Pedro Raimundo – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 13 (2012)

Pois é, amigos cultos e ocultos! Esta décima-terceira edição do Gran Record Brazil vem regada a churrasco e chimarrão! É com muita satisfação que trazemos de volta o inesquecível Pedro Raimundo, “o gaúcho alegre do rádio”. Apesar de ter esse slogan, Pedro Raimundo era catarinense de Imaruí, nascido em 29 de junho de 1906, e falecido no Rio de Janeiro em 9 de julho de 1973. Era filho de um pescador e sanfoneiro, e aos oito anos começou a “afufar o fole”. Mais tarde, lá mesmo em Imaruí, fez parte da banda Amor à Ordem, além de se apresentar em festinhas. Aos 17 anos, Pedro largou o anzol e foi trabalhar na construção da Estrada de Ferro Esplanada-Rio Deserto. Casou-se em 1926, e morou nas cidades catarinenses de Lauro Muller, Blumenau e Laguna, fixando-se, em 1929, na capital gaúcha, Porto Alegre, onde foi condutor de bonde e inspetor de tráfego, e em seus momentos de folga se apresentava nos cafés do Mercado. Em 1939, ingressou na Rádio Farroupilha, onde fundou o Quarteto dos Taúras, atuando em quase todas as rádios portoalegrenses, e sendo muito solicitado para excursões, uma delas, em 1942, pelo interior riograndense. Um ano mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, a convite de Almirante, que o levou para a lendária Rádio Nacional. Ainda em 1943, gravou o primeiro disco, na Columbia, mais tarde Continental, com o choro “Tico-tico no terreiro” e o xote “Adeus, Mariana”, hits imediatos. Em suas apresentações, Pedro Raimundo alternava músicas alegres com outras sentimentais, e foi o primeiro artista típico gaúcho a alcançar fama nacional, inclusive com vestimentas típicas (bombachas, lenço no pescoço, botas, esporas, chapéu e guaiaca). Nesta edição do GRB, alguns dos melhores momentos da vitoriosa carreira de Pedro Raimundo, a maior parte em gravações Continental, e mais um disco de sua fase na Todamérica. Em ordem cronológica de lançamento, as músicas são as seguintes, quase todas de sua autoria com ou sem parceiros: do Continental 15127, lançado em abril de 1944, a toada “O carreteiro” (dele com Pirajá), matriz 734, e a valsa “Contigo no pensamento”, matriz 735. Em seguida, o disco 15404, lançado em agosto de 1946, com a toada “Gauchada”, matriz 1176, e o tango “Mágoas de amor”, matriz 1175. No 78 de número 15599, gravado em 12 de setembro de 1945 com acompanhamento do regional de Nélson Miranda e lançado apenas em março de 46, apareceram o xote “Gaúcha malvada” (dele com Mutt), matriz 1278, e a valsa “Sofrer sorrindo”, matriz 1279. Em seguida, o disco 15790, gravado em 30 de maio de 1947 e lançado em junho-julho do mesmo ano, com o chorinho “Chico da Ronda”, matriz 1673, e a polca “Na casa do Zebedeu”, matriz 1672. Ainda na Continental, vem em seguida o disco 16190, lançado em março-abril de 1950, trazendo a polca “Festa na fazenda”, de Pedro Sertanejo, ocupando os dois lados do 78 (matrizes 2265-2266) e com acompanhamento de conjunto. Por fim, do tempo em que Pedro Raimundo estava na Todamérica, o disco TA-5054, gravado em 16 de fevereiro de 1951 e lançado em abril do mesmo ano, com acompanhamento do conjunto do violonista Pereira Filho, trazendo a valsa “Pingo Mulato”, matriz TA-88, e o baião “Oriental”, matriz TA-87. Esta edição do GRB é a prova de que as canções, a sanfona e a alegria de Pedro Raimundo ficarão para sempre em nossa memória. Aproveita, tchê!


*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO