A Música De Henricão – Seleção 78 RPB Do Toque Musical Vol. 104 (2014)

Apresentamos anteriormente, aqui no Grand Record Brazil, várias composições de Henricão (Henrique Felipe da Costa, Itapira, SP, 1908-São Paulo, 1984), inclusive duetos dele com Cármen Costa, cantora que ele próprio lançou,na edição de número 75, e que conseguiria maior sucesso de mídia que ele. Como bem se lembram os amigos cultos, ocultos e associados do TM, apresentamos na ocasião um esboço biográfico da obra deste compositor, que ganhou o apelido por causa de sua exagerada estatura (quase dois metros de altura) e, pouco antes de falecer, ficou na história  como o primeiro Rei Momo negro do carnaval de São Paulo. Também marcou presença como ator de cinema e televisão e, apesar de ter feito inúmeras composições de sucesso e de toda a sua fama, vivia em dificuldades financeiras, até passando fome, mas sempre ajudado pelos amigos e encarando a vida com otimismo e esperança. Pois nesta centésima-quarta edição do GRB, apresentamos mais um pouco do legado do notável Henricão,tanto como autor quanto apenas intérprete,  com uma seleção de nove gravações de valor artístico e histórico inquestionáveis.  Abrimos a seleção desta semana com três duetos do compositor com a carioca Sarita, cuja biografia é um mistério para muitos pesquisadores, em gravações Odeon. O primeiro é “Moreninha do sertão”, toada do acordeonista Antenógenes Silva , evidentemente com a participação dele mesmo no acompanhamento (sua popularidade era tão grande que seus discos, mesmo quando cantados, tinham seu nome acima dos de quem interpretava as músicas). A gravação é de 9 de maio de 1936, tendo sido lançada em outubro do mesmo ano com o número 11398-B, matriz 5340. A segunda faixa com Henricão e Sarita é “Noiô noiô”, maracatu dos irmãos Paulo e Sebastião Lopes (autores também de um clássico do gênero, “Coroa Imperial”), destinado ao carnaval pernambucano de 1937. A gravação data de 15 de dezembro de 36, sendo lançada um mês antes dos festejos momescos pela “marca do templo” com o número 11447-A,matriz 5494. Escalou-se também, na faixa seguinte, o lado B, outro maracatu, este de Benigno Gomes e Franz Ferrer, “Chora, meu goguê”, matriz 5495. Em seguida, como solista, Henricão nos traz o samba “Pra que tanto ciúme?”, de Bucy Moreira e Lacy Martins (irmão de Herivelto),.também gravação Odeon, datada de 10 de dezembro de 1937, com lançamento em fevereiro de 38 (para o carnaval, “of course”), disco 11565-A,matriz 5731. O lado B, matriz 5732, também aqui está, e também é samba: “Qual foi o mal que te fiz?”, de Getúlio “Amor” Marinho e O. Patrício. O samba-choro “Casinha da Marambaia”, de Henricão e Rubens Campos (sequência de “Só vendo que beleza”, de 1942), originalmente lançado por Cármen Costa em 1944, é aqui revivido ao solovox  (considerado o primeiro sintetizador monofônico da história musical) pelo também maestro Roberto Ferri, à frente de seu conjunto, em raríssima gravação do selo Califórnia (gravadora fundada pelo compositor Mário Vieira e até hoje em atividade, dirigida pela terceira geração da família), datada de 28 de novembro de 1960, disco TC-1191-B, matriz TC-502. A “Marcha dos Democráticos”, interpretada solo por Henricão na faixa seguinte, é de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva, mesmos autores do clássico “General da Banda”. Só se sabe que é gravação RCA Victor, possivelmente de disco promocional, não-comercializado. “Não me abandone”, samba  do carnaval de 1944, que Henricão fez com Rubens Campos e José Alcides, é interpretado pela cantora que o compositor apadrinhou, Cármen Costa, em gravação Victor de 24 de novembro de 43, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 80-0153-B, matriz S-052889. O multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955) executa ao cavaquinho, em ritmo de baião, “Está chegando a hora”, adaptação de Henricão e Rubens Campos para a valsa mexicana “Cielito lindo”, escrita em 1882 por Quirino Mendoza y Cortés. A música teve seu título mudado para “Chegou a hora” nesta gravação Odeon de 26 de maio de 1953, lançada em  julho seguinte sob número 13472-B, matriz 9716. A faixa seguinte, “Dever de um brasileiro”, com o próprio Henricão, outra parceria sua com Rubens Campos, é um samba da época da Segunda Guerra Mundial, relatando a despedida de um pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para lutar na Itália, Gravação Victor de 4 de maio de 1943, lançada em julho do mesmo ano, disco 80-0095-A, matriz S-052762. Por fim, “Será possível?”, samba também de Henricão e Rubens Campos e outra gravação Victor, agora do “Formigão’ Cyro Monteiro, datada de 5 de junho de 1941 e lançada em agosto seguinte com o número 34781-A, matriz S-052234. É a faixa que encerra esta pequena-grande retrospectiva de Henricão, apresentando músicas seja de outros autores, por ele interpretadas solo ou acompanhado, e composições próprias apresentadas por outros expressivos nomes da MPB. Divirtam-se!

Texto de Samuel Machado Filho

A Música De Buci Moreira (parte 2) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 97 (2014)

E aí vai para todos os nossos amigos cultos, ocultos e associados, mais uma edição do Grand Record Brasil, a de número 97, apresentando a segunda e última parte da retrospectiva dedicada ao compositor Buci Moreira (1909-1982), oferecendo mais dez gravações históricas com suas músicas. Abrimos esta segunda parte com Carlos Galhardo, interpretando o samba “Loucura”, parceria de Buci com Oswaldo Lira e A. F. Conceição, gravado na RCA Victor em 17 de outubro de 1955 e lançado em janeiro de 56, destinando-se evidentemente ao carnaval, sob n.o 80-1539-B, matriz BE5VB-0896. “O cantor que dispensa adjetivos” também está na faixa 8, “Adoro o samba”, em que Buci Moreira tem como parceiro (aliás, um de seus mais constantes) Arnô Canegal, gravação Victor de 26 de agosto de 1941, lançada em novembro do mesmo ano sob n.o  34830-B, matriz S-052344. Prosseguindo, na faixa 2, temos o grande flautista Benedito Lacerda, à frente de seu grupo Gente do Morro, e também cantando, no samba “Preto d’alma branca”, só de Buci Moreira, que mostra a banalidade do preconceito racial. Foi lançado pela Brunswick (marca americana de curta duração no Brasil) em janeiro de 1931, por certo também visando o carnaval, com o n.o 10128-A, matriz 528. Em seguida  vem o misterioso H. G. Americano, intérprete de curta carreira fonográfica (apenas seis discos com dez gravações, em 1929/30), com o samba “Mulher soberba”, em que Buci tem como parceiro Oswaldo Santiago, lançado pela Odeon em agosto de 1930 com o n.o 10657-B. Depois, Francisco Alves nos traz outro samba, “Em uma linda tarde”, parceria de Buci Moreira com Nasinho (apelido de Norival Reis), gravação Victor de 16 de abril de 1935, lançada em julho seguinte com o n.o 33946-A, matriz 79877, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. O gaúcho Alcides Gerardi vem com “Protesto”, samba em que Buci tem como parceiro Felisberto Martins, então diretor artístico da Odeon, onde o cantor o gravou em 9 de junho de 1952, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 13318-B, matriz 9332. Henricão (Henrique Felipe da Costa, 1908-1984), também compositor de renome, aqui comparece com o samba “Pra que tanto ciúme?”, de Buci Moreira em parceria com Lacy Martins (irmão de Herivelto), gravado na mesma Odeon em 10 de dezembro de 1937 e lançado em janeiro de 38, com vistas ao carnaval, disco 11565-A, matriz 5731. Pioneiro da música country no Brasil, Bob Nélson (Nélson Roberto Perez, Campinas, SP, 1918-Rio de Janeiro, 2009), devidamente acompanhado de seus “rancheiros” (entre eles nada mais nada menos que Luiz Gonzaga à sanfona), apresenta a marchinha “Companheiro de caçada”, em que o parceiro de Buci Moreira é o ator Macedo Neto, que atuou no rádio e na televisão e foi inclusive marido de Dolores Duran. Foi gravada na RCA Victor em 26 de outubro de 1949, e lançada em janeiro de 50 (para o carnaval, claro) sob n.o 80-0634-A, matriz S-078961. O eterno “metralha do gogó de ouro”, Nélson Gonçalves (1919-1998) nos traz o samba “Perfeitamente”, do trio Buci Moreira-Arnô Canegal-Carlos de Souza, gravação Victor de 7 de abril de 1943, lançada em junho seguinte sob n.o 80-0086-B, matriz S-052749. Tem versos algo confusos, mas merece ser ouvido.  E, para encerrar com chave de ouro, volta Francisco Alves, agora junto com o Trio de Ouro em sua primeira formação (Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas), com o samba “Não é assim que se procede”, do quarteto Bucy Moreira-Arnô Canegal-Raul Marques-Henrique de Almeida, do carnaval de 1945, gravação Odeon de 13 de dezembro de 44 lançada bem em cima da folia, em fevereiro, disco 12550-B, matriz 7735. O próprio Herivelto comanda o acompanhamento, a cargo de sua escola de samba, e no final da gravação comete um erro crasso dizendo “Não é assim que se PORCEDE”! Isso, porém, é apenas é um detalhe. E assim apresentamos a segunda e última parte da retrospectiva do GRB dedicada a Buci Moreira. Até a próxima e muito obrigado pela atenção e carinho!
*Texto de Samuel Machado Filho

A Música De Príncipe Pretinho – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 93 (2014)

Esta semana, o Grand Record Brazil apresenta a primeira parte de uma retrospectiva dedicada a um compositor com várias músicas gravadas, mas sobre o qual pouquíssima coisa se sabe. Estamos falando de Príncipe Pretinho, cujo nome verdadeiro era José Luiz da Costa, nascido no Rio de Janeiro em data ignorada e ali mesmo falecido em 1946. Um personagem tão misterioso quanto fascinante, que muito incentivou a carreira de outro grande nome  de nossa música popular, Herivelto Martins, ao apresentá-lo a J.B. de Carvalho, fundador e líder do Conjunto Tupi, no qual Herivelto participou. Nesta primeira parte, apresentamos dezoito composições de Príncipe Pretinho, interpretadas por cantores de prestígio em sua época. Abrindo-a, temos sua primeira composição levada a disco, o samba “Gamela quebrada”, sem parceiro, do carnaval de 1931, gravação Victor de Sílvio Caldas em 13 de dezembro de 1930, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 33407-B, matriz 65058. Em seguida, o Conjunto Tupi interpreta a marchinha ”Me dá, me dá”, igualmente de Príncipe Pretinho e ninguém mais, do carnaval de 1933. Outra gravação Victor, esta de25 de outubro de 1932, lançada ainda em dezembro, disco 33599-A, matriz 65569. Francisco Sena (Bahia, c.1900-Rio de Janeiro,1935), primeiro integrante da Dupla Preto e Branco, ao lado de Herivelto Martins, interpreta solo o ponto de macumba “Quem tá de ronda?”, também só de Príncipe Pretinho, gravada na Victor em 25 de maio de 1933 e só lançada em julho de 35 (!), disco 33953-B, matriz 65751. No samba “Tereré não resolve”, do carnaval de 1938, Príncipe Pretinho tem a parceria de Rogério Nascimento. Quem canta é Miguel Baúso (1913-?). em gravação Odeon de 27 de dezembro de 1937, lançada bem em cima dos festejos momescos, em fevereiro, sob n.o 11576-B, matriz 5750. O Trio de Ouro (apresentado inicialmente nos selos “Dalva de Oliveira e Dupla Preto e Branco”, isto é, Herivelto Martins e Nilo Chagas) apresenta-nos as duas músicas de seu disco de estreia, o Victor 34206, gravado em primeiro de julho de 1937 e lançado em novembro seguinte com vistas ao carnaval de 38, ambas apenas e tão-somente de Príncipe Pretinho. Na faixa 6, o lado A, a marchinha “Ceci e Pery”, matriz 80513. Nessa ocasião, Dalva e Herivelto combinaram que seu filho, então prestes a nascer, teria o nome de Ceci, caso fosse menina, e o de Pery, se fosse menino. E foi mesmo Pery, o excelente cantor Pery Ribeiro, outro de saudosa memória. Na faixa 5 está o lado B, matriz 80512, o batuque “Itaquari”. O Trio de Ouro interpreta depois o samba “Palavra de rei”, em que Príncipe Pretinho tem a parceria de Waldemar Crespo. Também destinado ao carnaval de 1938, foi gravado na mesmíssima Victor em 28 de julho de 37, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro,sob n.o 34263-A, matriz 80557. Para essa folia, na mesma Victor e no mesmo dia, 28 de julho de 1937, a Dupla Preto e Branco, sem Dalva, ainda gravaria o samba “Bate palmas”, onde o parceiro de Príncipe Pretinho é Boanerges Guedes. Saiu ainda em dezembro de 37, com o n.o 34247-A, matriz 80558, O Trio de Ouro volta a se reunir na faixa seguinte, o batuque “Quem mora na lua”, só de Príncipe Pretinho, gravação Odeon de 27 de junho de 1938, mas só lançada em abril de 39 com o número  11652-A, matriz 5878. No samba “Nosso amor não convém”, do carnaval de 1939, Príncipe Pretinho tem a parceria de Peterpan (José Fernandes de Paula, Maceió, AL, 1911-Rio de Janeiro, 1983). A gravação ficou por conta de Carlos Galhardo, na Victor, em 16 de dezembro de 1938, com lançamento um mês antes dos festejos momescos, em janeiro, disco 34401-B, matriz 80970. Na faixa seguinte, volta o Trio de Ouro, desta vez interpretando o belíssimo samba-rumba “Alvorada”, em que Príncipe Pretinho tem a parceria de um certo E. J. Moreira. Marcou a estreia do trio na Columbia, em gravação de 10 de maio de 1939, com lançamento em  junho seguinte, disco 55066-B, matriz 150. Da escassa discografia da cantora Janir Martins, outra cuja biografia é um mistério (dois discos com quatro músicas, ambos pela Columbia), foram pinçadas as duas músicas do primeiro disco, número 55175, gravado em 20 de setembro de 1939 e lançado em novembro do mesmo ano, ambas por ela cantadas em dueto com Jorge Nóbrega, parceiro de Príncipe Pretinho nas duas composições,  destinadas ao carnaval de 1940: a marchinha “Eu me rasgo todo”, matriz 215, por certo inspirada no tango “Por vos yo me rompo todo”, de Francisco Canaro, e o samba “Podes crer”, matriz 216. Para esse mesmo carnaval Príncipe Pretinho fez sozinho a marchinha “Na Turquia”, outra gravação do Trio de Ouro na Columbia, em 15 de dezembro de 1939, lançada um mês antes da folia, em janeiro de 40, sob n.o 55200-B, matriz 248. Nessa ocasião, vez por outra, Dalva de Oliveira, que integrava o Trio de Ouro, tinha oportunidade de gravar como solista. É o que acontece na mazurca “Menina de vestido branco”, de Príncipe Pretinho e mais ninguém, gravação Columbia de 24 de maio de 1940, lançada em junho do mesmo ano sob n.o 55218-B, matriz 286. Cármen Costa e Henricão apresentam em dueto dois sambas de Príncipe Pretinho, ambas do disco Columbia 55239, gravado em 19 de julho de 1940 e lançado em agosto do mesmo ano: “Dance mais um bocado”, parceria do próprio Henricão, matriz 307, e “Não quero conselho”, em que o parceiro é Constantino Silva, o Secundino, matriz 308. Para encerrar, Janir Martins interpreta, de seu segundo e último disco, o Columbia 55241-A, a marchinha “É espeto”, parceria de Príncipe Pretinho com Rogério Nascimento, gravada em 20 de setembro de 1940 e lançada em novembro seguinte, matriz 318, por certo para o carnaval de 41. Enfim, um atraente e histórico apanhado da obra musical de Príncipe Pretinho, que continuaremos a abordar na próxima semana. A gente se vê!
*Texto de Samuel Machado Filho

Carmen Costa & Henricão – Seleção 78 RPM do Toque Musical – Vol. 75 (2013)

Em sua edição de número 75, o Grand Record Brazil apresenta a segunda parte da retrospectiva dedicada à grande cantora Cármen Costa (1920-2007). Agora, apresentamos aqui sete gravações que ela fez com o cantor e compositor Henricão, pessoa importantíssima em sua carreira, e cuja história de vida conheceremos agora. Henrique Felipe da Costa nasceu em Itapira, interior de São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1908, e, por conta da alta estatura (quase dois metros!), ganhou o apelido de Henricão. Em certa época, ganhava a vida como motorista de uma “socialite” que morava na Rua Augusta, e considerava sua a família da própria patroa, que muito o admirava. Cantou em circos, parques de diversões, rádios e festas populares do Nordeste, sozinho ou em dupla com algumas parceiras, a mais famosa, evidentemente, Cármen Costa, que obteve muito mais êxito de público e mídia do que ele, seu lançador. Além das adaptações de “Cielito lindo’ (“Está chegando a hora”) e “Caminito” (“Carmilito”), Henricão assina composições juntamente com Rubens Campos (o parceiro mais constante), Bucy Moreira, Caco Velho e Príncipe Pretinho, entre outros.  Entre suas várias parceiras de cantorias, antecessoras de Cármen Costa, destacam-se a paulistana Risoleta – que faria sucesso no teatro de revista, só e desacompanhada – e a carioca Sarita. Embora tenha composto inúmeras músicas de sucesso , tais como “Só vendo que beleza”, e sua sequência “Casinha da Marambaia” (até hoje muitos pensam que é esse o título da primeira música) e mesmo famoso, Henricão sempre enfrentou dificuldades financeiras, passando fome, mas era constantemente ajudado por amigos,  e levava a vida sempre com otimismo e esperança.  Trabalhou também como ator de cinema, em filmes como “Sinhá moça” (1953), “A estrada” (1956), “Uma certa Lucrécia” (1957), “Cidade ameaçada” (1960), “O puritano da Rua Augusta” (1965),  “Betão Ronca Ferro” (1970) e “Jeca e seu filho preto” (1978), os três últimos produzidos e estrelados pelo eterno jeca, Mazzaropi, com quem também contracenou em “O gato de madame” (1956). Na televisão, atuou na novela “Os imigrantes”  (1981), maior sucesso da Rede Bandeirantes no gênero, e na minissérie “O tronco do ipê” (1982), da TV Cultura de São Paulo, Já tinha feito também alguns episódios do “Vigilante rodoviário” (1961-62), primeiro seriado de TV produzido no Brasil. Seu último trabalho em disco foi o álbum “Recomeço”, lançado pela Eldorado em 1980, e no qual reencontrou a antiga parceira Cármen Costa. Em 1984, já no final de sua vida, foi eleito o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval de São Paulo. Faleceu em 11 de junho do mesmo ano, também em São Paulo, de enfarte, aos 76 anos.
Neste volume do GRB,  apresentamos sete  gravações que Henricão fez em dueto com Cármen Costa. Abrindo a seleção, “Samba, meu nêgo”, de Bucy Moreira e Miguel Baúso, lançado pela Columbia em julho de 1941 com o n.o 55286-A, matriz 421. Depois tem “Onde está o dinheiro?”, samba de Henricão sem parceria, em gravação Odeon de 24 de maio de 1939, lançada em  agosto seguinte com o n.o 11749-A, matriz 6105. “Não quero conselho”, samba de Príncipe Pretinho e Constantino “Secundino” Silva, foi gravado na Columbia em 19 de julho de 1940 e lançado em agosto do mesmo ano com o n.o 55239-B, matriz 308. “Não posso viver sem você”, samba da parceria Henricão-Rubens Campos, é o lado B de “Samba, meu nêgo”, matriz 422. “Não dou motivo”, de Max Bulhões e Felisberto Martins, é outro  lado B, este  de “Onde está o dinheiro?”, matriz 6106. “Dance mais um bocado”, de Henricão e Príncipe Pretinho, é o  lado A de “Não quero conselho”, matriz 307. E, para encerrar, a marchinha “A festa é boa”, dos inseparáveis Henricão e Rubens Campos, gravação Victor de 19 de dezembro de 1942, lançada um mês antes do carnaval de 43, em janeiro, disco 80-0045-B, matriz S-052661. Esta é a homenagem do GRB a esses dois nomes importantíssimos na história de nossa música popular.  Até a próxima!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO