Uma Noite No Bataclan (1975)

Olá amigos cultos e ocultos! Começando a semana, aqui vamos nós para mais uma jornada… As férias se foram e as obrigações se acumularam. Volto à minha rotina, sempre correndo, sempre com pouco tempo. Ontem nem tive como preparar algumas novidades (ou raridades?). Terei que recorrer à minha reserva de gaveta.

Hoje iniciamos com este disco, muito interessante, lançado pela Som Livre em 1975. “Uma Noite No Bataclan” foi uma espécie de continuação musical da trilha da novela Gabriela, escrita por Walter George Durst, numa adaptação do romance “Gabriela, Cravo e Canela” de Jorge Amado. Bataclan era o nome de um famoso cabaré e cassino em Ilhéus, frequentado pelos coronéis na década de 20. Na novela era o ponto de recreação e encontro dos ‘senhores da cidade’, o cabaré e bordel onde todos se encontravam para beber, conversar sobre política, dançar e namorar com ‘as moças’ da casa. Através da novela este famoso e memorável reduto se tornou ainda mais conhecido e seu nome seria adotado em diversas casas noturnas pelo Brasil a fora (eu mesmo conheço uns três). Mas o Bataclan baiano foi inspirado no francês e hoje em Ilhéus é um centro cultural. Devido ao sucesso da novela e seus ícones, a Som Livre lançou esta coletânea boêmia associada ao Bataclan. Embora não corresponda à música da época, me parece, foi o suporte complementar musical que trilhava algumas cenas da novela naquele ambiente. Nesta seleção variada encontraremos as seguintes músicas e intérpretes:
a volta do boemio – nelson gonçalves
malagueña – los indios
vingança – linda batista
siboney – orquestra serenata tropical
bigurrilho – jorge veiga
mano a mano – carlos lombardi
o meu boi morreu – cravo e canela
bar da noite – nora ney
história de un aor – pepe avila y los bronces
castigo – roberto luna
mambo jambo – perez prado
tortura de amor – waldick soriano
perfume de gardenia – bienvenido granada
jura – altamiro carrilho

Novos Baianos – Praga De Baiano (1977)

Hoje eu acordei pensando no que iria postar. Existem alguns discos que independente de já terem sido amplamente divulgados, ainda merecem uma segunda chamada (ou seria terceira ou quarta?). Não se trata de uma falta de opção, pois temos ainda milhares de títulos a serem apresentados e realmente não me interessa postar coisas que estão em catálogo ou dando sopa por aí. Acontece, que além das coincidências, existe o meu desejo de ter também aqui títulos na sua integralidade e de maneira correta. Se tem uma coisa que me dá nos nervos é baixar algo que muito me interessa e depois perceber que faltou isso ou aquilo. No meu entender e como ponto fundamental deste blog, o que é postado aqui não é somente a música, mas também todo o conceito que a envolve, fonograficamente falando. Quanto mais dados tivermos a respeito do disco melhor. Assim, aqui vou eu batendo na mesma tecla. Dó, ré, mi, fá…

Segue então este álbum dos Novos Baianos que era para ter entrado nos dias de carnaval, mas acabou ficando de fora. “Praga de baiano” foi um dos últimos discos da banda, que nessa altura já estava desfalcada de Moraes Moreira e Galvão. Este disco abriu as portas para um novo momento, o dos trios elétricos. Os Novos Baianos, liderados por Pepeu Gomes, passaram a fazer parte das festividades carnavalescas de Salvador de uma forma ainda mais intensa e explícida a partir deste disco. Segundo contam, Baby Consuelo foi a primeira cantora a fazer o povo tirar o pé do chão na Praça Castro Alves. Uma época em que não havia o Axé e nem Ivetes Sangalos.

Aproveitando o ensejo, estou incluindo este compacto duplo, lançado posteriomente pela CBS para o Carnaval de 1979, onde encontramos os últimos ecos de uma década cheia de muita ‘porraloquice’. Neste temos também o mesmo espírito de “Praga de baiano”, trio mais que elétrico. Um disco sem compromisso com carreiras, que nestas alturas já corria para individual. Já estavam todos com seus projetos solos, criando filhos e outras ‘coisitas mas’.

Os Novos Baianos só voltariam a se encontrar integralmente uma década depois, exatamente no Carnaval de Salvador de 1990. Em 97 eles se reuniram novamente para gravar o álbum duplo “Infinito Circular”. Será que ainda rola mais um?
praga de baiano
vassourinha
o clube do povo
haroldinho, filho e peixe
o petroleo é nosso
caia na estrada e perigas ver
campeão dos campeões
o patrão é meu pandeiro
pegando fogo
luzes do chão
pout-pourri
Compacto:
casei no natal, larguei no reveillon
pra enlouquecer na praça
alibabá, alibabou
apoteose do trio pra dodô

Painel De Controle – Desliga O Mundo (1978)

Bom dia! Hoje eu acordei meio de ressaca depois da festança de ontem. Ao contrário do que sempre acontece, desta vez foi o Toque Musical que ganhou muitos presentes. Mas como já fazia a minha tia, vou repassar todos para vocês (hehehe…). Ontem, no ‘batidão’, rolou muito som dos anos 70 e na inspiração, no clima da ‘night’, resolvi que postaria hoje o memorável disco do grupo Painel de Controle, “Desliga o Mundo”. Digo memorável porque me fez lembrar de velhos tempos, da cena dance, discoteca e embalos de sábados a noite. Quando saiu pelas caixas o balanço de “Black Coco” eu disse a mim mesmo, “vai ser este o post de amanhã!”. Embora já tenha sido rodado em outras tantas ‘pick ups’, “Desliga o Mundo” é o disco ideal para o nosso sábado no Toque Musical. Por certo vai haver aqui muitos que ainda não o ouviram. Na época em que este álbum saiu eu não dei muita bola. Eram tempos em que eu não ouvia música com outros olhos, tinha lá minhas restrições. Além do mais este grupo foi muito boicotado pela ‘crítitica’ da época. Havia um certo preconceito, sei lá… Mas nada como o tempo para fazer as coisas amadurecerem (só não pode deixar caducar, que fica melhor ainda).

O Painel de Controle surgiu no final dos anos 60, vindo do subúrbio carioca. Em 78, com uma nova formação, gravaram este que foi o seu grande disco de sucesso. Puxado pelo ‘hit’ “Black Coco”, tema de uma novela da Globo, a banda finalmente alcançou seu maior destaque. Acredito que depois deste álbum a turma se separou. “Desliga o Mundo” foi um disco muito bem produzido, começando pelo diretor de criação que era o Osmar Zan. Os arranjos e a regência são de Lincoln Olivetti. Confesso que gostei de ouvir novamente o Painel de Controle. A voz do Papi (vocalista) me fez lembrar o Manito do Som Nosso… Bons tempos…
black coco
malandrinha
meu destino mudou
coisas bobas
desliga o mundo
chegue, chegue, chegue (mais perto)
cada um na sua
sombras na parede
quero mais um rock’n’roll
vem
amantes