Maurilio E Seu Piston – Convite Para Dançar (1958)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Meio que em cima da hora, surgiu aí uma semana de folga. Imperdível e inadiável. Estou viajando amanhã para o Rio de Janeiro e mesmo com todas as facilidades para os 15 minutos dedicados às postagens diárias, não pretendo fazê-las pela semana. Vamos dar uma pausa, afinal eu também mereço, vocês não acham?

Para encerrar, aqui vai um disco que eu passei quase duas horas dando uma geral para então postá-lo para vocês. Depois de tudo pronto, agora há pouquinho, vi que o danado já estava em mais uns três blogs. E eu crente que estava trazendo alguma velha novidade. Bom, agora a coisa está feita. Só de preguiça ou pirraça não vou me estender falando do disco e artista.
Temos aqui o pistonista Maurílio Santos, mais um grande instrumentista brasileiro, totalmente esquecido. Maurílio tocou com as melhores e mais diversas orquestras e maestros brasileiros. Acompanhou muitos músicos, gravou também. Mas discos solos, que eu conheço é só este. Por sinal e aliás, o grande motivo da escolha deste disco é o gabarito do nosso músico e do repertório sortido, com samba, fox e beguine.
Vocês fiquem aí à vontade. Segurem as pontas que semana que vem eu estarei de volta. Té mais!
fantasia carioca
nêga manhosa
all the way
to each his own
reza por nosso amor
a fonte secou
concerto d’autunno
please
promessa
rosa maria
when i fall in love
le gondolier

Brazilian Beat – Uma Seleção Do Toque Musical (2012)

Olá amigos, boa noite! Sem muito tempo para me dedicar um pouco mais ao blog, continuo devendo aos solicitantes cultos e ocultos alguns ‘toques renovados’. Segura aí que logo vem… 🙂

Fiquei aqui envolvido com outras emoções, quase me esqueci que hoje era dia de coletâneas. Como não havia nada preparado, fiz às pressas esta coletânea com artistas internacionais apresentando a sempre boa e velha Bossa Nova. Aliás, não é exatamente a Bossa, mas sim o espírito dela. Temos aqui vinte músicas que eu escolhi a dedo. Um seleção ótima para todos os momentos. Música para quem escuta com outros olhos. O encarte não ficou bem como eu queria, mas tá valendo. Não vou nem comentar nada, deixando que os amigos mesmo o façam. Hoje é sábado e eu estou louco para tomar um vinho. Vou nessa porque Baco me espera 😉 Fiquem a vontade 🙂
deve ser amor – herbie mann
a felicidade – bob brookmeyer
recado bossa nova – enoch light and the light brigade
copacabana – klaus doldinger quartet
desafinado – coleman hawkins
bossa nova – michel gonet
nana – cesar’s salad*
menina feia – herbie mann
meditation – elsie bianchi
samba de orfeu – enoch light and the light brigade
once again – stan getz and laurindo almeida
bossa nova u.s.a. – quincy jones
adeus pássaro preto – paul winter
manhã de carnaval – arthur lyman
tu veux ou yu veux pas – marcel zanin
vocal inventions – janko nilovic
triste – oscar peterson trio
useless landscape(inúltil paisagem) – ella fitzgerald
wave – art van damme

Cora Coralina (1989)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Depois da SOPA e outras ‘canjas frias’, muita gente por aqui parece que ficou ainda mais oculta. Seria bom se ficassem também cultas, hehehe… brincadeirinha. Até o momento a liberdade está prevalecendo 😉

Hoje eu fiquei na dúvida sem saber o que iria postar. Na incerteza de um independente musical, me lembrei deste disco de poesia de Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas, aliás, Cora Coralina. Um escritora que se tornou mais conhecida do público a partir dos anos 80, quando sua obra passa a ser editada e divulgada através de outras mídias. Este álbum, por exemplo, foi lançado alguns anos após a sua morte. Uma produção independente realizada pelo Instituto Alberione (COMEP). O álbum, uma singela homenagem, trás 13 poemas da escritora, alguns declamados por ela mesma, outros pelo ator Hilton Viana e pela filha de Cora, Vicência Brêtas Tahan. A trilha sonora é de Eduardo Assad. Este lp, me parece, chegou a ser reeditado em CD pela Edições Paulinas, mas é difícil de encontrar. Para garantir, vamos pelo menos conhecer o conteúdo.
minha cidade – cora coralina
oração de aninha – hilton viana
oração do milho – cora coralina
estas mãso – vicência brêtas tahan
barco sem rumo – hilton viana
traço de união – vicência brêtas tahan
velho sobrado – cora coralina
humildade – hilton viana
das pedras – hilton viana
o cântico da terra – hilton viana
todas as vidas – vicência brêtas tahan
poema do milho – vicência brêtas tahan
meu epitáfio – vicência brêtas tahan

Expósito E Sua Orquestra – Bossa Wih A Beat (1963)

Como disse, na sequencia vai mais um. E este aqui, entre os demais, é de arrepiar. Um delícia para quem gosta de jazz e de bossa. Um álbum todo dedicado à Bossa Nova, que em 1963 era o ‘ó do borogodó’. No texto da contracapa, embora vocês não consigam por aqui ler direito, fala dessa nova música, de como ela surgiu e como se tornou um sucesso. Este álbum procura explorar a bossa, dando a ela o ‘beat’ de uma grande orquestra de jazz. Um trabalho direcionado ao gosto um público internacional. Taí, mais um imperdível!

garota de ipanema
berimbau
preciso aprender a ser só
só danço samba
insensatez
garota moderna
samba de verão
das rosas
samba em prelúdio
rio
meditação
só tinha de ser com você

Expósito E Sua Orquestra – Novo Encontro Com Expósito E Sua Orquestra (1965)

Olá amigos, boa noite! Fiquei as duas últimas horas vendo e revendo clips do Jimi Hendrix no Youtube. Poxa, como eu gosto disso… de Hendrix, claro, e de todo aquele clima de anos 60… putz, era bom demais!

Bom, mas eu nem sei porque eu estava falando disso. O papo aqui é outro… é música dos anos 60 também, mas para ser ouvida com outros olhos, pelo menos para mim 🙂
Tenho aqui mais um disco de “Expósito e Sua Orquestra“. Coloquei entre aspas para chamar bem a atenção para este nome. Alguém aí conhece o Expósito? Pergunto, não através de seus discos, mas a pessoa em si. Eu não conheço e nem conheço alguém que conheça, hehehe… Meu grande companheiro, o Google também não sabe nada. Até mesmo o nosso amigo culto, Samuel, também não faz a mínima ideia. Como ele, eu suponho que foi mais um nome fantasia, algo parecido com Os Românticos de Cuba, Bob Fleming e tantas outras estampas e codinomes. Expósito e Sua Orquestra tiveram, talvez, uns 10 discos lançados pela RCA Victor durante os anos 60. É sempre bom lembrar a qualidade com que esses discos eram produzidos. Todos em estéreo daqueles feitos para serem notados. As capas, sempre trazendo a sensualidade feminina. Parece até disco feito só prá homens. Se eram os mesmos músicos durante toda a jornada de existência do Expósito, isso eu não sei. Mas fica bem evidente a batida jazzística em todos os seus discos, pelo menos os que eu conheço.
Neste álbum, “Novo Encontro”, temos um repertório estratégico, posso dizer assim. Há aqui doze músicas sortidas, sucessos daquela década, de Bossa à Jovem Guarda, do Jazz americano ao cinema europeu. Feito para agradar em cheio. E acho que agrada ainda mais, passados os seus quase 50 anos. O Samuel, com certeza vai gostar de ouvir de novo este disco, não é mesmo, meu amigo?
Eu havia pensado em postar amanhã outro disco do Expósito e Sua Orquestra, mas agora me lembrei que é sexta feira, dia de disco independente. Assim sendo, a seguir, vai mais um, ainda melhor que este (para o meu gosto, claro!).
preciso aprender a ser só
red roses for a blue lady
não quero ver você triste assim
sometimes on friday
walk away
se piangi, se ridi
ma vie
yo che non vivo (senza te)
garota morderna
que c’est triste venise
ciminciamo ad amarci
elle etait si jolie

Milton Nascimento, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Stanley Clarke & Robertinho Silva – Select Live Special Session (2012)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Olha aí que belo toque musical eu tenho hoje para vocês. Por esta ninguém esperava (e nem eu!). Mais um presentinho do nosso amigo Chris Rousseau, o qual ele foi buscar na mesma ‘fonte sueca’ de onde veio o polêmico “João Gilberto na casa de Chico Pereira”. Chegou ainda nesta semana e eu, logo de cara, fui ouvir. Que maravilha, nem sabia dessas travessuras do Bituca. Acredito que para a maioria também deve ser novidade essa gravação, que traz o encontro de Milton Nascimento com três feras do jazz americano, os conceituadíssimos Herbie Hancock, Stanley Clarke e Wayne Shorter. Esse momento glorioso aconteceu há mais de 20 anos atrás em um megashow em Tokyo, Japão. Pelo pouco de informações que eu encontrei na rede, trata-se de um festival, o “Live Under The Sky Festival”, onde se apresentaram, além dos já citados, outros grandes, como Marcus Miller, Omar Hakim, Joe Sample, Everette Harp & La La Hathaway e Orchestre Nacional de Jazz.

Encontrei um site inglês vendendo o DVD com o Festival completo. Nele podemos ler a lista de artistas e as músicas executadas por cada um. Infelizmente só fui perceber isso depois que criei o encarte exclusivo para a postagem. Ao que parece, apenas nas músicas “Don Quixote” e “Milagre dos Peixes” há a participação dos astros internacionais ao lado de Milton. Porém, nas demais músicas percebemos a presença de teclados, cordas e sopros, que eu acho serem os gringos. Não posso também deixar de citar outra fera, o baterista Robertinho Silva, presente em todas as músicas do show. Embora tenhamos a participação estrelar dos músicos estrangeiros, podemos dizer que se isso fosse um disco, seria mesmo do Bituca, afinal, todas as músicas são do seu repertório, que por sinal ficaram ótimas! Vamos conferir?
txai
yauaretê
nós
coisas da vida
bola de meia, bola de gude
no bailes da vida
das sombras
milagre dos peixes
don quixote
parte final – apresentação – instrumental
milagre dos peixes (bonus)

Armando’s Trio – Som De Boate Vol. 2 (1970)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Metendo a mão no gavetão virtual, tirei por sorteio o disco de hoje. Temos aqui mais um disco do Armando de Souza Lima, mais conhecido como ‘Armando do Solovox’. Este é mais um de seus discos prometidos, que eu vivo ensaiando em postá-lo, mas nunca o fiz. “Som de Boate” saiu pela Odeon, através de seu selo Imperial. Aliás, este foi o segundo volume, mas com eu já comecei na desordem, o primeiro fica para uma próxima oportunidade. Eu já falei aqui sobre o Armando do Solovox, por sinal, a única informação relevante sobre esse compositor e instrumentista está nas páginas do Toque Musical. Ele veio do Amazonas, se firmou como músico no Rio de Janeiro, na década de 50. Gravou vários discos, inclusive de 78 rpm. Como eu já disse, o seu grande diferencial era o Solovox, um pequeno teclado, inventado nos anos 40 por um engenheiro da Hammond, que era acoplado ao piano ou orgão. Armando era conhecido como o “Rei do Solovox”. Nos anos 60 ele tocava muito em casas noturnas, boates e restaurantes, e seu som era ideal para esses lugares. O piano e o solovox juntos tocavam ao fundo, suavemente, transformando o falatório e o barulhinho de louças e talheres numa espécie de ‘sinfonia ambiente’. Acho que é daí que vem aquela de “música ambiente”. Sem dúvida, sua música era também ótima para se ouvir no elevador ou em grandes magazines, coisa que hoje em dia não se ouve mais.

“Som de Boate” reflete bem esse seu momento tocando em casas noturnas. No repertório cabia de tudo, mas principalmente temas consagrados, que ganhavam aqui uma interpretação singular, principalmente com o tal tecladinho. Neste segundo volume, que é quase uma continuação do primeiro, temos uma seleção musical onde predomina os temas internacionais, sucessos daqueles momentos. Mas cabe também o autoral e o samba. Há inclusive uma faixa de ‘pot pourri’ com os sambas: “Vem chegando a madrugada”, de Noel Rosa de Oliveira e Adil de Paula; “Atira a primeira pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago e “Tristeza”, de Haroldo Lobo e Miltinho. Pessoalmente eu gosto e destacaria outra mistura, a faixa 2 do lado B, temos nessa a deliciosa “Mah-ná, mah-ná”, do genial compositor italiano Piero Umiliani; “Palmas no samba”, de autoria do próprio Armando e “O conde”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim. E tem mais… Vale dar uma conferida!
you’ve got your troubles
parole
misty
vem chegando a madrugada
atira a primeira pedra
tristeza
gorgeio
hey jude
mah-ná, mah-ná
palmas no samba
o conde
somewhere my love
love is all
i started a joke
it hurts to say goodbye

Trigêmeos Vocalistas, Vocalistas Modernos, Zé Fidelis, Zé Gonzaga, Jorge Loredo – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 08 (2012)

Rir é o melhor remédio. E é o bom humor que marca a seleção desta oitava edição do Grand Record Brazil, apresentando dez fonogramas raros e, claro, bem alto astral.

Para começar, temos os Trigêmeos Vocalistas, um trio que era formado por três irmãos: Armando Carezzato, o mais velho, e os gêmeos Raul e Humberto, três anos mais novos (originalmente o nome do grupo era Trio Carezzato). Eles aqui comparecem com duas gravações Odeon: o corrido em estilo mexicano “Don Pedrito”, de Djalma Esteves (autor de rumbas como “Escandalosa”) e Célio Monteiro, gravação de 12 de maio de 1949, matriz 8491, lançada só em novembro seguinte com o nº 12958-A, matriz 8491, e o fox “Eu vou sapatear”, de Nicola Bruni, gravado em 29 de setembro de 1949 mas só lançado em maio de 1950 com o nº 12997-B, matriz 8558.
Outro grupo vocal dessa mesma época aqui comparece: os Vocalistas Tropicais. Formado na capital cearense, Fortaleza, em 1941, teve diversos componentes e, em 1946, surgiu a formação definitiva: Nilo Xavier da Motta (líder, violonista e arranjador), Raimundo Evandro Jataí de Souza (vocal, viola americana e arranjos), Artur Oliveira (percussão e vocal), Danúbio Barbosa Lima (percussão), estes quatro cearenses, e o pernambucano do Recife Arlindo Borges (violão e vocal solo). Eles aqui comparecem com dois grandes sucessos carnavalescos gravados na Odeon: as marchinhas “Jacarepaguá”, que cita no estribilho a rumba “El cumbanchero”, da folia de 1949, gravada em 21 de outubro de 48 e lançada um mês antes da folia em janeiro (12893-A, matriz 8427) e “Tomara que chova”, crítica à crônica falta d’água que acontecia no Rio de Janeiro na época, para os festejos momescos de 1951. Este é o registro original, datado de 6 de setembro de 1950 e lançado ainda em dezembro daquele ano com o nº 13066-A, matriz 8792. Pois, como se sabe, Emilinha Borba fez outra gravação, em outubro de 50, perla Continental, creio que a mais lembrada. Ambas as composições são de Paquito e Romeu Gentil, com o reforço de Marino Pinto em “Jacarepaguá”.
O comediante carioca Jorge Loredo também aqui comparece com o disco Columbia 3129, lançado em agosto de 1960. No lado A, matriz CBO-2424, ele aparece na pele de seu mais famoso personagem, Zé Bonitinho, “o perigote das mulheres”, surgido naquele mesmo ano no programa “Noites cariocas”, da extinta TV Rio. É uma composição de Fernando César (autor também de hits como “Dó-ré-mi” e “Joga a rede no mar”) e do maestro e pianista gaúcho João Leal Brito, o Britinho, que também acompanha o comediante com sua orquestra neste disco, que se completa com “Nobre colega”, de Édison Borges, matriz CBO-2425.
Outro comediante que marcou época bate ponto aqui no GRB 8: o “inimigo número um da tristeza”, Zé Fidélis (São Paulo, 1910-idem, 1985), um dos pioneiros do humor no rádio brasileiro e que, embora fizesse de papel de português, era descendente de italianos (!), tanto que sue nome verdadeiro era Gino Cortopassi. Famoso por suas paródias, ele aqui comparece com a da valsa “Alza, Manolita”, do provavelmente francês Léo Daniderff, e então sucesso na versão brasileira de Eduardo das Neves cantada por Osny Silva. Originalmente, “Manuelita” saiu pela Columbia, em junho de 1943, com o nº 55438, matrizes 10146-A/B, ocupando os dois lados do 78. Naquele ano, porém, a Byington & Cia. perdeu a representação da Columbia americana para a Odeon, e, em seu lugar, surgiu a marca Continental. Para marcar o início das atividades da nova marca, foram relançados cem discos da antiga Columbia, entre eles “Manuelita”, que voltou às lojas com o nº 15046.
Finalmente, temos Zé Gonzaga (José Januário Gonzaga do Nascimento, Exu, PE, 1921-Rio de Janeiro, 2002), que, como você já percebeu, era irmão de Luiz Gonzaga e também sanfoneiro. Ele inclusive se apresentou no exterior, substituindo o irmão famoso em uma excursão pela França, promovida pelo empresário de comunicação Assis Chateaubriand, em 1952, atuando também no Uruguai e na Argentina. Zé aqui está com um disco Copacabana de 1956, de nº 5601, sem indicação exata de mês de lançamento. No lado A, matriz M-1556, uma composição dele próprio com Amorim Roxo, o xote “O cheiro da Carolina”, uma coqueluche na época, também gravado por Carlos Antunes e pelo próprio irmão famoso, o Gonzagão (talvez o registro de maior sucesso entre os três). No verso, matriz M-1557, vem o “Xote da vovó”, também do próprio Zé Gonzaga com Nelinho, um solo de sanfona “bão da mulésta”, sô! E que encerra esta bem humorada seleção do GRB 8, com a qual você poderá desfrutar de agradáveis momentos de descontração e alegria. Bom divertimento!
* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

manuelita (parte 1) – zé fidelis
manuelita (parte 2) – zé fidelis
o cheiro da carolina – zé gonzaga
xote da vovó – zé gonzaga
nober colega – jorge loredo
zé bonitinho – jorge loredo
dom pedrito – trigemeos vocalistas
eu vou sapatear – trigemeos vocalistas
tomara que chova – vocalistas tropicais
jacarepaguá – vocalistas tropicais

Renato E Seus Blue Caps (1963)

Boa noite a todos! Estive ouvido hoje alguns discos da Jovem Guarda e entre eles este álbum do Renato e Seus Bule Caps. Taí um disco que eu nunca cheguei a ouvir todo, hoje foi a primeira vez. Me chamou a atenção porque nele aparece o Erasmo Carlos, tinha que ouvir.

O conjunto Renato e Seus Blue Caps surgiu no início dos anos 60, criado pelos irmão Renato, Paulo Cezar e Edson, que logo partiria para carreira solo, se transformando em “Ed Wilson”. Gravaram alguns 78 rpm, ainda naquela de ‘a la Gene Vincent’, fazendo um autêntico rock’n’roll, ou ‘twist’ , como se dizia na época. Se não me engano, acho que foi o Carlos Imperial quem ‘apadrinhou’ o conjunto. Neste lp de 1963 os “Blue Caps” aparecem com uma nova formação, entram Eramo Carlos como guitarista e cantor e também o saxofonista Roberto Simonal, irmão do Wilson Simonal. A capa é horrorosa, mas o disco é muito bom, estou gostando 🙂
Estou vendo aqui que este álbum foi relançado nos anos 80 e depois novamente, ganhando a sua versão cd nos anos 2000. Saiu numa série 2 em 1 com outra raridade, o primeiro álbum, “Twist”.
Estou vendo também que eu tenho este cd. Olha só… e nunca ouvi, nem lembrava que tinha.
Só eu mesmo, hehehe…
limbo rock
walking my baby back home
estrelinha
o lobo mau
comanche
boogie do bebê
ford de bigode
what’d i say
relax
stand up

Top 19 Da Música Mineira Em 2011 (2012)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Chegamos ao nosso sábado de coletâneas. Hoje temos uma seleção de um convidado, o promotor cultural Edu Pampani, da Discoteca Pública. Edu é um dos mais importantes colecionadores de vinil do Brasil e também um incansável divulgador de cds e artistas independentes. Ele criou uma seleção com 19 músicas (não me pergunte o porquê), extraídas de diversos cds lançados no ano passado, os quais ele divulga e ajuda a vender. Segundo ele, a coletânea contempla os artistas ‘mais chegados’, amigos com quem ele sempre troca figurinhas e aquilo que ele considera ter sido o mais expressivo da cena ‘pop-uai’ (o pop-uai é por minha conta). Em seu site, a Loja da Música Que Vem De Minas, vocês poderão encontrar os cds desses artistas e outros mais, para a venda, claro! Mas vale a pena. Tem muita coisa boa e interessante que a gente não vê por aí.

Como vocês, eu também estou conhecendo agora muita coisa do que rola aqui. Assim sendo, vamos ouvir, depois a gente comenta, ok?
emoções contemporâneas – andré limão queiroz
sambar pra que – black sonora
santos e luz – capim seco
obikawa – déa trancoso
menino – diapasão
samba da mamãe – esdra(nenem) ferreira
o lobo do joão – ezequiel lima
sai fora – flavio renegado
babilonia 336 – garbo
lindo toque – graveola e o lixo polifônico
o poder da palavra – julgamento
fio desencapado – juliana perdigão
esperando a chuva – marcos frederico
perereca de pijama – músicas do espinhaço
desejo de flor – patricia ahmaral
artimanhas – patricia lobato
qualquer palavra – rodrigo borges
ibiza – the hell’s kitchen project
vazio – transmissor

Carlos Lucena – Raízes Do Franco (1982)

Boa noite amigos cultos e ocultos! Mais uma vez, eu cheguei já no final da festa. Mesmo assim ainda há tempo de deixar aqui o meu toque musical do dia. E quem vai nos salvar é o músico mineiro, Carlos Lucena. Eu já havia postado dele um outro disco, na verdade seu segundo álbum, também independente. Agora eu volto com ele em seu primeiro disco, gravado em 1982, em São Paulo. Nesta época, Cacá morava em Sampa, tocando na noite. Um artista então com seus 18 anos, tentando mostrar o seu trabalho. Gravou este álbum, sendo todas as músicas autorais. Seu canto e a sua música trazem muito as características da música mineira. Logo nos primeiros acordes a gente sente isso.

Vou deixar vocês conferindo aí.. Vou tomar um banho e cair na cama. Amanhã o dia promete…
meu cantar
oscilações da vida
doce liberdade
vida par que te quero
raizes do franco
viventes
brisa aos homens
nosso chão
compromisso com o sol

Trio Irakitan – Três Vozes Que Encantam (1955)

Boa tarde, quase noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Eu havia planejado para hoje um disquinho bacana, “Gadê E Walfrido Silva – Gafieira – 1956”, para a nossa postagem de hoje, mas percebi logo a tempo que era um álbum da Musidisc. Embora seja um dos primeiros lançamentos do selo do Nilo Sérgio e que certamente nunca mais será relançado, achei melhor não publicá-lo no Toque Musical. Não sei se vocês já perceberam, mas eu não posto mais discos desse selo. Os que estão no blog ficaram apenas para compor a sequência e com os REPOSTs, também não trazem links para download. São limitados ao nosso GTM (Grupo de discussão do Toque Musical), apenas para quem faz parte desse seleto grupo.

Para compensar a falta de uma raridade, eu trouxe outra. Temos aqui o Trio Irakitan, em seu primeiro álbum de 10 polegadas, lançado em 1955 pelo selo Odeon. Este foi o disco de estréia de um trio que merecidamente conquistou seu espaço na história a música popular. O repertório procura demonstrar exatamente o potencial do trio, músicas variadas que vão de samba à bolero, de valsa à baião.
Faço uma observação quanto à qualidade da gravação. Infelizmente este era um disco que estava bem surrado. Passei um bom tempo dando uma geral no som, mas ainda assim não ficou lá grande coisa. Vale mais para conhecer e ouvir com outros olhos.
ave maria do morro
sinceridad
a velha das ervas bentas
os quindins da yaya
valsa de uma cidade
segredo
te sigo esperando
sina de cangaceiro

Raul De Barros – Ginga De Gafieira (1958)

Olá, amigos cultos e ocultos! Tem dias em que a gente fica num desânimo que não dá nem vontade de levantar da cama. Essa etapa eu até consegui vencer, mas sinceramente, estou me arrastando para fazer qualquer outra coisa, inclusive a postagem de hoje. Mesmo assim, vamos a ela, um ‘disco de gaveta’ para não dar muito trabalho.

Tenho para vocês o lp “Ginga de Gafieira”, do grande trombonista Raul de Barros, um nome que dispensa maiores comentários. Este lp, é outro, já bem tocado em diversos blogs, mas que eu faço questão de também apresentá-lo no Toque Musical. Lançado originalmente em 1958, este álbum traz um autêntico repertório de sambas que o Raul tocava com seu grupo nas gafieiras do Rio. É um tipo de música que sempre esteve em voga, tanto assim que chegou a ser relançado pela Odeon nos anos 70, através de seu selo Imperial, em 80 pelo selo Jangada e em 90 saiu também em cd, pela Kuarup. Como se pode ver, o que temos aqui é o 3.0, com uma capa que seria a mesma usada na versão cd. Acredito que a capa original, de 58 (que ninguém tem e ninguém viu) seja a mesma que vemos aqui…
Desculpem, mas hoje está ‘druris’, como dizia um amigo meu. Tá difícil… vou voltar pra cama ou afundar no sofá fingindo assistir a Sessão da Tarde.
amigo velho
cidade maravilhosa
arrasta a sandália
jogadinho
trombone travesso
colher de chá
gosto que me enrosco
pé de chumbo
se acaso você chegasse
ginga de gafieira
neptuno
pau de burro

Astor Silva E Oswaldo Borba – Metais Em Brasa No Samba (1962)

Olá amigos cultos e ocultos! Demorei, mas cheguei… Cheguei mas já estou saindo. Vim apenas bater o ponto e correr para um outro. Estou trazendo para a nossa postagem um disco bem bacana, que agrada logo de primeira. “Metais em Brasa no Samba” foi uma produção da Companhia Brasileira de Discos, através de seu recém inaugurado selo Philips. A gravadora lançou este disco se aproveitando do ‘gancho’ de sucesso de uma série internacional, lançada originalmente pela orquestra do americano Henry Jerome. Segundo informações que colhi em uma comunidade no Orkut, Henry Jerome realmente existiu. (E eu que pensava que fosse esse mais uma criação da indústria fonográfica ou um pseudônimo para álbuns de orquestras que tocavam temas populares de sucesso). Henry Jerome, com sua orquestra de metais fez história, pelo menos em discos. Lançou diversos álbuns mundo a fora, intitulados “Metais em Brasa”. O sucesso da fórmula foi tamanho que chegou a ser copiado, utilizando inclusive no termo.

Foi pegando essa carona que a CBD/Philips lançou o seu “Metais em Brasa no Samba”, uma produção que contou com a orquestra de Oswaldo Borba e arranjos de Astor Silva. Aqui encontraremos um repertório de sambas clássicos, como por exemplo os de Dorival Caymmi e também o, então samba novo, que surgia através de Antonio Carlos Jobim e outros da turma da Bossa Nova. O disco fez muito sucesso com certeza, a ponto da gravadora no ano seguinte lançar outro, o “Metais em Brasa na Bossa Nova“, álbum, este, já postado aqui. Não deixem de conferir!
samba de uma nota só
brasiliana nº1
chega de saudade
arrasta a sandália
chora tua tristeza
o que que a baiana tem
samba da minha terra
palhaçada
minha palhoça
a felicidade
menina moça
maracangalha

Carmélia Alves, Marlene, Violeta Cavalcante, Zezé Gonzaga E Zilah Fonseca – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 07 (2012)


Amigos cultos e ocultos, já chegamos à sétima edição do Grand Record Brasil. Sete, dizem, é conta de mentiroso, mas a diversão que você vai ter aqui é cem por cento verdadeira! Aqui focalizamos cinco das mais importantes cantoras brasileiras, em fonogramas raros e autênticos itens de colecionador.

Para início de conversa, aqui está Carmélia Alves, a “rainha do baião”. Nascida na Quarta-Feira de Cinzas de 1923 (14 de fevereiro), estreou em disco na Victor, em 1943, interpretando “Deixei de sofrer” (Popeye do Pandeiro e Dino Sete Cordas) e “Quem dorme no ponto é chofer” (Assis Valente), sendo que a própria Carmélia pagou os custos de gravação e prensagem (quatrocentos mil-réis!). O disco fez sucesso, mas Carmélia só voltaria às gravações em 1949, através da Continental. É dessa fase o disco que apresentamos aqui, de número 16413, lançado entre julho e setembro de 1951. “No mundo do baião” é um delicioso popurri que ocupa os dois lados do disco (matrizes 2607-08), no qual foram inseridas músicas dos mais variados autores desse gênero. No lado A, apenas músicas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, tipo “Asa branca“ e “Paraíba”, e no verso composições de outros autores que se dedicaram ao baião: Hervê Cordovil, Mário Vieira, e Braguinha, o “João de Barro”. Tudo com o reforço do grande acordeonista Sivuca e de seu conjunto. Outra cantora aqui apresentada também era de baião: a paulistana Vitótia de Martino Bonaiutti, aliás Marlene, tida como rival de Emilinha Borba, mas na realidade ambas eram muito, muito amigas (não é de hoje que tem marqueteiro, não é mesmo?).E eis Marlene interpretando um baião do mestre Haroldo Lobo em parceria com Rômulo Paes: a “Canção das noivas”, disco Continental 16556-B, lançado em maio-junho de 1952, matriz C-2843. Em seguida encontramos a amazonense (de Manaus) Violeta Cavalcante. E desta vez em clima de carnaval, apresentando duas músicas para a folia de 1955. Gravado na Odeon em 28 de setembro de 1954, com lançamento ainda em dezembro sob número 13741, o disco traz no lado A, matriz 10309, a “Marcha do cacoete”, de Paulo Menezes e Mílton Legey, e no verso, matriz 10308, o samba “Madrugada”, que tem como parceira a“pianeira” Carolina Cardoso de Menezes, uma das melhores que o Brasil já teve, conhecida por seu jeito brasileiríssimo de dedilhar as notas do piano, e que assina a música ao lado de Jota Leite e Orlando Reis. Bem apropriado para estes dias pré-carnavalescos atuais… Zezé Gonzaga, que já havia aparecido anteriormente na coletânea de Natal do GRB (e com uma faixa de fins de 1951 que também aqui aparece, “Um sonho que sonhei”, Sinter 10.00.114-B,matriz S-245) agora volta com dois discos, aliás dois e meio: o Sinter 265, lançado em setembro de 1953,trazendo no lado A, matriz S-575, um baião muito conhecido de Miguel Gustavo: “É sempre o papai”. Naquele ano, inclusive, o Dia dos Pais foi instituído no Brasil por iniciativa do jornal carioca “O Globo”, visando atrair anunciantes do comércio (em São Paulo só chegaria dois anos mais tarde). “É sempre o papai” foi também gravado por Marlene e Jorge Veiga. O lado B, na verdade, é um relançamento, pois originalmente foi o lado A do 78 de “Um sonho que sonhei”, matriz S-244, de 1951. E a “Valsa de aniversário”, composta por Joubert de Carvalho. Autor de clássicos da MPB como “Taí”, “De papo pro á” e “Minha casa”. Prudentemente, o selo do original de 51 está aqui reproduzido. O outro disco de Zezé aqui apresentado é o Columbia (hoje Sony Music) CB-10273,lançado em agosto de 1956. No lado A, matriz CBO-777, a versão do radialista paulista (de Sorocaba) Júlio Nagib para o beguine italiano “Arrivederci, Roma”, grande hit de Teddy Reno naquele ano. Esta mesma versão foi gravada também por Rogéria (seria o famoso travesti?), Neuza Maria e Wilson Roberto. No verso do disco, matriz CBO-778, uma simpaticíssima toada de Bruno Marnet, “Moreno que desejo”, em ambas as faces acompanhada de conjunto e coro. Finalmente, vem à nossa lembrança o nome de Zilah Fonseca (Yolanda Ribeiro Angarano, São Paulo, 1929-Rio de Janeiro, 1992). Ela aqui comparece, assim como Violeta Cavalcanti, em clima bem carnavalesco, através de um disco que lançou pela Columbia, mais tarde Continental, em janeiro de 1940, número 55197, com duas marchinhas para a folia daquele ano: o lado A, matriz 3776, tem “Pulga maldita”, de Francisco Malfitano sobre tema popular. No verso, matriz 3777, “Pigmalião”, também de Francisco Malfitano em parceria com Eratóstenes Frazão (pra quem não sabe, ele também é co-autor do clássico carnavalesco “Cordão dos puxa-saco”).Este, portanto, é o sétimo e feminino volume do GRB, que certamente irá proporcionar agradáveis momentos de recordação e entretenimento. Divirtam-se!
 
marcha do cacoete – violeta cavalcante
madrugada – violeta cavalcante
é sempre o papai – zezé gonzaga
festa de aniversário – zezé gonzaga
um sonho que eu sonhei – zezé gonzaga
moreno que desejo – zezé gonzaga
arrivederci roma – zezé gonzaga
pulga maldita – zilah fonseca
pigmalião – zilah fonseca
canção das noivas – marlene
no mundo do baião I – carmélia alves e sivuca
no mundo do baião II – carmélia alves e sivuca
 
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Dilermando Reis (1969)

Olá, amigos cultos e ocultos! A partir deste ano começarei a incluir na postagem, além da ilustração da capa, a contracapa também. Acredito que assim, a postagem ficará mais completa, muitas vezes complementando as informações de apresentação do disco. Eu já devia ter tomado essa decisão logo que iniciei o blog. Mas, como toda a ‘construção’, é ao longo do tempo que os detalhes vão se definindo. Na medida do possível, também irei renovando as antigas postagens, incluindo assim as suas contracapas.

Como vemos, aqui está o Dilermando Reis em mais uma postagem de primeira mão. Temos neste álbum, lançado em 1969 pela Continental, um repertório quase todo autoral. Mas também há espaço para Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Ernesto Nazareth e outros. Entre tantas faixas interessantes, “Sobradinho” é uma música que sempre me chamou a atenção. Acredito que no momento da criação, Dilermando estava com outro maxixe famoso na cabeça, o dificílimo “Sons de carrilhões”, de João Pernambuco. Reparem como as duas músicas trazem algo em comum
além do virtuosismo e beleza. Disção, podem conferir… 😉
ondas do danúbio
polquinha do zé
coração que sente
contra tempo
tardes em lindoia
aquela saudade
rosa
sobradinho
pituchinha
machucando
choro pra claudinha
rosas de outono

Banana Jazz – Brazilian Music – Seleção Exclusiva Do Toque Musical (2012)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Enquanto a chuva despenca lá fora, eu aqui dentro quero mais é ficar no chocolate, ‘pianinho’ dentro de casa, ouvindo uma boa música. Só não vou tomar um vinho porque estou no remédio, tentando curar a minha costocondrite, também conhecida como reumatismo e ainda, doença de véio, hehehe… Só rindo para não chorar, o bicho está mesmo me pegando. Diante ao quadro, quase clínico, só me restou pegar de leve, não fazer esforço e relaxar. Tô seguindo as recomendações médicas. Música boa é um santo remédio. E foi isso que eu fiz.

Selecionei quatorze artistas interpretando um repertório fino da MPB, músicas em sua maioria ‘hits’ da Bossa Nova. Modéstia a parte, ficou mesmo uma coletânea simples, mas muito boa, que agrada sem fazer força. Como vocês podem ver logo a baixo, trata-se de um time de craques, inclusive alguns já visto aqui no Toque Musical, em outras coletâneas. Dei a essa coletânea o nome de “Banana Jazz”. Vocês também não acham sugestivo?

Low-Fi – Ready for Rock (2011)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Chegamos à primeira sexta feira de 2012, mantendo a programação de postagem para os artistas e discos independentes. Como a cada dia, mais artistas e discos buscam o caminho alternativo e independente para lançarem seus trabalhos, convém mantermos aqui um dia exclusivo para isso.

No final do ano passado eu fui assistir ao show de lançamento do primeiro disco da banda mineira Low-Fi, no 104, lá na Praça da Estação. Eu já conhecia um pouco o trabalho de alguns dos integrantes, como o do Elinho, saxofonista e principal vocalista da banda e o baixista Rafael Pimenta, integrante dO Grande Ah!, outra banda mineira, que teve um merecido destaque nos anos 80 e 90. No show, inclusive, participaram da canja outros músicos dO Grande Ah!. Foi mesmo uma festa aquela noite. Eu gostei da apresentação dos caras, o que me incomodou foi o barulhinho de copos, louças e talheres, gente falando. Coisas que ao me ver comprometeram a apresentação, além da própria acústica do local que não favorecia em nada. Tentei não levar isso em conta, considerando também que aquela apresentação, em um Café, tinha um caráter mais ‘familiar’. Ali só tinha mesmo os amigos, parceiros e parentes. Estavam todos em festa. No geral, foi bacana, mas acho que os caras deveriam levar esse trabalho para um palco e público maior. São todos músicos super competentes e experientes, além de uma boa presença de palco. Quem é de Belô deve se lembrar de bandas como Gadernais, Nest, Freak Brothers e Divergência Socialista. Esta turma do Low-Fi vem daí. Classificar a banda é uma coisa meio difícil para mim, mas a sua essência é o velho e bom rock’n’roll. Podemos dizer que é uma banda de rock, mas trazem o ‘quê’ de sofisticação ao incorporarem o sax alto, de uma forma que muito me lembra a impecável e saudosa banda americana Morphine. Mas, não se enganem, o Low-Fi tem também outras influências que vai do blues à mpb. No álbum de estréia iremos encontrar um repertório bem interessante, que tem além de composições próprias, outras como a releitura de “O filho predileto de Rajneesh”, do memorável Sexo Explícito, gravada também pelo Pato Fu. “Negue”, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida, também é outra, um clássico romântico eternizado na voz de Nelson Gonçalves, adquire aqui uma roupagem quase jocosa, acelerada, que ao meu ver (e ouvir), serviu mais como estrutura para uma ‘jam session’ do que propriamente uma interpretação apaixonada. Morri de ri ao ver no show algumas pessoas mais velhas tentando acompanhar cantando aquela música, num arranjo que faria o Metralha cuspir fogo, hehehe… Acho que é exatamente isso que me agrada e faz o diferencial da banda. No cd, a produção contou também com participações especiais como as de Paulinho da Costa, trompetista no Skank; Gabriel Guedes, músico super talentoso, filho do Beto; o guitarrista francês Allain Sarragose; Leo Lima; Deco Lima e Marcos Pimenta (O Grande Ah!). Vamos conferir?
ready for love
seu segredo
no crime
to die for
belém-belém
negue
o filho predileto de rajneesh
sinceramente
i’m sure
divertir
i’m worried
nada (bonus)

Cesar Mariano & Cia. – São Paulo Brasil (1977)

Boa tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje, logo cedo, escutei uma música vinda de um dos apartamentos do prédio onde moro. Estava alto o som e eu só não fui lá reclamar porque a música era boa, um instrumental que eu logo identifiquei. Era o Cesar Camargo Mariano. Peraí, pensei comigo, eu tenho esse disco! Achei até que já o tivesse postado no blog, mas verifiquei que não. Taí uma boa hora para fazê-lo. É um dos discos de música instrumental que eu mais gosto. É ousado, competente e de altíssima qualidade. Para mim, se iguala ou supera aos melhores do ‘fusion’ internacional. Quer dizer, ‘fusion’ no sentido mais amplo do termo. Foi o segundo disco solo de Cesar Mariano, ou Cesar Camargo Mariano. Um trabalho inspiradíssimo que projeta em nossas mentes as diversas facetas de Sampa. Uma homenagem e tanto! Mas este disco não seria o que é se não tivesse o Cesar Camargo acompanhado pelas feras, Crispim Del Cistia, Natan Marques, Wilson Gomes e Eduardo Portes. Os caras juntos formam uma química muito boa.

O certo é que eu fui procurar o lp na estante, onde esperava encontrá-lo. Qual o quê… nada de achá-lo. Verifiquei várias vezes toda a estante pensando que estivesse fora de ordem. Necas! Devo tê-lo perdido ou vendido, pois empréstimo é coisa que eu não faço, hehehe… Só pra um ou dois amigos muito chegados, que também me emprestam seus discos 🙂
Só de raiva, resolvi então postar a versão cd, que por incrível que pareça está tão boa quanto o vinil. Esta postagem foi mais por honra da firma do que propriamente pela necessidade manter acesa uma boa chama. É bom ver estampado aqui no Toque Musical este discão 😉 Quem, por acaso não conhece, faça me o favor… vai logo conferir!
metrópole
estação do norte
fábrica
poluição
imigrantes
metrô
litoral
futebol de bar

The Jungle Cats (1967)

Olhaí, na sequência, resolvi postar este compacto, que é outra raridade e muito bem cotado no Mercado Livre, acho até que vou vender o meu. DESAPEGA!!!

Temos aqui o The Jungle Cats, um dos grupos de ‘iê iê iê’ (como se dizia na época) mais expressivos no rock dos anos 60 aqui em Belo Horizonte. Um grupo pioneiro na cena jovem musical da cidade que teve a chance de gravar seu primeiro disco através do selo mineiro, Paladium. Me lembro bem deste disquinho rodando direto na casa dos meus primos, que não muito por acaso eram amigos do pessoal da banda. Todo mundo morava na Floresta, um bairro tradicional de Belô.
Este compacto eu o coloquei como sendo de 1967, considerando as informações que tenho sobre a produção da Paladium. Na contracapa do disquinho já aparece o nome Bemol como gravadora e isso foi lá pelos ‘meios fins’ dos anos 60. Acho que nem vou falar nada sobre os ‘gatos selvagens’ da Floresta. Vou direcionar a postagem para o texto do Fernando Rosa, o Senhor F. Leiam , muito legal 🙂
sapato novo
vai

Capitão Aza E Martinha – Compacto (1970)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Tem épocas em que eu esqueço a máxima deste blog, que é ‘ouvir com outros olhos’. Criei o Toque Musical no intuito não só de mostrar raridades da música brasileria, como também tudo aquilo relacionado à áudiotapes, fonogramas e curiosidades desse nosso universo sonoro. É certo que eu tenho muito mais discos de música do que propriamente essas tais curiosidades, mas é sempre bom lembrar, até porque eu quero mais é que apareçam essas gravações por aqui. Adoro receber aquelas ‘sobras de estúdio’, de gravações caseiras, ‘bootlegs’, fitas K-7, demos e etc… Quem tiver aí algo que considere relevante, não se acanhe, envie aqui para o nosso TM, ok?

Hoje eu farei da seguinte maneira, vou iniciar postando um compacto. Se ao longo do dia eu tiver tempo, irei postando outros. Separei aqui alguns disquinhos que me dão uma saudade danada, coisas que fizeram parte da minha infância ou serviram de trilha para muitos momentos bons da minha vida. Começo com este do Capitão Aza. Coisa mais curiosa, lá em casa tinha este disquinho, o qual eu, meus primos e amigos custumávamos a ouvir. A gente conhecia o tal Capitão Aza apenas pelo disco, só bem mais tarde é que viemos a saber que aquilo era parte de um seriado de televisão, que por acaso, não era transmitido na minha cidade. Mesmo assim a gente gostava de fantasiar e cantar o “ABC” e “Sideral”, as duas músicas do disco. Aquilo era legal. Acho que eu só vim mesmo a assistir o programa lá por volta de 74, quando então já era colorido.
“Capitão Aza” foi um programa infantil, surgido nos anos 60, no auge da ditadura. O nome era uma homenagem à um antigo aviador brasileiro, herói da FAB, que lutou na Segunda Guerra Mundial, o capitão aviador Adalberto Azambuja, conhecido com “Aza”, entre seus colegas. Quem encarnava o personagem era o ator (e policial civil) Wilson Viana. No programa eram apresentados aqueles desenhos que hoje são verdadeiros clássicos, mas havia também uma preocupação por parte dos produtores em trazer naquele divertimento um conceito de formação moral às crianças, tendenciosamente militar. O programa durou mais de uma década, sempre fazendo muito sucesso e cheio de atrações.
Este compacto, creio eu, já era da segunda fase, anos 70, talvez 1970, quando então o Capitão Aza tem como assitente mirim a garotinha loira chamada Martinha. Não sei bem ao certo, mas existem outros discos, até lps do CA. Neste diquinho, a produção é de Durval Ferreira, que também é co-autor das duas músicas. “Sideral” é uma parceiria com Tibério Gaspar.
Estou vendo aqui na rede que este compacto se tornou objeto de desejo de muitos fãs. Tem gente pagando bem para tê-lo nas mãos. Acho que vou anunciar o meu no Mercado Livre, quem sabe… Aliás, estou mesmo para fazer isso, juntar um monte de discos raros e colocá-los à venda. Quem gosta, fique ligado. Mais do que dinheiro, o que anda me faltando é espaço. Dizem que tudo aquilo que a gente guarda sem usar por mais de um ano é porque já não nos faz falta. Tô precisando entrar esse ano naquela do, DESAPEGA!!!
abc
sideral

Luiz Loy Quinteto – Interpreta Chico Buarque De Hollanda (1967)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Ontem a noite eu estive ouvindo algumas coisas do Luiz Loy e confesso, com uma atenção que me fez perceber o quanto eu desconhecia o talento deste artista. Acho que, na verdade, eu nunca havia parado para escutar dele um disco inteiro. Ontem ouvi dois, o álbum de 1966 e este, que apresento aqui, de 1967. Muito legal, gostei demais… A escolha pelo do Chico Buarque foi apenas porque o mesmo já não está mais acessível em outros blogs.

Taí um disquinho bacana, músicos de primeira! Luiz Loy comanda a turma formada por Papudinho (José Lídio Cordeiro), pistom; Mazzola (Renato Menconi), saxofone; Bandeira (João Roberto Martins Bandeira), contrabaixo, e Zinho (José Rafael Daloia), bateria. O quinteto neste álbum interpreta a música do jovem Chico Buarque, que na época despontava como um já grande compositor. Chico também escreve o texto da contracapa. É mesmo interessante notar, este foi o primeiro disco instrumental de músicas do Chico. Não sei se o lp alcançou uma boa vendagem, mas com certeza deve ter sido muito bem aceito por aqueles que o adquiriram. Eu tô adorando 🙂

quem te viu e quem te vê
noite dos mascarados
será que a cristina volta?
olê olá
você não ouviu
madalena foi pro mar
a banda
a rita
amanhã, ninguém sabe
sonho de um carnaval
meu refrão
tem mais samba

Raul De Barros, Ruy Rey, Risadinha E Roberto Ferri – Seleção 78 RPM Do Toque Musical (2012)

Amigos cultos e ocultos do Toque Musical, espero que vocês tenham tido uma excelente passagem de ano. E é com muita alegria que lhes apresentamos a sexta edição do Grand Record Brasil, a primeira deste novo ano de 2012. Para começar, aqui está um músico que foi também chefe de orquestra: Roberto Ferri. Junto com o pai, Orlando Ferri, ele animava bailes por todo o Estado de São Paulo, apoiado por músicos bastante qualificados e experientes. O disco desse notável músico escolhido para esta seleção foi o Odeon 13327, gravado no dia 29 de maio de 1952 e chegado às lojas em setembro seguinte. Ferri, atuando ao solovox (instrumento considerado o primeiro sintetizador monofônico da história da música) e apoiado por regional, executa no lado A, matriz 9325, dois clássicos do inesquecível poeta do mar da Bahia, Dorival Caymmi: ”A jangada voltou só” e “É doce morrer no mar” (esta última é uma parceria com o escritor, também baiano, Jorge Amado, que às vezes, como aqui, era omitido nos selos dos discos). No lado B, matriz 9324, por conseguinte gravada antes, Ferri executa o choro “Levanta poeira”, do mestre de Santa Rita do Passa Quatro, Zequinha de Abreu (1880-1935), editado como “chorinho sapeca”, e cuja primeira gravação só se deu em 1942, na Victor, pela Orquestra do maestro Passos. Em seguida, iremos relembrar Domingos Zeminian, que ganhou a imortalidade com o pseudônimo de Ruy Rey (São Paulo, 1915-Rio de Janeiro, 1995). Ator, cantor, compositor e “band-leader”, especializou-se na interpretação de ritmos hispânico-americanos (bolero, rumba, mambo, guaracha, chá-chá-chá, etc.). E também era de carnaval (quem não se lembra, por exemplo, da marchinha “A mulata é a tal”?). Tanto que o disco apresentado aqui é o Continental 15974, gravado em outubro de 1948 e lançado em janeiro de 49, claro, um mês antes da folia, com duas marchinhas. Com acompanhamento da Orquestra Tabajara de Severino Araújo, ele interpreta no lado A, matriz 1978, gravado no dia 8, “Espanhola diferente”, composta por Nássara, autor de inúmeros êxitos carnavalescos, e pelo alagoano Peterpan, que no gênero também nos deu hits como “Apanhador de papel” e “Marcha do caracol”. No lado B, gravado no dia 6, portanto dois dias antes, matriz 1974, temos “Legionário”, de João “Braguinha” de Barro, outro nome que muito contribuiu para engrandecer nosso repertório carnavalesco, em parceria com José Maria de Abreu, paulista de Jacareí, que concebeu vários hits clássicos de nosso cancioneiro, bastando lembrar “Alguém como tu”, “E tome polca”, “Se amar é bom” e “Boa noite, amor”, o prefixo pessoal de Francisco Alves. Aliás o carnaval de 1949 foi um dos mais ricos em termos musicais, bastando lembrar, por exemplo, “Chiquita bacana”, “Pedreiro Valdemar”, “Jacarepaguá”, “A Lapa”, “Nêga maluca”, “A coroa do rei”, “Balzaqueana”… A seguir, um mestre do trombone: Raul de Machado de Barros (Rio de Janeiro, 1915-Itaboraí, RJ, 2009). Músico e maestro dos mais notáveis, ele aqui executa dois choros à frente de seu regional, gravados na Odeon em 15 de junho de 1949 e lançados em setembro seguinte no disco 12948. No lado A, matriz 8521, temos “Eu, hein!”, de autoria de Felisberto Martins, à época também diretor artístico da Odeon. E o lado B, matriz 8520, é simplesmente um dos clássicos do chamado “repertório de gafieira”: “Na Glória”, composto pelo próprio Raul em parceria com Ary dos Santos. Um sucesso inesquecível, por ele regravado em outras oportunidades com a mesma competência. Até eu estava esperando para ter este registro original em minha coleção, tenho que confessar! Encerrando, temos Francisco Ferraz Neto, aliás, Risadinha (São Paulo, 1921-Rio de Janeiro, 1976), que evidentemente ganhou esse apelido por seu temperamento alegre. Ele marcou presença sobretudo no carnaval, com hits do porte de “O doutor não gosta” e “Se eu errei”. Risadinha aqui comparece com o disco Odeon 13599, gravado logo no comecinho de 1954 (4 de janeiro) e ido para as lojas em março seguinte. Acompanhado de regional, ele regravou dois sucessos: no lado A, matriz 10017, o rojão (espécie de baião mais acelerado) “Forró em Limoeiro”, de Edgar Ferreira, lançado no final do ano anterior por Jackson do Pandeiro em seu primeiro disco. No lado B, matriz 10018, um clássico do samba: “Se acaso você chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, primeiro sucesso nacional de Lupi, originalmente lançado em 1938 pelo também estreante Ciro Monteiro. Samba esse que receberia inúmeros outros registros de sucesso, e que projetaria, em 1959, Elza Soares. Enfim, o GRB começa o ano novo com o pé direito, e faço votos que todos tenham um ótimo 2012, repleto de alegrias, realizações e conquistas!

*SAMUEL MACHADO FILHO


Agostinho Dos Santos E Yansã Quarteto (1967)

Muito bom dia e ano a todos os amigos cultos e ocultos! Começamos aqui o ano de 2012 com a esperança de continuar levando um pouco mais dessa luz, que é a música popular brasileira, que FOI a produção fonográfica brasileira e que é a parte mais rica da nossa história musical. Começo batendo na mesma tecla, lembrando o quanto o desinteresse de muitos e o oportunismo de poucos levaram a produção fonográfica brasileira ao sucateamento, ao desmantelamento e consequentemente ao esquecimento. Volto a afirmar o quanto anarquismo ‘cibernético’, ‘digital’ ou qualquer outro nome que vocês queiram dar, favoreceu à retomada e resgate do que foi levado embora ou se perdeu na música popular do Brasil ao longo das três últimas décadas. O surgimento de blogs como o Toque Musical, principalmente no Brasil, foi de suma importância, mesmo sendo visto com um grito marginal ou criminoso. Digo isso porque o Brasil foi um dos maiores produtores de discos no mundo! A melhor música popular do mundo está aqui! Aliás, como dizia o Aloysio de Oliveira, está aqui, em Cuba e nos Estados Unidos. A brasileira, para mim, é a melhor porque traz em si elementos genuínos e também os da música cubana e americana. Não é por acaso que todos querem e amam esse produto nacional. Observem que tudo que de bom neste nosso país acaba sendo adquirido e usufruído pelos de fora. Vejam o nosso café, o nosso ouro, a nossa mata… é tudo deles! Daí fica a pergunta, quem vendeu o Brasil? Resumidamente eu diria que foram os burros, os ingênuos encantados com espelhinhos brilhantes trazidos de fora, gente sem visão, sem coração, mas com muita fome de grana! Continuo mantendo a teoria da conspiração fonográfica, ‘trama do esfacelamento da produção fonográfica nacional’, do seu verdadeiro roubo, que tanto prejudicou grande parte dos artistas brasileiros e principalmente o acesso do nosso povo. A MPB deveria ser considerada um patrimônio cultural imaterial brasileiro, se é que isso é possível. É claro que sabemos o quanto é difícil, num país como no nosso, tentar gerenciar toda essa produção, que começa desde de quando o primeiro disco foi gravado por aqui. Não temos o mesmo poder dos americanos, europeus e japoneses, que sempre souberam valorizar seus produtos (e os nossos, claro!). Faltou-nos educação e investimento na cultura em geral. Faltou empenho por parte daqueles que estiveram sempre no poder. Agora, quando temos a oportunidade de rever isso, de mudar um pouco esse quadro, enfrentamos barreiras, que em outras palavras é o mesmo que dizer, estamos comprando de volta e pagando caro por aquilo que vendemos a preço de banana. Um disco, por exemplo, como muitos postados aqui, vocês só tiveram a oportunidade de conhecê-lo porque alguém, como eu, se deu ao trabalho de trazer de volta, de compartilhar e fazê-lo ser ouvido novamente. Podemos observar também que a maior quantidade de blogs que compartilham músicas, se concentram no Brasil e isso, eu creio que não é apenas porque não existe aqui de fato uma lei reguladora, com punições severas. A verdade é que ainda vale a pena manter o ‘anarquismo’ em prol do sucateamento, do resto do tesouro perdido pelas gravadoras, mas guardado com carinho nos lares brasileiros. À medida em que vamos soltando nossos discos, esses vão sendo novamente incorporados à lista de direitos autorais exclusivos. Como um termômetro, se alcança um bom nível de interesse e procura, logo nos será censurado e talvez relançado a preço de dólar. Diante à cruz ou à caldeirinha, melhor é continuarmos pondo nossos discos para rodar. A gente vai pagar mais caro por um cd ou uma faixa no iTunes, mas pelo menos vamos ter certeza de que a nossa música foi preservada, mesmo não tendo mais direito algum sobre ela.

E por falar em bater na mesma tecla, em discos raros e coisa e tal… Eu inicio o ano com este disco que é uma pérola negra. Um álbum realmente muito raro, tanto assim que até hoje nem em outros blogs vocês irão encontrar. Temos aqui o ‘lendário’ lp gravado pelo cantor Agostinho dos Santos acompanhado pelo Yansã Quarteto, um grupo instrumental pernambucano, berço primeiro do percussionista Naná Vasconcelos. Este álbum foi lançado em 1967 pela fábrica de discos pernambucana Rozenblit, através de seu selo Tecla. Trata-se na verdade de fonogramas lançados em três discos – EPs de sete polegadas – um formato diferente e raro com três furos (nem me perguntem, pois eu nunca vi um). Essas gravações foram feitas em Portugal (tá explicado), quando por um feliz acaso do destino, o Yansã Quarteto se encontrou em Lisboa com o Agostinho, que por lá passava suas férias. Contam que Agostinho já conhecia Naná Vasconcelos dos programas da TV Jornal, de Recife, quando o cantor se fez acompanhado várias vezes pelo percussionista nessas apresentações. Em Lisboa, Agostinho e o quarteto, se juntaram para diversas apresentações e as gravações, que se extenderam até em Angola. Este álbum, que eu saiba, nunca chegou a ser relançado. Quem sabe agora, ao verem ele todo lindão aqui? 🙂 Se virar REPOST, podem ter certeza, dentro em breve será relançado no mercado (internacional).
Não deixem de conferir… 😉
vem ouvir o mar
vem chegando a madrugada
tristeza
brisa
mona ami zeca
carnaval iolo buá
em luanda saudade de luanda
mulata é noite
a banda
canção triste
outra vez
aprende a viver