II Festival Universitário da Guanabara (1969)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados! Prosseguindo o ciclo dedicado aos festivais, o TM nos oferece hoje um compacto duplo com quatro músicas que concorreram no II Festival Universitário do Rio de Janeiro (então estado da Guanabara), promovido pela TV Tupi em 1969. Ao contrário dos certames similares promovidos pelas TVs Excelsior, Record e Globo, este destinava-se exclusivamente a compositores universitários, e foi realizado pela Tupi no Rio de Janeiro e em São Paulo durante quatro anos, de 1968 e 1972. Curiosamente, não consta deste compacto da Odeon a música vencedora da edição carioca de 1969 (quando o regime militar e, por tabela, a censura,  já estavam bastante endurecidos, com a decretação do draconiano Ato Institucional número 5), “O trem”, de e com Gonzaguinha, então assinando-se Luiz Gonzaga Júnior. Em compensação, vamos encontrar aqui grandes nomes da MPB em princípio de carreira, aos quais coube a apresentação das músicas dos então jovens compositores universitários.  Abrindo o precioso disquinho, temos “Nada sei de eterno” de Sílvio da Silva Jr. e Aldir Blanc, na voz de Taiguara, incluída depois no primeiro LP do cantor-compositor, uruguaio radicado no Brasil. “Dois minutos de um novo dia”, de Ruy Maurity e José Jorge, é interpretada pelo grupo Antônio Adolfo & A Brazuca, então em evidência.  Clara Nunes, acompanhada pelo Quarteto 004, apresenta a quinta colocada, “De esquina em esquina”, de César Costa Filho e Aldir Blanc, incluída depois no terceiro LP de Clara, “A beleza que canta”. Finalizando, os sempre afinadíssimos Golden Boys, interpretando “A menina e a fonte”, de Arthur  Verocai, Paulinho Tapajós e Arnoldo Medeiros.  Enfim, é um pequeno-grande documento sonoro que enriquecerá os acervos de tantos quantos apreciem o que a MPB produziu de melhor e mais expressivo na década de 1960. É só conferir…

nada sei de eterno – taiguara
2 minutos de um novo dia – antonio adolfo & a brazuka
de esquina em esquina – clara nunes
a menina e a fonte – golden boys

*Texto de Samuel Machado Filho

III Festival Internacional Da Canção Popular Vol. 2 (1968)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco do III Festival Internacional da Canção Popular, o volume 2. Confesso que li pouco sobre os antigos festivais de música popular da década de 60. Aliás, sempre faço confusão, pois foram tantos e com nomes, as vezes, até parecidos. O interessante nessa época é que a indústria fonográfica investia pesado nesses projetos. Produziam não apenas o disco com as ’12 mais`, aquelas finalistas, mas também e na sequência, lançavam aquelas músicas que chegavam a classificação. Isso era muito legal, pois permitia que o público apreciasse as outras músicas (que em muitos casos eram tão boas ou melhores que as finalistas. Mas enfim, essa é uma questão polêmica, envolve o gosto do freguês e os planos das gravadoras.
Segue assim este que é o volume 2, trazendo novas canções, mas se repetido em alguns intérpretes. Músicas   de alto nível, principalmente pelos arranjos e batutas dos nossos grandes maestros. Vale uma conferida!

engano – morgana
visão – taiguara
mestre sala – elza soares
filho de iemanjá – mary lauria
américa, américa – luiza
praia só – maria creuza
maria é só você – maria creuza
o tempo terá tua paz – mariá
corpo e alma – clara nunes
mergulhador – luiza
despertar – doris monteiro
canto do amor armando – mary lauria
.

Coletânea Compactos Do Toque Musical – Volume 1 (2011)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu me atrasei devido a falta de energia elétrica durante a tarde. Caiu um pé dágua por aqui, um verdadeiro vendaval. O meu computador apagou justo na hora em que eu preparava uma capinha para a coletânea de hoje. Perdi tudo o que já tinha feito, daí resolvi criar outra totalmente diferente. Para um trabalho de 10 minutos até que não ficou tão mal assim, não é mesmo? Mas o que vai agradar mesmo é o conteúdo dessa minha seleção. Reuni aqui alguns compactos da melhor qualidade. Como vocês podem ver, a coletânea traz também algumas raridades, como é comum em disquinhos compactos. Temos, por exemplo um compacto duplo do Caetano Veloso, gravado em Londres, em 1971. Este disco é realmente ótimo e raro. Caetano gravou essas músicas, com certeza, pensando no carnaval que viria, de 1972. Temos ele aqui acompanhado por Jards Macalé, Moacir Albuquerque, Tutti Moreno e Áureo de Souza. O mesmo time que o acompanhou no álbum “Transa”. No embalo do baiano, vamos também com as músicas um compacto de 1978, trazendo duas músicas, trilhas dos filmes “Na boca do mundo” e “A dama do lotação”. Outros compactos interessantes são os de Chico Buarque, de 1967. Taiguara 1970, Abilio Manoel de 73, Gonzaguinha de 70 e 72, Ivan Lins em seu primeiro sucesso, MPB 4 e Quarteto em Cy. Todos da melhor safra, reunidos aqui como daquela outra vez. Compactos sempre fazem sucesso.

Xiii… O temporal voltou, com raios e trovoadas. Deixa eu finalizar a resenha, vamos direto à lista…
chuva suor e cerveja – caetano veloso
a televisão – chico buarque
carolina – chico buarque
salto de sapato – caetano veloso
la barca – caetano veloso
partido alto – mpb4
roda viva – chico buarque
badalação – mpb4
barão beleza – caetano veloso
expresso 2222 – mpb4
qual é a baiana? – caetano veloso
última forma – mpb4
um chorinho – chico buarque
amaralinda – quarteto em cy
bom dia, amigo – abilio manoel
um abraço terno em você, viu mãe? – gonzaguinha
hoje – taiguara
o amor é o meu país – ivan lins
pedro pedreiro – quarteto em cy
se eu fosse rei – abilio manoel
tributo à jacob do bandolim – taiguara
um sorriso nos lábios – gonzaguinha
pecado original – caetano veloso
você merece – gonzaguinha
amado amante – caetano veloso

Taiguara – Canções De Amor E Liberdade (1983)

Olá a todos os amigos cultos, ocultos, tensos e pretensos! (tenho cada amigo…)

Ontem eu alarmado, havia anunciado o fim do blog A Música Que Vem De Minas. Na verdade, o seu próprio administrador foi quem me avisou de que o blog havia sido retirado. Isto realmente me deixou preocupado, pois uma nova onda de caça às bruxas está de volta. Vimos aí o caso recente do blog Um Que Tenha, fechado a pedido das gravadoras e de alguns artistas (mas parece que ele já está de volta em novo endereço). Para piorar alguns artistas que antes carregavam a bandeira do liberalismo total, agora estão dando para trás (leiam aqui). Esse ‘mundo’ é muito doido mesmo, enquanto for vantajoso, “coloca aí o meu disco, mas não fala que fui eu quem liberou”. É por essas e por outras que eu só viajo no’ túnel do tempo’. Novidade aqui só se for independente, por solicitação, simpatia ou intimidade.

Agora, vamos ao disco… Depois de ter passado mais de década sem gravar, Taiguara retorna ao Brasil e lança em 1983 o álbum “Canções de amor e liberdade”. A concepção deste álbum nasceu quando ele ainda estava na Tanzânia. Como sempre, muitas das faixas foram cortadas pela censura e logo em seguida liberadas, apenas para não perderem o costume. Não se trata de um trabalho de protesto, embora sua obra seja pautada nas questões sociais. O disco traz músicas lindas. São canções inspiradas em ritmos sulistas e uruguaios como a zamba portenha, o rasqueado… tem também um bolero, “Anita”, uma composição dedicada à Anita Leocádia, filha de Olga e Luis Carlos Prestes. “Estrela vermelha”, composição antiga feita por seu avô. Taiguara regravou também “Índia” em sua forma original, com a partitura para piano de José Assunción Flores. “Voz do leste” é uma toada com participação da dupla sertaneja Cacique e Pagé. A orquestração, em muitas faixas, é do maestro Gaya. O disco realmente busca uma nova retomada para o cantor. Contudo, não chegou a ser uma sensação, talvez porque Taiguara, como ele mesmo disse, se sentia um tanto estagnado, necessitando reaprender, reciclar seu momento como músico numa era dominada pela tecnologia. Percebe-se que o artista ainda naquele momento se sentia deslocado e desencantado com situações semelhantes as que o levou ao auto exílio nos anos 70. Depois deste álbum ele ainda chegou a gravar mais um disco, o cd “Brasil Afri” pela Movieplay em 1994. Faleceu dois anos depois, vitíma de um tumor na bexiga. Uma pena… uma grande perda 🙁
Nesta postagem eu resolvi incluir também uma entrevista dele dada à reporter do programa de rádio Notícias do Brasil, logo depois de lançar seu último trabalho. Confira aí…

anita
índia
voz do leste
mais valia
che tajira
moina me sorriu
o amor da justiça
estrela vermelha
guarânia, guarani
marília das ilhas
américa del índio
avanzada

Taiguara – Fotografias (1973)

Embora eu tenha procurado apresentar aqui coisas inéditas, não posso fugir das coincidências e duplicidades de que estamos sujeitos. Agora mesmo lá vou eu postando este álbum do Taiguara. Depois de insistentes(hehehe…) e-mails de um grande amigo, não pude deixá-lo a esperar. Mas tenho certeza que este também será bem vindo por todos 🙂

Temos então outro trabalho emblemático de Taiguara – “Fotografias” de 1973. – sem dúvida, um de seus melhores discos. “Que as crianças cantem livres” é o carro chefe e vale por todo o álbum.
“Vê como um fogo brando funde um ferro duro. Vê como o asfalto é teu jardim se você crê, que há sol nascente avermelhando o céu escuro, chamando os homens pro seu tempo de viver. E que as crianças cantem livres sobre os muros, e ensinem sonho ao que não pode amar sem dor, e que o passado abra os presentes pro futuro, que não dormiu e preparou o amanhecer…”
.
que as crianças cantem livres
pra luiza
flauta livre
gotas
a companheira
o mundo é um só
romina e juliano
não tem solução
no avião
saudade de marisa
cartinha pro leblon
nova york
fotografias

Taiguara – Carne E Osso (1971)

Bom dia, boa tarde, boa noite… Hoje o nosso encontro é com o Taiguara. É a terceira vez que posto um disco dele no Toque Musical. Estou trazendo este álbum porque é outro que fez parte de bons momentos da minha vida.
Um dos artistas mais visados pela repressão do governo militar, foi sem dúvida o Taiguara. “Carne e Osso”, seu primeiro álbum barrado pela censura, trazia entre outras a faixa “A ilha”, condenada por tratar-se de uma referência à ilha de Fidel, Cuba. O disco antes de ser lançado foi todo picotado, retalhado pelos censores. O que mais deixava os milicos putos da vida era a forma como Taiguara compunha suas letras, mesclando o romântico com o revolucionário, criando analogias que muitas vezes eram feitas pelos próprios censores ou outros artistas que interpretavam suas músicas. Podemos perceber isso na faixa final “Sarro de 30 segundos”. Um sarro mesmo – que ele tira da cara da censura e dos diretores da Odeon. São trinta segundos onde nos é apresentado um tema instrumental, um balanço intencionalmente agradável que nos 30 segundos é cortado abruptamente. Fica na gente aquela sensação ruim, provavelmente semelhante a que ele sentiu quando suas composições passaram pela tesoura.
Este disco foi relançado em cd e me parece que até já foi postado em outros blogs. Independente disso, vou postando o meu também. Podem chegar porque está completo, com direito inclusive de um bônus final.

berço de marcela
virgem dos olhos de vidro
momento do amor
bicicletas
carne e osso
no colo da nuvem
amanda
a ilha
sarro de 30″
sarro de 30″ + 30″ finais

Taiguara – O Vencedor De Festivais (1968)

Benvinda 2:47 Chico Buarque

Visão 2:54 Antonio Adolfo – Tibério Gaspar
Até Pensei 2:40 Chico Buarque
Madrasta 2:47 Beto Ruschel – Renato Teixeira
Um Novo Rumo 3:22 Geraldo Flach – Arthur Verocai
Modinha 3:01 Sergio Bittencourt
Moça do Sobrado 2:04 Antonio Adolfo – Tibério Gaspar
A Grande Ausente 4:04 Francis Hime – Paulo César Pinheiro
Rei Forte 2:35 Taiguara – Novelli
O Viandante 2:56 Paulo Sergio Valle – Novelli – Wagner Tiso
Helena, Helena, Helena 5:26 Alberto Land

Taiguara – Imyra, Tayra, Ipy (1975)

Este é um dos discos mais sigulares de Taiguara. Marca o seu retorno ao Brasil em 75. Um álbum inovador de capa dupla, super bem produzido. Contou com a participação de mais de 80 músicos, entre eles as ilustres figuras de Hermeto Pascoal, Wagner Tiso, Nivaldo Ornellas, Toninho Horta e por aí a fora. Um disco realmente excepcional. O espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias. Absurdamente o lp passou a ser considerado material subversivo. Dava até ‘cana’ para aqueles desavisados que o tivesse ou tocasse lá na vitrolinha. Como diz o Chico Buarque “página infeliz da nossa história”. Sempre perseguido pela censura, Taiguara começa a desconfiar de que a questão é pessoal. Depois dessa partiu para um segundo auto-exílio que o levaria a África e à Europa por vários anos.

1 Pianice (Pecinha sinfônica)
2 Delírio transatlântico e chegada no rio
3 Público
4 Terra das palmeiras
5 Como em Guernica
6 A volta do pássaro ameríndio
7 Luanda, violeta africana
8 Aquarela de um país na lua
9 Situação
10 Sete cenas de Imyra
11 Três Pontas (Milton Nascimento – Ronaldo Bastos)
12 Samba das cinco
13 Primeira bateria
14 Outra cena