Clementina de Jesus (1966)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Mais uma vez marcando presença em nosso espaço, temos o prazer de postar mais um disco da maravilhosa Clementina de Jesus. Esta é outra que despensa apresentações, até porque neste lp que agora estou trazendo, temos um longo texto de Hermínio Bello de Carvalho que não só nos dá um apanhado geral dessa artista, como também de cada faixa do disco. Isso me facilita a vida, pois nesse corre-corre de fim de ano fica difícil me debruçar para uma resenha, tal qual faz o nosso Samuca. Confesso, sou um preguiçoso, kkkk… Mas, enfim, taí o disco de Clementina lançado originalmente em 1966, reeditado nos anos 80. Neste disco Clementina canta uma série de músicas, sambas tradicionais, coisas que ela traz em sua bagagem. Um verdadeiro mostruário das raízes do samba e da nossa música popular. Segundo o próprio Hermínio, a ideia era mostrar a diversidade e riqueza de nossa música, mesmo sendo essas, em grande parte, sem origem ou autoria. Velhos sambas e jongos remanescentes das rodas de pagode e candomblé. Confiram no GTM!

piedade
cangoma me chamou
barracão é seu
tava dormindo
orgulho hipocrisia
coleção de passarinhos
garças pardas
esta melodia
tute de madame
vinde vinde companheiros



.

O Show Dos Shows (1975)

O Toque Musicall oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos uma coletânea cheia de bons momentos. É “O show dos shows”, lançada em 1975 pela Odeon. Produzido pelo mestre Hermínio Bello de Carvalho, com montagem de Nivaldo Duarte, o álbum reúne trechos de vários shows antológicos, tais como “Brasileiro, profissão esperança”, “Mudando de conversa”, “Te pego pela palavra”, “Sarau” e “Gemini V”. E tudo na interpretação de grandes nomes de música popular, como Simone, Mílton Nascimento, Marlene, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Pixinguinha e Cyro Monteiro. O Formigão aqui apresenta um delicioso pot-pourri de sambas de Geraldo Pereira, “Escurinho”, “Falsa baiana” e “Que samba bom”, ele que foi um dos melhores intérpretes desse autor. Clementina de Jesus vem com “A morte de Chico Preto”, música com a qual ganhou prêmio de melhor intérprete no festival Abertura, da TV Globo, e ainda canta, em dupla com Paulinho da Viola, “Mulato calado”. O próprio Paulinho ainda comparece com “Pra que mentir?”e “Doce veneno”. Maria Bethânia recorda “Carinhoso” e “Se todos fossem iguais a você”, em trecho do recital que fez na Boate Barroco. Abrindo o disco, Mílton Nascimento revive “Chove lá fora”, maior hit do recém-falecido Tito Madi. E ainda participa, com Simone, da faixa “Gota d’água”. Marlene, devidamente acompanhada por Sivuca, nos traz “Cabaré”, de João Bosco e Aldir Blanc. Pixinguinha vem com “Um a zero”, acompanhando outros músicos ao saxofone. A eterna guerreira Clara Nunes revive “Suas mãos”, de Antônio Maria e Pernambuco. Para encerrar, Leny Andrade, Pery Ribeiro e o Bossa Três em um pot-pourri em homenagem ao Rio de Janeiro, incluindo até mesmo “Garota de Ipanema”. Tudo isso reunido em um conjunto que vale a pena ser ouvido, de fato um verdadeiro “Show dos shows”!  É só baixar e conferir…

chove lá fora – milton nascimento
gota d’agua – simone
pra que mentir – suas mãos – paulinho da viola e clara nunes
neste mesmo lugar – nora ney
bar da noite – nora ney
cabaré – marlene
a morte do chico preto – clementina de jesus
doce veneno – paulinho da viola
mulato calado – clementina de jesus
escurinho – falsa baiana – samba bom – cyro monteiro
carinhoso – maria bethania
1×0 – pixinguinha
pot pourri – gemini 5

*Texto de Samuel Machado Filho

Noitada De Samba (1978)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Tenho hoje para vocês uma ‘Noitada de Samba’. Vamos hoje com um disco que certamente passou batido  para muita gente. Coisa fina, coisa rara…
Em 1971 nascia a ideia da Noitada de Samba, um projeto musical criado por Jorge Coutinho e Leonides Bayer. Um encontro de grandes artistas da música popular brasileira que aconteceu no Teatro Opinião por mais de uma década! A Noitada de Samba surgiu em plena ditadura, sendo um foco de resistência, onde os artistas buscavam através de suas músicas expressar seus sentimentos de oposição ao regime militar. O Teatro Opinião foi palco de um espetáculo musical de samba, do artista popular, compositor e intérprete carioca. Um espetáculo que acontecia todas as segundas feiras. Pela noitada passaram dezenas de artistas, grandes nomes do samba como Adelzon Alvea, Ademildes Fonseca, Alcione, Aluisio Machado, Arlindo Cruz, Baianinho, Beth Carvalho, Carlos Lyra, Dona Ivone lara, Leci Brandão, Roberto Ribeiro, Monarco, Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, João Nogueira, Martinho da Vila e tantos outros que nem dá para listar. Não somente os sambistas, mas artistas em geral, tinham no Teatro Opinião im dos poucos espaços de expressão. Foram 617 espetáculos ao longo de 13 anos. A Noitada de Samba durou até 1984, Recentemente virou um documentário, dirigido por Cely Leal, (preciso assistir!).
Este disco, um álbum histórico, reúne um pouco do que do que foi a Noitada de Samba, trazendo registros de Clara Nunes, Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Odete Amaral, Xangô da Mangueira e muitos outros. É uma pena que seja um disco simples. Considerando o tempo que esse projeto durou, a centena de artistas que participaram e certamente as infinitas horas de gravação, poderiam ter gerado, no mínimo um álbum duplo. Mas é compreensível, tem sempre aquela questão dos direitos autorais, contratos de exclusividade e tantos outros obstáculos nesse grande negócio que foi o mundo da música.

seca do nordeste – clara nunes
tom maior – conjunto nosso samba
em cada canto uma esperança – dona ivone lara
tempos idos – odete amaral e cartola
ao amanhecer – cartola
estrela de madureira – roberto ribeiro
folhas caídas – odete amaral
eu e as flores – nelson cavaquinho
jurar com lágrimas – paulinho da viola
moro na roça – clementina de jesus
meu canto de paz – joão nogueira
verdade aparente – gisa nogueira
ah, se ela voltasse – baianinho
isso não são horas – xangô de mangueira
.

 

Cartola 70 – Fala Mangueira! (1978)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! No batido do samba aqui vamos nós com mais um disco bacana. Eu, na verdade estou fazendo uma reprise. Há alguns anos atrás eu postei aqui o álbum, “Fala Mangueira!”, originalmente lançado em 1968, pela Odeon. Um verdadeiro clássico do samba. Disco que não pode faltar em nenhuma boa coleção. Estamos falando aqui do feliz encontro de Cartola, Carlos Cachaça, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho e Odete Amaral, num disco dedicado à Mangueira. Conforme relata o texto de contra capa desta edição, foi uma ideia de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho) sugerida ao Herminio Bello de Carvalho para um musical falando sobre a Mangueira. Espetáculo este que nunca chegou a acontecer, infelizmente. Mas pelo menos esse encontro se eternizou em disco, neste lp que aqui retorna após 10 anos numa edição comemorativa em homenagem aos 70 anos do Cartola. Por essa razão o disco mudou de nome, mas o material, a gravação é a mesma. Fica aqui esta segunda chance, para manter o pique do samba 😉

enquanto houver mangueira – odete amaral
lá vem mangueira – clementina de jesus
mundo de zinco – zezinho
tempos idos – odete amaral e cartola
ao amanhecer – cartola
alvorada no morro – odete amaral
quem me vê sorrindo – odete amaral
alegria – clementina de jesus
lacrimário – carlos cachaça
saudosa mangueira – clemetnina de jesus
sei lá mangueira – odete amaral
rei vagabundo – a magueira me chama, sempre mangueira, folhas caídas, eu e as flores
nelson cavaquinho e odete amaral
sabiá da mengueira – clementina de jesus
exaltação a mangueira – Zezinho
despedida de mangueira – odete amaral

Clementina de Jesus – Clementina & Convidados (1979) REPOST

Clementina de Jesus, figura emblemática do samba, reverenciada por grandes e muitos artistas da música brasileira. Foi descoberta por Hermínio Bello de Carvalho, estrelando em seu show “Rosas de Ouro” (os álbuns estão postados aqui no TM). Clementina passou por aqui deixando sua marca, numa pegada entoada inconfundível.
Neste disco, temos Quelé ao lado de grandes nomes como Cristina Buarque, Carlinhos Vergueiro, João Bosco, Adoniran Barbosa, Clara Nunes, Martinho da Vila… puxa… e tem mais…. Isso sim é que é constelação! Este álbum não é simplesmente um registro musical marvilhoso, é uma homenagem. Salve Clementina!

tantas você fez
embala eu
cocorocó
olhos de azeviche
boca de sapo
laçador
assim não, zambi
na hora da sede
sonho meu
torresmo a milaneza
caxinguelê das crianças
papel reclame

Brazilian Music Now (1977)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Mais uma vez eu estou chegando no fim do dia, aproveitando a brecha, ou talvez os poucos minutos livres que antecedem ao sono. Escolhi este disco para ser a estampa da próxima semana. Quero dizer, VOU DAR UMA PAUSA por alguns dias. Preciso descansar minha cabeça e me afastar de alguns problemas. Portanto, já fiquem os amigos avisados da minha ausência na próxima semana, ok? Espero voltar antes do Natal, vamos ver…
Segue assim mais um exemplar da série, promocional criada pela Funart para o então Departamento de Cooperação Cultural, Científica e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, a partir de 1978. A ideia era a de propagar a diversidade musical brasileira pelos cinco continentes, em vários países, dando a esses a oportunidade de conhecer melhor o variado leque musical produzido originalmente em nosso país. Ao que tudo indica, esse trabalho teve bons resultados, o que acabou gerando uma segunda versão, a qual passou-se a chamar “Projeto Ary Barroso” e sendo coordenado por Hermínio Bello de Carvalho.
Neste álbum, o número 3, iremos encontrar uma excente e variada coletânea com alguns de nossos melhores artistas, contratados da EMI – Odeon desde a década de 50. As músicas interpretadadas por eles foram sucesso que é muito bom relembrar. Confiram…

marinheiro só – clementina de jesus
foi um rio que passou em minha vida – paulinho da viola
canto de areia – clara nunes
mineira – noão nogueira
estrela madureira – roberto ribeiro
ponto de caboclo desengano – joão de aquino
quadras de roda – ivan lins
gota d’agua – simone
moleque – luiz gonzaga jr
dentro de mim mora um anjo – sueli costa
das rosas – dorival caymmi
1×0 – pixinguinha

Clementina De Jesus – Clementina, Cadê Você?

Olás! Começamos bem a segunda feira… Apesar da minha pressa e outros compromissos. Vamos abrindo a roda para a grande Clementina de Jesus. Salve Hermínio Bello de Carvalho! Se não fosse por ele essa pérola negra ainda estaria no fundo do mar.
Temos aqui mais um excelente álbum de Clementina, gravado em 1970, nos estúdios do Museu da Imagem e do Som. Produção (claro!) do Hermínio e com direção musical do Maestro Nelsinho. No disco vamos encontrar não apenas sambas, mas também outras batucadas, modas, corimas e jongo. Um pouco da herança negra de Quelé. Um disco muito bom, e raro! Vão conferindo aí, porque eu já estou de saída… Bom dia a todos!

vai saudade
deus vos salve a casa santa
três corimas:
ogum megé
bendito louvado, ó ganga
lá no mato tem ganga
a maria começa a beber
tomé
sei lá, mangueira
beira mar
duas modas:
trancelin
a velha do acarajé
sereia
cercar paca
a coruja comeu o meu curió
a mangueira é lá no céu

Aniceto do Império – Partido Alto Nota 10 (1984)

Vou aproveitar o fim de semana para atender aos pedidos. Ontem foi a coletânea de compactos da RCA, hoje vamos com o Aniceto do Império e seus convidados. Depois de haver postado aqui o raro lp “O Partido Alto de Aniceto e Campolino“, alguns de nossos frequentadores pediram mais. Daí, vamos como este “Partido Alto Nota 10”, um álbum lançado pela CID em 1984, hoje tão raro quanto o primeiro e como o outro, um discaço! Temos aqui Aniceto muito bem acompanhado pela nata da música negra e do samba. Não precisa nem repetir nomes, tá na capa! Não devemos também esquecer da cozinha que traz José Menezes na viola, violão e cavaquinho, a turma do Conjunto Nosso Samba e o grupo vocal As Gatas.
Taí, um disco nota 10 para um domingo ensolarado (pelo menos para as bandas de cá). Agora é mandar descer a cerveja, os tira gostos e aumentar o volume do som. “Quem fugir dos preceitos vai ficar ‘enquizilado’ e ‘quizila’ de Aniceto não sai com engambelo”.

partido alto
desaforo
é fogo
chega devagar
difícil
ginga de yayá
quando louvar partideiro
enterevista
és partideiro?
quem é teu pai
mulher na presidência
dona maria luiza

Clementina de Jesus – Clementina Cadê Você (1970-88)

Bom dia! Dando sequência à nossa dupla semana de samba, tenho para hoje mais um disco raro em todos os sentidos. Trago para vocês a carismática Mãe Quelé, Clementina de Jesus, neste lp originalmente lançado em 1970 e relançado em 1988, numa tiragem de apenas 1000 exemplares, homenageando a cantora e os 100 anos da abolição da escravatura no Brasil. Clementina faleceu em julho de 1987 e no ano seguinte o Museu da Imagem e do Som – MIS-RJ resolveu reeditá-lo (não sei se chegou ao formato cd). A gravação deste álbum foi (como sempre) uma iniciativa do genial Hermínio Bello de Carvalho. Ele foi quem produziu esta gravação feita, segundo o próprio, em condições precárias, no pequeno estúdio Elizeth Cardoso do MIS-RJ. Contou com a direção musical do maestro Nelsinho e um grupo de bambas como o Mestre Marçal, Luna, Índio, entre outros… Não precisa nem dizer, né? Imperdível!

vai, saudade
deus vos salve a casa santa
três corimas
a maria começa a beber
tomé
sei lá, mangueira
beira-mar
dua modas
sereia
cercar paca
a coruja comeu meu curió
a mangueira é lá no céu

Cyro Monteiro, Nora Ney, Clementina De Jesus – Mudando De Conversa (1972)

Bom dia! Aqui vamos nós na sequência e na cadência bonita do samba. Desta vez trazendo um trio de ouro, Cyro Monteiro, Nora Ney e Clemetina de Jesus ao lado do Conjunto Rosa de Ouro. Como se pode ver, estamos com uma bela fortuna, criada pelo Midas, Hermínio Bello de Carvalho. Este disco é um registro ao vivo do show “Mudando de Conversa”, criado e produzido por Hermínio em 1967 no Teatro Santa Rosa, Rio de Janeiro. Participa também, ao violão, o jovem Jards Macalé. O espetáculo, como não podia deixar de ser, foi logo, no ano seguinte, transformado em disco e lançado pela Odeon. Em 1972 a gravadora o relançou pelo seu selo de venda domiciliar, o Imperial.
Uma curiosidade minha que eu não consegui descobrir: afinal, quem eram os integrantes do Conjunto Rosa de Ouro nesta apresentação? Seriam o mesmo do show/disco de 1965? Numa pesquisa rápida, não consegui juntar as peças desse quebra-cabeça. Algum comentário esclarecedor?
lamento
formosa
sacode carola
madame fulano de tal
divina dama
sofrer é da vida
risoleta
mudando de conversa
de cigarro em cigarro
neste mesmo lugar
bar da noite
eu e a brisa
se o carnaval acabar
sabiá
mulato bamba
escurinho
falsa baiana
que samba bom
meus vinte anos
aves daninhas
não te dói a consciência
castigo
não quero mais amar ninguém
se a saudade me apertar
saudade dela
leva meu samba

Odete Amaral, Cartola, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho & Carlos Cachaça – Fala, Mangueira! (1968)

Na semana em que eu andei postando os sambas, acabei deixando para trás este disco que é uma maravilha. Um encontro de velhos banbas da Mangueira. Um disco antológico, que eu também gostaria de ter a honra de postá-lo. Sem firulas, apenas o desejo de poder levar para os ‘meus’ esse álbum também. Moçada, chega junto que isso aqui é filé. Toquei também, pronto!