Travessia – O Canto Dos Mineiros (1981)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. A escolha do disco de hoje, além do fato de ser um álbum independente, tem muito a ver com o seu título, o nome do disco, “Travessia”. Pensei nele não por qualquer ligação com Milton Nascimento, Clube da Esquina ou outra ‘mineiridade’. “Travessia” veio em seu sentido literal, quer dizer, naquilo que a expressão realmente significa: transposição de um ponto ao outro. Nesse sentido, eu me refiro também à passagem. E hoje a “passagem” ou “travessia” poderá estar acontecendo. Talvez o dia amanhã seja mais triste. Se eu não aparecer por aqui, podem ter certeza que estarei nessa hora chorando, num misto de tristeza e de alívio por ter presenciado por tantos anos o sofrimento de uma pessoa querida. A dor do outro que também dói na gente chama-se sentimento. Desculpem por essa introdução, mas há momentos em que eu não consigo separar o Augusto TM, do autor do blog. As vezes aflora mais um lado do que o outro e eu acabo confundindo a cabeça dos meus leitores. O fato é que esta postagem eu dedico à minha tia-mãe querida, que já bem idosa e muito debilitada, hoje passará por um processo cirúrgico bastante complicado. Rezo para que Deus interceda e acompanhe a sua travessia.
Bom, deixa eu enxugar as lágrimas e buscar um alento. Falando um pouco do disco “Travessia – O canto dos mineiros”, este álbum nasceu de um projeto realizado no final dos anos 70, uma espécie de festival estadual de música, ou melhor, 430 músicas de várias regiões de Minas inscritas no projeto, das quais foram selecionadas 25 e dessas, 12 finalistas que vieram a ser apresentadas em show no Palácio das Artes e incluídas no presente lp. Ao que tudo indica, acabou acontecendo uma parceria da Fundação Clóvis Salgado (que foi quem promoveu a ação) com a Fiat Automóveis de Betim. O disco só saiu graças ao apoio promocional da Fiat e um ano depois quando a fábrica já completava cinco anos no Brasil. O álbum “Travessia” teve a direção artística de Célio Balona e a produção musical por conta do Nivaldo Ornelas. Participam do disco alguns dos nomes mais importantes da música mineira, tendo na cozinha o grupo de cordas da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, gente como Marcus Viana, Marco Antonio Araújo, Yuri Popoff e outros não menos importantes. Este álbum, importantíssimo na história da música popular em Minas, até hoje não teve seu relançamento em versão digital. Trata-se por tanto de um disco raro. E também muito bonito, podem acreditar!

sagrado coração – sagrado coração da terra
gaiola – ladston nascimento
lua virada – alexandre sales
travessura – melão
forró possível – lery faria jr
violão não é solução – aldo junior
coração bendito – haroldo anunciação
quem dera – junia horta
canto mineiro – flávio do carmo
primavera – grupo mambembe
estrada a fora – grupo raízes
mineirinha – selma marçal

Melão & Leri Faria Jr – Jequitinhonha (1980)

Este é mais um disco que merece um toque musical por sua qualidade e principalmente sua raridade. Difícil de achar até mesmo nos sebos de Belô. Produção independente feita por dois grandes músicos da terra, Melão e Lery Faria Jr.. O Álbum nasceu como fruto de uma pesquisa, uma grande jornada cultural chamada “Projeto Jequitinhonha – Uma Expedição Cultural” coordenada pelo artista plástico Paulo Laender e mais um grupo de artistas e intelectuais mineiros. A proposta do grupo era pesquisar a cultura local através de atividades como música, dança, teatro e artes-plásticas. O disco foi um dos frutos desse trabalho, na área da música. Os músicos percorreram diversas cidades do norte de Minas como Berilo, Araçuaí, Itaobim e Chapada do Norte, procurando resgatar através de composições próprias e também de domínio popular, a essência da região. Um perfil do Vale e sua riqueza cultural.