Toque Final?

Era só o que me faltava… Hoje pela manhã tive a ingrata surpresa de não conseguir ligar o meu computador. Estou fazendo esta postagem no requisitadíssimo computador do meu garoto, que vendo minha situação, arrancando os poucos cabelos que ainda me restam na cabeça, me permitiu usá-lo por alguns dez minutos. Ao que tudo indica, o meu HD foi pro saco. Antes fosse para o do Papai Noel, que aqui em casa sou eu mesmo, daí eu teria como resgatá-lo. Mas infelizmente o saco é outro e de outros, que eu obviamente não vou colocar a mão. Estou tentando levar a coisa na brincadeira, mas a verdade é que é sério. Acho que perdi o meu HD principal e com ele todo o meu trabalho dos últimos meses. Maldita a hora em que pensei em fazer um ‘back up’ e resolvi adiar. Vivendo e aprendendo. Se minhas suspeitas forem mesmo confirmadas, vou ter muito trabalho para tentar recurperar tudo que perdi. E isso vale não apenas para os milhares de discos digitalizados, mas tanbém outros documentos pessoais e importantes que eu tenho nele. Confesso que depois dessa, senti uma grande ‘broxada’. Dá para perder o tesão numa hora dessas. Fico imaginado se esse não foi também o problema do Zecaloro. Se eu perder mesmo todos os meus arquivos de música, acho que abandono também essa idéia de continuar sendo blogueiro musical. Era só que me faltava… justo agora, no último dia do ano. Sinceramente, não é muito pelo computador ou o seu HD, mas pelo que havia nele. Como me lembrar de tudo que se perdeu? Acho que isso só vai acontecer no momento em que eu der falta mesmo. Sacanagem… Bodei…
Mesmo assim e apesar dos pesares, quero deixar aqui os meus votos de um feliz ano novo para todos os visitantes, amigos cultos e ocultos. Espero que em 2010 nosso pique continue, compartilhando muita música e alegria. Paz, amor, saúde e tudo aquilo que o dinheiro não pode comprar.
Se eu não voltar nos próximos dias é porque a coisa ficou pior do que eu imaginava. Daí, não precisam nem perguntar mais por mim. Estarei como o Zeca, fora de circulação. Desculpem, mas eu estou preocupado… 🙁

Vinicius de Moraes – Eterno Retorno (1986)

Eis que chegamos ao final de 2009. Apesar de vários pesares, eu não posso reclamar e dizer que foi um ano ruim. Teve chuva e teve sol, alegrias e tristezas. Mas a vida é isso, uma sequência ao acaso num caso sempre sequente. Entre tantas coisas que nos deixam para baixo, tivemos por aqui e diariamente, a música e as boas lembranças para nos por para cima. Um alento em dias tão tumultuados. Estar a frente deste blog tem sido para mim, uma terapia, um exercício de cultura musical, de relacionamento e principalmente um grande prazer. O que eu ganho em contrapartida ao apresentar diariamente uma nova postagem é mesmo a satisfação, alguns bons amigos cultos e outros ocultos. Um relacionamento agradável com pessoas com as mesmas afinidades. Isso é prazer 🙂

Bom, deixemos o resto das considerações finais para amanhã. Vamos com o álbum do dia. Temos aqui esta coletânea dedicada ao poetinha Vinícius de Moraes. Pessoalmente, eu gosto bem de coletâneas. Elas geralmente trazem surpresas, gravações raras ou artistas inesperados. “Eterno Retorno” é um disco assim, com um variado leque de artistas interpretando músicas de Vinícius de Moraes e seus parceiros. A coletânea foi idealizada e produzida pelo radialista e escritor Simon Khoury. Tive a impressão, pelo subtítulo “Homenagem ao autor”, de que este disco faz parte de alguma série. Porém não encontrei nenhum outro nas mesmas condições, embora conste que Simon produziu outros grandes nomes como Johnny Alf, Carmen Costa e Sebastião Tapajós. Pela capa deste lp já podemos saber quem são os intérpretes, o que dispensa a convencional listagem com a relação das músicas. Taí, mais um disco bacana para se ouvir no fim de ano. Boas festas!

Cyro Monteiro Linda Batista – Filigranas Musicais Vol. XII (1988)

Olá amigos cultos e ocultos! Dentro do no show de variedades áudio musicais e já na reta final, temos para hoje um volume da série Filigranas Musicais. Esta série foi criada pelo pesquisador, o advogado carioca Milton Varela. A Filigranas Musicais Ltda foi uma editora cujo o sentido era o de resgatar antigos fonogramas, discos e gravações raras, assim como fazia a Collector’s Records, a Revivendo e outras. Ao contrário dessas outras, a editora de Milton trabalhou com matrizes da antiga RCA. Trata-se de fonogramas raros, lançados somente na fase do disco de 78 rpm. Através dessa editora diversas gravações foram recuperadas e relançadas em formato ‘Long Play’ de 33 rpm. Ao que parece, a Filigranas Musicais não durou muito, lançou pouco mais de duas dezenas de álbuns, talvez por estar atrelada à BMG-Ariola, detentora dos direitos. O certo é que foi essa mais uma das boas iniciativas de preservar um pouco a história da nossa Música Popular Brasileira.

Como se pode ver logo acima, este é o volume doze e nele temos dois grandes nomes da música do passado – Cyro Monteiro e Linda Batista – sendo cada lado do disco dedicado a um artista. Tanto as gravações de Cyro como as de Linda Batista são da primeira metade dos anos 40, gravações raríssimas que dificilmente poderão ser encontradas em outra coletânea. Confiram já este toque musical 🙂
a maior mulher do mundo – cyro monteiro
boêmio regenerado – cyro monteiro
não te doi a consciência – cyro monteiro
domine a sua paixão – cyro monteiro
a saudade me devora – cyro monteiro
crioulo sambista – cyro monteiro
carnaval em revista – linda batista
ponto final – linda batista
casa de cômodos – linda batista
mulata brasileira – linda batista
eu fui a europa – linda batista
bolsinha de feira – linda batista

Orlando Silva – Funart (1985)

Olá amigos cultos e ocultos! Semana curta e corrida. Tenho que aproveitar os últimos dias de 2009 para não entrar no ano novo cheio de pendências. Sempre fica alguma coisa para a última hora. Daí, tenho que agilizar…
Rapidinho, aqui vai mais um disco do Orlando Silva. Como vocês já perceberam, eu sou fã desse grande cantor. O álbum que eu apresento foi lançado pela Funart em 1985, dentro do Projeto Almirante, que buscava entre outras, resgatar grandes nomes da música brasileira em seus primórdios, através fonogramas que até então nunca antes haviam sido reeditados. Um trabalho semelhante ao que foi feito pela Moto Discos, Filigranas Musicais, Revivendo outros. Conforme o texto do encarte do álbum, são doze matrizes editadas originalmente em discos de 78 rotações, recuperadas e editadas pela primeira vez em lp. Abrangendo da valsa romântica ao samba carnavalesco, esses fonogramas oferecem uma mostra bem representativa do repertório do “cantor da multidões”. Confiram o toque…
quem cantar meu samba
quando a noite vem
solidão
depois que você me deixou
volta
eu trabalhei
meu caboclo
história antiga
por quanto tempo ainda
confiança
glória
ontem a tarde

Dilermando Reis – Junto A Teu Coração (1964)

Bom dia de natal, amigos cultos e ocultos. Ontem, na segunda postagem do dia eu reuni quatro discos do Jograis de São Paulo, num pacote especial de poesia e música, trazendo Fernando Pessoa, poetas brasileiros, poemas de natal e um raro momento do quinteto poético cantando bossa nova. Espero que vocês tenham gostado.

Ainda em clima natalino, temos para hoje este belíssimo disco do violonista Dilermando Reis. Um álbum apaixonado, suave e com uma seleção literalmente escolhida a dedo pelo instrumentista. “Junto a teu coração” foi mais um dos muitos e ótimos discos que o violonista gravou na década de 60, período onde através da melhoria na qualidade técnica e fonográfica, gravações de solistas de violão puderam ser melhor apreciada. Na fase do lp Dilermando gravou mais de trinta discos. A partir dessa época também começou a mostrar mais a sua faceta de ‘acompanhador’ de cantores com apenas um violão, mesclando na canção os seus solos.
Taí um disco bom de se ouvir no dia de hoje e no almoço de Natal 🙂

junto a teu coração
prenda minha
noites del uruguay
canção gaúcha
fim de festa
limpa banco
domingo em madrid
lágrimas de virgem
suave é a noite / exodus /moon river
caboclinho
elegie
alma sevillana

Titulares Do Ritmo – Brasílico (1976)

Olá amigos cultos e ocultos! Chegamos enfim às vésperas do Natal. Hoje teremos uma noite de confraternização. Família, amigos, amores… todos se juntam para comemorar o nascimento de Cristo. Um momento importante para que possamos refletir sobre os caminhos e acões que temos tomado ao longo de nossas vidas. Momento para acreditarmos mais na bondade humana. Para pedirmos perdão e também para sermos perdoados. Para mim, nesta data, o que importa mesmo é isso. Natal é alegria, mas também nos leva à tristeza, à melancolia… nos faz lembrar dos nossos entes amados que já não compartilham em vida da nossa ceia e do nosso encontro. É ruim sentir essa falta. A saudade mata a gente. Natal de alegria é com presente. Família, amigos e amores, todos presentes.

Para o dia de hoje, tenho aqui um álbum ótimo para a noite natalina. Vamos com o grupo vocal, os Titulares do Ritmo, em seu disco “Brasílico”, lançado em 1976 pela Chantecler. Nele temos um repertório dos mais agradáveis, como pode ser conferido logo a baixo (e também ouvindo, claro!). Brasílico é um título que não corresponde a uma determinada faixa musical, mas sim ao povo e às coisas do Brasil. Aqui, no disco, o sentido foi o de homenagear os amigos, artistas e autores por quem ele sempre prezaram, oferecendo-lhes suas interpretações. Segundo o texto da contracapa, este foi o disco onde os Titulares do Ritmo tiveram total liberdade de escolha do repertório, sem preocupações comerciais. Um disco feito com prazer. E prazer é também o que sentimos ao ouvi-los cantar. Muito bom! Confiram aí…
gente humilde
guacyra
peixe vivo
minha terra
tambatajá
falua
odeon
quem sabe
modinha
o canto do pagé
chão de estrelas
por quem sonha ana maria

Poly – Natal Em Família (1975)

Eu não poderia deixar de fora um disco típico de natal. Daí reservei para nossa segunda edição o “Natal em Família” do excelente guitarrista Poly. Este álbum é daqueles tradicionais para se ouvir na noite do dia 24. Um natal em família. Através deste, inicio os meus votos de um feliz natal a todos vocês, amigos cultos e ocultos. Feliz Natal!

noite silenciosa
visita ao presépio
noite de glória
natal no sertão
papai noel me esqueceu
white christmas
boas festas
25 de dezembro
cantiga de natal
folias de reis de itanhaem
estrela do menino pobre
natal dos caboclos

Waldir Calmon – Samba! Alegria Do Brasil (1956)

Bom dia prezados natalícios cultos e ocultos. Como é, estão gostando dos presentes em dose dupla de natal? Tenho certeza que sim 🙂 Vamos com Papai Noel trazendo mais uma raridade. Esta postagem vai em especial para o meu amigo Ed Pampani, grande incentivador e colaborador no Toque Musical. Atendendo ao seu pedido e que por certo irá agradar também aos demais visitantes.

Temos aqui e mais uma vez a presença do grande Waldir Calmon, pianista e compositor que por mais de quatro décadas embalou os ouvintes, passantes e dançantes com seu piano e orquestra. Tocou em diversas casas noturnas, no rádio e tv. Foi o primeiro instrumentista brasileiro a tocar um Solovox, aquele tecladinho eletrônico que parece uma escaleta. Seus discos da série “Feito Para Dançar” faziam muito sucesso, vendeu horrores. Nas décadas de 60 e 70 ele se dedicou também a outros teclados. Teve também sua própria casa noturna, a Arpèje, por onde desfilaram grandes nomes da música. Arpèje também foi o nome dado ao seu selo, na Produções Artísticas Waldir Calmon S.A., criado em 1959.
O raro álbum que apresento a vocês, lançado pelo selo Radio em 1956, ficou famoso por trazer em seu repertório ufanista, músicas de autores como Ary Barroso, Benedito Lacerda, Alcy Pires Vermelho, José Maria de Abreu, Luiz Bandeira e outros. São clássicos que exaltam o Samba, o Rio de Janeiro, a Bahia e o Brasil. Entre tantos destaques musicais temos a também famosa gravação de “Na cadência do samba” de Luiz Bandeira. Quem com mais de 40 anos não se lembra dela quando ia ao cinema? Esta música era o tema de abertura do saudoso Canal 100, onde a gente via ampliados na telona os nossos ídolos do futebol. Era bacana assistir ao futebol numa projeção cinematográfica tendo como fundo musical este samba com Waldir e orquestra.
Taí um lp nota 10. Mais tarde teremos outro trazido da discoteca do Papai Noel 😉
rio de janeiro
brasil moreno
exaltação à bahia
na baixa do sapateiro
aquarela do brasil
canta brasil
isso é brasil
brasil
na cadência do samba
dinorah

Maestro Cipó – A Fantástica Orquestra De Stúdio De Cipó (1964)

Segue aqui mais uma postagem especial da semana natalina. Vamos agora com o maestro Cipó e sua fantástica orquestra de estúdio. Este disco, só pela capa já merece a nossa atenção. Simplesmente maravilhosa, né não? Representa bem o que é o mundo maravilhoso da música no vinil. A agulha pousada sobre o sulco do disco numa quase micro paisagem de ficção científica, um ‘close’ que surpreende e sugere. Bacana! Quanto ao conteúdo musical, também não há muito a dizer sabendo que a contracapa já nos dá uma ficha completa deste trabalho onde desfilam diversos ‘standards’ da música internacional. O maestro Cipó (Orlando Silva de Oliveira Costa) foi um dos grandes arranjadores e orquestrador brasileiro dos anos 60 e 70, reconhecido internacionalmente. Talvez mais conhecido lá fora do que aqui, em seu próprio país. Atuou ao lado do trompetista americano, Dizzy Gillespie. Na Inglaterra lançou vários discos de bossa nova. Trabalhou por muitos anos na televisão (Tupi, Globo e outras) como diretor musical, criando diversas trilhas, orquestrando e arranjando para os mais diversos artistas.

rei dos reis
that old black magic
i’ve got youn ander my skin
i love you samantha
blue gardenia
caravan
days of wine and roses
what’s new
answer me
my funny valentine

Sivuca – Som Brasil (1986)

Bom dia natalinos e natalícios! Aqui estamos pela manhã, trazendo o primeiro disco do dia. Começamos com este álbum do Sivuca que eu escolhi não muito por acaso. Ele sempre me lembrou Papai Noel e sua música tem a alegria de um presente de natal.

Vamos com o “Som Brasil”, um disco que até hoje ainda não vi em outros blogs. Deve até ter, mas meu raio de ação anda limitado, tenho subido mais do que descido por essas vias da blogosfera. Temos aqui um disco que faz parte de um projeto, o “Rendez Vouz In Rio”, criado e desenvolvido pelo produtor sueco Rune Ofwerman para selo europeu Sonet, em 1985. Ofwerman veio ao Rio de Janeiro para gravar três álbuns. Um disco com a cantora, também sueca, Sylvia Vrethammar, pouco conhecida no Brasil e outros dois com o nosso Sivuca. Esse álbuns foram gravados exclusivamente para o público europeu, mas no ano seguinte a RGE os lançou aqui. Dos dois com Sivuca, um foi ao lado do belga Toots Thieleman (que pode ser encontrado no Loronix) e o outro é este “Som Brasil”, onde tocam com ele Luiz Avellar (teclados), Téo Lima (bateria), José Menezes (violão/guitarra), Luizão (baixo) e Ohana (percussão). No repertório prevalecem composições próprias, mas há também espaço para Jacob do Bandolin, Luiz Henrique, Benfiglio Oliveira e os estrangeiros Toots e Ulf Peder. Um trabalho feito mesmo para um público internacional, mas com muito tempero nacional.
flamengo
waltz for sonny
aurora boreal
joão e maria
pedras de fogo
sylvia
submarine for sale
amor, sempre amor
som brasil
recado da bahia
vale tudo

Ed Lincoln – A Volta (1964)

Para completar a postagem de hoje, temos aqui e mais uma vez o Ed Lincoln. Ele voltou. E nesta volta vem trazendo alguns de seus sucessos. O disco é uma verdadeira festa, com muito balanço e nos dias atuais cai bem em qualquer ocasião. Natal chegando aí… uma boa trilha para as noites de festas. Este álbum não é nenhuma novidade, mas não deixa de ser uma ótima opção musical que agrada gregos, troianos, amigos cultos e ocultos. 😉

ai que saudades dessa nêga
eu vou também (menininha)
the blues walk
falaram tanto de você
vou andar por aí
deix’isso pra lá
na onda do berimbau
amar é bom
palladium
sacy pererê
são salvador
voltei

Toquinho – Toco-Tóca (1978)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Entramos finalmente no espírito natalino. Para brindar o momento e durante os próximos dias até o Natal, teremos ao invés de uma, duas postagens diárias. Assim será o meu presente para vocês.
Começamos com Toquinho em um lp raro. Como no caso do Chico Buarque, este álbum também foi gravado na Itália em 1976 sob o título de “Toquinho – Il Brasile Nella Chitarra”. No Brasil ele saiu em 1978 pelo selo italiano Arlequim e relançado em cd pela Movieplay em 1997. É como outros tantos discos do violonista/compositor, uma beleza. Um trabalho que acabou ficando um pouco escondido, talvez pelo fato de ter sido um lançamento estrangeiro ou conter músicas de um repertório do artista já conhecido por nós em outros momentos. Porém o disco nos reserva um algo mais, as participações especiais de Azeitona na música “Garota de Ipanema” e de Mutinho na música de sua autoria “Meu Panamá”. Toquinho é sem dúvida um excelente instrumentista. Neste sentido eu destacaria, entre outras, “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e “Bachianinha nº1” de Paulinho Nogueira, duas belas interpretações solo. Confiram já este primeiro presente 😉
amor em paz
marina
asa branca
garota de ipanema
ai quem me dera
bachianinha n. 1
samba de orly
o vento
berimbau
chuva na praia de juqui
meu panamá
chorando prá pixinguinha

Chico Buarque De Hollanda – Na Itália (1968)

Buongiorno a tutti! Hoje vamos de Chico Buarque, cantando em italiano. Um álbum gravado na Itália em 1968, com direção musical de Toquinho. Eu não sei bem o porque, mas este disco sempre teve, para mim, um certo ar dominical e também natalino. Sendo o dia de hoje o último domingo que antecede ao Natal, eu não poderia deixá-lo de fora. Por certo, nele não há nenhuma música natalina, mas acredito que é um bom presente para a data. Acho que eu fiz essa associação porque em algum Natal passado (bem no passado) este disco foi parte da trilha sonora das minhas festividades familiar. Compartilho assim com vocês esse momento muito especial. Chico Buarque é o tipo de artista que caí bem em qualquer momento, não é mesmo? E sobre ele não há muito ou pouco o que dizer que já não tenha sido dito. O melhor mesmo é ouvi-lo e cantar com ele. Vamos nessa? 🙂

far niente (bom tempo)
la banda (a banda)
juca
olê olá
rita (a rita)
non vuoi ascoltar (você não ouviu)
una mia canzone (meu refrão)
c’é piú samba (tem mais samba)
maddalena é andata via (madalena foi pro mar)
carolina
pedro pedreiro
la tv (a televisão)

Astrud Gilberto With Turrentine (1977)

Manhã de sábado bonita e ensolarada. Pelo jeito eu não vou demorar muito aqui em frente ao computador. Vou pra rua passear, sair para comprar presentes de natal. Ainda não fiz as minhas compras. E olha que eu tenho três festinhas de amigos ocultos para participar. Já não me basta os milhares de amigos cultos e ocultos, fui ainda arranjar mais esses. Eu mereço 🙂

Antes de sair, deixa eu fazer logo nossa postagem diária. Hoje iremos com a cantora Astrud Gilberto. Entre os diversos discos que ela gravou e que eu conheço, este é um dos que eu mais gosto. Lançado no Brasil pela Continental, este é mais um álbum do excelente selo CTI do trompetista e produtor Creed Taylor, responsável por levar ao público americano grandes nomes da Bossa Nova. A presença do nome do saxofonista Stanley Turrentine no subtítulo deste lp, acho, se deve ao fato de que o álbum foi lançado para o mercado americano. Uma maneira de engrossar o caldo, pelo menos para os lados de lá. Turrentine é sem dúvida um dos maiores nomes do jazz americano, mas a sua participação no disco é tão igual quanto a de outros músicos que fazem o trabalho brilhar. Aliás, é bom dizer, este disco é uma constelação ou um baú cheio de jóias. Só para se ter uma ideia, temos a participação de Sivuca, Dom Um Romão, Airto Moreira, João Palma, Ron Carter, Toots Thielemans, Hubert Laws, Bob Mann e mais uma meia dúzia de outras feras. Isso sem esquecer de Eumir Deodato que além de tocar é também o arranjador. Astrud, com sua vozinha doce e angelical, dá ainda mais sabor numa seleção de ótimos ‘hits’ escolhidos a dedo. Um disco realmente fino!
wanting things
brazilian tapestry
to a flame
solo el fin (for all we know)
zazueira
ponteiro
traveling light
vera cruz
história de amor
where there’s a heartache
just be you (bonus)
the puppy song (bonus)
polytechnical high (bonus)

Renato Andrade – Concerto Para Amigos (1983)

Aqui estamos em mais uma sexta-feira, dia onde normalmente tenho dedicado à postagem de artistas ou álbuns independentes. Hoje e mais uma vez farei de uma gravação caseira o correspondente a um disco sem gravadora, independente. O nosso álbum de hoje é um registro caseiro da viola de Renato Andrade. Trata-se de uma gravação feita em 1983, em Belo Horizonte, na casa de amigos do violeiro. Um encontro, uma festa descontraida, onde Renato toca diversas músicas demonstrando o seu talento por quase uma hora. O cara era mesmo um grande conhecedor da viola. Privilegiados foram esses que estiveram com ele nesse dia e sorte nossa que alguém lembrou de gravar. Taí um tipo de áudio que tem tudo a ver com o Toque Musical. E como não podia deixar de ser, dei um trato na qualidade do som e criei esta capinha para fazer nossa postagem ficar ainda mais convidativa, interessante… Não consegui identificar a maioria das músicas. Se alguém se habilitar, mande a lista para mim. Eu prometo que faço a contracapa 😉

Ivon Curi – Um Espetáculo A Parte (1963)

Para descontrair nossa quinta-feira, tenho um espetáculo a parte: Ivon Curi. Depois do grande sucesso na postagem de um outro disco do cantor, em abril deste ano, vamos mais uma vez a repetir a dose. Tenho aqui um álbum gravado ao vivo, no ínicio dos anos 60, logo depois que ele saiu da RCA para a Odeon. Ivon Curi sempre foi um ‘showman’ e prova disso é a gravação de “Um espetáculo à parte”. Neste show, onde pouco importa onde foi, mas como foi, ouvimos Ivon , entretendo o público em onze temas dos mais variados e agradáveis. Temos as divertidas “Piano em dó, ré, mi”, “Casar é bom”, “Relendo tua carta” e o “Felizardo”, esta última de Vicente Celestino, que eu não conhecia e nem sabia que era dado ao humor. Metade do disco são músicas de compositores franceses em adaptação ou versões do dramaturgo e poeta Guilherme de Figueiredo. Ivon Curi consegue realmente dar corpo às suas interpretações. Não é por acaso que o chamaram de ‘o ator das canções’.
piano em dó ré mi
o felizardo
a valsa de mil tempos (la valse a mille temps)
casar é bom
relendo tua carta
a coisa (the thing)
amor naquela base
só (seul)
guerra e paz
as blusas brancas (les blouses blanches)
soliloquio (soliloquy)

Joe Pass And Paulinho Da Costa – Tudo Bem (1978)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos, tudo bem? Por aqui tudo bem, tudo muito bem, como se pode comprovar logo acima. Muita variedade musical para agradar gregos, troianos e a turma lá do monte Olimpo. Salve, salve!

Hoje nossa trilha musical vai ser o jazz. Tenho para vocês este maravilhoso disco do guitarista americano, Joe Pass, reconhecidamente um dos maiores nomes do jazz internacional. Um guitarista dos mais interessantes, dono de um som cristalino e redondo nas cordas, que fez escola. Na verdade, pelo título do álbum, fica claro que se trata de um disco não apenas de Joe Pass, mas também do percussionista Paulinho da Costa e dos demais, Claudio Slon, Octavio Bailly, Oscar Castro Neves e Don Grusin, figurinhas emblemáticas do ‘latin jazz’ e outras bossas. Um álbum inspirado, com um repertório essencialmente de compositores brasileiros como Tom Jobim, Marcos Valle, Menescal e Boscoli, Luiz Bonfá e outros… Este lp foi lançado pela Pablo Records em 1978 e segundo o produtor, Norman Granz, a ideia da gravação veio depois que Joe Pass esteve no Brasil, no Carnaval de 77 e ficou encantado como os ritmos, principalmente o samba. Juntou-se à Paulinho da Costa, outro artista da mesma gravadora, considerado até então (e por eles americanos) o maior percussionista brasileiro. Este por sua vez recrutou os demais instrumentista, conhecedores nato (ou quase) da música brasileira. Todos, artistas tarimbados, brasileiros, americano e argentino. Segundo Norman, nas palavras de Joe Pass este foi o disco mais caloroso e melódico que ele gravou. E deve ser mesmo, afinal a música brasileira é a melhor do mundo, porque sintetiza o nosso espírito alegre e sabe absorver o dos outros e sem preconceitos. Como diz a minha secretária doméstica, é tudo de bom! Tudo bem!
corcovado
tears (razão de viver)
wave
você
if you went away
que que há?
the gentle rain (chuva delicada)
barquinho
luciana
i live to love

Emilinha Borba – Os Grandes Sucessos de Emilinha Borba (1969)

Bom dia a todos! Verificando no blog, percebi que injustamente nunca postei um disco da cantora Emilinha Borba, exceto uma ou outra faixa com ela. Por outro lado já tivemos muitos da Marlene. Pessoalmente, na escolha de repertório, prefiro mesmo a Marlene, mas a Emilinha também tem seus encantos e acho que já é hora de mostrá-los também. A cantora Emilinha Borba gravou ao longo de sua carreira centenas de discos. Fica até difícil escolher entre tantos, um que representasse bem a figura da cantora, que também foi “A Rainha do Rádio”. Escolhi então esta coletânea lançada pela CBS em 1969, num período onde a cantora estava afastada do público, devido a um problema nas cordas vocais. Uma das coisas que acho mais interessantes na Emilinha é o seu carisma. É impressionante como a cantora conseguiu conquistar tantos fãs, mesmo numa fase onde a turma da sua época vivia um momento de ostracismo. Ela sempre se manteve emparelhada com sua rival Marlene. Afinal, quem já foi rainha não pode perder a majestade. Se manteve ativa até em seus últimos tempos. Sempre lembrada, sempre querida.

Este disco, sem dúvida, não representa o que de melhor fez a cantora, mas pelo menos garante o seu lugar aqui no Toque Musical. Para aqueles fãs, de carteirinha ou não, deixo já avisado: ela ainda volta 😉
história de minha vida
juntinhos é melhor
cachito
castigo, meu amor
me leva pro céu
boa noite meu bem
dez anos
milhões de carinhos
chiquita bacana
benzinho
intriga
a menina da areia

Mazzaropi – Os Grandes Sucessos De Mazzaropi (1968)

Olás! Ainda nem dei tempo para vocês digerirem direito o Gilberto Gil e já vamos para outro sucesso garantido. Este disco do Mazzaropi teria entrado ontem, não fosse a falta de energia elétrica e a estratégica postagem para o Gil. Pela milésima vez eu assisti ao filme “O corintiano” e como sempre, dei boas gargalhadas. Mazzaropi é mesmo ótimo, seus filmes sempre me trazem boas lembranças da minha infância. Acho que assisti a todos e sempre volto a revê-los. Ainda não encontrei uma pessoa que não goste desse jeca. Neste álbum, lançado pela RCA Camden em 1968 temos reunidas algumas das músicas de maior sucesso em diversos filmes de Mazzaropi. As composições, em sua maioria, são do centenário músico de São Luiz do Paraitinga, Elpídio dos Santos. As versões aqui apresentadas são as originais dos filmes, “Jeca Tatu”, “Tristeza do Jeca”, “O corintiano”, “Casinha pequenina”, “O jeca e a freira”, “O lamparina”, “As aventuras de Pedro Malazarte”, “Zé Periquito” e “O vendedor de linguiça” – com a interpretação sempre muito pessoal do velho Mazzaropi. Discos como este são difíceis de ver e ouvir por aí. Com toda certeza, muita gente vai gostar…

dor da saudade
fogo no rancho
azar é festa
meu burrinho
sopro do vento
ingratidão
jeca magoado
alma solitária
lamparina do nordeste
coração amigo
jóia do sertão
o linguiceiro

Gilberto Gil – Ao Vivo Na Escola Politécnica Da USP (1973) Repost!

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo para vocês uma raridade das melhores. Uma colaboração do DJ Mandacaru, do site Hipopótamo Zeno. Ele generosamente me enviou a dica do link referente à gravação integral do lendário show de Gilberto Gil na Escola Politécnica da USP, em 1973. Este material, embora já tenha sido anunciado a quatro cantos na rede, já há sete anos atrás, parece ter sido novamente esquecido. Apenas alguns poucos blogs chegaram a publicar os arquivos e mesmo assim incompletos. Pelas informações que li, este material seria lançado comercialmente numa edição especial em três cds, com o aval do artista. Se isto aconteceu realmente, eu não fiquei sabendo. Para mim, a coisa ficou apenas nos arquivos de som compartilhados na rede e sem os devidos tratamentos. Desta vez, temos tudo na íntegra, num pacote que incluí a re-remasterização, edição das músicas e capinhas/encarte, confeccionados especialmente pelo Toque Musical. Acredito que o resultado ficou bastante aceitável.

Em 1973, o estudante de geologia da USP, Alexandre Vanucci Leme, foi torturado e morto pela repressão política do regime militar. Gilberto Gil, que estava em São Paulo, então recém chegado do exílio, foi procurado pelos universitários que o convidaram para fazer um show de protesto, improvisado no campus. Por volta de umas duas mil pessoas assistiram a esta apresentação nas dependências da Escola Politécnica da USP. Gil tocou e conversou com o público durante três horas de show. Esta apresentação foi registrada pelos estudantes em um gravador de rolo (benditos gravadores de rolo!). A fita ficou guardada e esquecida por um longo tempo. Apenas algumas poucas pessoas tiveram acesso a este material. As cópias em fita K7 eram fragmentadas e com um som de má qualidade. Vinte anos depois a fita master foi encontrada e restaurada, inicialmente pelo músico do Grupo Rumo, Paulo Tatit, para um projeto de lançamento da gravação comercial em cd.
Como eu disse, a gravação aqui apresentada foi extraída da fita original, integral e já remasterizada. Sua edição posterior, para o Toque Musical, foi feita de maneira a não perder nenhuma informação gravada. Estão incluídas, além das músicas, as longas conversas de Gil com o público. Um serviço completo e um registro acima de tudo, histórico!
oriente
gil fala
chicletes com banana
minha nêga na janela
senhor delegado
eu quero um samba
meio de campo
cálice
gil fala
o sonho acabou
ladeira da preguiça
expresso 2222
procissão
gil fala
domingo no parque
gil fala
umeboshi
objeto sim objeto não
gil fala
ele e eu
noite morena
cidade de salvador
iansã
eu só quero um xodó
edith cooper
back in bahia
filhos de gandhi
eu preciso aprender a só ser
cálice (final)

Maurilio Rocha – Canções Para O Mambembe e Sonhos De Uma Noite De Verão (2005)

Olá amigos cultos e ocultos! Como eu havia dito ontem, hoje será o nosso dia do artista/disco independente. Estou trazendo para vocês um disco dos mais bonitos que eu ouvi ultimamente. Um trabalho de grande sensibilidade feito pelo músico e professor do Curso de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da UFMG, Maurilio Rocha. Este cd foi lançado há alguns anos atrás, sendo um projeto beneficiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo de Minas. Trata-se de um disco onde Maurilio retoma a criação de canções populares, feitas exclusivamente para as peças “O mambembe” de Arthur Azevedo e “Sonhos de uma noite de verão” de Shakespeare, espetáculos encenado pela Z.A.P. 18 e Cia. Acaso. Gostaria de tecer aqui algumas considerações a mais a respeito do disco e do artista, mas outros compromissos estão já estão me chamando. O sábado tá pegando! Como de sempre, o pacote vem completo. As informações adicionais podem ser conseguidas no encarte. Só digo mais uma coisa, este disco faz valer o dia lindo de sol que vejo da janela lateral. Coisas de Minas 😉

botequim
quelque chose
o sonho
mandala
com alguma habilidade
jura
viva o frazão
ajudinha
quelque chose (instrumental)

Dom Pepito Y Su Ritmo Tropical – Rumbas & Bongos (1963)

Olá amigos cultos e ocultos. Hoje o meu dia foi meio preguiçoso, por isso, até agora a pouco eu não estava muito animado a fazer a postagem. Não tive tempo para preparar o que seria a o disco independente do dia, embora tivesse outra opções (vai ficar pra amanhã). Contrariando também a rotina, resolvi trazer um disco de rumba, aquele ritmo dançante cubano, num álbum supostamente de um artista estrangeiro, Dom Pepito. Alguém já ouviu falar nele? Pois saibam que nem eu. Acredito que Dom Pepito é mais um desses pseudônimos criado por artistas nacionais. Como já sabemos, este é um artifício que foi bastante usado por diversos artistas e também pelas gravadoras, fugindo de burocracias contratuais e também numa forma de proteger seus verdadeiros nomes e até mesmo por brincadeira. Não consegui descobrir quem seriam os músicos por trás de Dom Pepito Y Su Orquestra, mas tenho por certo que ser trata de uma produção nacional. A direção artística é de Armando Pittigliani, um dos mais importantes produtores musicais brasileiros. No disco, lançado pela CBD – Companhia Brasileira de Disco, com o selo Philips, não há informações precisas sobre quem é Dom Pepito. Outra coisa que me faz duvidar dos ‘pseudocubanos’ é resumida ficha técnica que tudo nos leva a crer ser este disco totalmente ‘made in brazil’. De internacional aqui, apenas o repertório, recheado de ‘standards’. Diga-se de passagem, da melhor qualidade. ‘Dar de baja!’

sun sun babaê
dance avec moi
ave maria lola
aquellos ojos verdes
carioca
amapola
caravan
tequila
when
el cumbanchero
vereda tropical
la paloma

Don Euclydes – Piano Espetacular (1984)

Olá! Estava eu aqui me lembrando de uma viagem de férias que fiz a Porto Seguro, Bahia a um tempo atrás. Me lembrei de ter ido jantar em um restaurante, numa noite das mais agradáveis e por lá eu ouvi alguém tocando um piano ao fundo. Minha curiosidade musical foi despertada no momento em que ouvi “Apelo” de Baden e Vinícius, uma música que eu gosto muito. Não sei se foi o vinho, mas fiquei realmente empolgado com aquele pianista solitário, concentrado em suas teclas e notas agudas. Pelo jeitão do músico pensei que fosse um artista internacional. Fiquei alí ouvindo ele tocar um repertório essencialmente romântico. Talvez, se eu já não tivesse ‘mamado’ quase duas garrafas de vinho, aquele músico teria passado batido. Apesar de já um pouco ‘alto’, para não pagar mico, me limitei a perguntar ao garçon quem era o artista. Ele então me respondeu que se tratava de Don Euclydes, um tecladista recém contratado pelo restaurante, vindo do Rio. Eu realmente gostei do cara e se não fosse a família a tira colo, eu teria ficado a noite toda ouvindo aquele piano. Recentemente descobri que tinha este disco dele e nem havia me tocado para esse fato. Ouvindo-o novamente percebi que no disco ele também interpreta “Apelo”. Sinceramente, gostei mais do que ouvi no restaurante. Acho que naquela noite ele e eu estávamos mais inspirados.

Don Euclydes é um músico profissional de formação clássica e popular. Seu público alvo se encontra em restaurantes e hotéis, geralmente turistas. Hoje em dia ele toca ao lado da esposa, a cantora Tetê Aciolly. Gravou diversos discos pelo selo CID na década de 80. Entre eles temos este chamado “Piano Espetacular – Sucessos de Nelson Gonçalves”, acompanhado de orquestra. Para os ultra românticos e como música ambiente, esse é o cara…
risque
camisola do dia
apelo
hoje quem paga sou eu
atiraste uma pedra
dolores sierra
ninguém me ama
naquela mesa
doidivana
argumento
as rosas não falam
mágoas de caboclo

Roberto Audi – Música Para Nós Dois (1961)

Olá amigos! Como todos já perceberam, os links apresentados nos comentários, referentes aos discos postados, são exclusivamente pelo Rapidshare. A única vantagem que eu via nele era o fato de suportar até 200 megas em arquivos e nos dá até 90 dias ativo com download. Parece que agora eles querem mudar a política, passando para apenas 60 dias. Não duvido nada que em breve eles também reduzam de 200 para 100 mb o espaço para upload. Mas o pior mesmo é essa jogada que eles andam fazendo, bloqueando intermitentemente os arquivos quando queremos baixá-los. Eles estão forçando a barra para fazer a gente adquirir uma conta Premium. Se a coisa continuar assim, em janeiro vou mudar para o Mediafire. Eu sou free, sempre free…

Seguindo em nossas postagens, vamos com mais um disco raro adquirido na Feira do Vinil. Desta vez eu trago um cantor, hoje pouco lembrado, Roberto Audi. Ele iniciou a carreira como corista em shows de Carlos Machado. Foi visto (e ouvido) por Leny Eversong que o incentivou a continuar cantando. Na época ele, ainda jovem, estava em dúvida se deveria ou não seguir a carreira artística. Estreou em disco ao lado da cantora, em 1958. Ainda nem era conhecido do grande público. Nunca havia antes se apresentado em rádio ou televisão. Leny Eversong o considerava a grande revelação e o apontava como um dos futuros astros da canção brasileira. Em pouco tempo e com o apadrinhamento da cantora ele conquistou o seu lugar. Foi premiado várias vezes, inclusive como “Revelação do Ano”. Tornou-se conhecido nacionalmente. Gravou o primeiro lp “E as operetas voltaram” pela Copacabana em 1959, numa produção de Lamartine Babo, que bateu todos os recordes de vendagem na época.
“Música para nós dois” foi seu terceiro álbum em ‘long play’ de 12 polegadas, lançado também pela ‘voz do caramujo’ em 1961. O álbum, embora marque um melhor momento de sua interpretação, foi também seu penúltimo disco gravado. De 1961 a 64 ele passou a fazer shows. Viajou pelo Brasil e alguns países da América do Sul. Foi também se apresentar em Portugal e nos Estados Unidos. A partir de 1964 ele abandonou as gravações e se dedicou somente à apresentações em cidades do interior. Acredito que por conta de sua impostação vocal, ao estilo dos primeiros cantores como Vicente Celestino e Francisco Alves, começava a não despertar mais interesse de público nos grandes centros urbanos, num momento onde a Bossa Nova era a grande estrela.
música para nós dois
ninguém é de ninguém
romântica
um novo céu
sombras
a noite vem
sol de verão
mundo mau
a canção dos seus olhos
duas rosas
i could have danced all night
sonata sem luar

Sivuca – Motivo Para Dançar (1956)

Olá amigos cultos e ocultos! Nesta semana eu vou aproveitar para mostrar a vocês algumas das pérolas recolhidas na última Feira do Vinil. Discos raros, em bom estado de conservação e por um preço que eu ainda não vi igual. Este por exemplo, me custou apenas 15 reais! Uma bagatela para quem sabe o valor que um álbum desses tem. Ainda mais em se tratando do mestre Sivuca em gravações que nunca chegaram a serem relançadas. Podem dizer o que quiserem contra a falta de respeito dos blogs de música aos direitos autorais, mas cá prá nós, nos últimos cinco anos foram eles (foram nós) quem ressuscitou a velha e boa música brasileira. Me digam vocês, quantos títulos só chegaram aos seus ouvidos depois do surgimento dos blogs? Por certo foram muitos. Já que não temos uma política de proteção, preservação e respeito pela memória musical e fonográfica brasileira, cabe a nós, ‘anarquistas do som’, fazermos valer o que ainda hoje para as gravadoras não faz um tostão. Vivam os blogs, viva a cultura informal!

Segue assim este maravilhoso disco do Sivuca. Lançado nos 50, no auge dos bailes e horas dançantes, este disco foi feito mesmo para dançar. Um trabalho muito bem elaborado por Sivuca, com músicas escolhidas a dedo e ensaiadas exaustivas vezes antes de serem gravadas. Neste disco há a participação de Altamiro Carrilho e são dele também uma boa parte das músicas apresentadas. Infelizmente não encontrei outras informações sobre este que foi um dos primeiros álbuns gravados por Sivuca. Let’s dance!
bem te vi atrevido
angel’s lullaby
tu e eu
gracioso
marimba
x-9
moonlight serenade
enignático
duas contas
bolero da sorte
misterioso
por hoje é só

Edu Lobo & Maria Bethania – Edu E Bethania (1967)

Eu havia prometido a mim mesmo que não iria mais postar discos que são comuns em outros blogs, mas alguns casos, pela excepcionalidade, merecem ser aqui também lembrados. Estou postando este disco da Elenco que foi mais um dos que eu comprei na Feira do Vinil, também por apenas 10 reais! A feira foi magra, mas as compras e trocas foram gordas. Valeu demais! Eu até que tenho esse disco em versão cd, mas ter o original é que é legal. Segue assim mais uma jóia resgatada do mofo e da poeira, agora vai para a estante, para o prato da minha vitrola e para as minhas mãos 😉

Temos aqui o feliz encontro de Edu Lobo com Maria Bethania. Uma produção de Aloysio de Oliveira reunindo os dois jovens talentos. Edu já era um artista conhecido, consagrado. Maria Bethania por outro lado, ainda uma recente cantora, trazia na bagagem suas primeiras experiências musicais, o talento demonstrado no show Opinião. As músicas do disco, trazem as parcerias de Edu com Torquato Neto, Capinan, Vinicius de Moraes e Gianfranco Guarnieri. Acompanham a dupla neste disco Dori Caymmi, Dório e Edson Machado. Os arranjos são do maestro Gaya. Taí, mais um clássico da Elenco, confiram…
upa neguinho
cirandeiro
sinherê
lua nova
candeias
borandá
pra dizer adeus
veleiro
só me fez bem
o tempo e o rio

Roberto Menescal E Seu Conjunto – Bossa Nova (1964)

Olá! Aqui estou eu neste domingo nublado trazendo para vocês um dos álbuns que adquiri ontem na Feira do Vinil. Acho que a chuva espantou um pouco as pessoas, tirou o ânimo daqueles que, sinceramente, perderam uma boa oportunidade de levar para casa jóias como esta, que saiu por apenas 10 reais! Se por um lado a feira foi fraca em termos de público, por outro foi ótima para aqueles que lá estiveram. Pudemos comprar e trocar discos se afobação, podendo escolher direitinho aquilo que interessa. Hoje a feira continua e eu daqui a pouco volto para lá. Ainda tem muita coisa boa me esperando 😉

Como disse, tenho aqui um dos álbuns que comprei por lá, Roberto Menescal e seu disco “Bossa Nova”, lançado em 1962 pela Odeon. Eu inclusive até tenho este disco em formato digitalizado, mas o que estou apresentando tem um diferencial, a edição. Nele a capa é diferente, acho até mais bonita num tom lilás, tem mais a ver com bossa nova instrumental (e é em vinil, claro!). Este álbum saiu pelo selo Imperial, dois anos depois, em 1964. Como já é do conhecimento de todos por aqui, o selo Imperial pertence a Odeon e foi criado na época para atender às vendas à domicílio. Os discos Imperial eram vendidos não apenas em lojas, mas também pelo correio ou através de seus agentes de vendas. Lançaram muita coisa. Fizeram reedições apresentando velhos álbuns com novas caras. No caso de “Bossa Nova”, o disco saiu com esta capa (a menor é a original) e as faixas em outra ordem, mas é o mesmo disco, a mesma gravação.

Temos aqui um dos personagens dos mais importantes da primeira leva da Bossa Nova, Roberto Menescal acompanhado de seu conjunto, formado por Eumir Deodato no orgão e piano, Henri Ackselrud na flauta, João Palma na bateria, Sérgio Barroso no contrabaixo e Ugo Marotta no vibrafone. Este disco foi produzido pelo André Midani. Eu achava que algumas das faixas fossem as mesmas do disco do Menescal lançado pela Elenco, mas não tem nada a ver. “Bossa Nova” é um álbum exportação, um disco fino, um clássico instrumental e acima de tudo lindo de ouvir. Se você ainda não esbarrou com este álbum por aí, não perca tempo. Como dizem por aqui, “trem bão é coisa boa” e passa antes que possamos contar o número de vagões. Confiram a pérola que amanhã tem mais… 😉
corcovado
garota de ipanema
quem quiser encontrar o amor
menina feia
influência do jazz
rio
só danço samba
andorinha preta
fala de amor
o pato
vagamente
nos e o mar

Isaura Garcia – Documento Inédito (1987)

Olá amigos cultos e ocultos! Meio na pressa, saindo já para a Feira do Vinil, aqui vou eu rapidinho deixando a nossa postagem do dia. Como informei na anterior, a feira acontece durante todo o dia, hoje e amanhã, no Centro Cultural Padre Eustáquio, no antigo mercado coberto do bairro Padre Eustáquio. Quem é de Belô não vai ter como errar o endereço, entrada pela rua Jacutinga ou pela rua Padre Eustáquio. Apareçam porque vai ter muito coisa bacana. Eu vou cedinho para pegar ‘a primeira fornada’. 😉

Bom, aqui vai o do dia, Isaura Garcia num disco muito interessante lançado pelo Estúdio Eudorado em 1987. Trata-se de um momento raro, uma gravação de uma entrevista dada pela cantora à Rádio Eldorado em 1979. Nesta entrevista, que na verdade é um depoimento, Isaura Garcia conta um pouco de sua vida, o início de carreira, os momento áureos no rádio, o casamento com Walter Wanderley e principalmente fala de música, daquelas que ela gravou e de tantas outras que ela gostaria de ter gravado. O álbum é também uma oportunidade única onde ela pode realizar esse desejo de gravar suas canções prediletas. Musicalmente é um disco singelo, onde Isaura Garcia canta descompromissada, tendo apenas um violão por acompanhamento. O resultado desta gravação como disco ficou ótimo e é sem dúvida um depoimento histórico. Vale a pena dar uma conferida…
só louco
e o mundo não acabou
por causa de você
preciso aprender a ser só
não se esqueça de mim
falando sério
fênix
matriz ou filial
contrasenso
tenho que ir
se você visse
sufoco

Pascoal Meirelles – Considerações A Respeito (1981)

Bom dia, boa sexta-feira, meus prezados! Inicio esta postagem lembrando a todos, em especial àqueles que estão em Belo Horizonte, que amanhã dia 5 de dezembro e também no domingo, dia 6, haverá mais uma edição da Feira do Vinil e CDs Independentes, promovida pela Discoteca Pública. Desta vez o evento acontece no Centro Cultural do bairro Padre Eustáquio, em paralelo às comemorações ao primeiro aniversário do CCPE. Para quem não conhece, o Cento Cultural fica no antigo mercado do bairro Padre Eustáquio (a feira coberta), que fica na Rua Jacutinga 821. O evento acontecerá de 10 às 19 horas. Vai ser uma grande festa e uma ótima opção para o fim de semana. Desta vez a feira do vinil promete ser das melhores, com participação de colecionadores de vários lugares do Brasil. Chega essa época, muita gente quer comprar e vender discos. Taí uma boa oportunidade de adquirir um presente original de natal.

Hoje nossa postagem é dedicada aos independentes. Tenho aqui um disquinho bacana do baterista/percussionista mineiro Pascoal Meirelles. Lançado em 1981 pelo selo independente Moleque, “Considerações a respeito”, foi seu primeiro álbum solo. Um disco instrumental dos melhores, sortido de estrelas como o céu de uma noite de verão no interior de Minas. Não vou listar aqui todos os que participam do trabalho, mas só para se ter uma idéia, temos entre os mais conhecidos as figuras de Márcio Montarroyos, Leo Gandelman, Jota Moraes, Osmar Milito, Jamil Jones, Nivaldo Ornellas, Helvius Vilela, Marcos Resende e outros não menos importantes, todos músicos de primeiro time. A destacada presença de Paqualito se faz não apenas por ser seu álbum solo, mas também pelo fato de que todas as faixas são composições próprias, de sua autoria. O que dá ao trabalho um sentido musical ainda mais pessoal.
Pascoal Meirelles é um dos maiores instrumentista da música brasileira. Nos anos 60, ainda muito jovem, integrou o grupo de Paulo Moura. Acompanhou artistas como Chico Buarque, Elis Regina, Ivan Lins e Luiz Bonfá. Participou também de diversos discos de artistas como Tom Jobim, Gonzaguinha e Wagner Tiso. Nos anos 80 ele formou com Mauro Senise, Nelson Matta e Romero Lubambo o grupo instrumental Cama de Gato. Pasqualito é hoje considerado um dos maiores bateristas de jazz do Brasil. Professor, pesquisador e principalmente músico requisitadíssimo. As ‘consideações a respeito’ eu vou deixar para os meus amigos cultos e também ocultos. Fiquem a vontade para comentar… 😉
amanhã
valse
considerações a respeito
redenção
estudo nº 1 para flauta e percussão
dedicado a nivaldo ornellas