Lupicínio Rodrigues – E A Bossa Velha (1960)

Boa noite, meus amigos cultos e ocultos! Cá estamos nós para mais uma postagem diária. É, neste ano voltamos aos velhos hábitos, ou pelo menos pretendemos. E hoje eu trago para vocês um disquinho enviado pelo amigo Denys, rapaz talentoso que recupera áudio, recria as capas e selos com grande precisão.
Temos aqui um raríssimo compacto triplo de 45 rpm, do genial Lupicínio Rodrigues, lançado em 1960 pelo selo Copacabana. Taí um disquinho que eu não conhecia e certamente muita gente por aqui também não. Mas eis que buscando no Google algumas informações sobre ele, acabei chegando numa página que nos traz um texto dos mais interessante, da jornalista e escritora (e querida) Janaína Azevedo Lopes, que caí como uma luva nessa nossa postagem:
Em 29 de dezembro de 2015, apareceu no YouTube a reprodução na íntegra do extended play Bossa Velha, de Lupicínio Rodrigues, com data de 1960 e selo da Copacabana. É um álbum raro, do qual se encontra pouca informação na internet. Neste link do CollectorsFrenzy, por exemplo, sabemos que uma edição do disco foi objeto de um leilão, em 2014, ao preço de 102,51 dólares. Segundo o site, três apostas foram feitas. 
Além da raridade, outro aspecto que Bossa Velha traz é o próprio som, extremamente refinado, resultado de uma gravação impecável. A “bossa velha” de Lupicínio é um samba cadenciado, com toques de jazz e uma interpretação elegante da poesia do porto-alegrense. Em seis faixas, Lupi canta o cotidiano de seu relacionamento, faz pedidos e alertas à mulher, tanto melancólico quanto apaixonado, e irreverente ao ponto de soar ofensivo hoje em dia. O desenho da vida boêmia está lá, por exemplo, na letra de “Esta eu conheço”, que inicia aos versos de “mandei buscar minha mulher pra casa, apesar do seu mau proceder. Pra solucionar minha casa, sem mulher não posso viver”. Duas faixas depois, o gaúcho canta “Prova de amor”, que nada mais é do que exigir que a esposa cuide da casa enquanto ele trabalha: “Que vantagem tenho em possuir o seu amor se eu que trabalho com o frio e com o calor, quem ama faz sacrifício você pra mim nunca fez eu que pago as contas quando chega o fim do mês”. Mas Lupi também canta sua ternura com, e quando o faz, é com um lirismo tão belo quanto simples: “querer desfazer a minha mágoa é tentar abrir buraco na água” canta ele em “Pegador de bolinha”…

pergunte aos meus tamancos
eu não sou louco
eu sei
esta eu conheço
pregador de bolinha
prova de amor



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