Sergio And Odair Assad – Alma Brasileira (1989)

“O melhor duo de violões existente, talvez em toda a história. Nenhuma antecipação poderia ter me preparado para o jeito deles de tocar: flexível, ousado, estranhamente unânime”.  Assim escreveu, certa vez, um comentarista do jornal norte-americano “The Washington Post”, referindo-se aos protagonistas da postagem de hoje do TM: o Duo Assad, formado pelos irmãos Sérgio e Odair, cuja família é de origem libanesa. Vindos de escola tradicional do choro, e consagrados internacionalmente, ambos residem no exterior: Sérgio, em São Francisco, EUA, e Odair, em Bruxelas, capital da Bélgica. E têm uma irmã mais nova, também violonista e cantora, mundialmente consagrada, assim como eles, Badi Assad. O pai, relojoeiro de profissão, adorava tocar. Ganhou um cavaquinho em uma rifa e não sabia o que fazer com ele. Aí, comprou discos, ouviu e tirou de ouvido mais de quatrocentos choros!  E foi nesse ambiente que os irmãos cresceram e começaram, bem cedo, a dedilhar seus violões. Mais tarde, Sérgio e Odair foram estudar violão clássico com a professora argentina Monina Távora. Além de estabelecer novos padrões de interpretação, os Assad influenciaram vastamente na criação e introdução de novas músicas para dois violões. E essa extraordinária virtuosidade inspirou vários compositores a escrever peças especialmente para os Assad, tais como Astor Piazzolla, Teddy Riley, Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Marlos Nobre, Edino Krieger… Além disso, o repertório dos irmãos Assad é formado de arranjos para músicas folclóricas, jazz e música latina, e também de composições próprias. A carreira internacional começou em 1979, em Bratislava, hoje capital da Eslováquia, ao vencerem  a Young Artists Competition.  E até hoje ambos viajam pelo mundo, apresentando clássicos do violão, não só europeus mas também brasileiros, como as obras de Garoto, Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Baden Powell, João Pernambuco e Dilermando Reis. Uma cativante mistura de estilos, períodos e culturas. Os Assad têm trabalhado extensivamente com artistas renomados, tais como Yo-Yo Ma, Paquito D’Rivera, Gidon Kremer, Nadja Salerno Sonnenberg e Dawn Upshaw. Todos os anos, no último final de semana do mês de julho, a cidade de São João da Boa Vista (SP), berço da família, realiza o Festival Assad, que, além de ser referência de música instrumental da mais alta qualidade, recebendo visitantes de várias partes do mundo, já se tornou tradição no calendário cultural do município. E, claro, contando com a participação dos irmãos Assad. Da vasta e extensa discografia de Sérgio e Odair Assad (mais de 30 álbuns), o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados, “Alma brasileira”, selo Nonesuch /Warner. Gravado na Holanda, em 1987, e lançado no Brasil dois anos mais tarde, possui um repertório de primeiríssima qualidade, assinado por compositores do porte dos que já citamos aqui:  Egberto Gismonti (“Baião malandro”, “Frevo”), Marlos Nobre (“Cantiga de cego”, “Capoeira” “Martelo”, “Praiana”, todas da série “Ciclos nordestinos”), Radamés Gnattali (“Tocata em ritmo de samba”, “Pixinguinha”, esta última da série “Retratos”), além de trabalhos próprios de Sérgio Assad (“Jobiniana número 1”e, da “Suíte brasileira”, “Baião” e “Canção”). Ainda batem ponto aqui Wagner Tiso (“Choro de mãe”) e Hermeto Paschoal (“Série de arco”). Um trabalho absolutamente impecável, que o TM orgulha-se em oferecer, e mostra por que Sérgio e Odair Assad tornaram-se referência unânime para os violonistas, criando um padrão de inovação para o violão com geniosidade e expressão.

marlos nobre: cantiga de cego

egberto gismonti; balão malandro

heitor villa-lobos: a lenda do caboclo

sérgio assad: jobiniana n. 1

marlos nobre: capoeira

wagner tiso: choro de mãe

hermeto pascoal: serie de arco

radamés gnattali: toccata em ritmo de samba

heitor villa-lobo: alma brasileira

marlos nobre: martelo

radamés gnattali – pixinguinha

sérgio assad: baião

marlos nobre: praiana

egberto gismonti: frevo

sérgio assad: canção

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*Texto de Samuel Machado Filho

D. Helder Câmara – O Deserto É Fértil (1977)

À quem possa interessar… Hoje, sendo um dia santo, Sexta Feira da Paixão, procurei algo condizente para postar. Me lembrei de uma boa doação feita pelo amigo Fáres, que creio, vem bem a calhar, principalmente nos dias de hoje e sempre, do nosso amado Brasil, onde as lutas sociais se tornam a cada dia mais constantes e um pouco de reflexão nessas horas fazem muito bem.
Temos aqui um disco lançado em 1977, produção independente, mas distribuído pela Warner. Trata-se do carismático bispo de Olinda, Dom Hélder Câmara em leitura de trechos escolhidos de seu livro, “O deserto é fértil”. Eu acredito que algum encarte acompanhava este álbum, pois as informações sobre o trabalho são muito escassas na contracapa. Há por exemplo a informação da participação do baterista Chico Batera fazendo percussão, mas eu não percebi em nenhum momento qualquer coisa parecida. Ao contrário, temos um fundo musical, mas com violão e também piano. Seria o Chico Batera? Penso que não… Das duas, uma: ou falta um encarte para nos explicar isso melhor, ou foi mesmo um erro da produção da capa. Mas independente disso, o que conta é o conteúdo, a mensagem na voz de Dom Hélder. Um disco muito bonito que despertou em mim o desejo de ler o livro. Espero que isso aconteça com vocês também. “Se discordas de mim, me enriqueces

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