Duda E Seu Ritmo – Hit Parade (1958)

Olá, amigos cultos e ocultos! Aqui está, pela primeira vez, no Toque Musical, o pianista Aldovrando  de Castro, o Duda, com um dos muitos LPs que gravou para a Continental, ao lado de seu conjunto, “Hit parade”, lançado em 1958. Duda era paulistano e desde logo interessou-se por música, aprendendo muito cedo os rudimentos do piano. Quando sua família transferiu-se para o então Distrito Federal, Duda aprimorou seus estudos clássicos cursando o Instituto Musical do Rio de Janeiro. Voltando a São Paulo, em 1937, iniciou-se profissionalmente na orquestra de José Nicolini, famosa na época. Nesse tempo, tendo concluído o ginasial, frequentava o pré-médico, pois tencionava formar-se em Medicina. Porém, a convite de um amigo, passou a tocar na orquestra de bordo do navio “Cuiabá”, que fazia a linha Brasil-Europa. Nas proximidades de Leixões, em Portugal, o navio encalhou, o que obrigou Duda a passar três meses em Lisboa, atuando nas orquestras locais. Prosseguindo viagem, percorreu as principais cidades da Europa, onde divulgou e tocou nossa música popular. De volta ao Brasil, Duda passou a atuar nos principais cassinos e centros de diversões de São Paulo e Rio de Janeiro. Foi somente no pós-guerra que ele organizou sua própria orquestra, sendo contratado pela Rádio Record de São Paulo e aparecendo nos principais clubes noturnos. Em 1947, organizou um pequeno conjunto, aperfeiçoando-o mais tarde, e transformou-o em sexteto, com ele atuando nas principais emissoras de rádio e televisão de São Paulo. Em 1957, a convite da Continental, gravou seu primeiro LP, “Hoje tem baile”, logo seguido por outros. É o caso deste “Hit parade”, no qual executa, ao lado de seu sexteto e também de um coro, sucessos nacionais e internacionais, ao gosto da época. É mais um disco interessante, merecedor de nosso Toque Musical. Não deixem de conferir no GTM.
 
alone
love me forever
little darling
mister lee
diana
pode ser
adeus amor
nega manhosa
carioca dengosa
por causa de você
onde estou
till
april love
around the world
 
 
*Texto de Samuel Machado Filho

Conjunto Época De Ouro (1974)

Bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Passamos os últimos dias postando discos de choro e nessa leva não podemos deixar de fora um dos mais importantes grupo, o Conjunto Época de Ouro. Já tivemos o prazer de apresentar aqui outros momento desse espetacular grupo criado por Jacob do Bandolim em 1964 e que ainda hoje mantém acesa a chama do choro genuíno através de uma nova geração. Pelo grupo passaram grandes instrumentistas e assim se mantém ao longo de seus 55 anos de existência. Aqui temos um lp de 1974, o primeiro produzido por Reginaldo Bessa. Um trabalho feito com esmero, envolvendo também a participação de Abel Ferreira, Canhoto, Pedro Sorongo e os ritmistas Gilson e Luna. O Época de Ouro neste disco era formado por Cesar e Damazio, nos violões, Dinho no violão de sete cordas, Déo Rian no bandolim, Jonas no cavaquinho e Jorginho no Pandeiro. O repertório procura traçar a trajetória do choro, dos tempos de sua pré-existência aos dias atuais daquele início dos anos 70.

noites cariocas

nem ela nem eu

batuque

choro negro

o nó

saudações

diabinho maluco

inesquecível

choro nº 1

carolina

sentimento de um coração

meu chorinho

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Homenagem A Américo Jacomino (Canhoto) (1978)

Olá, amigos cultos e ocultos! Na trilha do choro, aqui vamos nós listando o que merece ser ouvido com outros olhos. Por certo este disco não é exatamente um disco de choro, mas cabe em nossa lista perfeitamente. Temos desta vez um lp que é uma homenagem ao grande violonista e compositor Américo Jacomino, mais conhecido como Canhoto. Já tivemos o prazer de trazê-lo aqui em nosso Toque Musical e mais uma vez ele volta e desta em um disco onde marca 50º ano de seu falecimento. Uma boa lembrança, produzida com todo o rigor que merece o artista. Este disco foi produzido na intenção de reunir alguns dos melhores violonistas interpretando obras de Canhoto. No texto de contra capa há uma explicação detalhada sobre essa seleção. Estão reunidos aqui feras do pinho como Paulinho Nogueira, Edson Lopes, Rago, Roberto Ramos, Nelson Anderáos, Celso Machado, Eraldo Souza e José Franco. Para completar, tem ainda incluído “Amor de Argentina” fonograma extraído de disco de Dilermando Reis, “Sombras que vivem”, valsa até então inédita de Canhoto aqui interpretada por Sebastião Tapajós e “Abismos de rosas” na interpretação do próprio filho de Canhoto tocando no violão do pai. Disco realmente muito bacana que não dá para perder…
 
abismo de rosas – luiz américo jacomino
brasileirita – paulinho nogueira
reminiscências – edson lopes
olhos feiticeiros – antonio rago
lamentos – roberto ramos
marcha dos marinheiros – nelson anderáos
marcha triunfal brasileira – celso machado
escuta minh’alma – josé franco
amor de argentina – dilermando reis
arrependida – nelson cruz
niterói – eraldo souza
sobras que vivem – sebastião tapajós
 
 
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Waldir Azevedo (1970)

Boa noite, caros amigos cultos e ocultos! Olha só o que temos para hoje… Waldir Azevedo, um dos mais importantes nomes do cavaquinho, mais uma vez marcando presença aqui nas postagens do Toque Musical. Desta vez temos um lp lançado em 1970, onde nosso cavaquinista vem com uma série predominantemente de choros, mas também tem valsas e samba, autorais e de outros grandes como Ary Barroso, Custódio Mesquita e Sadi Cabral, Roberto e Erasmo Carlos, Nassara… Enfim, um disco muito bem dosado, onde Waldir Azevedo esbanja todo o seu talento. Confiram no GTM…

guanabarino
oh meu imenso amor
guarânia brasileira
sarau
você carinho e amor
chiquita
você é minha paz
canta maria
nós queremos uma valsa
uma seresta no sul
tema de amor
alguém que passou
 
 
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Pessoal Do Ceará – Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem (1972)

Muito bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! Eis aqui um disco que há tempos está na promessa de ser postado aqui no Toque Musical. Enfim, chegou a sua hora, a sua vez… Afinal, é mais um que aqui não pode faltar, né? Então… Temos este clássico e também único disco do coletivo Pessoal do Ceará, formado por Ednardo, Rodger e Teti. Na verdade, o Pessoal do Ceará foi uma espécie de movimento cultural surgido no final dos anos 60, no Ceará, por um grupo de artistas e intelectuais, dos quais estavam inseridos Ednardo, Fagner, Belchior, Rodger, Teti e muitos outros… Tudo tomou forma a partir dos anos 70 quando essa turma começa a se destacar nacionalmente. Em 1972 eles recebem o convite para gravar um disco, no caso este lp no qual acabaram ficando de fora o Fagner e Belchior, pois esses dois já tinham contratos com outras gravadoras. Daí, o Pessoal do Ceará acabou sendo Ednardo, Rodger e Teti e nasceu este disco que é simplesmente maravilhoso, “Meu corpo, minha embalagem, todo gasto de viagem”. Um álbum que é um clássico da nossa moderna música popular brasileira, hoje, mais ainda, uma raridade que injustamente não recebeu uma reedição em 180 gramas, razão pela qual um exemplar original e em boas condições esteja custando até 500 reais entre colecionadores. Embora não sendo uma novidade na rede, aqui no TM é que ele se consagra! Confira no GTM…

ingazeira

terral

cavalo de ferro

curta metragem

falando da vida

dono dos teus olhos

palmas pra dar ibope

beira mar

é isto

a mala

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Banda De Pífanos De Caruaru (1976)

Muito bom dia, prezados amigos cultos e ocultos! Estamos trazendo, já pela segunda vez, a famosa Banda de Pífanos de Caruaru, também conhecida como Banda de Pífanos Zabumba de Caruaru. É considerado um dos mais antigos grupos musicais em atividade no país. Para se ter uma ideia, o grupo foi formado no final dos anos 30 pela família Biano. Se estabeleceram na cidade de Caruaru e daí veio o nome. Ganharam notoriedade no sertão nordestino, se apresentando em bailes e festas por diversas cidadezinhas e ao longo de décadas. Mas foi só a partir dos anos 70 que a banda ganhou projeção nacional, por conta, de certa forma, de Gilberto Gil que em 1972, em suas pesquisas musicais, chegou até o grupo. Foi Gil o responsável pela apresentação da banda ao Brasil, quando incluiu em seu disco “Expresso 2222” o tema instrumental “Pipoca moderna”, música essa que viria em 75 receber uma letra de Caetano Veloso e incluida em seu disco, o “Joia”, de 1975.
Ao que consta, Sebastião Biano, o único membro original do grupo ainda vivo, completou em 2019 cem anos e ainda com destreza na flautinha. A banda continua em atividade com novos membros, sendo hoje uma herança cultural do nordeste.
O disco que temos aqui foi lançado em 1976, pelo selo Continental. Saiu, inclusive, antes do que foi apresentado pelo selo Marcus Pereira e aqui só tem em comum a sua música mais famosa, “Pipoca moderna”. Taí, um disquinho bacana, que vale a pena conferir.

pipoca moderna
caboré
frevo danado
arrasta pé corneta
lamentação
flor do muçambê
carimbó de pífanos
o tocador rebate a marcha
levanta poeira
o chor de pífanos
cabo de vassoura

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Britinho E Seu Conjunto – Sucessos De Dorival Caymmi (1956)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Vamos nós nesse sortido e rico balaio musical, hoje trazendo a música de Dorival Caymmi na interpretação instrumental do gaúcho João Leal Brito, o Britinho e seu Conjunto. Este lp de 10 polegadas foi lançado em 1956 pelo destacado selo Continental. Um disco de pequeno porte, mas que nos traz oito faixas e nove músicas, grandes sucessos de Caymmi até aquele momento. Vale a pena conferir 😉

nem eu 
lá vem a baiana
vatapá
peguei um ita no norte
dora
marina
rosa morena
bole bole
requebra que eu dou um doce

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Grupo Capote – No Forrock (1972)

Boa tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Na semana passada recebi de um amigo este disco do Grupo Capote. Segundo ele, o lp é um presente pelo aniversário de 13 anos do Toque Musical. Por acaso, este disco eu já havia postado logo nos primeiros anos do blog. Mas eu não deixaria de postá-lo novamente, tanto pelo presente, quanto pela primeira postagem, que como boa parte das publicações iniciais eram mesmo vergonhosas. Então, mais um bom motivo para trazer de volta…
Temos assim o Grupo Capote, liderado pelo baiano Odair Cabeça de Poeta. Este lp, “Grupo Capote no Forrock” foi o primeiro disco, lançado em 1972 pelo selo Continental. Por certo e para mim, o melhor disco deles. Já cheguei a postar aqui outros trabalhos desse grupo, inclusive disco solo do Odair, que há tempos abandonou a vida de artista para ser dono de pousada e também provedor de internet (vejam vocês). Mas, enfim, segue aqui esse discaço que tem além de músicas próprias, “Eu disse que disse”, de Tom Zé. “Fiz uma viagem”, de Dorival Caymmi e a engraçadíssima “Tu tá comendo vrido”, de Gordurinha. Mas a música que mais se destaca é “A feira” que até hoje sempre é lembrada por conta do trocadilho ‘feira da fruta’.

xeque mate
bomlero
carolina vai carolina vem
paulada no coqueiro
a feira
forrock
fiz uma vagem
tu tá comendo vrido
eu disse que disse
minha calma espiritual imediata

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Agostinho Dos Santos (1969)

Boa tarde, caríssimos amigos cultos e ocultos! Quando acontece algum imprevisto e eu me vejo sem condições para preparar uma nova postagem, eu recorro aos meus velhos e bons ‘discos de gaveta’, aqueles que são como notícias de jornal prontas para cobrir alguma lacuna. E nesses últimos dias eu acabei deixando as publicações de lado. No momento estou sozinho na empreitada e nem nosso bom amigo Samuca eu quis amolar. Daí, atrasamos o diário e para corrigir, as vezes, só postando o que já está pronto. Assim, hoje temos a presença do Agostinho dos Santos, artista que mais uma vez nos honra com sua arte. O disco em questão é um lançamento do selo Continental, de 1969. Eu tinha para mim que este lp era na verdade uma coletânea, pois geralmente nesses casos os discos não trazem informações técnicas. Mas segundo fontes confiáveis, por este selo ele gravou dois discos, este de 69 e outro lançado em 73, talvez por conta de sua morte, em julho desse mesmo ano. Neste lp de 1969, como podemos ver na foto da contracapa, ele interpreta um repertório bem interessante, onde cabem músicas nacionais e internacionais, todas bem conhecidas do público. Vale a pena conferir no GTM…

aquarela do brasil
na baixa do sapateiro
hava nagila
saint louis blues
o sole mio
quereme mucho
un jour tu verrás
hymne a l’amour
douce france
samba de orfeu
night and day
a felicidade
besame mucho
sá marina
manhã de carnaval


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Jorginho Pessanha – Tô Muito Na Minha (1971)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Começando bem a semana, vamos seguir no samba. Ontem foi Jamelão, hoje temos Jorginho Pessanha, sambista, compositor e cantor. Célebre integrante a Ala dos Compositores da Escola Império Serrano. Segundo informações do Dicionário Cravo Albin da MPB, Jorginho Pessanha se destaca a partir dos anos 60, como compositor. Fez parte da delegação brasileira que se apresentou num festival de arte, em Dakar, no Senegal. Integrou o grupo de músicos que acompanhavam Clementina de Jesus, Ataulfo Alves, Heitor dos Prazeres e outros. Infelizmente, pelo Google há muito pouca informação sobre o artista e até mesmo no Cravo Albin essas são superficiais e incompletas. Este disco, por exemplo, “Tô muito na minha”, embora tenhamos fotos da capa e até as músicas no Youtube, não consta lá em sua discografia. Aliás, até onde eu pesquisei, Jorginho Pessanha gravou somente uns três ou quatro discos, incluindo este que estamos apresentando. Não deixem de conferir no GTM…

a sorte mudou
há quem diga
nem meu amor
mulata
hoje não
romance de amor
é isso aí moço
mundo de madeira
que samba é esse
a história do zé
tem que ter tamborim
ex amor

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#ToqueMusicall

Jamelão (1971)

Boa noite de domingo, amigos cultos e ocultos! Olha aí, mais uma vez temos a honra de apresentar aqui um disco do grande Jamelão. Figura emblemática do Carnaval carioca e mais exatamente Mangueira, a qual ele pertenceu, sendo o intérprete oficial da Escola, de 1949 até 2006. Embora não gostasse de ser chamado de puxador de escola de samba, ele foi o maior cantor da ‘linha de frente’ de todos os tempos. Gravou muitos discos e entre esses temos aqui um lp de 1971, lançado pela Continental, trazendo doze sambas românticos, composições de João Roberto Kelly, José Bispo, Jair Amorim, Lúcio Cardin e outros. Confiram no GTM…

êta dor de cotovelo
meu sincero amor
marido e mulher
é triste um homem gostar
a mão de deus
foi ela
suas amigas
waldemar errou
sempre teu
vai minha amada
pressentimento
um dia tu hás de pagar

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Carlos José – A Poesia De Caymmi Na Voz De Carlos José (1963)

Boa tarde, meus caros amigos cultos e ocultos. Do jeito que as coisas andam, logo vou acabar mudando o nome do blog para Obtuário Musical. Desculpe a ironia, mas de uns tempos para cá tem morrido muitos artistas da música. Penso que não apenas por conta do Coronavírus, da pandemia, mas também e até mesmo pela idade. Afinal, a músicos brasileiros oriundos da verdadeira era fonográfica, a era do disco, estão naturalmente e aos poucos indo embora. Hoje, infelizmente, perdemos Carlos José, vítima do Covid-19, aos 85 anos. O cantor paulista fez muito sucesso no início dos anos 60 e era considerado “o último seresteiro”. Iniciou carreira nos anos 50 e ainda hoje, nos dias atuais se mantinha atuante. Seu último disco, “Musa das Canções” saiu em 2014. Segundo contam, atualmente, estava preparando um novo trabalho em estúdio.
Para homenageá-lo estamos trazendo aqui este belíssimo disco gravado por ele para o selo Continental, em 1963. Não é preciso dizer muito, o próprio título já define bem seu conteúdo, uma seleção de músicas de Dorival Caymmi. Um disco, sem dúvida, impecável, que merece mais que nunca estar no rol das publicações do nosso Toque Musical. Confiram no GTM…
 
acalanto
saudades de itapoã
marina
a lenda do abaeté
nunca mais
a jangada voltou só
vestido de bolero
é doce morrer no mar
não tem solução
o bem do mar
a vizinha do lado
requebre que eu dou um doce
 
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Pery Ribeiro E Luiz Eça – Prá Tanto Viver (1985)

Bom dia, prezados amigos cultos e ocultos! Temos para hoje um disco bem intimista gravado em 1985 por Pery Ribeiro e Luiz Eça. Um trabalho de releitura de alguns clássicos do período Bossa Nova e também outras músicas desse mesmo universo. Certamente o mesmo tipo de repertório que os dois apresentavam em casas noturnas, tipo o Horse’s Neck Bar, do Rio Palace Hotel naqueles anos 80, com piano e voz. Aqui eles seguem essa mesma linha, no entanto em algumas faixas também contem com o contrabaixo de Luiz Alves, a bateria de Wilson das Neves, Carlos Bala e Robertinho Silva, o violão de José Carlos e Rafael Rabello. A faixa que dá nome ao disco, “Pra tanto Viver”, é uma música de autoria de Pery Ribeiro. Disco bacana, que merece o nosso toque musical. Confiram no GTM…

por causa de você
chega de saudade
indecisão
curare
nossas vidas
valsinha
pare de me arranhar
amargura
pra tanto viver
de onde vens
oferenda
canção que morre no ar

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Rago – Jamais Te Esquecerei (1957)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje trazemos o primeiro LP, em dez polegadas, de um dos maiores violonistas que o Brasil já teve: Antônio Rago. Ele nasceu em São Paulo, no dia 2 de julho de 1916, filho de imigrantes italianos. Desde criança interessou-se por música. Começou a tocar violão aos 14 anos e, em 1933, iniciou seus estudos de violão clássico com o professor Melo. Em 1936, começou sua carreira artística fazendo parte do regional de Armandinho, com o qual, e mais Zezinho, mais tarde conhecido como Zé Carioca, formou o trio de violões. Atuou com sucesso na Rádio Record e também na Rádio Belgrano de Buenos Aires, acompanhando o cantor Arnaldo Pescuma em excursão que se estendeu até o Uruguai. Em 1937, retornou ao Brasil e foi trabalhar na recém-inaugurada PRG-2, Rádio Tupi de São Paulo, com Zezinho e seu conjunto. Ao longo dos anos, acompanhou artistas como Sílvio Caldas, Francisco Alves e Aracy de Almeida. Gravou seu primeiro disco em 1943, época em que passou a dirigir o regional da Tupi, interpretando ao violão duas composições de sua autoria, o choro “Chorando” e a valsa “Velhos tempos”. Em 1947, passou a ter o próprio regional, que, em 1950, recebeu o Troféu Roquette Pinto como melhor daquele ano. Em 1952, ingressou na Rádio Nacional de São Paulo, hoje Globo. Em meados dos anos 1960, quando seu regional perdeu força, passou a produzir programas de rádio em diversas cidades paulistas, entre as quais Santos e Campinas. Como compositor, teve mais de 400 músicas gravadas, e foi ainda um dos responsáveis pela introdução do violão elétrico no Brasil. Antônio Rago faleceu em 24 de janeiro de 2008, em sua São Paulo natal, aos 91 anos de idade. Neste LP, lançado pela Continental em 1957, estão oito de suas composições mais expressivas, entre elas a faixa-título, “Jamais te esquecerei”, um bolero lançado originalmente em 1947 e que permaneceu por cerca de um ano nas paradas de sucesso, tornando-se fenômeno de popularidade. Tem ainda “O Barão na dança”, “Folinha”, “Mambo na Glória”, “Festa portuguesa”, “Encantamento”, “Mentiroso” e “Em tuas mãos”, em uma seleção que vale a pena ouvir. Portanto, este é mais um trabalho que merece o nosso Toque Musical. Não deixem de conferir no GTM.

jamais te esquecerei
folinha
mentiroso
mambo da glória
em tuas mãos
o barão da dança
festa portuguesa
encantamento




*Texto de Samuel Machado Filho 

Dave Gordon – Latino (1969)

Boa noite, amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje o nosso encontro é com o lendário cantor caribenho Dave Gordon. Um artista que chegou ao Brasil em 1958 como integrante de um grupo que excursionava pelo país. Acabou ficando por aqui. Se tornou um grande intérprete de músicas e ao estilo de Nat King Cole, Ray Charles, Frank Sinatra e outros. Foi casado com Denise Duran, irmã de Dolores Duran. Os dois cantavam na noite paulista. Tiveram um casal  de filhos, hoje grandes artistas, os cantores Tony Gordon, vencedor do The Voice Brasil 2019 e Izzy Gordon, também outra fera, ao nível do irmão. Dave Gordon foi um artista muito atuante na noite paulista, também conhecido como King Dave. Gravou um disco ao lado do grupo paulista The Rebels. Inclusive, há tempos atrás quando postei discos dos The Rebels comentei sobre o Dave Gordon e até pensava que ele fosse americano. Os amigos cultos da época foi quem me corrigiram. Agora, tenho a oportunidade de acabar com a confusão nesta postagem, com este lp gravado por ele em 1969, para o selo Continental. Um disco onde o artista interpreta grandes clássicos da música latino-americana, boleros, em geral. Mas também há espaço para um versão de “Sentado a beira do caminho”, de Roberto e Erasmo Carlos e “Tudo passará”, de Nelson Ned. Um disco bem bacana, com refinados arranjos e orquestração do Maestro Pocho. Não deixem de conferir no GTM.

vereda tropical
el reloj
alguien cantó
que murmuren
llorarás
tudo passará
sentado a la vera del camino
pecadora
quiereme mucho
como fué
jurame
day after day
 

 

Zé Ketti – Identificação (1979)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Hoje tenho o prazer de trazer até vocês (outro náufrago) o álbum “Identificação”, do grande compositor Zé Ketti, lançado em 1979 pela Continental. Disco bacana, a começar pela capa que reproduz sua carteira de identidade. Produzido por Wilson Miranda, o disco traz 10 faixas, todas autorais. Composições em sua maioria inéditas, mas também há espaço para um de seus maiores clássicos, a marchinha carnavalesca “Máscara Negra”, lançada originalmente por Dalva de Oliveira. Taí, mais um disco que merecia constar em nosso acervo. Confiram no GTM.

tamborim
você não foi legal
feijão malandrinho
companheira
último momento
máscara negra
eu vou pra bahia
você não está com nada
meus cabelos brancos
linhas cruzadas
 

Ronald Golias (1972)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Começamos mais uma jornada mensal. Agosto chega e a gente vai no embalo do mês anterior. Temos assim, para hoje, o ilustríssimo Ronald Golias, um dos grandes humoristas brasileiros marcando presença com este lp de 72, lançado pela Continental. Golias gravou vários discos, mas infelizmente, para o momento só disponho deste. Mas prometo que em breve farei aqui uma coletânea do melhor deste grande artista. Por hora ficamos com…

vida moderna
bartolomeu guimaraes
tragedinha
leão da metro
bronco socorro
piadinhas toim toim

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Deo e Marco (1967)

O TM já ofereceu a seus amigos cultos e ocultos vários álbuns de Marku Ribas (pseudônimo de Marco Antônio Ribas, Pirapora, MG, 19/5/1947-Belo Horizonte, MG, 6/4/2013), cantor, compositor, dançarino, percussionista e ativista político, filho de pai negro e mãe descendente de índios caiapós. Dono de um estilo musical peculiar, com diversos elementos da blackmusic, ele inovou ao utilizar o próprio corpo como instrumento de percussão. Em sua voz, harmonias e melodias improvisadas em qualquer ritmo, o seu estilo de cantar e inventar palavras e frases com diferentes sonoridades influenciou e continua a influenciar diferentes gerações de músicos, de estilos variados. Entre eles, Ed Motta, grande admirador de sua obra, que inclusive organizou a compilação “Zamba bem”, lançada em 2007. Pois hoje o TM oferece um disco que hoje tem inestimável valor histórico, pois documenta o início da carreira de Marku Ribas. Ele atuava, desde 1962, como baterista e cantor do grupo Flamingo. Cinco anos mais tarde, 1967, ele transferiu-se para São Paulo junto com o amigo e parceiro Deo. E é justamente quando gravam, para a Continental, então sob a direção artística de Alfredo Borba, seu único LP juntos, este “Deo e Marco”, ficando os arranjos e regências por conta do maestro Antônio Porto Filho, o Portinho. Na capa, eles aparecem ao lado de um avião biplano Fleet, encomendado  especialmente para servir durante a Revolução Constitucionalista de 1932 (Marco, o futuro Marku Ribas, é o que está de pé). Outra curiosidade fica por conta da contracapa, na qual são relacionadas as características do avião e da própria dupla. Nessa época, a Jovem Guarda ainda estava no auge, e era preciso aproveitar a onda. Tanto que as doze faixas do disco, todas de autoria dos próprios intérpretes, seguem o estilo da época, alternando iê-iê-iês e baladas românticas. Mesmo tendo passado despercebido à época de seu lançamento, “Deo e Marco” vale como precioso documento, como diz a contracapa, das “inimagináveis” possibilidades de seus intérpretes, particularmente Marco, quer dizer, Marku Ribas, que depois iria revelar-se um dos músicos mais criativos e inovadores que a música popular brasileira já conheceu em toda a sua história. A conferir, sem falta.

sinta comigo
vou lhe dar tudo de bom
tentei fugir
um dia de sol
serei sincero
ri
meu tempo de criança
sozinho na praia
teu olhar em meu olhar
jardim de primavera
prisioneiro da ilha
esperança

*Texto de Samuel Machado Filho

Um Dia O Amor – Trilha Sonora Original (1975)

O TM oferece hoje aos seus amigos cultos e ocultos mais um disco apresentando a trilha sonora de uma novela produzida pela finada TV Tupi, em um tempo em que a emissora ainda respirava. O folhetim em questão é “Um dia, o amor”, escrito por Teixeira Filho, o mesmo que fizera sucesso pouco antes com “Ídolo de pano”, protagonizada por Tony Ramos. Estreada em 22 de setembro de 1975, “Um dia, o amor” ficou em cartaz até  29 de maio de 1976, perfazendo um total de 212 capítulos. No elenco, estavam Carlos Zara (então o principal galã da emissora, no papel de Ricardo), Maria Estela (falecida neste 2017, no papel de Marília), Henrique Martins (Amadeu), Rodolfo Mayer (Dr. Maciel), Lélia Abramo (Lucinha), Glauce Graieb (Maria Leonor), Lisa Vieira (Maria Cecília), Nádia Lippi (Maria Isabel), Felipe Carone (Zanata), Flávio Galvão (Valter)… Enfim, o melhor que a Emissora Associada então possuía em seus quadros. Com direito até à entrada de Cleide Yaconis no decorrer da novela, fazendo o papel de Maria Eunice (Fausto Rocha, que era Leonardo, saiu no meio para fazer “Anjo mau”, na Globo). Tudo isso numa trama envolvendo um viúvo (Ricardo) com três filhas (Maria Leonor, Maria Cecília e Maria Isabel) que teve um grande amor no passado (Marília), mas  que se casou com outro (Amadeu). Após residir durante algum tempo na Itália, onde Amadeu fora dirigir a filial da empresa da família, ele e Marília voltaram ao Brasil, e passaram a residir em frente à casa de Ricardo. Ambos redescobrem o amor da juventude e passam a se cortejar da sacada de suas mansões. A volta de Amadeu tinha um propósito: tirar seu velho pai, o dr. Maciel, do comando de suas empresas. Maciel, porém, distribuiu as ações com Ricardo, alto executivo da companhia (Maciel depois faleceria em acidente de carro, forjado pela esposa, Lucinha, causado por violação dos freios).  Um enredo com direito até mesmo a uma filha ilegítima, que, ao final, descobre-se que é Maria Leonor, criada por Ricardo, e cujos pais eram Amadeu e Maria Eunice. “Um dia, o amor” teve duas trilhas sonoras em disco: a nacional e a internacional, ambas lançadas pela Continental com o selo Teletema.  E é justamente o álbum com a trilha nacional desse folhetim que o TM hoje nos apresenta. Com supervisão musical de Cayon Gadia, direção de produção de Sidney Morais (integrante do Conjunto Farroupilha e, anos depois, dos Três Morais), Alberto Ferreira na coordenação de produção, e seleção musical do sonoplasta Pedro Jacinto, é um trabalho até muito bem concebido. Carlos Zara, o galã da novela, abre o disco interpretando “Tanto amor (Aurora)”, de Massimo Guantini em versão de Alexandre Cirus, em dueto com Maria Odette. Esta mesma música aparece também encerrando o álbum, na execução orquestral do sempre eficiente Luiz Arruda Paes, também presente na faixa “Tema triste”, exatamente o tema de Ricardo (Carlos Zara). Há músicas que, percebe-se, foram compostas para a novela: “Maria Isabel”, “Tema de Cecília”, “Leonor”. E também está aqui um grande sucesso da época: o samba “Nada na cuca”, composto e interpretado pelo paulistano Flávio Carvalho. Este, aliás, foi o único hit conhecido dele, que depois nada mais conseguiu emplacar, embora continuasse ligado aos meios musicais como produtor, inclusive do “Especial sertanejo”, que Marcelo Costa apresentou por bastante tempo na Record.  Em suma, este álbum com a trilha de “Um dia, um amor” é uma relíquia que merece ser conhecida e guardada pelos amigos do TM, digna de merecer nossa postagem de hoje. É ir direto para o GTM e conferir…

tanto amor – maria odete e carlos zara

solo pleno de sogni – flavio carvalho

é sempre o mesmo amor – os 3 morais

maria isabel – cleston teixeira

te quero amor – marcio prado

tudo bem – antonio carlos de carvalho

nada na cuca – flávio carvalho

tema triste – luiz arruda paes

brinquei de querer você – angelo antonio

leonor – os 3 morais

aurora (tanto amor) – luiz arruda paes

*Texto de Samuel Machado Filho

Continental 30 Anos De Sucessos (1973)

Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Olha, vou ser sincero com vocês… estamos em total decadência. Sim, o Toque Musical nunca esteve tão em baixa. E isso se deve a uma série de fatores, a começar por essa plataforma que embora seja perfeita, já não atende aos requisitos que hoje pedem mais interação e imediatismo. As redes sociais, mais especificamente o Facebook e o Youtube passaram a ser a bola da vez. Tudo pode ser encontrado nesses dois ambientes de uma maneira muito mais rápida e interativa e de uma certa forma o interesse do público está mudando, se generalizando. Ampliando os horizontes, mas numa profundidade cada vez mais rasa. Daí, ninguém tem mais saco para acompanhar postagens. O que dizer então quando para se ter acesso ao que se publica aqui precisa antes se associar a um grupo? Sem dúvida, isso é desestimulante e só mesmo que está muito interessado é que encara o jogo. E o jogo hoje se faz muito mais rápido. Demorou, dançou… Por isso, se quisermos nos manter ativos por mais 10 anos, o jeito é acompanhar os novos tempos e implementar novas alternativas. Daí, penso em migrar definitivamente o Toque Musical para o Youtube. Há tempos venho pensando nisso, talvez agora seja a nossa hora. Fiquem ligados, logo o nosso canal vai estar na rede com tudo aquilo que já postamos por aqui. Será um trabalho longo, afinal, repor mais de 3 mil postagens não é moleza. Mas vamos tentar 🙂
Marcando esse momento, eu hoje trago para vocês um álbum triplo comemorativo, da gravadora Continental, lançado lá pelos idos de 1973, ano de uma das melhores safras da indústria fonográfica brasileira. 73 foi o ano em que essa gravadora completou seus 30 anos de atividade e lançou este álbum cujo os discos são de 10 polegadas. São três lps percorrendo todas as fases da gravadora, trazendo os mais diferentes artistas em ordem cronológica. Começa em Vicente Celestino, indo até aos Novos Baianos. São trinta músicas que expressam bem os 30 anos desta histórica gravadora.
Confiram já no GTM 😉

Disco 1
noite cheia de estrelas – vicente celestino
positivismo – noel rosa
implorar – moreira da silva
ondas curtas – orlando silva
brasil – francisco alves e dalva de oliveira
cai, cai – joel e gaúcho
brasil pandeiro – anjos do inferno
é doce morrer no mar – dorival caymmi
mágoas de um trovador – silvio caldas
copacabana – dick farney
Disco 2
felicidade – quarteto quitandinha
flamengo – jacob do bandolim
na paz do senhor – lúcio alves
delicado – waldir azevedo
feitiço da vila – araci de almeida
jura – mario reis
risque – aurora miranda
menino grande – nora ney
linda flor – elizete cardoso
dúvida – luiz bonfá e antonio carlos jobim
Disco 3
tristeza do jeca – tonico e tinoco
fechei a porta – jamelão
dor de cotovelo – elis regina
mas que nada – jorge ben e conjunto de zá maria
o baile da saudade – francisco petronio
nhem nhem nhem – martinho da vila
dela – ciro monteiro
adeus batucada – célia
você mudou demais – claudia barroso
o samba da minha terra – novos baianos
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Os Reis Do Brega (1990)

O Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados uma compilação de música brega, gênero musical que teve seu auge nas décadas de 1970/80, e ainda hoje tem grande aceitação entre segmentos das camadas populares do Brasil. A princípio, como já sabemos, o termo “brega” era sinônimo de cafona, portanto pejorativo, mas hoje o sentido é outro, designando música popular de fácil assimilação. E é justamente uma amostra do rico e variado acervo desse gênero que o TM hoje nos oferece, através de um álbum que a Continental lançou em 1990. “Os reis do brega” nos traz, em doze faixas garimpadas nos próprios arquivos da gravadora, músicas que bem caracterizam o gênero, com letras simples, diretas, capazes de atingir em cheio a sensibilidade popular. Dos intérpretes aqui incluídos, três deles são de longe os mais conhecidos: Amado Batista, Bartô Galeno e Alípio Martins, este já falecido. O primeiro vem com “O lixeiro e a empregada”, música que fez parte do filme “Sol vermelho”, de 1982, estrelado pelo próprio Amado  (o Chaplin que é parceiro na música chama-se, na verdade, Odair de Souza Queiroz). Bartô Galeno vem com “Longe de você”, que encerra o disco. E Alípio Martins, responsável por hits como ‘Gozar a vida”, “Tira a calcinha” e “Ô Darcy”, abre este disco com “Lá vai ele”, que fez em parceria com uma certa Marcelle. Os demais intérpretes, mesmo com menor visibilidade, também são tão queridos pelas camadas populares quanto Amado, Alípio e Bartô. Edson Vieira comparece com duas faixas: “Te quebro a cara” e “Despeito” esta de autoria dele próprio em parceria com Sebastião Souza. Fernando Lelis comparece com a machista, porém divertida, “Lugar de mulher é lá em casa”, dele próprio em parceria com Jacinto José. Betto Dougglas vem com “Tudo foi assim”, faixa do álbum “O rei da lambada”, de 1988, e Ivan Peter aqui nos apresenta “Cheguei à conclusão”. Completando o programa, duas faixas com a banda Brega Puro, “Eu não socorro” e “Eu sou um sem vergonha”. Tudo isso, aliado às sensualíssimas mulheres de lingerie que ilustram a capa, expressa bem o clima desse disco oferecido hoje pelo TM, um divertido e interessante passeio pelo universo da música brega. Ouçam e deliciem-se…

lá vai ele – alipio martins

te quebro a cara – edson vieira

coisa obsena – alan edson

o lixeiro e a empregada – amado batista

amor verdadeiro – josé ribeiro

despeito – edson vieira

eu não socorro – brega puro

lugar de mulher é lá em casa – fernando lélis

tudo foi assim – betto dougllas

cheguei a confusão – ivan peter

eu sou sem vergonha – brega puro

longe de você – bartô galeno

 

*Texto de Samuel Machado Filho

Tania Maria – Apresentamos (1966)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje nós trazemos para vocês um disco raro e muito especial. Por certo já foi postado em diversos outros blogs, porém é aqui que ele se perpetua. Apresentamos, Tânia Maria, cantora, compositora e pianista. Artista que ganhou prestígio na Europa e Estados Unidos, fazendo por lá uma sólida carreira internacional. Respeitadíssima no mundo do jazz, já tocou com os mais diversos e importantes músicos dos quatro continentes. Aqui temos ela fazendo sua estréia, neste lp lançado pela Continental, em 1966. Ao lado de outros grandes músicos da época, Neco na guitarra; Luiz Marinho no contrabaixo; Edson Machado na bateria e ainda Maurício Einhorn e sua gaita, em três faixas do disco, Tania Maria é um verdadeiro show de competência. Disco gravado ao vivo, um registro mais que histórico da competência desses excelentes músicos.
Ainda neste mês vamos postar aqui mais dois discos dessa artista. É só aguardar, pois as apresentações mais detalhadas vão ficar por conta do nosso super amigo resenhista, Samuel Machado Filho. Confiram este lp no GTM 😉

não tem tradução
com que roupa
três apitos
feitiço da vila
feitio de oração
viver morrer
a voz do povo
nêgo são
papão
ficou na saudade
de manhã
terra de ninguém
a paz
agora
paz de espírito
o verão vem aí

Anastácia – 30 Anos De Forró (1985)

Um dos maiores nomes da música regional nordestina é posto em foco hoje no TM. Estamos falando de Anastácia, na pia batismal Lucinete Ferreira. Ela é pernambucana do Recife, onde nasceu no dia 30 de maio de 1941. E foi muito cedo, aos sete anos de idade, que surgiu seu interesse pela música, acompanhando um cantador de cocos no bairro de Macaxeira, onde residia. Iniciou sua carreira artística em 1954, cantando na Rádio Jornal do Commércio, de seu Recife natal, cujo slogan era “Pernambuco falando para o mundo”. Seu repertório compunha-se, basicamente, de músicas que faziam sucesso no Sul do Brasil, inclusive hits da então rainha do rock nacional, Celly Campello. Em 1960, Anastácia transfere-se para São Paulo, e passa a interpretar gêneros nordestinos.  Fez shows pelo interior paulista, participando da “Caravana do peru que fala”, comandada por nada mais nada menos do que Sílvio Santos, apresentando-se em seguida ao lado da dupla Venâncio e Curumba. Um ano mais tarde, em setembro de 1961, é lançado seu primeiro disco, no selo Sertanejo da Chantecler, um 78 rpm com as músicas “Noivado longo” (rancheira) e “Chuliado’ (baião), aparecendo no selo como Lucinete. Mais tarde, por sugestão do cantor e compositor sertanejo Palmeira, então dirigente da Chantecler e, depois, da Continental, muda seu nome artístico para Anastácia. Em 1963, ela tem sua primeira composição gravada, “Conselho de amigo”, de parceria com Italúcia, na voz de Noite Ilustrada. Em 1965, lança seu primeiro LP, pela Continental, “Anastácia no forró”.  Seguem-se mais três álbuns nessa marca, que obtêm sucesso especialmente no Nordeste. Daí por diante, Anastácia não parou mais… Em meados dos anos 60, num programa que Luiz Gonzaga apresentava na extinta TV Continental, do Rio de Janeiro, ela conheceu Dominguinhos, com quem se casou, participou de uma caravana artística ao lado de Gonzagão e fez uma parceria musical que resultou em mais de 50 músicas, entre elas sucessos como “De amor eu morrerei”, “Eu só quero um xodó” (maior hit autoral da dupla, popularizado por Gilberto Gil e merecedor de inúmeras regravações), “O bom tocador” e “Contrato de separação”. É também autora, sem parceiro, de um dos maiores sucessos de Ângela Maria, “Amor que não presta não serve pra mim”, de 1973. Com mais de trinta álbuns gravados, Anastácia continua sendo um dos maiores nomes do forró. Teve também músicas gravadas por Nana Caymmi, Jane Duboc , Dóris Monteiro, José Augusto, Cláudia Barroso, e pelos internacionais Paul Mauriat, Timmy Thomas e Ornella Vanoni.  Da vasta bagagem fonográfica de Anastácia, o TM hoje oferece, a seus amigos cultos, ocultos e associados, “30 anos de forró”,  lançado em 1985 pela Continental. Evidentemente, a produção é caprichada, com arranjos a cargo da própria Anastácia, Osvaldinho do Acordeom e Gino Vicente, e convidados muito especiais: Gilberto Gil (que com ela revive “Eu só quero um xodó”, logo na faixa de abertura) e Belchior (que canta com ela o clássico ‘Vozes da seca”, de Gonzagão e Zé Dantas).  No restante do programa, composições da própria Anastácia em parceria com Dominguinhos (“Sanfoneiro de pé de serra”, “Que diabo tem você?”), Zé Carlos (“Fogueirão do amor”), Zé Lagoa (“Forró dos coroas”), Geraldo Nunes (“Amor na rede”), Hélio Alves (“A hora do frevo”), Ciríaco (“Sorte tirana”), Hélio Andrade (“O toque do Mané”) e, sem parceria, “O sucesso da Zefinha”. Tudo terminando com um animadíssimo pot-pourri de forró, incluindo uma música sua com Dominguinhos, “Tenho sede”. Em suma, um impecável trabalho de Anastácia, no qual ela demonstra todo seu talento como autora e intérprete, firmando-se, com justiça, como uma das mais expressivas estrelas da música regional nordestina. Puxa o fole, maestro!

eu só quero um xodó

fogueirão do amor

sanfoneiro de pé de serra

que diabo tem você

forró dos coroas

vozes da seca

o sucesso da zefinha

amor na rede

a hora do frevo

sorte tirana

o toque do mané

pot pourri

*Texto de Samuel Machado Filho

Radamés Gnatalli – Radamés E Sua Bossa Nova (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Passado o Carnaval, vamos voltar a Bossa Nova, que como sempre dá muito ibope. Hoje eu trago para vocês um raro e quase obscuro disquinho de 7 polegadas, o famoso ‘compacto’. Um disco de 45 rpm (que o torna ainda mais raro) de bossa nova, do grande maestro e precursor do mais famoso gênero musical brasileiro. Esta pequena preciosidade me foi enviada pelo amigo Hélio Mauro, a quem eu muito agradeço a generosidade. Antes de postá-lo, procurei dar uma melhorada no som e no GTM vocês irão encontrar este compacto duplo com suas faixas replicadas, possibilitando assim a escolha entre duas versões de cada faixa.
Neste joinha, vamos encontrar, abrindo o lado A, “Cheiro de saudade”, de Djalma Ferreira e Luiz Antonio; “Chora tua tristeza”, de Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini; “Samba de uma nota só”, de Tom Jobim e Newton Mendonça e fechando, “Pior pra você”, samba de Evaldo Gouveia e Almeida Rego.
Como eu disse, este é um compacto bem obscuro, entre a produção fonográfica de Radamés. Procurei pelos quatro cantos da internet informações sobre ele e nada… Em nenhum dos mais importantes sites sobre o músico, sobre seus discos ou sobre a Bossa Nova… nenhuma referência, exceto as músicas que podem ser acessadas no Youtube. Faltou apenas perguntar para a minha fonte onde foi que ele conseguiu o compacto. Assim sendo, até mesmo a data de lançamento é uma dúvida. Considerando alguns diversos fatores, eu deduzi que o disco seja do início dos anos 60. Coloquei 1961 por ser uma data memorável (pelo menos para mim, foi quando eu nasci) e até que me provem o contrário. De resto, oque ainda nos falta são as informações artísticas, a ficha da gravação confirmando a presença do Chiquinho do Acordeon, Luciano Perrone… Confiram já no Grupo Toque Musical 😉

cheiro de saudade
chora tua tristeza
samba de uma nota só
pior pra você
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I Festival Universitário de MPB (1979)

E prossegue a retrospectiva “festivalesca” do nosso Toque Musical. Desta vez, oferecemos hoje a nossos mui queridos amigos cultos, ocultos e associados o álbum que documenta o I Festival Universitário de MPB, promovido em 1979 pela TV Cultura de São Paulo, emissora estatal educativa que sempre se destacou pela qualidade de sua programação mas que, infelizmente, nos últimos tempos, vem sofrendo com sucessivos cortes de verbas por parte do governo do estado, e recentemente até enfrentou uma greve de funcionários. O certame constituiu-se na primeira experiência da Cultura em matéria de festivais competitivos. Realizado no Teatro Pixinguinha, hoje SESC Consolação, teve três eliminatórias, em 30 de abril, e nos dias 7 e 14 de maio, tendo a final acontecido no dia 21 desse mês. Como vocês poderão conferir na contracapa, o júri que escolheu as finalistas era pra ninguém botar defeito, com nomes ligados à MPB (Marcus Vinícius, Alaíde Costa, Tom Zé) e à crítica musical (Maurício Kubrusly, Chico de Assis, Adones de Oliveira, Renato de Moraes…). Enfim, gente especializada na matéria. O que, de certa maneira, contribuiu para o excelente resultado do certame a nível cultural e artístico. A faixa que abre este álbum da Continental é justamente a primeira colocada: “Diversões eletrônicas”, com o paranaense Arrigo Barnabé, mais tarde importante nome de vanguarda na MPB, já pintando e bordando (ele concorreu ainda com “Infortúnio”, também presente neste disco).  Muitos anos mais tarde, Arrigo passou também a ser radialista, apresentando o programa “Supertônica”, na Rádio Cultura paulistana. A vice-campeã, “Brigando na lua”, de e com Biafra, contou com o respeitável acompanhamento do grupo Premeditando o Breque, que também marcaria época no cenário musical paulistano, conhecido apenas por Premê.  Eliana Estevão defendeu a terceira colocada, “Meu grande amor suicida”, e ainda levou o prêmio de melhor intérprete profissional.  O quarto lugar foi de “Glória”, de e com Renato Lemos (que também apresentou “Coral dos gemedores”, outra faixa do presente LP), e o quinto foi para “Boneca de pano”, interpretada por José Carlos Ramos, laureado com o prêmio de melhor intérprete amador (ele ainda defenderia “Carruagens de cristal”, que encerra o disco). Tudo isso e muito mais dá a este álbum hoje oferecido pelo TM status de autêntico documento artístico e cultural, dando chance a então novos valores que então despontavam em nosso cenário musical. Se não, confiram. É só baixar e ouvir.

diversões eletrônicas – arrigo barnabé e grupo

brigando na lua – biafra

meu grande amor suicida – eliana estevão

glória – renato lemos

boneca de pano – josé carlos ramos

a turma do cometa – a banda dos aflitos

dia a dia – celso viáfora

a malhação – irene portela

amigo – julius m castilho

infortunio – arrigo barnabé e grupo

coral dos gemedores – renato lemos

carruagem de cristal – josé carlos ramos

*Texto de Samuel Machado Filho

Festival Da Feira Da Vila Madalena (1980)

Originalmente denominada Vila dos Farrapos, a Vila Madalena é um bairro nobre da cidade de São Paulo, situado no subdistrito de Pinheiros. Ficou bastante conhecida por ser um reduto boêmio da capital paulista, desde o início dos anos 1970, quando estudantes de pouco dinheiro passaram a ali residir, por causa da proximidade à Universidade de São Paulo (USP) e à Pontifícia Universidade Católica (PUC).  Na Vila Madalena, concentram-se inúmeros bares e casas noturnas, e lá também fica a Escola de Samba Pérola Negra. Há também ateliês, centros de exposições artísticas, lojas de vanguarda e escolas de música e teatro. O bairro até virou telenovela, exibida pela Globo no final dos anos 1990. A associação de moradores da Vila Madalena organiza feiras para mostrar os talentos artísticos do bairro, e um festival anual, conhecido como Feira da Vila, que atrai gente de toda São Paulo, com shows e barracas de artesanato. Sua primeira edição aconteceu em 1977, na Rua Girassol, e o evento já faz parte do calendário  oficial da capital paulista. Sendo assim, o Toque Musical prossegue seu ciclo dedicado aos festivais oferecendo a seus amigos cultos, ocultos e associados um álbum raro. O disco põe em foco a edição de 1980 do Festival da Feira da Vila Madalena, e foi lançado em 1980 pela Continental.  No repertório, estão doze das concorrentes do certame, inclusive a vencedora, “Tem Maria”, composta e interpretada por  Jorge Matheus. A vice-campeã foi “Improviso nordestino”, de e com Celso Machado, baseada em um arranjo do clássico “Juazeiro”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.  A terceira colocada, e que por certo ficou mais conhecida, foi “Nêgo Dito” (“Meu nome é Nêgo Dito João dos Santos Silva Beleleu”…), composta e interpretada por Itamar Assumpção (Tietê, SP, 13/9/1949-São Paulo, 12/6/2003), um dos ícones da música de vanguarda paulistana. Houve ainda menção honrosa para “Cool jazz”, de Cacá Mendes, com ele e Lúcia Nagib. Merece também destaque as participações de Celito Espíndola, irmão das cantoras Tetê e Alzira Espíndola, interpretando seu “Coração solitário”, e do futuro integrante da banda de rock Titãs, Paulo Miklos, com “Desenho”, feita por ele em parceria com Arnaldo Antunes, que seria a figura de proa do grupo em seus primeiros anos. Em suma, um álbum que documenta o que foi o Festival da Feira Livre da Vila Madalena de 1980, e com o qual o TM também homenageia esse bairro que vem se destacando como importante reduto sócio-cultural da capital paulista. É só conferir.

nêgo dito – itamar assumpção

improviso nordestino – celso machado

tem maria – jorge matheus

desenho – paulo miklos

coração solitário – celito espíndola

samba daqui – ricardo villas boas

o cheiro da beterraba – os camarões

cool jazz – cacá mendes e lucia nagib

recomeço – tuim

corujas da noite – rubens dultra e silvio piesco

gabriela – conjunto nosso som

menino doido – grupo arerê

 

 

*Texto de Samuel Machado Filho

Reino Da Juventude (1964)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Agora quem passou a ser esporádico nos textos e resenhas fui eu. Nos últimos dois meses o trabalho ficou a cargo do grande Samuca, que como sempre nos oferece um texto rico e esclarecedor. Porém, como gerente-criador desse blog, eu continuo na ativa programando os discos que iremos postar e eventualmente dando os meus pitacos.
Para a próxima semana estamos programando uma série de discos voltados a Jovem Guarda. Alguns pré, alguns pós, mas todos relacionado a esse momento. Com certeza, alguns de nossos visitantes, amigos cultos e ocultos, irão gostar.
Começando nossa mostra, eu trago o lp “Reino da Juventude”. Lp lançado pela gravadora Continental em 1964. Trata-se de um disco produzido a partir de um famoso programa homônimo da TV Record apresentado por Antonio Aguillar, um dos pioneiros da chamada ‘música jovem’, no Brasil. Ele era jornalista, fotógrafo, disc-jockey e empresário, responsável pelo lançamento de vários artistas, entre os mais famosos estão Os Incríveis, The Jet Black’s, Marcos Roberto e Sérgio Reis. Aguillar também foi o responsável pela divulgação de Roberto Carlos em São Paulo. Foi em seu programa, nas tardes de sábado, que a juventude da época começou a conhecer os artistas que mais tarde estariam fazendo parte da Jovem Guarda. O disco”Reino da juventude” reúne alguns dos mais expressivos talentos do programa, todos artistas lançados por ele. Aqui temos 12 cantores e conjuntos, sendo que alguns deles continuam na ativa por duas décadas ou mais, Entre esses temos Sérgio Reis, Os Vips e Tony Bizarro (que na época era apenas Luiz Antonio). Quem gosta e acompanha as aventuras da Jovem Guarda, certamente irá lembrar de todos. Vale a pena conferir…

reino da juventude – the flyers
canção do amor perdido – marcos roberto
eu sei – marly
todo es amor – orlando alvarado
soninha – renê dantas
o mio signore – sergio reis
i got a woman – tulio e os hitch-hikers
solo duo righe – dick damello
estamos tristes – sidnéia
pobre milionário – tony dilson
tonight – the vips
primeira estrela – luiz antonio
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Cão Fila (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Como dizem por aqui, a gente tarda, mas não falha (muito). Entre passos e espaços segue o nosso toque musical. E como todos sabem, aqui é um lugar para quem escuta música com outros olhos. É bem nessa ‘vibe’ que hoje dou sequência a nossa mostra ‘pop-rock-ou-coisa-assim’. Desta vez saindo um pouco da produção independente. Vamos às curiosidades do mercado fonográfico no início da década de 80. Temos aqui a banda Cão Fila em seu único disco lançado pela gravadora Continental em 1980. Um álbum que impressiona pela capa, pela produção gráfica que contempla até encarte em papel cartão. À primeira vista o álbum nos passa a ideia de uma banda de hard rock, Algum daqueles discos obscuros do rock nacional que voltam a cena, ou coisa assim… Taí um trabalho que, ao meu ver, teria tudo para dar certo, não fosse o fator principal, a própria música. Explico… Temos aqui um álbum muito bem produzido nas mãos de Toni Bizarro e Pena Schmidt e com participações especiais de músicos como  Eduardo Assad e Lincoln Olivetti. A capa nos remete mesmo a ideia de ser uma banda de rock pesado. Mas é quando o disco rola que a gente percebe que a coisa não é bem assim. O Cão Fila fica um pouco a desejar no quesito agressividade, tanto instrumental quanto em sua mensagem. A banda tem mais uma pegada pop romântica, talvez até um pouco adocicada graças aos arranjos do Eduardo Assad. Formada por Demian, Tarcíso, Denis e Tigues, o Cão Fila não durou muito para contar história, Demian e Denis, irmão gêmeos, alguns anos mais tarde voltariam a cena como dupla ‘sertaneja’ interpretando versões do pop internacional. Parece que realmente encontraram o seu lugar.

pecado madrigal
idilio08
perdas e danos
adeus
cão fila
menina dos sonhos
coração vazio
noite em claro
a volta
non ducon ducoi
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Dom – Em Todos OS Tempos (1977)

Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje o tempo está corrido, mas mesmo assim vamos por em dia a nossa sequência de postagens, afinal este é o mês de aniversário do Toque Musical. Para quem não sabe, não se tocou, estamos fazendo 9 anos de atividades! Não é mole não! (mas é doce e viciante como rapadura)
Tenho para hoje um disco que até bem pouco tempo eu não conhecia, exceto por uma ou duas músicas. Trata-se do disco solo de Eustáquio Souza de Faria, ou, mais conhecido como Dom, da dupla Dom & Ravel. Pelo pouco que sei, este foi seu único trabalho, sem o irmão Ravel. O lp foi lançado em 1977, numa fase em que a dupla já havia entrado em declínio. “Em todos os tempos” é um disco onde predomina o samba. Samba? Sim, o cara tinha o ‘dom’ do samba. Mas também tem uns carimbós e fecha com a melhor, a faixa ‘disco’, “Jangada’. Vale a pena conhecer. Em breve teremos a dupla Dom & Ravel aqui, apresentado pelo nosso resenhista Samuca, sempre minucioso, detalhando um pouco mais sobre a carreira dessa curiosa dupla. Aguarde…

desmoronou
tristeza e alegria
se meu santo um dia me ajudar
maria
o galo já cantou
carimbó do espinho
piu piu
carimbó de saia
areia do alto mar
jangada
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Nelson Ferraz – Lamento Negro (1956)

2727

Meus prezados amigos cultos e ocultos, boa tarde! Seguimos aqui com mais um lp de 10 polegadas. Desta vez com o cantor e também ator, Nelson Ferraz. Dono de uma voz poderosa, ele interpreta como poucos oito temas clássicos da música popular brasileira relacionados a raça negra. Temos aqui Ary Barroso, Heckel Tavares, Custódio Mesquita e Alcyr Pires Vermelho, Nelson Ferraz vem acompanhado pelo maestro Radamés Gnattali e sua orquestra, responsável também pelos belíssimos arranjos. Não deixem de conferir. Agora lá dentro do GTM, ok?
terra seca
funeral d’um rei nagô
leilão
banzo
algodão
navio negreiro
lamento negro
preto velho
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