Paulinho Pedra Azul – Papagaio De Papel (1990)

Quem apreciou o primeiro álbum de Paulinho Pedra Azul, “Jardim de infância”, lançado em 1982 e já oferecido pelo TM, por certo pediu mais. Portanto, é com muita satisfação que hoje oferecemos, a nossos amigos cultos, ocultos e associados, mais um trabalho deste notável artista mineiro, talento múltiplo (cantor, compositor, poeta, artista plástico, escritor…), e perfeito em tudo que faz. Trata-se de “Papagaio de papel”, cronologicamente seu quinto álbum de carreira, editado em 1990, em esquema de produção independente.  O título deste disco é o mesmo da faixa de abertura, composta por Sthel Nogueira, que também assina a faixa “Cantiga pro Gabriel”. E corresponde ainda a uma reminiscência da infância do artista, em sua Pedra Azul natal. Lá, um médico, apelidado de Doutor Moita, construía, e com extrema perfeição,  belos papagaios gigantes e coloridos. Paulinho e seus amigos, então crianças, ficavam ao redor do Doutor Moita, esperando o momento de o papagaio subir ao céu. Tais pipas tinham um tamanho tão grande que eram necessárias cinco pessoas para segurá-las! Algumas horas depois de o papagaio subir, o Doutor Moita cortava a linha. Aí, o Paulinho e seus amigos (mais de trinta crianças) saíam correndo à procura da pipa, e andavam cerca de dez ou quinze quilômetros, até encontrá-la. E voltavam felizes para casa, maravilhados por trazer o papagaio de volta… Das nove faixas deste disco, o próprio Paulinho assina cinco: “Naiara” (parceria com João Evangelista), a instrumental “Uma canção pra Godofredo”, “Pro teu coração”, “Cristalina’ e “Vagas expressões”.  Completam este trabalho composições da dupla Gonzaga Medeiros-Foka (“Sorriso menino”) e de Nilci Martins (“Vagas expressões”).  Perfeito em tudo, artística e tecnicamente, este é mais um álbum que confirma todo o talento que existe em Paulinho Pedra Azul, a ponto de ser, e com justiça, o segundo cantor mais conhecido de Minas Gerais, perdendo apenas para Mílton Nascimento, o carioca que se criou em Três Pontas. É ouvir e conferir!

papagaio de papel
sorriso menino
cantiga pro gabriel
naiara
uma canção para godofredo
pro teu coração
cristalina
valsa matinal
vagas expressões

*Texto de Samuel Machado Filho

Paulinho Pedra Azul – Jardim Da Fantasia (1982)

Cantor, poeta, artista plástico, compositor… Enfim, um talento múltiplo. Estamos falando de Paulo Hugo Morais Sobrinho, aliás Paulinho Pedra Azul.  Ele veio ao mundo no dia 4 de agosto de 1954, na cidade mineira de Pedra Azul, situada no Vale do Jequitinhonha, daí  seu nome artístico. Sua carreira artística iniciou-se por volta dos treze anos de idade, inicialmente com as artes plásticas. Enveredando pela música, participou do conjunto The Giants, em que trabalhou com Rogério Braga, Mauro Mendes, Marivaldo Chaves, Salvador, Edmar Moreira e André, com um repertório de sucessos da chamada “música jovem” de então (Beatles, Roberto & Erasmo Carlos, Os Incríveis, The Fevers, etc.). A partir do final dos anos 1960, participou de festivais de música e de poesia, realizando shows em cidades do interior de Minas Gerais. Nos anos 70, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou com o cantor, ator e humorista Saulo Laranjeira, seu conterrâneo.  Ao voltar para Minas, fixou residência em Belo Horizonte,  onde mora até hoje. Paulinho Pedra Azul, embora não seja um constante frequentador da mídia de massa, é conhecido por um segmento específico de público, no qual predominam os universitários. Sua discografia abrange vinte e um álbuns gravados, a maioria de produção independente. É também autor de duzentas telas a óleo e acrílico, e de quinze livros, dentre os quais destaca-se “Delírio habanero  –  Pequeno diário em Cuba”, escrito durante visita que fez à ilha de Fidel Castro, em 2002.  Segundo pesquisa feita pela AMAR (Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes), Paulinho Pedra Azul é o segundo cantor  mais conhecido de Minas Gerais, perdendo apenas para Mílton Nascimento. Em 1992, recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte, apenas um dos inúmeros prêmios e honrarias que conquistou ao longo de toda a carreira. Sendo assim, o Toque Musical tem a satisfação de apresentar a seus amigos cultos, ocultos e associados o primeiríssimo álbum de Paulinho Pedra Azul, lançado em 1982 pela RCA, hoje Sony Music, quando ele residia em São Paulo. Trata-se de “Jardim da fantasia”, cuja canção-título, também conhecida como “Bem-te-vi”, logo fez sucesso. Teria sido feita para uma noiva já falecida de Paulinho, o que, porém,  ele nega.  O cantor-compositor tem um estilo que varia do romântico (canções e serestas) à MPB, fortemente influenciado pelo Clube da Esquina de Mílton Nascimento & companhia, tendo composto até mesmo alguns chorinhos. Neste seu trabalho de estreia, há composições próprias, como a faixa-título, “Ave cantadeira” (que aparece também como vinheta ao final do disco), “Vagando” , “Cortinas de ferro” e “Voarás”, contando nesta última com a participação especial da cantora baiana Diana Pequeno, então em evidência.  O programa traz também músicas de outros autores, como Fagner (“Pobre bichinho”) e a dupla Flávio Venturini-Murilo Antunes (“Nascente”).  Sua região natal é lembrada também na faixa “Jequitinhonha”, escrita por  Levy e Paulinho Assunção. Enfim, um promissor início de carreira, mostrando as razões pelas quais Paulinho Pedra Azul  tornou-se um dos melhores cantores-compositores da MPB,  e querido por todos que apreciam música de qualidade, mesmo sem muita promoção da mídia.

ave cantadeira
pobre bichinho
valsa do desencanto
voarás
nascente
cortinas de ferro
jequitinhonha
canta
jardim da fantasia
vagando
ave cantadeira
* Texto de Samuel Machado Filho