Simone – Amor E Paixão (1986)

Bom dia, meus caros amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou atendendo a um pedido especial de uma amiga que para a minha surpresa não conhecia o Toque Musical e eu, por outro lado não sabia que ela era fã (de carteirinha) da cantora Simone. Tem todos os discos da cantora, exceto este. Eu até estranhei, afinal, “Amor e Paixão”, assim como outros discos dela, a gente encontra, literalmente, para dar e vender. E apesar de tudo, confesso, eu mesmo só tinha ouvido umas duas ou três músicas aqui deste disco, pelo rádio. Penso que discos de artistas, principalmente os mais populares e de grandes gravadoras, na década de oitenta, ficaram encalhados devido ao surgimento dos cds. A CBS foi uma das gravadoras que sempre investiu pesado em seus lançamentos e mesmo com essa transição ainda jogou no mercado um número acima do que venderiam. Acho que foi a forma que eles acharam de ‘desovar’ de vez o vinil e entrar de cara no cd. Enfim, temos aqui um desses lps e para a nossa felicidade, uma boa produção, ainda que nessa altura a cantora Simone tenha esgotado o brilhantismo da década passada. Seja como for, vale a pena conferir no GTM…
 
amor e paixão
esquinas
tanto e mais
mania de você
raras maneiras
em flor (too young)
amor explícito
iolanda
bálsamo
rei por um dia
 
 
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Fernando Brant – Amigo É Coisa Pra Se Guardar (1987)

Seguimos aqui, amigos cultos e ocultos… Hoje trazendo este disco, uma homenagem ao compositor mineiro Fernando Brant. O lp foi lançado em 1987 e por certo, uma justa homenagem a um dos grandes compositores brasileiros, que ao lado de Milton Nascimento e tantos outros músicos da chamada turma do Clube da Esquina compôs músicas que se tornaram verdadeiros e eternos sucessos. Gravado por inúmeros artistas, nacionais e internacionais. Aqui temos um disco que é mesmo uma joinha, trazendo dez das mais conhecidas obras de suas parcerias, em fonogramas célebres e com diferentes artistas. Um caso raro de se ver e ouvir em discos, onde cada artista é de gravadora diferente. Difícil conseguir essa proeza, mas a CBS e sua linha Songs conseguiu reunir um pouco do melhor. Fernando Brant faleceu em 2015 e este disco, embora tenha sido lançado década antes, quando o compositor ainda vivia, parece trazer algo de póstumo, até porque não é datado. Mas é, sem dúvida, uma seleção maravilhosa e na qual temos as seguintes ‘pepitas’…
 
travessia – milton nascimento
canção da américa – elis regina
veveco panelas e canelas – beto guedes
solar – gal costa e roupa nova
ponta de areia – nana caymmi
maria maria – simone
san vicente – ney matogrosso
paisagem da janela – lô borges
menestrel das alagoas – fafá de belém
nos bailes da vida – milton nascimento
 
 
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The Sunshines (1968)

Boa hora, meus prezados amigo cultos e ocultos! No nosso encontro de sete polegadas, hoje temos o conjunto The Sunshines que fez parte da onda da Jovem Guarda. Surgiram em 1964, gravando versões de sucessos da música pop internacional, como era de costume naqueles dias. The Sunshines era formado pelos filhos dos comediantes Brandão Filho e Walter D’Avila. Seu primeiro disco foi em 66, numa produção independente trazendo versões de músicas dos Beatles, mas sem muito sucesso. Foi, porém na CBS que eles se firmaram, gravando assim seu segundo lp, produzido por Leno e Jairo Pires. Ao que consta, o grupo lançaria novos discos (compactos) pela CBS até 1968, quando então a banda se separou. O disquinho que temos deles, creio, foi o último lançamento, trazendo duas versões para “Kicks” e “Friday In My Mind”, que aqui aparecem respectivamente como “Por você tudo faria” e “Quando for bem tarde”, músicas essas que foram lançadas no CD “O Último Trem”, disco/lp lançado originalmente em 68. Confiram…
 
por você tudo faria
quando for bem tarde
 
 
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Heladio – Compacto (1976)

Olá, amigos cultos e ocultos! Tenho para hoje este raro disquinho de sete polegadas que certamente irá agradar a muitos por aqui. Estou falado de Haládio, ou mais ainda, Carlos Eládio, músico baiano que começou a carreira ao lado de Raul Seixas. Eládio era o guitarrista dOs Panteras, grupo formado por Raul e com o qual gravaram um único disco em 1967. Com a saída de Raul Seixas o grupo se desfez e Eládio foi tocar na banda de apoio de Jerry Adriani. Eládio voltaria a se encontrar com Raul Seixas quando este o convidou para participar de seu quarto disco, o “Novo Aeon”, de 75. Esse reencontro rendeu ao guitarrista novos shows com o maluco beleza e também lhe abriria as portas na CBS para gravar um disco. Creio que acabou ficando apenas neste compacto, lançado no ano seguinte e trazendo duas de suas composições, que por sinal estão impregnadas do estilo Raul Seixas. Talvez, por isso mesmo, acabou sendo visto apenas como um dos muitos ecos de Raul. Eládio se tornou publicitário, mas também continuou atuando em show, principalmente em tributos ao roqueiro baiano. Confiram o disquinho aqui, pois ele só vai estar Youtube depois que algum dos amigos ocultos forem buscar o áudio no GTM 😉
 
marginal militante
deixe eu cantar o meu
 
 
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Roberto Carlos – La Distancia (1974)

Boa hora a todos, amigos cultos e ocultos! Como já dizia o ditado, “toda araruta tem seu dia de mingau”. E aqui, sem com isso querer ser pejorativo (muito pelo contrário), eu hoje estou trazendo o Roberto Carlos, figura, claro, que dispensa apresentações e talvez por isso mesmo, por ser um ‘medalhão’, não carecesse de estar por aqui, pois como todos já devem saber, no Toque Musical a gente só publica coisas que nem sempre se vê e se ouve por aí. Mas, em se tratando de um disco em espanhol do Bob, a gente até anima, afinal, foram lançados lá fora, né? “La Distancia” foi um dos muitos discos que Roberto gravou para o mercado latino, tanto para Europa quanto aqui, em países da América do Sul. Nada de novo, mas ainda assim de grande interesse, principalmente quem gosta do Rei. E aqui cabe bem, como curiosidade, porque não? Confiram no GTM…
 
la distancia
te amo te amo te amo
detalles
una palbra amiga
el dia que me queiras
eu daria minha vida
por amor
quero me casar contigo
120… 150… 200 kms por hora
la montaña
la ventana
ana
 
 
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Leno E Lilian (1966)

Boa hora, amigos cultos e ocultos! Há poucos dias atrás uma amiga me trouxe de presente este disco da dupla Leno e Lilian. Se lembrou do tempo em que éramos criança, de quando a gente ficava no alpendre de sua casa vendo seus irmãos mais velhos e amigos dançando ao embalo da Jovem Guarda. Este lp era um dos muitos que eles punham para rodar e na época era um dos que eu mais gostava. Cheguei inclusive a copiar a capa com lápis creon em cartolinha rosa e essa amiga se lembrou disso e trouxe para mim o velho disco que a gente tanto ouvia. Para meu espanto, passados mais de 50 anos, o disco continua em bom estado, segundo ela, ficou por décadas guardado e somente agora foram descartados. Ela jogou tudo no lixo e só salvou este disco porque lembrou de mim. Lembrou pelas metades, né? Hehehe… Podia ter me dado todos, ao invés de jogar fora, fiquei chateado… Enfim antes um do que nada. Adorei 🙂 e agora eu o compartilho com vocês. Por certo, este é um disco já bem rodado em blogs musicais e facilmente de achar no formato digital, porém, por essas e outras razões eu não poderia deixá-lo de fora, não é mesmo? Então aqui temos  Leno e Lilian, dupla que surgiu na onda da Jovem Guarda. Gravaram um primeiro compacto trazendo as músicas “Devolva-me” e “Pobre menina”, duas versões que fizeram muito sucesso e abriram para eles a chance de gravarem o primeiro disco, no caso, este lançado em 1966. O lp fez ainda mais sucesso pois trazia outras canções que conquistaram o público, como “Eu não sabia que você existia”. Disquinho bacaninha…
 
desculpas
o jogo do amoir
devolva-me
meu coração bate
veja se me esquece
eu já sei
eu não sabia que você existia
o balão vermelho
pobre menina
meu sonho de amor
o sol se poe no horizonte
um rostinho de criança
 
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Olivia Byington E João Carlos Assis Brasil (1989)

Olá, amigos cultos e ocultos! Para mantermos a diversidade fonomusical, que é uma característica do nosso blog, vamos a cada dia sempre com uma boa surpresa. Hoje eu resolvi encaixar aqui este belíssimo trabalho, lançado em 1989 pela CBS, trazendo um encontro dos mais perfeitos, a afinadíssima cantora Olívia Byington ao lado do excelente pianista João Carlos Assis Brasil. O repertório é uma seleção de algumas das mais belas composições de autores como Cole Porter, Gershwin. Tom Jobim, Cartola, Kurt Weill, Villa-Lobos e mais… Lindo disco, vale muito a pena ouvir. Confiram no GTM…
 
just one of those things
i get a kick out of you
let’s do it (let’s fall in love)
summertime
bess you is my woman
embraceable you
canta mais
anos dourados
por toda a minha vida
o mundo é um moinho
acontece
la vie en rose
don’t be afraid
september song
uva de caminhão
luar do sertão
tico tico no fubá
caravela
beau soir
villa-lobos medley
 
 
 

Cirino – Estrela Ferrada (1978)

Boa noite, meus amigos cultos e ocultos! Tenho aqui mais um disco, dos últimos enviados pelo meu bom amigo Fares, Cirino e seu álbum “Estrela Ferrada”, lançado em 1978. Este foi o primeiro lp de Wilson Cirino, cantor, compositor e violonista cearense. Disco este dirigido por Jairo Pires e arranjos de Cirino com o pianista e maestro Gilson Peranzzetta. Taí um disco bem bacana, quase todo autoral, hoje um clássico entre os discos de artistas vindos do nordeste. Para quem não conhece, cola lá no GTM…
 
maré de senões
quarto de pensão
a vela e os tubarões
tu me querias pedra
pé de terra
baião do coração
sobrados de aracati
passarinho
chorinho do coração
prá la de cego aderaldo
 
 

Neco E Seu Violão – Coquetel Bossa Nova (1963)

Olá, amiguinhos cultos e ocultos! E segue a bossa e os diversos discos a ela relacionados. Discos esses já bem divulgados em diversos outros blogs que hoje já nem existem mais. E assim sendo, o Toque Musical os recebe de herança. Digo herança porque muitas vezes eu prefiro pegar o arquivo pronto original ao invés de digitalizar discos e capas. Só tenho feito isso quando os arquivos de áudio estão em baixa qualidade ou incompleto, sem contracapa ou selos. Enfim, é no Toque Musical que tudo se completa e eterniza (que seja eterno enquanto dure!)
Então, temos desta vez a presença de Daudeth Azevedo, músico carioca mais conhecido pela alcunha de Neco. Foi um instrumentista e arranjador. Participou de shows e gravações de centenas de discos da MPB. Era essencialmente um músico de estúdio, mas também foi integrante de grupos como Os Ipanemas, com Astor Silva; Banda Veneno, de Erlon Chaves; Os Catedráticos, de Eumir Deodato e Os Gatos, de Durval Ferreira. Gravou também quatro discos solos, sendo este “Coquetel Bossa Nova” seu primeiro disco, gravado em 1963 e lançado em 64. Os arranjos deste disco são Astor Silva, padrão CBS. Confiram já, no GTM…
 
jogado fora
você
está nascendo um samba
se chegou assim
ah! se eu pudesse
corcovado
nós e o mar
com amor não se brinca
tem dó
a mesma rosa amarela
tristeza e solidão
sorriu para mim
 
 
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Carlos José (1959)

Olá, amiguinhos cultos e ocultos! Hoje temos a presença do cantor Carlos José, que infelizmente nos deixou em maio, vitimado pelo Covid 19. Essa praga está mesmo ceifando a vida de muita gente boa, infelizmente vivemos momentos péssimos, pois boa parte do mundo está nas mãos de gente canalha, ignorantes, radicais e fascistas. Aqui no Brasil essa chaga é ainda maior, pois temos um governo de merda, mais sujo e mais corrupto, cujo o líder é mesmo a encarnação do que temos de pior no ser humano. É ainda mais triste perceber a ignorância desse nosso povo. O brasileiro, em boa parte, é um canalha, estúpido e ignorante, pois mesmo passando por tudo que está passando ainda não conseguiu enxergar. Taí uma coisa que é comum a pobres e ricos, a ignorância e estupidez. Por conta de tudo isso que estamos passando tive várias vezes vontade de encerrar o Toque Musical. São tantos os desgostos que esse (des)governo me traz que chego a desanimar. Por outra, só de pensar que entre os amigos cultos e ocultos existem também os idiotas, apoiadores desse lixo de governo fascista, já me deixa muito puto. Mas em nome da razão e de todos os queridos e verdadeiros amigos cultos, o Toque Musical continua ativo. Mas já estamos providenciando a exclusão de todo e qualquer ‘fascistinha’. Aos poucos estão sendo expulsos, pois desse tipo de gente eu não quero nem lembrança. Aceito o camarada ser de Direita, conservador, mas fascista não! Apoiador de presidente canalha, também não! Então, fica esperto e pianinho por aqui, senão tá fora, ok?
Bom, mas voltando ao disco de hoje. temos aqui o que entendo como sendo o segundo lp de Carlos José, antes ele só havia gravado os bolachões de 78 rpm. Inclusive, seu primeiro lp também já foi postado aqui em outras épocas. Neste, lp gravado pelo selo CBS, ao que consta foi lançado em 1959. É um dos seus discos que eu acho mais interessante. Cheio de boleros, como cabia para aqueles tempos, mas também e principalmente, do lado B, temos um flerte com uma música moderna que naquele momento estava nascendo, a Bossa Nova. Eis aqui um disco importante, que por certo, um bom conhecedor de música popular brasileira não dispensa. Não deixem de conferir no GTM…

diga se é verdade
sabor de nada
a barca de ouro
queria
a barca
quando chegares
coisa n. 1
lágrimas de sonho
tema do amor triste
foi noite assim
sem você sou assim
maria bonita

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Madrugada E Seu Conjunto – Só Sucessos Vol. 2 (1964)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Vamos lá, disquinho de gaveta pra não dizer que não falei de flores… Hoje temos Madrugada e Seu Conjunto. Já postamos aqui outros discos desse pseudônimo que nada mais foi além de uma criação do pessoal da CBS, um artista fictício, que lançou ao longo dos anos  60 e 70 dezenove discos. Aqui temos o segundo volume, de 1964 trazendo um repertório ao ritmo do bolero, com músicas nacionais e internacionais. Confiram no GTM…
 
nunca mais brigarei contigo
fallaste corazon
sabor a mi
oferenda
não me esquecerás
foi tudo loucura
otra carta
juro
sombras
sentimental demais
separados
sigamos pecando
 
 
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Tania Maria E Seu conjunto – Para Dançar Vol. 2 (1963)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Ainda no embalo da dança, ou melhor dizendo, no embalo de discos feitos para dançar, coisa muito comum nos anos 40. 50 e 60, tenho hoje para vocês a pianista Tania Maria, artista já apresentada aqui através de outros três de seus discos. Desta vez temos o lp Tania Maria Para Dançar – Volume 2, disco gravado por ela em 1963. Curioso notar que este seja o volume 2, o que nos leva a entender que ela tenha gravado antes o volume 1, por certo. Mas lendo o texto de contracapa, é dito que este foi seu disco de estréia. Busquei, numa pesquisa rápida informações sobre o primeiro volume. Qual nada… Estou certo de que esse disco não existe e assim entendo que houve aí algum erro da gravadora. “Para Dançar” foi gravado quando Tania Maria tinha apenas 15 anos de idade. Ela, na verdade, começou a estudar piano com 3 anos de idade, aos 14 já tinha seu próprio conjunto, era uma ‘band leader’. Daí, a gente entende porque ela é hoje um dos nomes mais respeitados do jazz internacional. Neste disco ela já demonstra seu talento, nos trazendo um repertório que passeia pelo samba e também pelo jazz, em arranjos feitos para dançar. Não deixem de conferir no GTM, o tempo é limitado!

é luxo só
chor sim
come september
cha cha cha da moça
marise
stella by starlight
quem é
el reloj
stranger in paradise
rosário
nunca mais
meu nome é ninguém



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Waldemar Moura E Barreto – Um Pistão Um Trombone E… (1963)

Muito bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Como sempre tenho dito nesses últimos tempos, FIQUE EM CASA!, aproveitem o momento para fazerem aquilo que não coube num fim de semana, dentro de casa, obviamente… Ler um livro, ouvir um disco, trocar o papel de parede do quarto e até mesmo (porque não?) pesquisar aqui no Toque Musical discos que já não se ouvem mais.
Hoje temos a Orquestra do maestro Alexandre Gnattali, irmão de outro grande, o inesquecível Radamés, acompanhada pelos solistas de metais, o pistonista Barreto e o trombonista Waldemar Moura, irmão do saxofonista Paulo Moura. Este disco, da CBS, segundo informações, foi lançado em 1963, mas eu cá tenho as minhas dúvidas e diria que talvez fosse um pouco depois, em 65. Mas vamos deixar a bolacha rodar e ouvir aqui alguns dos grandes ‘standards’ da música internacional. Confiram no GTM…

ebb tide
when i fall in love
night and day
joie de vivre
over the rainbow
trree coins in the foutain
danke schoen
an affair to remember
all the way
warm
too young
stella by starlight



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Claudia Telles (1979)

No dia 21 de fevereiro deste ano, às vésperas do carnaval, o Brasil perdeu uma de suas melhores cantoras. Claudia Telles de Mello Mattos foi-se aos 62 anos, em seu Rio de Janeiro natal, vitimada por insuficiência cardíaca e disfunção da válvula aórtica, causadas por endocardite. Instrumentista e compositora, além de cantora, Claudia Telles, de ascendência portuguesa e francesa, nasceu em 26 de agosto de 1957, filha do violonista, compositor e advogado Candinho, e de uma das precursoras da bossa nova, a também cantora Sylvia Telles.  Ainda menina, foi convidada pela mãe para subir ao palco do Teatro Santa Rosa, no último show da temporada do espetáculo “Reencontro”, que reuniu Sylvia Telles, Edu Lobo, Tamba Trio e Quinteto Villa-Lobos, para cantar “Arrastão”, parceria de Edu com Vinícius de Moraes. Ficou órfã de mãe aos nove anos, tendo sido criada por seus avós maternos, e teve pouco contato com o pai. Aos 16 anos, após ter perdido os avós, foi viver sozinha no apartamento que era de sua mãe, em Copacabana. Nesta época, trabalhava em musicais no teatro. Nossa focalizada iniciou sua carreira fazendo coro para artistas famosos em suas gravações, entre eles Roberto Carlos, os Fevers, Fafá de Belém, José Augusto, Gilberto Gil, Simone, Jorge Ben (depois Ben Jor), Simone, Belchior e Rita Lee. Foi ainda “crooner” do conjunto de Chiquinho do Acordeom, um dos mais conceituados de sua época, durante um ano. Em 1976, saía seu primeiro disco, pela CBS, um compacto simples cuja faixa principal era a balada romântica “Fim de tarde”, de Mauro Motta e Robson Jorge. A música foi o primeiro grande sucesso de Claudia, e o disco vendeu mais de 500 mil cópias. Em 1977, gravou seu primeiro LP, onde, além de “Fim de tarde”, vieram dois outros hits, “Eu preciso te esquecer” e “Aprenda a amar”, além de uma regravação de “Dindi”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, em homenagem à mãe, Sylvia Telles. Em seus shows, Claudia Telles cantava do samba ao bolero, além da Bossa Nova, sua paixão. Em entrevista, aliás, no início dos anos 1980, expressou o desejo de reviver em disco os sucessos do movimento, considerado o maior da história da música brasileira, o que seria também um tributo a sua mãe, mas a ideia nunca saiu da gaveta. Claudia era separada e teve três filhos homens, que não seguiram a carreira artística. Da discografia de Claudia Telles, o TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos o terceiro LP, lançado pela CBS em 1979. Produzido por Fernando Adour, com arranjos de Eduardo Souto Netto, Eduardo Lages e Lincoln Olivetti (este na faixa “Só de você”, da própria Claudia em parceria com Mauro Motta), o disco tem onze faixas, e nele predomina o estilo romântico que celebrizou a intérprete. Há ainda uma regravação de um sucesso da mãe Sylvia, “Demais”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, e participações especiais de Guilherme Arantes (piano na faixa “Esse amor existe”, de autoria dele próprio) e do saxofonista Ricardo Pontes (na faixa “Acaba de acontecer”). Renato Teixeira, autor do clássico “Romaria”, aqui comparece com “Quarto de motel”, parceria com Eduardo Souto Netto. Tudo isso e muito mais, em uma justa homenagem póstuma que o TM presta a Claudia Telles, sem dúvida uma perda irreparável para nossa música popular. É ir ao GTM e conferir.

eu quero ser igual a todo mundo
esse amor existe
acaba de acontecer
quarto de motel
demais
só de você
é preciso tentar
vontade e medo
um momento qualquer
quero ter você pra mim
vou caminhando

*Texto de Samuel Machado Filho 

Ana Belen (1982)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje o nosso encontro é com a  atriz e cantora espanhola Ana Belen. Uma cantora internacional, sem dúvida, porém neste álbum cantando músicas de autores brasileiros. O disco foi gravado no Brasil e finalizado na Itália. Trata-se de um álbum duplo, onde no primeiro ela canta versões em espanhol. No segundo disco ela canta, entre outras, as mesmas músicas e com os mesmo arranjos, só que desta vez em português. Na Espanha este disco saiu com o título “Ana en Rio”. Como se pode ver pela contracapa, o repertório traz músicas de Guilherme Arantes, Gilberto Gil, Lô Borges & Fernando Brant, Geraldo Vandré, Braguinha, Zé Geraldo, Ruy Maurity, Ivan Lins, Luiz Gonzaga e Chico Buarque. Este, também participa do disco em “Noite dos Mascarados”, assim como Fagner, em “Imposible”, poema de Florbela Espanca musicado por ele. Os arranjos para o disco em português ficou por conta de Lincoln Olivetti, Octávio Burnier. Vale a pena conferir a voz e o talento desta cantriz. Confiram no GTM.

balancê
hijo de la tempestad
noche de marcaras
vuelvo
de onde viene el bayon
planeta agua
expresso 2222
caminando
imposible
teresiña
impossível
planeta água
expresso 2222
voar voar
a vida do viajante
volto
noite dos mascarados
paisagem da janela
de onde vem o baião
canção menina

 

Renato E Seu Blues Caps – Compacto (1965)

Olá, amiguinhos cultos e ocultos! Mexendo em meus compactos, achei mais alguns que cabem bem aqui no nosso Toque Musical. Alguns disquinhos raros que por certo agrada muito aos colecionadores. Tenho aqui este compacto simples do Renato & Seus Blues Caps, lançado em 1965 e trazendo dois sucessos, a versão de “Shame And Scandal On The Family”, aqui chamada de “O Escandalo” e “Preciso Ser Feliz”, de Renato Barros, Paulinho e Lilian Knapp. Confiram o arquivo completo no GTM 😉

o escândalo
preciso ser feliz
 

Nalva Aguiar – Vale Prateado (1977)

O TM põe hoje em foco uma cantora surgida nos tempos da Jovem Guarda, que, a exemplo de Sérgio Reis, abrigou-se entre os intérpretes de música sertaneja. Trata-se de Nalva de Fátima Aguiar, mineira de Tupaciguara, nascida em 9 de outubro de 1945, e carinhosamente conhecida como rainha das festas de peão de boiadeiro, título que ganhou por cinco vezes. Filha de um alfaiate que tornou-se dono de hotel, Nalva sonhava em ser cantora desde muito pequena, e com sete anos já estudava acordeão, instrumento do qual tornou-se mais tarde professora. Um pouco mais tarde, passou a cantar em festas e rádios do Triângulo Mineiro, e na TV Triângulo de Uberlândia . Na primeira metade dos anos 1960, participou de um disco da dupla Nízio e Nestor. Em 1966, atraída pela Jovem Guarda, mudou-se para São Paulo e gravou seu primeiro disco, um compacto simples com as músicas “Garota diferente” e “É o amor”. Um ano depois, representou Minas Gerais em um concurso da lendária Rádio Nacional do Rio, interpretando, em inglês, o clássico country “Jambalaya”. Atuou ainda no cinema, em filmes como “Adorável trapalhão”, “Dois mil anos de confusão” e “O conto do vigário”. Em 1971, gravou seu primeiro LP, “Nalva”, fazendo sucesso com “José (Joseph)”, do francês Georges Moustaki em versão de Nara Leão, já gravada antes por Rita Lee. Em meados da década de 1970, passou a dedicar-se à música sertaneja, lançando, em 1975, um compacto simples com “Beijinho doce”, de Nhô Pai, regravação de um antigo sucesso das Irmãs Castro, que interpretara no filme “O conto do vigário”, e vendendo mais de 500 mil cópias. Tornou-se uma das mais importantes figuras femininas da música sertaneja, e é pioneira do gênero. Nos anos 90, afastou-se das gravações, tendo morado durante longo período na América do Note, entre o Canadá e os EUA, onde recebeu o título de “Rainha da Música Country no Brasil”. Voltou ao disco em 1999, lançando um CD com participações especiais de Chitãozinho e Xororó, Ivan Lins, Sérgio Reis e do locutor de rodeios Barra Mansa. Em 2010, foi uma das convidadas de Roberto Carlos para o especial de TV “Emoções sertanejas”, lançado depois em CD duplo. Da extensa discografia-solo de Nalva Aguiar (catorze álbuns, entre LPs e CDs, e muitos compactos), o TM foi buscar, para seus amigos cultos e ocultos, o quarto LP. É “Vale prateado”, lançado pela CBS em 1977, com direção de produção de Tony Bizarro, e arranjos de outro “cobra”, Eduardo Assad, sob a direção artística de Jairo Pires. Aqui, Nalva mostra sua disposição de entrar de sola na música sertaneja, regravando “Tá de mal comigo” (que aliás voltou a ser sucesso em sua voz), “Cabecinha no ombro”,  “Coração da pátria” e “Judiaria” (esta, uma guarânia de Lupicínio Rodrigues). E, para aproveitar a onda da “discomusic”, ela revive, nesse ritmo, o clássico “Lili”, versão de Haroldo Barbosa para a música-tema do filme de mesmo nome, produção MGM de 1953. O lado compositora de Nalva é expresso na faixa “Maria da Galileia”, parceria dela com Itamar e Alberto Luiz. Há ainda trabalhos de Marcelo Costa (“Belém do Pará”), Guilherme Lamounier(“Força de ser feliz”), e da dupla Mílton Carlos-Isolda (“Vou aprender a criar galinhas e filhos”), sendo que Isolda também assina a versão que dá título ao disco, “Vale prateado”.  Três composições de Edvaldo Santana e Fernando Teles, “Pura ilusão”, “Pé de poeira” e “Lampião pintou por lá”, completam este trabalho de Nalva Aguiar, sucesso quando de seu lançamento e merecedor desta postagem de hoje do TM.

lili
maria da alileia
vou aprender a criar galinhas e filhos
pura ilusão
tá de mal comigo
judiaria
vale prateado
pé de poeira
força de ser feliz
lampião pintou por lá
belém do pará
coração da pátria
cabecinha no ombro

*Texto de Samuel Machado Filho

Quarteto Oficial Da Escola Nacional De Música (1966)

Hoje, o TM oferece a seus amigos cultos e ocultos mais um trabalho de nível abrangendo a música erudita brasileira. Desta vez, apresentamos um álbum com o Quarteto Oficial da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, hoje também denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro, lançado em 1966 pela CBS, hoje Sony Music. O grupo era um dos melhores da época, graças à perfeição técnica e conhecimento musical de seus integrantes, com execuções impecáveis, tendo em seu currículo excursões e recitais em várias partes do mundo, especialmente na América do Norte, Ásia e Europa, difundindo obras de compositores eruditos nacionais e internacionais.  E toda essa perfeição é encontrada justamente neste disco, apresentando obras de Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 27/1/1906-Rio de Janeiro, 13/2/1988) e José Siqueira (Conceição, PB, 24/6/1907-Rio de Janeiro, 22/4/1985). No lado A do disco, são apresentados os “Quatro noturnos para quarteto de cordas e piano”, então obras recentes de Radamés Gnattali, cuja importância na história de nossa música popular e erudita, tanto como compositor,  quanto como pianista, orquestrador e maestro, é inquestionável. Ele dedicou os noturnos ao próprio Quarteto de Cordas Oficial da Escola Nacional de Música, e ainda participa ao piano dos registros dessas obras, até então jamais levadas a disco. Já no lado B, o quarteto executa duas composições do maestro e acadêmico José de Lima Siqueira, o “Tríptico negro número 2” e “Toada”. Formado em Direito, composição e regência,  tendo sido inclusive professor da Escola Nacional de Música, Siqueira foi reconhecido internacionalmente pelo papel de liderança que exerceu no meio musical de sua época e por sua participação na criação de várias entidades de classe (como a Ordem dos Músicos do Brasil, fundada em 1960, da qual foi o primeiro presidente) e culturais, ornando-se uma das grandes figuras da música erudita brasileira no século XX. Regeu orquestras nos EUA, Canadá e na Europa, tendo inclusive frequentado, em 1953, o curso de musicologia da Sorbonne. Fundou ainda a Orquestra Sinfônica Nacional, em 1961, e a Orquestra de Câmara do Brasil, em 1967. Em 1969, José Siqueira foi aposentado pela ditadura militar por defender o comunismo e, proibido de lecionar e exercer qualquer atividade artística no Brasil, encontrou abrigo na antiga União Soviética, onde regeu a Filarmônica de Moscou e participou como jurado de grandes concursos de música internacionais. Foi em Moscou, inclusive, que boa parte da obra de Siqueira foi editorada e preservada, incluindo óperas, cantatas, concertos, oratórios, sinfonias e obras para conjuntos de câmara. Publicou ainda livros didáticos, tais como “Canto dado em catorze lições”, “Música para a juventude” (quatro volumes) e “Curso de instrumentação”.  Com a abertura política, em 1979, José Siqueira voltou a residir no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, onde faleceu. Como se pode perceber, este trabalho oferecido hoje pelo TM apresenta alto padrão técnico e artístico, e merece ser incluído entre os mais expressivos álbuns eruditos já gravados no Brasil. Simplesmente impecável!

quatro noturnos para quarteto de cordas e piano – radamés gnattali

triptico negro n. 2 – josé siqueira

toada – josé siqueira

*Texto de Samuel Machado Filho

Orquestra Brasileira De Espetáculos – Italia De Hoje (196…)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos, como já deu para perceber, as resenhas de nossas postagens tem ficado a cargo do nosso amigo/colaborador Samuel Machado Filho. Mas, eventualmente eu também dou as caras por aqui…
Trago hoje para vocês um lp da Orquestra Brasileira de Espetáculos, da gravadora CBS, lançado certamente ainda na primeira metade da década de 60. A data, mesmo pesquisando eu não encontrei. O disco, como pode-se ver pelo título, “Itália de Hoje”, traz um repertório de músicas italianas, sucessos então do momento. Aliás, na década de 60 a música italiana esteve muito em voga, talvez por conta do cinema europeu que ajudou a projetar também a música. Mas o que nos chama mais a atenção aqui é o trabalho dessa magnífica orquestra de estúdio, sob a batuta do mestre Radamés Gnattali. É de dar inveja até às versões originais. Orquestra cristalina… 🙂

amici miei
perché non piango piú
tu non lo sai
devi recordar
el abrazo
ho scolpito il tuo nome
ieri ho incontrato mia madre
quando lo rivedrai
cielo muto
amore scusami
non e facile avere 18 anni
come sinfonia
era d’estate
aria di neve
.

Luiz Carlos Vinhas – O Som Psicodelico De LCV (1968)

Após apresentar o álbum “Os reis do ritmo”, com o conjunto Bossa 3, formado e dirigido pelo pianista Luiz Carlos Vinhas (1940-2001), o TM tem a grata satisfação de oferecer a seus amigos cultos, ocultos e associados mais um trabalho com a marca deste notável músico, e considerado até mesmo sua obra-prima: trata-se de “O som psicodélico de Luiz Carlos Vinhas”, seu segundo disco individual (o primeiro foi “Novas estruturas”, em 1964), elaboradíssima produção de Hélcio Milito, então baterista do Tamba Trio, para a CBS, futura Sony Music, e preciosíssimo legado do “ano que não terminou”, 1968. Tendo em seu currículo participações em discos de grandes nomes da MPB, tipo Elis Regina, Quarteto em Cy, Jorge Ben Jor e Maria Bethânia, Luiz Carlos Vinhas iniciou-se na música ainda cedo, quando seu pai lhe deu um violão de presente, e em 1957 já estava nas composições da bossa nova carioca. Ele se supera neste trabalho, riquíssimo em elementos e experimentos, mesclando psicodelia e toques de música brasileira, com cantos folclóricos, caboclos e umbandistas. Abrindo o disco, a instrumental “Amazonas”, de João Donato, que impressiona o ouvinte logo de saída. Vinhas sempre foi experimental, e conhecia bem a cultura brasileira, o que se reflete em trabalhos autorais como “Tanganica”, “Zizê baiô”  e “Ye-melê” (títulos que remetem à cultura afro), esta última um lindo canto para Iemanjá, na mesma época também gravada por Elis Regina e mais tarde êxito mundial com Sérgio Mendes. Outro destaque é “Um jour Christine”, de Bruno Ferreira, uma canção melancólica porém com linda melodia vocal e percussão bem simples ao fundo. A partir da sexta faixa, Vinhas nos oferece fantásticas regravações de sucessos nacionais e internacionais, como “Arrasta a sandália”, “Chatanooga choo-choo”, “Tributo a Martin Luther King”, “Rosa morena”, “Morena boca de outro” e “Can’t take my eyes of you”. Tudo terminando, e muitíssimo bem, com “O diálogo”, uma parceria de Vinhas com Chico “Fim-de-Noite” Feitosa, que também fizeram juntos “Ye-melê” e “Zizê baiô”. Em suma, um trabalho primoroso, de alta qualidade técnica e artística, que o TM orgulhosamente nos oferece. Confiram…

amazonas

tanganica

yê-melê

zizé-melê

un jour christine

song to my father

chatanooga choo-choo

pourquoi

birthday morning

o diálogo

*Texto de Samuel Machado Filho

Vários – Transa Musical Sandsom (1975)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados! O TM hoje oferece um álbum-coletânea  raro, e ainda por cima duplo! É o tipo de coisa que, creio eu, pouquíssima gente tem, uma vez que foi produzido em 1975 pela CBS, hoje Sony Music, especialmente para a empresa Sands Exportação, que vendia seus produtos apenas e tão-somente por mala direta (correio), promovendo-os através de catálogos e anúncios em revistas. Quer dizer, um título que não chegou às lojas de discos. Com o nome de “Transa musical Sandsom”, este raro e precioso álbum duplo é um autêntico desfile de sucessos ditos “jovens” da época, interpretados por alguns dos principais artistas que a CBS então mantinha sob contrato, vários deles remanescentes da Jovem Guarda e que, mesmo com o fim do movimento, continuaram marcando presença nas chamadas “paradas de sucesso” e nas rádios AM de cunho popular. Por certo muita gente que viveu na metade dos anos 1970 vai se lembrar de grande parte das músicas que um certo Edson Paulo Cleto selecionou para integrar este LP duplo. Para cada intérprete, foram reservadas duas faixas, sendo uma em cada LP, salvo uma ou outra exceção. Também merece destaque a parte gráfica, realmente impecável, com fotos dos artistas participantes do disco recheando a capa dupla. Roberto Carlos, o “rei” que nunca perde a majestade, aqui comparece com faixas de seu álbum de 1973, ambas compostas por ele em parceria com seu eterno “amigo de fé” Erasmo: “Proposta” (sucesso eterno, realmente um clássico!), escolhida para abrir este LP duplo,  e “Palavras”. Jerry Adriani, outro remanescente das “jovens tardes de domingo”, vem com “Uma vida inteira” e “Não feche os olhos”, ambas também de 1973. Leno, já separado de Lilian, com quem formara uma dupla de sucesso durante a Jovem Guarda, canta apenas uma faixa, porém bastante expressiva: “A festa dos seus quinze anos”, de autoria de Ed Wilson, faixa-título e de abertura  de seu segundo LP-solo, editado em 1969, lembrada até hoje por muitos. Nalva Aguiar, que mais tarde abrigou-se entre os intérpretes sertanejos, aqui comparece com a versão “Quero que volte (Magic woman touch)”, gravação de 1973. O organista Lafayette, cuja sonoridade marcou época na Jovem Guarda, aqui executa, em registros de 1974, “No more troubles”, então sucesso do cantor marroquino Sharif Dean, e “Tema para um samba”, esta só gravada pelo Lafayette mesmo. Baiano de Salvador, e ainda hoje em atividade, José Roberto bate ponto neste LP duplo com as faixas “Lágrimas nos olhos” (grande sucesso em 1973, composto por nada mais nada menos que Raul Seixas) e “Desculpas” (1974). Cantor e compositor bastante expressivo, o mineiro (de Belo Horizonte) Márcio Greyck interpreta aqui duas músicas românticas de sucesso, até hoje lembradas: “Impossível acreditar que perdi você” (sua e do irmão Cobel, de 1970, inclusive regravada por outros artistas) e a versão “O mais importante é o verdadeiro amor (Tanta vogila di lei)”, de 1972. Outras duas faixas foram reservadas para Diana, cantora de expressivo êxito junto às camadas mais populares: a versão “Por que brigamos? (I am… I said)”, hit também de 1972, regravada até por duplas sertanejas, cujo refrão (“Ó meu amado, por que brigamos?”) é cantarolado até hoje por muitos, e “Amor só se paga com amor”, de 1973. Conhecido como “o reizinho da Jovem Guarda”, por ter sido apadrinhado por Roberto Carlos, Oscar Teixeira, ou, como ficou para a posteridade, Ed Carlos, aqui comparece com “Meu aniversário”, de 1974, e a versão “A menina que passa (Conmigo en algun lugar)”, de 1973. Renato e seus Blue Caps, grupo de rock considerado a cara da Jovem Guarda, aqui interpretam “Eu quero dançar contigo (Dancing on a saturday night)” e a romântica e sensível “Eu não aceito o teu adeus”, sucessos em 1974. Cláudio Roberto, outro intérprete de sucesso junto às camadas populares nos anos 70, aqui interpreta duas composições de Cláudio Fontana: “Como é que eu posso ser feliz sem você?” (1971) e “Separados” (1975), esta originalmente lançada por Nélson Ned na Copacabana, em 1973, e que encerra o álbum duplo. O recifense Luiz Carlos Magno entrou com “Ave Maria pro nosso amor” (com direito até a declamação da Ave Maria!), de 1972, e “Sonho de menina”, de 1974. A curiosidade fica por conta do grupo Os Selvagens, interpretando “Eu e você”, versão de Rossini Pinto para “Me and you”, lançada no original por Dave MacLean, um daqueles brasileiros que cantavam e até compunham em inglês. Ídolo eterno e inesquecível, o recifense Reginaldo Rossi vem aqui com uma verdadeira pérola de seu repertório, ainda hoje muito lembrada: “Mon amour, meu bem, ma femme”, composta por Cleide de Lima, e lançada em 1972 com enorme sucesso. Enfim, um raro LP duplo que certamente proporcionará momentos de agradável reminiscência para quem viveu nessa primeira metade dos anos 1970, e desfrutável também para os que só chegaram depois dessa época. Deliciem-se…

proposta – roberto carlos
uma vida inteira – jerry adriani
festa dos seus quinze anos – leno
quero que volte – nalva aguiar
no more troubles – lafayette
lágrimas nos olhos – josé roberto
impossível acreditar que perdi você – marcio greyck
porque brigamos – diana
meu aniversário – ed carlos
eu quero dançar contigo – renato e seus blue caps
como é que eu posso ser feliz sem você – claudio roberto
ave maria pro nosso amor – luiz carlos magno
palavras – roberto carlos
desculpas – josé roberto
amor só se paga com amor – diana
tema para um samba – lafayette
eu e você – os selvagens
sonho de menina – luiz carlos magno
eu não aceito o teu adeus – renato e seus blue caps
não feche os olhos – jerry aderiani
o mais importante é o verdadeiro amor – marcio greyck
a menina que passa – ed carlos
mon amour meu bem ma femme – reginaldo rossi
separados – caludio roberto

*Texto de Samuel Machado Filho

O Melhor De O Brasil Canta No Rio (1968)

Encerrando de vez sua retrospectiva dedicada aos festivais, o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados , mais um álbum (o oficial já foi postado anteriormente) referente ao certame promovido em 1968 (“o ano que não terminou”) pela extinta TV Excelsior, canal 2, do Rio de Janeiro, oficialmente denominado “O Brasil canta no Rio”, mas também conhecido como III Festival Nacional de Música Popular.  Criado, organizado e realizado por Adonis Karan, o festival aconteceu simultaneamente em oito estados (e sem o apoio da Embratel, então estatal, criada três anos antes):  Rio de Janeiro, Guanabara, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. Isso em uma época em que não havia as facilidades de comunicação de hoje (satélites, internet, redes sociais, etc.). Em cada um deles, houve quatro eliminatórias e uma final regional, cada um classificando cinco músicas. Entretanto, só três músicas classificadas em cada estado concorreram na final nacional, acontecida no ginásio Maracanãzinho (o mesmo do FIC) em 27 de julho de 1968. A música vencedora foi “Modinha”, de Sérgio Bittencourt, interpretada por Taiguara. O curioso é que neste álbum que hoje oferecemos, lançado pela CBS, a Sony Music de hoje,  quatro das primeiras colocadas no festival (“Modinha”, “Paixão segundo o amor”, “Fala moço” e “Você passa, eu acho graça”) nem sequer aparecem. Como seus intérpretes pertenciam a outras gravadoras, a empresa  decidiu oferecer o que tinha, literalmente à mão, apresentando neste disco doze concorrentes do festival da Excelsior, representando seis dos oito estados participantes (Minas Gerais e Paraná ficaram de fora), ficando a produção por conta de Hélcio Milito, então baterista e percussionista do Tamba Trio. Destas, seis participaram da final do certame: “Peccata mundi” (com Cynara e Cybele, ex-integrantes do Quarteto em Cy), “A vez e a voz da paz” (que abre o disco, na voz de Eduardo Conde, sendo que foi originalmente defendida por Taiguara), “Ciranda do amor” (aqui com seu autor, Roberto Lima), “Ultimatum” (a vice-campeã, de autoria dos irmãos Valle, originalmente defendida por Maria Odete com o grupo Momentoquatro, e aqui com a então estreante Glória), “O gaúcho” (na voz do autor, Raul Ellwanger) e “Retirada” (com Rose Valentim, curiosamente de autoria do maestro Eduardo Lages, futuro arranjador de Roberto Carlos em discos e shows). Completam o trabalho outras seis músicas: “Litoral”, dos estreantes Toninho Horta e Ronaldo Bastos, com a também estreante Gilda Horta, por certo irmã de Toninho (que já participara do festival de Juiz de Fora, acontecido pouco antes), “Sem assunto”, de Sidney Miller (vencedora do mesmo festival de Juiz de Fora), com Cynara e Cybele, que ainda interpretam “O jornal”, da dupla Chico Anysio-Arnaud Rodrigues (criadores, mais tarde, do “grupo” Baiano e os Novos Caetanos) e“Bloco do eu sozinho”, dos irmãos Valle,“Homem  do meu mundo”, também dos irmãos Valle e igualmente apresentada antes no festival de Juiz de Fora, com Eduardo Conde, e “Berenice”, com outra estreante de então, Vânia.  Tudo isso num verdadeiro álbum-documento, com o qual o TM encerra com chave de ouro sua retrospectiva dedicada aos festivais da MPB. Esperamos que vocês tenham gostado e apreciado, e desejamos-lhes um fim-de-ano cheio de alegria, e um ano novo repleto de realizações positivas e proveitosas!

a vez e a voz da paz – eduardo conde
ciranda do amor – roberto lima
litiral – gilda horta
sem assunto – cynara e cybele
retirada – rose valentim
homem do meu mundo – eduardo conde
peccata mundi – cynara e cybele
ultimatum – glória
berenice – vania
o jornal – cynara e cybele
o gaúcho – raul ellwanger
bloco do eu sozinho – cynara e cybele

*Texto de Samuel Machado Filho

I Festival Operário Da Música Popular Brasileira (1975)

Em sua retrospectiva “festivalesca”, o TM ofereceu anteriormente a seus amigos cultos, ocultos e associados um álbum documentando o festival interno de MPB promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo em 1980. Pois bem: hoje apresentamos um precioso compacto duplo, com quatro concorrentes de um outro certame de que participaram trabalhadores. Batizado de I Festival Operário da Música Popular Brasileira, aconteceu em 1975, no estado do Rio Grande do Sul, iniciando-se em 2 de agosto e terminado em 21 de setembro, visando mostrar, conforme a chamada de capa, que “a boa música nasce nas fábricas”.  E foi bancado pelo próprio governo gaúcho,na gestão de Sinval Guazelli,  com a colaboração de empresas privadas (isso numa época em que os militares ainda governavam o Brasil, e os governadores de estado também eram eleitos indiretamente). Outro detalhe é que o compacto duplo com as músicas do festival foi lançado por uma “major” do setor fonográfico, a CBS, atual Sony Music, com a participação, nos arranjos, do então já veterano Alexandre Gnattali, irmão de Radamés. Duas faixas do disco são interpretadas por Waldir Mello, o samba-canção “Teu olhar” e o samba “Nossa guerra é diferente”, de cunho pacifista. O programa deste precioso disquinho se completa com o afro-samba “Cabo da Boa Esperança”, com o coral da CBS, e “Inquinação no samba” (pregando a volta do gênero às origens), com Vítor Ferreira e o grupo Som Kapela 6. Curioso também é o texto de apresentação do disco, escrito pelo então secretário do trabalho e ação social do governo riograndense, Carlos Alberto Gomes Chiarelli, afirmando que “ao lado do desenvolvimento econômico está o oferecimento  do bem-estar social para o trabalhador, incremento do lazer e da recreação”, além do objetivo de revelar novos talentos para nossa música popular. Ao que parece, os autores e intérpretes deste disco não foram lá muito longe, além do quê não há informação sobre qual foi a música vencedora. De qualquer forma, é um precioso documento que o TM nos revela, de um tempo em que nem sequer se imaginava que o Rio Grande do Sul iria enfrentar os graves problemas financeiros por que passa atualmente, e que por certo inviabilizariam iniciativas sócio-culturais como a do Festival Operário de MPB. Confiram…

teu olhar – valdir mello
nossa guerra é diferente – valdir mello
cabo da boa esperança – coral cbs
inquinação no samba – vitor ferreira

*Texto de Samuel Machado Filho

Jacinto – O Donzelo (1973)

O TM oferece hoje, com muita alegria, este álbum  que vai, por certo, divertir seus amigos cultos, ocultos e associados, com garantia de boas risadas. É o primeiro de uma série lançada pela CBS (selo verde Entré) com o personagem Jacinto, o Donzelo, criado e interpretado pelo comediante Murillo de Amorim Corrêa. Paulista de Campinas, nascido em  19 de dezembro de 1926, Murillo iniciou sua carreira como locutor, na Rádio América de São Paulo, PRE-7.  Depois, transferiu-se para as Emissoras Associadas (Rádios Tupi e Difusora), onde tornou-se ator, especializando-se  em comédias. Era imbatível, por exemplo, na imitação de políticos famosos da época, entre eles Jânio Quadros.  Evidentemente, Murillo também seria um dos pioneiros da televisão brasileira. Ao passar-se para a TV Tupi, atuou em programas de  teleteatros, entre eles o famoso “TV de vanguarda”. Atuou também em novelas da Excelsior (“Mãe” e “Uma sombra em minha vida”, 1964, “A indomável”, 1965, e “Alma de pedra”, 1966), da TV Paulista, futura Globo (“Pedaço de mulher”, 1965) e da Record (“As professorinhas”, 1968). Entretanto, foi no humorismo que Murillo de Amorim Corrêa ganhou fama, participando, ao lado da também comediante Maria Tereza, do quadro “Vitório e Marieta”, um casal de italianos desastrados e, por isso mesmo divertidos, no programa “Praça da Alegria” (depois “A praça é nossa”).  Murillo bateu ponto em quase todas as grandes emissoras de TV do Brasil como humorista, e recebeu várias vezes o Troféu Roquette Pinto, entre outros. No cinema, participou dos filmes “Absolutamente certo” (1957) e “Sabendo usar não vai faltar” (1976). Também interpretou Jacinto, o Donzelo, no rádio, nos programas “A turma da maré mansa” e “Haroldo de Andrade”, e apresentou ainda, na Rádio Bandeirantes de São Paulo, o sertanejo “Discojeca do Jacinto”, que era transmitido nas manhãs de domingo. Murillo de Amorim Corrêa faleceu no dia 13 de maio de 1997, em São Paulo, aos 70 anos, de complicações cardiovasculares. Mas o TM traz de volta, para uns recordarem e outros conhecerem, um pouco de sua arte e talento como humorista, através deste disco produzido pelo sanfoneiro Abdias dos Oito Baixos. Como Jacinto, o Donzelo, o matuto solteirão tímido que veio de Jurumim do Ribeirão, ele interpreta sete divertidas histórias, sendo a primeira uma apresentação do personagem, escritas por Irvando Luiz, então roteirista de humorísticos de televisão, provocando gargalhadas (inclusive dos presentes ao auditório, nas sessões de gravação do LP) com seu bom humor, suas tiradas e suas tentativas frustradas de conquistar mulheres, sempre terminando com o bordão “Eu prego fogo!”.  O sucesso de vendagem deste primeiro álbum fez com que Jacinto, o Donzelo, protagonizasse mais cinco LPs até 1977, quatro pela CBS e um pela Copacabana. Portanto, este disco é um senhor remédio para o mau humor, a tristeza e a depressão. Divirtam-se!

jacinto donzelo

jacinto no baile

o pai é assim

a mulata

garota do parque

jacinto é isso aí

nem gorda escapa

*Texto de Samuel Machado Filho

O Sonho De Alice – Trilha Sonora Original (1982)

Olá. amigos cultos, ocultos e associados! Após o disco de “Chapeuzinho Amarelo”, baseado no livro infantil homônimo de Chico Buarque, até hoje best-seller, e que virou bem-sucedido musical teatral, o TM apresenta hoje mais um álbum para crianças de todas as idades, com a trilha sonora de outro grande sucesso do teatro infantil brasileiro no início dos anos 1980. Trata-se de “O sonho de Alice”, concebido por Fred Pinheiro e Thanah Corrêa, adaptando os dois livros do escritor britânico Lewis Carroll protagonizados pela famosa personagem-título, “Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do espelho”. No enredo, a menina Alice acorda em um estranho reino e sai à procura da sua gatinha Diná. E é no País das Maravilhas que ela encontra personagens diferentes, como o coelho branco, o Gato Quem, a Lebre de Março, o Chapeleiro Maluco (em uma festa de “desaniversário”),  Tocatim e Tocatum, que lhes ensinam noções de amizade, respeito e liberdade.  Estrelado por Myrian Rios (que afastou-se da vida artística e hoje é membro da comunidade católica Canção Nova),  e produzido por ela juntamente com seu então marido, o “rei” Roberto Carlos, “O sonho de Alice” alcançou grande repercussão, tanto que, segundo depoimento da própria Myrian, “tinha até cambista na porta do teatro, e isso é raro numa peça infantil”.  O espetáculo foi apresentado no Teatro Villa-Lobos, do Rio, e, em São Paulo, no antigo Teatro Zaccaro, encantando crianças e adultos. E, vez por outra, “O sonho de Alice” é remontado, com outros elencos.  Agora, o TM apresenta o álbum com a trilha sonora de “O sonho de Alice”, com seu elenco original, tendo, claro, Myrian Rios à frente, lançado em 1982 pela CBS, a mesma gravadora de seu então cônjuge, Roberto Carlos. Evidentemente, como co-produtor do espetáculo, ele também compôs a maior parte das músicas, tendo a colaboração de nomes como o eterno amigo e parceiro Erasmo Carlos, Paulo Sérgio Valle, e o maestro Eduardo Lages, então figura de proa nos shows e discos de Roberto. O disco reproduz a magia e o encanto da versão teatral, e o encarte dá-se ao trabalho de incluir um roteiro da história, junto com a reprodução das letras das canções. Enfim, uma orientação e tanto para se apreciar melhor este álbum que o TM hoje nos oferece. É ouvir e sonhar…

reino encantado

alice

as flores

marcha soldado

tocatum e tocatim

lagarta oriental

parabéns pelos 364 dias

a ciranda do mosquito

o gordinho

o gato que ri

tema da rainha

professor sabe tudo

a tartaruga

o cavaleiro

oitava casa

valsa real

no reino da felicidade

.*Texto de Samuel Machado Filho

Mário Pereira – Na Praia (1965)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Trago hoje para vocês o clarinetista Mário Pereira, um músico capixaba, que atuou pela CBS nas décadas de 60 e 70. Fez parte do Regional de Canhoto, que foi quem o trouxe para a gravadora. Na CBS, gravou pelo menos uns seis discos, além de participação em discos de outros artistas. Formou na década de 80 seu próprio regional, sendo consagrado com um dos grandes músicos do choro. Também tinha um conjunto de baile e alegrou muita festa, principalmente nos subúrbios do Rio. Este lp foi o segundo disco gravado por ele. Seu último trabalho, pelo menos até onde eu sei, foi o cd independente “Gafierando”, com temas de sua própria autoria. Confiram…

chorinho no morro
o trenzinho
sem você tudo é tristeza
um clarinete triste
deixa-me chorar
gingando
la playa
garota tentação
quando a noite chegar
prazer das morenas
até quando
chorinho na cinelância
.

Madrugada e Seu Conjunto – Só Sucessos Vol. 10 (1970)

O TM já havia oferecido a seus amigos cultos, ocultos e associados o primeiro LP do misterioso Madrugada e seu Conjunto, “Apaixonadamente”, lançado em 1964 pela CBS, selo verde Entré. Segundo depoimento do organista Lafayette Coelho, músico que continua na ativa, para o site www.jovemguarda.com.br, era ele quem fazia as bases para o conjunto de Madrugada, cujo violinista, conforme muito bem frisado por nosso amigo Alceu, era Homero Gelmini, o “velhinho” ao qual Lafayette se refere na mesma entrevista, que inclusive fez parte do grupo Os Boêmios, da Rádio MEC do Rio de Janeiro, além de ter sido spalla da orquestra do Teatro Municipal carioca.  Alguns dos músicos que colaboravam com o Madrugada também participaram dos álbuns da Orquestra Brasileira de Espetáculos, da mesma CBS, vários deles apresentando versões instrumentais dos sucessos do astro número 1 da gravadora, o “rei” Roberto Carlos. Incógnitas e mistérios à parte, o fato é que Madrugada e seu Conjunto  tiveram longa e vitoriosa carreira fonográfica. Logo em seguida ao álbum de estreia,  “Apaixonadamente”, viria o primeiro volume da bem sucedida série “Só sucessos”, sempre com a marca Entré/CBS. E viriam, até 1975, mais 19 volumes. Pois agora, o TM oferece a vocês o décimo volume de “Só sucessos”, editado em 1970. Sempre com o violino de Homero Gelmini se destacando, o grupo nos oferece, em doze faixas, sucessos dessa época em clima dançante, de bailinho mesmo.  Entre eles, “A namorada que sonhei” (“Receba as flores que lhe doooooou”, lembram-se do Nílton César cantando esta pérola?), “Se eu pudesse conversar com Deus” (música de Nélson Ned consagrada por Antônio Marcos e até hoje lembrada), “A festa dos seus quinze anos” (de Ed Wilson, sucesso-solo do cantor Leno, ex-parceiro de Lilian em famosa dupla da Jovem Guarda), “Se ela voltar” (de Rossini Pinto, então hit de Wanderley Cardoso), “O amor é tudo” (aliás, “Love is all”, que Malcolm Roberts imortalizou no Festival Internacional da Canção de 1969, tendo a versão sido gravada por Agnaldo Rayol), “Eu vou sair para buscar você” (outro sucesso de Nélson Ned, este na voz de Agnaldo Timóteo), a clássica modinha “Quem sabe?”, de Carlos Gomes (que o mesmo Agnaldo Timóteo havia então relembrado), e, do repertório de Roberto Carlos, astro maior da CBS, “Não adianta” e “Nada tenho a perder”. “Vivamos o momento” e “Conta-me tua vida” foram hits de Roberto Muller, e “De mãos dadas” foi popularizado por Carlos Alberto, ambos os cantores então também contratados da “marca do olho caminhante”.  Tudo isso em um álbum perfeito para animar qualquer bailinho ou festa de cunho nostálgico. E aí? Dá-me o prazer desta contradança?

não adianta

a namorada que sonhei

a festa dos seus 15 anos

de mãos dadas

conta-me tua vida

eu vou sair para buscar você

nada tenho a perder

se eu pudesse conversar com deus

o amor é tudo

quem sabe

vivamos o momento

se ela voltar

*Texto de Samuel Machado Filho31

 

Asas Da América (1979), (1980), (1981), (1983) e (1989)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados! O TM oferece hoje a vocês os cinco primeiros álbuns do projeto Asas da América, idealizado pelo cantor e compositor Carlos Fernando, lançados entre 1979 e 1989. Nascido em Caruaru, Pernambuco, em 1938, Carlos Fernando se notabilizou por misturar o frevo à MPB, o jazz ao forró e muitas outras inovações, em 40 anos de carreira. Chegou a escrever uma peça de teatro, “A chegada de Lampião no inferno”, baseada em livro de cordel escrito por José Pacheco. A peça inspirou, posteriormente, sua primeira composição musical, “Aquela rosa”, de parceria com Geraldo Azevedo (com quem até apresentou um programa de televisão no Recife), vencedora, em 1967, da Primeira Feira Nordestina de Música Popular, defendida por Teca Calazans, dividindo o prêmio com “Chegança de fim de tarde”, de Marcus Vinícius. Morando no Rio de Janeiro, Carlos Fernando firmou-se como compositor, e teve músicas gravadas pelos maiores nomes da MPB em seu tempo, vários deles presentes nos álbuns que hoje o TM nos oferece. Concebeu trabalhos também para a televisão (“Saramandaia”, “Sítio do Pica-Pau Amarelo”) e cinema (“Pátriamada”, filme dirigido por Tizuka Yamazaki). Entre seus maiores sucessos, ambos gravados por Elba Ramalho, estão “Canta, coração” e “Banho de cheiro” (este último aqui presente). Falecido em primeiro de setembro de 2013, no Recife, aos 75 anos, de câncer na próstata, Carlos Fernando recebeu, um ano mais tarde, um espaço dedicado à sua memória no Museu Memorial de Caruaru, além de uma homenagem na tradicional festa de São João do município. Sem dúvida, a série “Asas da América” foi (e ainda é) o maior legado de Carlos Fernando. Ele deu tratamento pop e futurista ao frevo, acelerando-lhe o andamento e introduzindo arranjos contemporâneos, com guitarra e teclados, fazendo o carnaval pernambucano voltar a ter uma trilha sonora contemporânea. Parcela importante da série nos é oferecida hoje pelo TM, através de seus primeiros cinco álbuns, que apresentam composições não só do próprio Carlos Fernando como também de outros autores.  Entre os intérpretes, nomes de várias tendências e gêneros da MPB: Jackson do Pandeiro, Fagner, Amelinha, Elba Ramalho, Alceu Valença, Chico Buarque, Gilberto Gil, Juarez Araújo, MPB-4, Alceu Valença, o próprio conterrâneo Geraldo Azevedo, Robertinho de Recife, As Frenéticas, Michael Sullivan, Trem da Alegria, Lulu Santos… Os dois primeiros discos foram lançados pela CBS (hoje Sony Music), selo Epic, em 1979-80, o de 1981 pela Ariola, o de 1983 pela Barclay (sucessora da Ariola, que passou a adotar esse nome após sua venda para a Polygram, hoje Universal Music) e o de 1989 pela RCA/BMG, hoje também Sony Music. É no álbum de 1983, inclusive, que está um dos maiores hits autorais de Carlos Fernando, “Banho de cheiro”, na interpretação inesquecível de Elba Ramalho, sucesso absoluto durante o carnaval de 84 e depois do mesmo, e regravada seis anos depois por Alcione em outro disco da série aqui incluído, o de 1989. Outro destaque fica por conta de “Noites olindenses”, que abre esse mesmo volume, na voz de Caetano Veloso. Nele, Zé Ramalho regrava “Frevo mulher” (sucesso na voz de sua ex-esposa, Amelinha), Moraes Moreira revive seu clássico “Festa do interior” e aparece até mesmo uma inacreditável interpretação do roqueiro Lulu Santos para “Atrás do trio elétrico”, de Caetano.  Uma quina primorosa de documentos discográfico-musicais, que representa, sem dúvida, o melhor do precioso legado de Carlos Fernando como compositor e produtor musical. E ainda viriam mais dois LPs, em 1993, e 1995, este último destinado ao público infantil (“Asinhas da América – O pinto da madrugada”). Agora é azeitar as canelas e frevar até se acabar!

* Texto de Samuel Machado Filho

Vários – Um Novo Carnaval (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco de Carnaval.desta vez, vamos para o de 1968, lançado pela CBS. Temos aqui uma seleção de marchinhas defendidas por Ary Cordovil, Noel Carlos, Zilda do Zé, Clério Moraes e Paulo Bob. Um novo Carnaval, ou mais um bom disco, coisa que hoje em dia a gente não ouve mais. Por isso é fundamental que revisitemos outros e antigos carnavais. Pra gente lembrar como se brinca de verdade. 😉

tá certo (tá certo meu amor) – ary cordovil
tô com diabo – noel carlos
caí do cavalo – zilda do zé
forrobodó – paulo bob
acorda maria – clerio moraes
vou jogar meu pandeiro fora (é triste brincar sem mulher) – noel carlos
menina de colegio – noel carlos
maré brava – zilda do zé
fim de carnaval – ary cordovil
bang bang no salão – paulo bob
vem me perdoar – clério moraes
coitada… coitada… – ary cordovil
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Núbia Lafaette (1977)

Verdadeiro ídolo popular, Núbia Lafayette volta a bater ponto aqui no Toque Musical, desta vez com seu álbum de 1977, selo Entré/CBS, gravado no outono daquele ano. Nossa Núbia chamava-se, na pia batismal, Idenilde Araújo Alves da Costa. Veio ao mundo na cidade de Assu (ou Açú, na grafia atual), Rio Grande do Norte, no dia 21 de janeiro de 1937. Ali morou até os três anos de idade, quando aconteceu a mudança da família para o Rio de Janeiro. Mais um talento precoce entre muitos que despontaram para a cena artística, a pequena Idenilde apresentou-se em programas infantis do rádio, entre eles o famoso “Clube do Guri”, da PRG-3, Rádio Tupi, desde os 8 anos de idade, evidentemente demonstrando talento para a música.  Quando exercia o humilde ofício de vendedoras nas famosas Casas Pernambucanas (“onde todos compram”), resolveu participar do programa de calouros “A voz de ouro”, da TV Tupi, Canal 6. Um dos jurados era o proprietário da Boate Cave, Jordão Magalhães, e, a convite deste, foi “crooner” daquela casa noturna, e estreou interpretando músicas do repertório de Dalva de Oliveira, de quem era fã e muito a influenciou. Em 1959, exatamente no dia 25 de maio, com o pseudônimo de Nilde Araújo, gravou seu primeiro disco, na Polydor, com o devido apoio de seu então diretor artístico, o cantor Joel de Almeida. O 78 rpm apresentava os sambas-canções “Vai de vez” (Ricardo Galeno e Paulo Tito) e “Sou eu” (Waldir & Rubens Machado, regravado mais tarde por Orlando Dias). Cantou também na Boate Michel de São Paulo. Em 1960, no Cave, ela conheceu o compositor Adelino Moreira, que mudou seu nome artístico para Núbia Lafayette,com o qual ficaria para a posteridade. Com o apoio de Nélson Gonçalves, principal intérprete de Adelino, o compositor a levou para a RCA. Em agosto de 60, com o selo econômico RCA Camden, era lançado o primeiro 78 da cantora como Núbia Lafayette, apresentando duas músicas de Adelino Moreira que logo obtiveram êxito,marcando sua definitiva projeção: “Devolvi” e “Nosso amargor”, logo se firmando também como expressiva intérprete das obras do autor de “A volta do boêmio”.  Em 1961, vem o primeiro LP, “Solidão”, com a faixa-título também assinada por Adelino. A partir daí, conseguiu sucessos sobre sucessos (“Seria tão diferente”, “Minha história”, “Figuras de jornal”, “Samba do adeus”, “Casa e comida” – talvez o maior deles, de autoria de Rossini Pinto, grande nome da Jovem Guarda  -, “Jamais estive tão segura de mim mesma” – este, composto por Raulzito, aliás, Raul Seixas -, “Coração condenado” etc.).  Vários cantores foram influenciados por Núbia Lafayette, e a lista inclui Alcione, Fafá de Belém, Elymar Santos, Tânia Alves e a alagoana  Rose d’Paula. A discografia de Núbia inclui dezessete discos 78 com trinta e quatro músicas, mais de 20 álbuns, entre LPs e CDs,  e alguns compactos.  Seu último trabalho em disco foi o CD “Núbia Lafayette canta Dalva de Oliveira”, lançado em 1998 pela Polydisc, dentro de sua longa série “Vinte super-sucessos”, e no qual homenageia aquela que mais a influenciou em sua trajetória musical. Na década de 1990, Núbia passou a morar em Maricá, litoral norte fluminense, de lá saindo apenas para atuar esporadicamente em shows especiais, e como convidada de programas de rádio e televisão. Faleceu em Niterói, RJ, no dia 18 de junho de 2007, aos 70 anos, de complicações causadas por um AVC que sofrera pouco antes. Aqui no TM, mais um encontro de nossos amigos cultos,ocultos e associados com Núbia Lafayette, em impecável trabalho com produção do cantor Luís Carlos Ismail e arranjos dos “experts” Waltel Blanco e Lincoln Olivetti, sob a direção artística de outro “cobra” do setor fonográfico,  Jairo Pires. Aqui, ela regrava seu primeiro grande hit, “Devolvi”, e hits que outros intérpretes consagraram: “Espinita”,  “Pra não morrer de tristeza”, “Conformada”, “Uno” e “Migalhas”.  Trabalhos até então inéditos em disco, caso de “À maneira antiga” , “Eu morrendo por você” e “Coisa à toa”, completam o cardápio deste álbum, um prato cheio para os fãs da dor-de-cotovelo e, por tabela, de Núbia Lafayette.  Ouçamos
não te esquecerei
coisa atoa
uno
a maneira antiga
e eu morrendo por você
conformada
migalhas
devolvi
espinita
sem você
prá não morrer de tristeza
noite de amor
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* Texto de Samuel Machado Filho