Jorge Mautner – Compacto (1966)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Por favor, não percam a esperança como o Toque Musical. Temos ido devagar-quase-parando, mas continuamos ativos. Não somos mais diários, mas estamos sempre presente. E por falar em presente, aqui vai um, este compacto lançado pela RCA Victor em 1966 do velho maldito, Jorge Mautner. Creio que este foi o primeiro disco ele (ou estarei enganado?). Meu tempo é curto, daí não dá tempo de pesquisar. Mas achei um texto de uma entrevista do artista falando sobre o disquinho. Nada melhor, né?
“Em 1965, eu gravei um compacto pela RCA-Victor, com a produção de Moracy Do Val, e acompanhado pelo grupo de folk-rock The Vikings (eram dois irmão que cantavam músicas deles e dos Everly Brothers). Este disco, juntamente com o livro Vigarista Jorge, motivaram a incursão do meu nome na lei de segurança nacional. Dois meses depois de lançado o compacto, cronistas de jornais, inclusive pelo falecido Sergio Bittencourt, filho do Jacob do Bandolim, e que era, junto com Nelson Motta, juri do Flávio Cavalcanti, denunciaram tanto ele como o meu livro como perigosa subversão trotzkista. Apesar disso, por ocasião da minha volta do exílio em 1971, fui encontrar Sergio Bittencourt, eu o perdoei, ele também, e nos abraçamos. A faixa “Radioatividade”, que fala sobre a Terceira Guerra Mundial e da bomba atômica, causava muita estranheza pela sua temática, até por pessoas geniais e bem-pensantes, como Nara Leão, que disse a respeito: “o que tem o Brasil a ver com a bomba atômica?”

radioatividade
não, não, não
.

Jorge Mautner – Bomba De Estrelas (1981) REPOST

Mais uma vez vamos de Mautner para encher os olhos, os ouvidos e a boca d’água. Este álbum é ótimo. Um disco onde ele divide cada faixa com um artista. Quem não conhece, só pela capa já dá para ter uma idéia, uma verdadeira constelação, ironicamente uma bomba de estrelas. No lp, lançado em 1981 haviam apenas 10 faixas. Com o relançamento em cd foram incluídas mais duas, uma regravação de “Maracatú atômico”, seu maior sucesso e um mix feinho de “Encantador de serpentes”, que foi uma das finalistas no Festival da Globo de 1981. Quer o toque? Peça já…

a força secreta daquela alegria
namoro astral
cidadão cidadã
namoro de bicicleta
samba japonês
encantador de serpentes
tá na cara
vida cotidiana
negro blues
bomba de estrelas
BONUS
maracatu atômico
encantador de serpentes (mix)

Jorge Mautner – Para Iluminar A Cidade (1972)

Para iluminar a cidade neste fim de noite, resolvi postar este disco memorável do Jorge Mautner. Tinha certo, para mim, que já havia sido postado aqui no TM. Ao longo de quase um ano de existência, o blog já possui mais de 600 títulos raros, entre esses, alguns do Mautner. Agora ele está de volta neste álbum pelo selo Pirata, da Polygram. Na época ele era vendido por um preço mais baixo que o de mercado, e as lojas começam a boicotá-lo. Não demorou muito para que o selo Pirata deixasse de existir, e o disco é retirado de circulação. Somente em 1985 ele voltaria a ser relançado pela Baratos Afins, com apresentação de Caetano Veloso. Saiu em edição limitada. Um ótimo disco onde temos registrados os melhores momentos de um show realizado no Teatro Opinião, em abril de 1972.

super mulher
olhar bestial
estrela da noite
chuva princesa
anjo infernal
quero ser uma locomotiva
sheridan square
from faraway
sapo cururu

Jorge Mautner – O Anti Maldito (1985)

Olhando a trajetória artística de Jorge Mautner, que começa no fim dos anos 50, fica difícil entender como um cara como ele ficou sempre à margem do que podemos chamar de “música popular”. Seu maior sucesso até hoje continua sendo “Maracatu Atômico”, eternizados na voz de Gilberto Gil e reciclado através do Chico Science. Acho que Mautner foi realmente um ‘maldito’ (no bom sentido), como tantos outros artistas que a crítica e o povo não souberam classificar. Ou por outra, classificaram-no como maldito, talvez por ser fora do padrão, não aceitando que sua arte se transformasse em ‘fragmentos de sabonetes’ (isso considerando que sabonete é algo que se usa e acaba – descartável). Mautner é bem mais que isso e nunca vai acabar. Em 1985, produzido por Caetano Veloso, ele gravou este disco, pelo selo independente Nova República, que celebra uma nova fase. Nada que mudasse a figura que tanto gostamos, mas dando a ele um impulso. Neste disco, foram gravadas pela primeira vez, músicas como “Iluminação” e “A Bandeira do Meu Partido”, compostas em 1958. Como todos os outros trabalhos, este também é muito bom!

1 – Cinco bombas atômicas (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
2 – Cachorro louco (Relâmpago dourado) (Jorge Mautner)
3 – Zona fantasma (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
4 – Rock comendo cereja (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
5 – Fado do gatinho (Jorge Mautner)6 – Índios tupy guarany (Jorge Mautner)
7 – Tataraneto do inseto (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
8 – Corações – corações – corações (Nelson Jacobina – Jorge Mautner)
9 – Iluminação (Jorge Mautner)
10 – A bandeira do meu partido (Jorge Mautner)