão gravou, ao longo da carreira, 13 LPs, 8 CDs, 2 DVDs e 3 compactos, um total de 26 obras. É também madrinha da Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do carnaval de São Paulo. Em 2010, elegeu-se deputada estadual por São Paulo, pelo PCdoB, reelegendo-se em 2014 e 2018. Como parlamentar, Leci Brandão dedica-se à promoção da igualdade racial, ao respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira. Também levanta a questão das populações indígena e quilombola, da juventude, das mulheres e do segmento LGBTQ+. Na televisão, atuou na novela “Xica da Silva”, da extinta TV Manchete (1996/97), como a líder quilombola Severina, e foi ainda comentarista dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo pela Globo.  No cinema, participou dos filmes “Antônia” (2007), “Tropa de elite 2” (2010) e “O samba” (2015). Este álbum que o TM nos oferece hoje é talvez o melhor trabalho da carreira de Leci Brandão. Lançado pela Copacabana em 1985, o disco foi puxado pelo hit “Isso é fundo de quintal”, dela própria em parceria com Zé Maurício. Porém, é óbvio, tem mais a destacar. É o caso de “Zé do Caroço”, uma das músicas mais regravadas de Leci, e de uma versão de Martinho da Vila para “Gracias a la vida”, da chilena Violeta Parra. Martinho ainda assina “Tá quase odara”, parceria com Zé Catimba, e a própria Leci, “Belém meu bem”, “Deixa, deixa”, “Assumindo” e a adaptação de “Saudação ao rei das ervas”. Com direito até a um forró (“Entra no forró”). Tudo isso e muito mais fazem deste disco uma verdadeira joia que o TM oferece com a grata satisfação de sempre. Confiram.

papai vadiou

isso é fundo de quintal

tá quase odara

zé do caroço

belém meu bem

quero eu

agradeço a vida

deixa deixa

entra no forró

maria de um só joão

quebra-queixo

assumindo

saudação ao rei das ervas



*Texto de Samuel Machado Filho

Jorge Alfredo – Quem Fica É Quem Traz O Sol (1979)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical traz para vocês hoje o primeiro (e ao que parece único) álbum-solo do baiano Jorge Alfredo, lançado pela Copacabana em 1979. Conforme o pouco que se sabe a seu respeito, ele foi um dos primeiros artistas brasileiros a misturar elementos do reggae jamaicano com os ritmos baianos. É o que transparece nas onze faixas deste disco, feito um ano antes de ele fazer parceria com Chico Evangelista, com muito de pegada rock e batidas sertanejas, trazendo também letras de poesia e sensibilidade extremas. Segundo comentário que li no YouTube, “é um disco tão raro que parece que nem foi lançado”. Portanto, é mais uma raridade que o TM tem a grata satisfação de oferecer. Confiram…

rodapé
menina maluca
jeito de viver
nani nere cohrau
doideira
forró no escuro
de olho na esquina
assim preto – brasa branca
antiga mesma tristeza
parecendo piqui
daqui da lua



*Texto Samuel Machado Filho 

Raices De America – Amazônia (1990)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Eu estou sempre me surpreendendo com o acervo musical que fomos criando ao longo desses 11 anos de atividades.Confesso que as vezes até me esqueço do que já postei aqui e as vezes chego até a postar de novo e só depois me dou conta disso. Também, não é para menos, temos aqui mais de 3 mil títulos! É disco pra caramba! E assim como repito, também falho em algumas postagens que já deveriam estar aqui. É o caso do grupo Raices de America que agora eu percebo, nunca postei nada deles aqui. Uma injustiça, por certo. Mas que agora vamos corrigir. Tenho aqui este lp, o Amazônia, lançado em 1990. Acredito eu que este tenha sido o último disco gravado pelo grupo que surgiu no final dos anos 70, formado inicialmente por músicos argentinos, chilenos e brasileiros. Seguindo a linha de outros grupos de cunho folclórico latino americano, como o Tarancón, o Raices de America buscou ser um grupo um pouco além, preocupado com suas apresentações sempre bem produzidas, um trabalho de cunho também autoral. Ao longo de todos esses anos o grupo passou por várias formações, ou por outra, muitos artistas contribuíram para a permanência de um dos mais importantes grupos musicais do gênero. Gravou uma dezena de discos. Neste álbum, ‘Amazônia’, que como disse, parece ser o último da era vinil. Lançaram em 2006 um cd reunindo seus melhores momentos. Confiram este trabalho no GTM.

amazônia
nelson mandela sus dos amores
el primer amor
caminho de andes
passo de cucaracha
carcará
clareia a manhã
guantanamera
los pajaros
a dívida não existe

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Grandes Sucessos Da E. S. Portela (1962)

O TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos, com a alegria e a satisfação de sempre, um disco lançado pela Copacabana em 1962, pondo em foco sambas de compositores ligados a uma das mais tradicionais e queridas escolas de samba do Rio de Janeiro, a Portela. A escola das cores azul e branco, que tem a águia como símbolo, foi fundada em 11 de abril de 1923, como bloco carnavalesco, com o nome de Conjunto Oswaldo Cruz, pois ficava no bairro de mesmo nome. No mesmo ano, foi criado o bloco Baianinhas de Oswaldo Cruz, que já continha o embrião da primeira diretoria portelense: Paulo da Portela, Alcides Dias Lopes (o “malandro histórico”), Heitor dos Prazeres, Antônio Caetano, Antônio Rufino, Manuel Bam-Bam-Bam, Natalino José do Nascimento (o “seu Natal”), Candinho e Cláudio Manuel. Mudou duas vezes de nome, Quem Nos Faz é o Capricho e Vai Como Pode, até assumir definitivamente , a partir de 1936, a denominação Portela. Ao longo das primeiras décadas do carnaval carioca, a Portela tornou-se uma das principais escolas de samba cariocas, ao lado de Mangueira, Império Serranoe Acadêmicos do Salgueiro. E é responsávelpor algumas inovações nos desfiles de carnaval, como, por exemplo, a comissão de frente, sendo também a primeira escola a uniformizá-la. A Portela é, também, um dos grandes celeiros de compositores do samba, comprovado por sua ativa e tradicional Velha Guarda.  Além disso, é a maior campeã do carnaval carioca, com 22 títulos conquistados, entre 1935 e 2017. Sua quadra, situada no bairro de Madureira, é um dos grandes pontos culturais do Rio de Janeiro, e recebe, o ano inteiro, visitações e eventos. Neste disco, produzido por um verdadeiro craque, Moacyr Silva, iremos encontrar doze sambas bastante expressivos, interpretados por Zezinho (duas faixas) e Abílio Martins (as demais). E assinados por vários nomes ligados à Portela, como Zé Kéti, Manacéa e seu irmão Aniceto, Waldir 59, Candeia… além, é claro, do lendário Paulo da Portela. Ele aqui comparece com um samba até então inédito em disco, “Cidade-mulher”, cujo título original era “Guanabara”, composto em 1935 para a então Vai Como Pode. Um álbum cheio de autenticidade, produzido com esmero e capricho, e digno de figurar nos acervos de tantos quanto apreciem o melhor de nossa música popular. E agora, ó abre alas, que a Portela quer passar!

piau
sofrer por errar
já sou feliz
cidade mulher
linda natureza
exaltação ao rio
sempre teu amor
nós vamos assim
pode chorar
sofrimento
micróbio do samba
incrível destino

*Texto de Samuel Machado Filho

 

A Grande Música De Noel Rosa (1979)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Nosso encontro hoje é com a música de Noel Rosa, através do disco da série “A Grande Música do Brasil”, concebida e dirigida por Marcus Pereira quando este já havia encerrado sua gravadora e agora estava na Copacabana Discos. Podemos considerar este disco, ou esta série como a sequencia final da produção Marcus Pereira, que dois anos depois, falido e com problemas pessoais tirou sua própria vida, encerrando de vez um dos trabalhos fonográficos mais importantes da música brasileira.
Como disse, neste lp temos a música do grande Noel Rosa. Aqui encontramos um trabalho a quatro mãos, ou por outra, a música de Noel Rosa em arranjos de, outro grande, Radamés Gnatalli, tendo como solista o pianista Arthur Moreira Lima. A direção musical e de gravação é do músico e também produtor Marcus Vinicius, que sempre esteve ao lado de Marcus Pereira em muitas das suas produções. Um excelente trabalho que precisamos resgatar.

concerto para noel rosa:
as pastorinhas
em feitio de oração
conversa de botequim
feitiço da vila
ultimo desejo
três apitos
fita amarela
silêncio de um minuto
de babado sim
até amanhã
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Sol Amarelo – Músicas Da Novela TSO (1972)

Olá, amigos cultos e ocultos! Conforme informei, nossas próximas postagens serão dedicadas as trilhas de novelas. Devo ter umas meia dúzia de discos aqui que ainda não postei. Então vamos a eles…
Hoje tem a trilha de Sol Amarelo, telenovela que foi ao ar nos meses entre 1971 e 72, exibida pela TV Record. A trilha sonora foi especialmente composta por Fernando Lona e Gianfrancesco Guarnieri. Contou também com a participação de Marilene e Vithal como cantores intérpretes em várias faixas. Esse último, creio eu, viria mais tarde a ser conhecido como Vital Farias. Sem dúvida, uma trilha muito interessante, bem melhor que a própria novela que pouco sucesso fez. Confiram no GTM 😉

sol amarelo (tema de abertura) – orquestra
por amor eu me perdi – marilene
letra de ouro – vithal
sol amarelo (tema de amor) – orquestra
cantiga santa – marilene
cândida – fernando lona
sol amarelo (tema dramático) – orquestra
não tenho tempo de amor – vithal
sol amarelo – marilene e fernando lona
vila rosário – vithal
sol amarelo (tema de encerramento) – orquestra

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Salathiel Coelho Apresenta Temas De Novelas (1965)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Na trilha das novelas, aqui vamos nós com mais um raro exemplar: Temas de Novelas, apresentado por Salathiel Coelho, um dos pioneiros da televisão brasileira. Locutor, sonoplasta, produtor musical de rádio e televisão. Figura de um currículo extenso, tendo atuado inclusive em emissoras internacionais, sempre envolvido na produção musical de trilhas para novelas. Ninguém mais certo, por tanto, para apresentar neste disco de 1965 uma sequência de temas que serviram de trilhas para as primeiras tele novelas.

O Sorriso de Helena
pequeno concerto que virou canção
tema de helena (a sonâmbula)
Tereza
tema de tereza (marcha nupcial)
tema do professor (summer love)
tema de aurora e mário (the end of the world)
O Direito de Nascer
tema de albertinho (amor eterno)
Se o Mar Contasse
tema de amor (eterna saudade)
O Cara Suja
se piangi se ridi
tema de amor (l’erba canta)
Quando o Amor é Mais Forte
tema de amor (the war lover)
Alma Cigana
tema de amor (romance de amor)

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Altamiro Carrilho, Conjunto E Côro – Bossa Nova In Rio (1963)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Para abrilhantar ainda mais o nosso mês de setembro eu hoje trago para vocês esse delicioso lp com o flautista Altamiro Carrilho, Conjunto e Côro. Fiz questão de frisar o conjunto e o côro, pois embora, como o flautista Hamelin, Altamiro que vem à frete, mas que segura a bossa é a turma de trás. Aliás, quem mais se destaca neste disco me parece ser o acordeon e nesse sentido,o toque lembra muito o Chiquinho e também o Sivuca, mas este segundo, nessa época estava morando na Europa. Infelizmente não há no disco nenhuma informação a respeito dos músicos além do próprio Altamiro Carrilho.
Seguindo a tendência da época, no auge da Bossa Nova, a gravadora Copacabana lançou em 1963 este lp onde o flautista, seu conjunto e côro nos apresentam um repertório moderno, com músicas que já se despontavam como clássicos de um novo movimento. Aliás, este é também um lp clássico de bossa nova, um item indispensável em qualquer coleção do gênero. Confiram no GTM…

menina feia
desafinado
tristeza de nós dois
gamação
mania de maria
confissão
corcovado
samba de uma nota só
morreu num adeus
o barquinho
tudo é bossa
fundo do mar

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Angel Parra – De Chile (1976)

Dando prosseguimento ao ciclo dedicado á música popular e folclórica latino-americana, o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados um dos mais expressivos títulos da discografia do chileno Ángel Parra, filho da imortal Violeta Parra (de quem já apresentamos aqui o disco “Canciones inéditas”).  Lançado em 1976 pela Intermusique, de Luxemburgo, o disco se intitula “Ángel Parra de Chile”, e teve também os nomes de “La libertad” e “Yo tuve una pátria” (no Brasil, a extinta Copacabana manteve o título original). Com o nome completo de Ángel Cereceda Parra, este que, além de cantor e compositor, foi também escritor, veio ao mundo na cidade chilena de Valparaíso, no dia 27 de junho de 1943, fruto da união de Violeta Parra com o ferroviário Juan Cereceda Arenas. Teve início de carreira precoce, aos cinco anos, cantando em circos.  Seu primeiro LP-solo viria em 1965, “Ángel Parra y su guitarra”, pontapé inicial para uma constante e prolífica produção musical. Participou do movimento denominado “Nueva Canción Chilena” e, durante um certo período, sua música situava-se entre a canção de protesto e o folclore do Chile, cantando ocasionalmente ao lado de sua irmã Isabel Parra. Ángel foi também um dos compositores chilenos a se abrir para outros gêneros musicais, como o rock, colaborando com o grupo Los Blops. Por suas ideias políticas e sua vinculação à Unidade Popular de Salvador Allende, em 1973, logo após o golpe de estado do general Augusto Pinochet, Ángel ficou detido no Estádio Nacional e no campo de concentração de Chacabuco. Na ocasião, escreveu “La pasión según San Juan, oratório de Navidad”, que gravou e lançou na Europa logo após ser libertado. No exílio, morou no México e na França, dedicando-se a denunciar ao mundo a triste situação de seu país. Nesse período, produziu um álbum de guitarra popular chilena (“La prochaine fois”) e, em 1981, gravou seu último disco em dupla com a irmã Isabel.  A partir de 1989, estaria várias vezes em seu Chile natal para se apresentar artisticamente, mas continuou residindo na França. Nos anos 1990, gravou, entre outros discos, o que comemorou os 500 anos do descobrimento da América (com letras do escritor galego Ramón Chao, pai do músico Mano Chao), o que lembrou os 50 anos do falecimento da poetisa Gabriela Mistral, e outro em homenagem à mãe, Violeta Parra. Em fins de 2004, ao lado da irmã Isabel , recebeu a distinção de “Figura fundamental da música chilena”. Em 2006, publicou um livro sobre a vida de sua mãe, “Violeta se fue a los cielos”. Ángel Parra faleceu em 11 de março deste ano de 2017, aos 73 anos, em Paris, em consequência de um câncer pulmonar, deixando uma discografia que abrange quase 40 álbuns-solo, além dos seis gravados junto com a irmã Isabel. Este “Ángel Parra de Chile” mostra o cantor-compositor em sua melhor forma, apresentando onze faixas bastante expressivas, todas de autoria dele próprio. Isso comprova  que Ángel Parra foi um digno continuador do trabalho de sua mãe, Violeta Parra, e mostra por que ele também é referência obrigatória quando se fala em música popular e folclórica latino-americana.

la liberdad

yo tuve una patria

tango en colombes

auto retrato

que sera de mis hermanos

porque manna se abriran las alamedas

el poeta frente al mar

el dia que vuelva a encontar

compañero presidente

america del sur

levantese compañero

*Texto de Samuel Machado Filho

Violeta Parra – Canciones Ineditas (1980)

Dando prosseguimento a seu ciclo latino-americano, o TM hoje nos oferece um álbum daquela que é considerada a mais importante folclorista e fundadora da música popular chilena. Estamos falando de Violeta Parra. Compositora, cantora, artista plástica e ceramista, Violeta del Cármen Parra Sandoval nasceu na cidade de San Carlos, comuna da província de Ñuble, em 4 de outubro de 1917, filha de um professor de música (Nicanor Parra) e de uma camponesa (Clarisa Sandoval), ambos admiradores da música folclórica. Tinha oito irmãos e dois meio irmãos (filhos de um relacionamento anterior da mãe). Passou grande parte de sua infância em Lautaro, aos três anos teve varíola, e morou ainda em distintas localidades da zona de Chillán, onde teve suas primeiras experiências artísticas, compondo suas primeiras canções para violão em 1929. Estudou até o segundo ano do secundário, e abandonou os bancos escolares em 1934,para trabalhar e cantar com seus irmãos em bares e circos. Autodidata, cantora e violonista desde os nove anos, ingressou de vez na carreira musical aos quinze, após a morte do pai, deixando a casa da mãe, no interior chileno, e indo morar em Santiago com o irmão Nicanor, que estudava na capital. Na época, formou com sua irmã Hilda o duo Las Hermanas Parra, que cantava músicas folclóricas na noite. É quando conhece o ferroviário Luís Cereceda, com quem se casou em 1938 e teve dois filhos que também seguiriam carreira musical, Isabel e Ángel, separando-se em 1948. A desilusão desse relacionamento marcaria a vida e a obra de Violeta. Ela gravou seu primeiro disco em 1949, em parceria com a irmã Hilda, e contraiu segundas núpcias com Luís Arce, tendo com ele duas filhas, Luísa Cármen e Rosita Clara, que faleceu de pneumonia, antes de completar um ano de idade. Em 1952, começou a pesquisar as raízes folclóricas chilenas e compôs os primeiras temas musicais que a celebrizaram, ocasião em que também teve programa de rádio. Chegou a catalogar mais de 3 mil canções tradicionais! “Gracias a la vida”, “Míren como soríen”, “La carta”  e “Volver a los 17” estão entre seus mais conhecidos trabalhos. Em 1955, visitou a União Soviética, Londres e Paris, cidade onde residiu por dois anos, e realizou gravações para a BBC, e para os selos Odeon e Chant du Monde. Em 1957 radicou-se em Concepción e voltou a Santiago para iniciar uma nova carreira, a de artista plástica. Em 1961, mudou-se para a Argentina, onde fez grande sucesso em apresentações públicas. Voltou a Paris e lá ficou por mais três anos, percorrendo várias cidades da Europa, inclusive Genebra, na Suíça. Violeta regressou ao Chile em 1965, apresentou-se na Bolívia e, de volta ao país natal, instalou uma grande tenda na comuna de La Reina, objetivando convertê-la em um grande centro de referência para a cultura folclórica chilena, junto com os filhos Ángel e Isabel, e os folcloristas Patrício Manns, Rolando Alarcon e Victor Jara. Entretanto, Violeta Parra não teve sucesso nesse empreendimento, o que coincidiu com o fim do relacionamento amoroso com seu terceiro marido, o músico suíço, Gilbert Favré, e, abatida emocionalmente, suicidou-se no dia 5 de fevereiro de 1967, na tenda de La Reina. Três anos depois, é publicado seu primeiro livro de poemas, por iniciativa do irmão Nicanor. De sua extensa discografia, o TM traz hoje para seus amigos cultos, ocultos e associados “Canciones ineditas”, originalmente lançado em 1975 pela Intermusique, de Luxemburgo, e que aportou no Brasil em 1980, pela extinta Copacabana. Em onze faixas, encontraremos tudo que caracteriza a obra de Violeta: algumas músicas de extremo lirismo, associadas a outras de versos  demolidores contra toda injustiça social, enfim, características que fizeram suas canções serem entoadas por gerações de revolucionários latino-americanos em ocupações e barricadas. Um álbum que merece ser baixado, ouvido e guardado, apresentando trabalhos então inéditos desta que é considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados. Ou seja: nada mais atual!

violeta ausente
me voy me voy
miren como corre el agua
la jardinera
dicen que el aji maduro
donde estas prenda querida
ojos negros matadores
aqui acaba esta cueca
el gavilan
mariana
paimiti

*Texto de Samuel Machado Filho