A Música De buci Moreira – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 96 (2014)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 96. Desta feita, apresentamos a primeira de duas partes de uma retrospectiva dedicada à obra musical de um dos maiores compositores do samba carioca: Buci Moreira. Buci veio ao mundo no dia primeiro de agosto de 1909. Seu pai, Guilherme Eduardo Moreira, era violonista e ele, desde pequeno, mostrou vocação para ritmista. Buci também era neto da lendária Tia Ciata, em cuja residência, nas proximidades da não menos lendária Praça Onze, reuniam-se pioneiros do samba. Em 1917, sem deixar sua casa em São Cristóvão, passou a viver também com outra família no mesmo bairro, fazendo companhia a um menino da casa, e começando seus estudos. Em 1922, foi morar com a avó, até a morte desta, em 1924, e de 1925 a 1927, estudou na Escola Bom Jesus, na Ilha de Paquetá. Com a morte de sue pai, em 1928, Buci foi viver com os tios na Praça Onze, ingressando no Colégio Benjamin Constant. No ano seguinte, desfilou pela única vez naquela que é considerada a primeira escola de samba, a Deixa Falar. Foi justamente na Praça Onze que, em 1930, foi descoberto por Francisco Alves, primeiro a gravar uma composição de Buci, o samba “Palhaço”, parceria com Nélson Januário. Nessa ocasião, começou a atuar como ritmista em gravações na Odeon, formando dupla com Waldemar Silva e, depois, com Arnô Canegal. Entre 1936 e 1940, foi diretor de harmonia da Escola de Samba Vê Se Pode, do Morro de São Carlos, da qual foi um dos fundadores e onde, claro, também desfilou. Trabalhou no cinema, com o cineasta Moacyr Fenelon, e em 1943 participou, ao lado de outros sambistas, do famoso filme inacabado de Orson Welles, “It’s all true”. Entre seus sucessos como compositor destacam-se “Anda, vem cá” (neste volume), “Quem pode, pode”, “Por que é que você chora?”, “Em uma linda tarde” e, o mais conhecido, o samba “Não põe a mão”, parceria com Arnô Canegal e Mutt, gravado pelos Titulares do Ritmo e um dos campeões do carnaval de 1951. Buci Moreira faleceu em seu Rio de Janeiro natal, no dia 28 de março de 1982. Neste primeiro volume, apresentamos dez composições de Buci Moreira, interpretadas por cantores de prestígio em seu tempo. Abrindo-o, temos Linda Batista, interpretando o samba “Casa de cômodos”, parceria de Buci com Carlos de Souza, por ela gravado na Victor em 18 de maio de 1944 e lançado em  agosto seguinte sob n.o 80-0196-A, matriz S-052964. Ela ainda interpreta aqui “Mau costume’ (faixa 3), samba dos mesmos autores mais Chiquinho Sales, gravado também no selo do cachorrinho Nipper em 15 de junho de 1942, com lançamento em agosto do mesmo ano sob n.o 34954-A, matriz S-052554. Por fim, Linda canta, na faixa 5, o samba “Salve a batucada”, do mesmo trio de autores de ‘Mau costume”, também gravação Victor, esta de 11 de maio de 1942, lançada em julho seguinte com o número 34939-B, matriz S-052514. Na faixa 2, a bossa inconfundível da dupla Francisco Alves e Mário Reis, no samba “Anda, vem cá”, gravado na Odeon em 3 de agosto de 1931, disco 10824-B, matriz 4264. O curioso é que Buci Moreira aparece como autor no selo original, mas na edição impressa, da editora Mangione, o samba é creditado a Francisco Alves, Ismael Silva e Nílton Bastos. Na faixa 4, temos o samba “Você foi a culpada”, parceria de Buci Moreira com o ex-pugilista Kid Pepe, na interpretação dos Quatro Diabos,grupo vocal integrado por estudantes de direito. Saiu pela Odeon em agosto de 1935, sob número 11252-B, aliás o único disco do quarteto. Filha do compositor e instrumentista Heitor Leite Sodré, que adotou o pseudônimo de Heitor Catumbi, a carioca Odaléa Sodré (1924-?) interpreta aqui outro samba da parceria Buci Moreira-Kid Pepe, “Romance da morena”, lançado pela Columbia em 1936 no primeiro de seus três únicos discos, número 8165-B, matriz 1112. Aurora Miranda, irmã de Cármen, vem com a marchinha natalina “Blem blau”, em que Buci tem como parceiros Portello Juno e Vicente Paiva (que a acompanha aqui com sua orquestra), gravação Odeon de 3 de novembro de 1936, lançada em dezembro seguinte sob n.o 11414-A, matriz 5434. O Quarteto de Bronze, que tem sido um mistério quanto a seus integrantes, comparece com o samba “Terra do ferro”, parceria de Buci Moreira com Carlos de Souza e Ely de Almeida, lançado pela Victor em maio de 1942 sob n.o 34925-A. Falando em Cármen Miranda, ela aqui nos apresenta “Dance rumba”, que Buci fez em parceria com um especialista nesse ritmo caribenho, Djalma Esteves. Gravação Odeon de 25 de março de 1937, lançada em julho do mesmo ano, disco 11489-A, matriz 5557. Para encerrar esta primeira parte, temos outra Cármen, a Barbosa, de curta carreira e morte prematura, interpretando o samba “Maior prazer”, parceria de Buci Moreira com Miguel Baúso, em gravação Columbia de 13 de maio de 1939, lançada em junho seguinte sob n.o 55069-B, matriz 153. Semana que vem, amigos cultos, ocultos e associados, mais um pouco da obra musical de Buci Moreira. Até lá!
*Texto de Samuel Machado Filho

Margarida Lopes De Almeida – Recital (1955)

Prezados amigos cultos e ocultos, nosso domingo vai ser mais lírico e poético. Poesia é algo que sempre cai bem por aqui e eu procuro sempre cultivar esse hábito. Hoje eu trago outro álbum produzido pelo selo Festa, do jornalista Irineu Garcia. Como já falamos aqui, o Festa Discos Ltda foi criado com a intenção de promover a poesia, sendo, creio eu, o primeiro selo brasileiro dedicado aos poetas. Eles também lançaram discos de música, álbuns verdadeiramente antológicos. Sua série de discos tem uma importância que vai além da poesia. São registros históricos das vozes, muitas vezes dos próprios poetas. Mas quem melhor, além de seus autores, que os verdadeiros profissionais da interpretação? Como foi o caso, na semana passada, de Paulo Autran. E agora, Margarida Lopes de Almeida, um consagrada artista e declamadora brasileira apresenta aqui dez poetas, dez poemas cujo os estilos vão do Parnasianismo de Olavo Bilac ao Modernismo de Carlos Drummod de Andrade.

via láctea – olavo bilac
serenata – martins fontes
póstuma – raul machado
ciranda – afonso lopes de almeida
a música dos bilros – artur de sales
romance de n. s. da ajuda – cecília meireles
passagem da noite carlos drummond de andrade
canção balet – mário quintana
velocidade – guilherme de almeida
os sinos – manoel bandeira
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Orlando Silva – 25 Anos Cantando Para As Multidões (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Atendendo a um pedido muito especial, estou postando aqui este álbum do Orlando Silva. Trata-se de uma coletânea relançada pela Odeon através de seu selo Imperial, em 1968. Originalmente este lp se chama “25 Anos Cantando Para As Multidões”. Um seleção com o melhor de Orlando Silva pela Odeon.
Como se trata de uma postagem extra, fiz meio que as pressas. Nem a capa eu recortei direito

errei, erramos
ciúmes sem razão
bohemio
uma saudade a mais, uma espera a menos
fuga
mentiras
a última canção
faixa de setim
horas iguais
desespero
dá-me tuas mãos
eu e ela
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Antonio Adolfo & A Brazuca (1985)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou na base da pressa. Sexta feira… já viu, né? A noite promete (não o que não, mas eu vou…) Daí, aproveitando enquanto enrolo o tempo, vou mandando um toque pronto, um ‘disco de gaveta’. Segue aqui para vocês este lp do Antonio Adolfo e a sua Brazuca, disco que me parece foi lançado (ou relançado) em 1985. Trata-se de uma espécie de coletânea de músicas dos dois primeiros discos, de 69 e 71. Disquinho bacana 😉 (tá pronto, deixa eu ir…)
tributo a victor manga
juliana
teletema
panorama
maria aparecida
pelas ruas do meu bairro
pela cidade
que se dante
atenção, atenção
moça
porque hoje é domingo
cortando caminho
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Rique Pantoja – Rique Pantoja & Chet Baker (1987)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Com a aprovação do tal Marco Zero da Internet, terei agora que rever os meus conceitos, principalmente num país onde a justiça tende sempre para o cifrão. Creio que em breve o Toque Musical terá de passar por uma nova mudança (isso se não encerrar de vez). Por enquanto, o tempo está nublado, mas a chuva ainda não caiu. Levo o guarda chuva e abro quando começar a cair. Vou até onde eu não precise me molhar.
Aproveitando, antes que seja tarde, aqui mais um dos muitos discos que recebi na última leva. Como disse, veio muitos discos de jazz, fusion e coisas parecidas. Escolhi para hoje este álbum do Rique Pantoja, lançado em 1987 pelo selo WEA. Para os que não conhecem (até parece), Rique Pantoja é um respeitadíssimo pianista, arranjador e compositor, um dos criadores do grupo instrumental Cama de Gato. seu trabalho é reconhecido internacionalmente. Parceiro de artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque, também já tocou com a nata da mpb. Tem em seu currículo outros tantos trabalhos e parcerias com músicos internacionais, principalmente artistas da música instrumental e jazz, nomes famosos como por exemplo Frank Gambale, Sadao Watanabe, Christopher Parkening, Chick Corea e também como lendário trumpetista americano Chet Baker, com quem veio a gravar no inicio dos anos 80 um disco em Paris, quando então fazia parte do grupo The Boto Brazilian Quartet. Em 1987 Rique então lança este álbum, que reúne gravações que ele e seu grupo fizeram com Chet Baker em Roma, Rio e São Paulo nos anos de 84, 85 e 87. O álbum foi considerado pela crítica especializada internacional um dos dez melhores discos lançados naquele ano.
cinema 1
saci
arborway
so hard to know
te cantei
depois da praia
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Paulo Autran – Poesia De Sempre (Antologia) (195…)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje o nosso toque vai ser mais poético. Sempre que posso, gosto de postar discos de poesia. Eu curto muito e sei que muitos por aqui também adoram. Para satisfazer um desejo comum, aqui vai um disco do selo Festa, especialista em publicaçoes dessa natureza naqueles tempos, final dos anos 50 e início dos 60. Aliás, este álbum eu não sou precisar a data de seu lançamento. O certo é que temos aqui uma coletânea, uma antologia da poesia brasileira daquele tempo. São dezenove poemas de diferentes autores, sempre interpretados com maestria pelo grande ator Paul Autran. Confiram

gregório de matos – sátira aos vícios
tomas antonio gonzaga – lira primeira
maciel monteiro – soneto
gonçalves dias – a maldição do índio pai
alvares de azevedo – se eu morresse amanhã
casemiro de abreu meus oito anos
fagundes varela – a flor do maracujá
castro alves – último fantasma
raimundo correia – mal secreto
olavo bilac – in extremis
vicente de carvalho – tu moça, eu quase velho
julio salusse – cisnes
guimarães passos – guarda e passa
luiz guimarães junior – visita a casa parterna
cruz e souza – acrobata da dor
alphonsus de guimarães – ismalia
augusto dos anjos – vandalismo
raul eloni – sabedoria
alceu wamosy – duas almas
machado de assis – a carolina
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Cantoras – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 95 (2014)

Em sua edição de número 95, o Grand Record Brazil volta a apresentar uma seleção apenas com cantoras, muitas delas de marcante presença na história de nossa música popular. Algumas das dezesseis faixas desta edição foram conseguidas por mim mesmo graças à imprescindível colaboração de colecionadores e pesquisadores como Beto de Oliveira, Gilberto Inácio Gonçalves e Marcelo Bonavides de Castro, este último do Acervo Nirez, de Fortaleza, CE, e também administrador do blog Estrelas que Nunca se Apagam. A eles (e também ao próprio Nirez) nossos mais sinceros agradecimentos. Abrindo nossa seleção desta semana, temos Dora Lopes, cantora e compositora nascida (1922) e falecida (1983) no Rio de Janeiro. Ela comparece aqui com o disco Sinter 00-00.214, lançado em abril de 1953, apresentando dois sambas-canções. Na faixa 2 está o lado A, matriz S-458, “Baralho da vida”, composto por Ulisses de Oliveira, mineiro de Juiz de Fora e personagem marcante na história dessa cidade. E na primeira faixa temos o lado B, “Você morreu pra mim”, matriz S-459. Uma faixa histórica, pois constituiu-se na primeira composição gravada de Newton Mendonça , também nascido (1927) e falecido (1960, prematuramente, aos 33 anos, de infarto fulminante) no Rio de Janeiro. Pianista, compositor, gaitista e violinista, ele seria parceiro de Tom Jobim em várias composições de sucesso, entre elas “Desafinado”, verdadeiro hino da bossa nova. Em “Você morreu pra mim”, Newton tem a parceria de Fernando Lobo, outro notável compositor da MPB (fez, entre outras,“Chuvas de verão”, “Nêga maluca”, “Chofer de praça”, “Preconceito”, etc.) e pai de outro grande cantor-compositor brasileiro, Edu Lobo.  Portuguesa de Vizeu, Vera Lúcia Ermelinda Balula (1930-?) naturalizou-se brasileira e foi eleita Rainha do Rádio em 1955, derrotando Ângela Maria (vencedora desse concurso um ano antes) por decisão do apresentador Manoel Barcelos, da Rádio Nacional, como homenagem a Cármen Miranda, que também era portuguesa como ela e falecera nesse mesmo ano nos EUA. Vera Lúcia aqui comparece com a gravação original de um samba-canção clássico de Tito Madi, “Cansei de ilusões”, lançada pela Continental em agosto-setembro de 1956 sob número 17323-A, matriz C-3845. “Cansei de Ilusões” foi várias vezes regravado, inclusive pelo próprio Tito Madi, e está finalmente aqui em seu primeiro registro, com Vera Lúcia. Possivelmente o saxofone que se ouve na gravação é de Zé Bodega, então atuando na Orquestra Tabajara de Severino Araújo. Em seguida, tiramos do esquecimento a excelente cantora mineira Daisy Guastini.  Ela iniciou sua carreira nos anos 1950, como locutora e atriz da Rádio Inconfidência e apresentadora da TV Itacolomi, ambas de Belo Horizonte, capital de Minas. Casou-se com o compositor e guitarrista Nazário Cordeiro, com quem teve a filha Daisy Cordeiro, também cantora, e atuou também em emissoras do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Deixou, porém, uma discografia muito aquém de seu potencial como intérprete: apenas dois compactos duplos, um pelo selo Arpège, do tecladista Waldir Calmon, dono da boate carioca de mesmo nome, em 1959, e outro pela RGE, em  1964. Do primeiro deles, o Arpège AEP-1003, é a gravação aqui escalada, e por sinal sua faixa de abertura: o famoso samba-canção “O que tinha de ser”, da profícua parceria Tom Jobim-Vinícius de Moraes, bastante conhecido e com inúmeros outros registros. A carioca Dalva de Andrade (n.1935) aqui comparece com um disco de 1959, o Polydor 305. No lado A, matriz POL-3504, gravado em 3 de março desse ano, está o samba “Brigas, nunca mais”, outro produto de sucesso da dupla Tom Jobim-Vinícius de Moraes, e com inúmeras gravações. No lado B, matriz POL-3487, gravado em fevereiro do mesmo ano (talvez no dia 20), está o samba-canção “História”, de Fernando César em parceria com o cantor Luiz Cláudio, falecido no ano passado sem qualquer divulgação por parte da mídia, tanto que fiquei sabendo de sua morte através do Toque Musical, quando foram repostados vários álbuns por ele gravados. Ambas as gravações, com acompanhamento concebido e dirigido pelo maestro Peruzzi, também figuraram no primeiro LP da cantora, “Eis Dalva de Andrade”.  Dalva teve de abandonar a carreira prematuramente, em meados da década de 1960, por problemas de deficiência auditiva, lançando, depois disso, apenas dois compactos de produção independente. Gaúcha de Porto Alegre, Luely da Silva Figueiró (1936-2010) mudou-se para São Paulo em 1957, após ser eleita Rainha do Rádio gaúcho, atuando nas Emissoras Unidas (Rádio e TV Record).  Foi também atriz de cinema, aparecendo em filmes como “A doutora é muito viva” (1956), “Casei-me com um xavante” (1957) e “Marido de mulher boa” (1960). Viveu alguns anos com o cantor-compositor Sérgio Ricardo (aquele do violão quebrado em festival), no Rio de Janeiro, voltando a morar em São Paulo na década de 1970 e abandonando a carreira artística. Retomando seus estudos, formou-se professora de ensino de segundo grau, exercendo a profissão durante anos até se aposentar, na virada do século XXI. De Luely Figueiró escalamos outro clássico da dupla Tom Jobim-Vinícius de Moraes: o samba “A felicidade”, do filme “Orfeu negro” (nos cinemas, “Orfeu do carnaval”), produção franco-italiana filmada no Rio de Janeiro e premiada com o Oscar de filme estrangeiro, e nele interpretado por Agostinho dos Santos. A gravação de Luely saiu pela Continental em  agosto de 1959, sob número 17713-A, matriz C-4191. A carioca Iracema de Souza Ferreira, aliás, Nora Ney (1922-2003), de marcante presença em nossa música popular como intérprete essencialmente romântica, aqui comparece com dois sambas-canções de sucesso, ambos do disco Continental  16726, gravado em 23 de janeiro de 1953 e lançado em março-abril desse ano, com acompanhamento orquestral de Copinha. Abrindo-o, matriz C-3043, o inesquecível ‘De cigarro em cigarro”, de Luiz Bonfá, e no verso, matriz C-3044, “Onde anda você?”, de Antônio Maria e Reynaldo Dias Leme. Outro resgate importantíssimo é o de Laís Marival (Maria Neomézia Negreiros, 1911-?), paulista de Taquaritinga, e de curta carreira fonográfica: apenas sete discos 78 com catorze músicas, entre 1936 e 1938, todos pela Columbia, futura Continental.  Do penúltimo deles, número 8296-B, matriz 3510, de 1937, é o samba aqui escalado, “Saudades do morro”, de H. Celso e A. Santos.  Nos anos 1980/90, Laís ainda participava de corais em São Paulo. “Molambo”, de autoria do violonista Jayme Florence (o Meira dos regionais) em parceria com Augusto Mesquita, é um dos clássicos do samba-canção brasileiro, tendo recebido inúmeras gravações ao longo dos anos. O que quase ninguém sabe, porém, é que “Molambo” foi lançado pela cantora Julinha Silva no lado A de seu disco de estreia, o Todamérica TA-5334, gravado em 18 de junho de 1953 e editado em setembro do mesmo ano, matriz TA-487. Julinha é outra que teve curta carreira fonográfica, deixando apenas sete discos 78 com catorze músicas, entre 1953 e 1962, nos selos Todamérica, Guanabara, Mocambo e Continental. Onilda Figueiredo, pernambucana do Recife, comparece aqui com seu primeiro disco,feito justamente numa gravadora de lá, a Mocambo dos irmãos Rozenblit, por sinal a primeira instalada fora do eixo Rio-São Paulo. Lançado em junho de 1956, com Onilda ainda adolescente, o 78 abre com o tango “Nunca! Jamais! (Nunca! Jamás!)”, de Lalo Guerrero em versão de Nélson Ferreira (compositor de frevos de sucesso e então diretor artístico da Mocambo), matriz R-694, depois faixa de abertura do único LP da cantora, o dez polegadas ‘A voz de Onilda Figueiredo”. Também está aqui o lado B, matriz R-695, o bolero “Desespero”, de Ângelo Iervolino, que não entrou no LP. Apesar de seu potencial como cantora, Onilda é outra com discografia escassa. Além do LP já mencionado, só gravou quatro discos 78 com oito músicas, tudo na Mocambo. Uma das melhores cantoras brasileiras, a carioca Claudette Soares (n. 1937) iniciou-se ainda na infância, no programa “A raia miúda”, apresentado na Rádio Nacional por Renato Murce, passando mais tarde a apresentar-se no “Programa do guri”, de Silveira Lima, na Rádio Mauá.  Na Rádio Tamoio, quando atuava no programa ‘Salve o baião”, conheceu Luiz Gonzaga, que a chamou de “princesinha do baião”. E foi com dois baiões que Claudette estreou em disco, através da Columbia, futura Sony Music. Editado em junho de 1954 com o número CB-10049, com Claudette na plenitude de seus 17 anos, o 78 apresenta “Você não sabe”, de Castro Perret e Jane (matriz CBO-218, faixa 15) e, no verso, matriz CBO-219 (faixa 14), “Trabalha, Mané”, de José Luiz e João Batista da Silva. Dos dois baiões, por certo “Trabalha, Mané” ficou mais conhecido, uma vez que foi regravado pelos grupos Os Cangaceiros e Os Três do Nordeste. No entanto, após fazer outros discos 78 na Columbia e na Repertório, Claudette Soares só conseguiu gravar seu primeiro LP em 1964, na Mocambo, com o nome de “Claudette é dona da bossa”, pontapé inicial para inúmeros outros trabalhos de sucesso. Para encerrar, apresentamos nada mais nada menos que Marta Rocha. Eleita Miss Brasil em 1954, a baiana causou comoção em todo o país ao perder o título de Miss Universo, no mesmo ano, para a americana  Myrian Stevenson. Marta teria perdido porque teria duas polegadas a mais nos quadris. Entretanto, no livro “O império de papel – Os bastidores de O Cruzeiro”, o jornalista Accioly Neto, ex-diretor da revista, garante que as tais polegadas foram inventadas pelo fotógrafo João Martins, inconformado com o resultado, com a cumplicidade de outros jornalistas presentes ao concurso, realizado na cidade americana de Miami, na Flórida. Boato ou não, o fato é que o Brasil inteiro cantou com Marta Rocha ‘Duas polegadas”, marchinha de Pedro Caetano, Carlos Renato e Alcyr Pires Vermelho, lado B do primeiro dos dois únicos discos 78 que ela gravou pela Continental, número 17134, lançado em agosto-setembro de 1955, matriz C-3610. É com esta curiosidade que encerramos mais esta edição do GRB dedicada a vozes femininas. Até a próxima e divirtam-se!

*Texto de Samuel Machado Filho

Waltel Branco – Meu Balanço (1975)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Entre os muitos discos que recebi de doação, eis aqui um pouco do ‘filé’, que eu só estou postando para incrementar o Toque Musical, pois afinal, trata-se de um disco já bem divulgado em muitos blogs, a tal ponto que se transformou em objeto de desejo de colecionadores inclusive internacionais. “Meu Balanço”, de Waltel Branco tornou-se um disco badalado e possivelmente mais vendido em sua reedição estrangeira do que na época de seu lançamento. Tornou-se um álbum ‘cult’, apreciado por nove entre dez dj’s do momento. As novas gerações de ‘antenados’ se ligaram de imediato no balanço desse incrível músico chamado Waltel Branco. Sem dúvida, um discaço e merece estar aqui no Toque Musical, não é mesmo?

luar do sertão
sonho no céu
meu balanço
lady samba
apenas um coração solitário
jael
walking
satiricon
carmen
meiguice
petit fils
zoraia
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Ricardo Silveira (1987)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Há tempos atrás eu pensei em postar aqui um álbum do guitarrista e violonista carioca Ricardo Silveira. Revendo hoje este álbum, até achei que fosse ele. Percebi com supresa que não havia postado nada. Eis então a oportunidade ideal, até porque, este é um dos muitos discos que veio de doação. Segue assim o disco que considero o mais interessante deste compositor e instrumentista. O disco foi produzido, com certeza, para o mercado interancional. Gravação apurada, trabalho de primeiríssima com um time de profissionais que valorizaram ainda mais o resultado final. Participações importantes como Leia Pinheiro, Zé Renato, Maurício Maestro, Arthur Maia, Nico Assumpção, Márcio Montaroyos, Rique Pantoja, Claudio Infante, Cláudio Nucci, Alfredo Dias Gomes, Leo Gandelman, Carlos Bala, Luiz Avellar… Além dos internacionais David Samborn, Ernie Watts e Pat Matheny. Música instrumental de primeira. Produção de Liminha.
afoxé
long distance
triangulo
reflexões
rabo de foguete
highrock way
west 26th
terra azul
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Francisco Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva & Carlos Galhardo – Os Quatro Grandes (1958)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Preenchendo a lacuna da sexta, aqui vai um 10 polegadas da Odeon, trazendo um os quatro grandes cantores de uma época e porque não dizer de todos os tempos: Francisco Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva e Carlos Galhardo. Este é um álbum que reune quatro discos de 78 rpm dos respectivos cantores pela gravadora Odeon. Raridades reunidas apenas em outras poucas coleções.
lua nova – francisco alves
meu limão , meu limoeiro – silvio caldas e gidinho
quero beijar-te ainda – orlando silva
assim acaba um grande amor – carlos galhardo
nervos de aço – francisco alves
cigana – silvio caldas
não foi o tempo – orlando silva
e o destino desfolhou – carlos galhardo
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O Fabuloso Fittipaldi – Trilha Sonora Original (1973)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo aqui um dos muitos discos que recebi como doação. Aliás, que bela doação! Ao contrário do comum, adquiri uma seleção de discos raríssimos, principalmente de jazz e trilhas sonoras. Ainda estou em fase de catalogação, separando o que fica e o que vai… Naturalmente, há muita coisa aqui para ser apresentada a vocês. Basta ficarem ligados, pois o tempo para download é curto e não tem reposição.
Entre as novidades recebidas, apresento a vocês uma trilha sonora muito legal  Inclusive, trata-se de um álbum raríssimo que muito colecionador gostaria de por a mão (tá na mão…). “O Fabuloso Fittipaldi” foi um filme tipo documentário feito pelo cineasta Roberto Farias sobre um dos maiores pilotos da Formula 1, o (sem dúvida) fabuloso Emerson Fittipaldi. Quando o filme foi lançado, Emerson era o grande campeão, ídolo de uma geração e orgulho dos brasileiros. Para dar o ritmo necessário ao filme Roberto Farias contou com a criatividade dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, que compuseram as músicas e tiveram no super grupo Azimuth a interpretação mais que impecável. Uma belíssima trilha, mas que merecia mais atenção enquanto música e nos cortes. A relação das faixas, por alguma razão não condiz exatamente com o que é apresentado no disco. Assim, minha edição ficou deste jeito:

fittipaldi show
tema de maria helena
vitória
ridt
acidente
azimuth (mil milhas)
tema de maria helena
virabrequim
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Ritmos E Melodias Na Música Popular – Discoteca Dançante(1966)

Olá amigos cultos e ocultos! Cumprindo aqui o prometido, segue hoje mais um disco da caixa “Ritmos e Melodias na Música Popular. Este é o disco 4. O 3, 5 e 6 eu não irei postar porque são temas e artistas internacionais, que de uma certa forma não nos interessa, pelo menos não aqui no Toque Musical. O lp “Discoteca Dançante” é sem dúvida um dos discos mais interessantes da caixa, trazendo um repertório de sucessos internacionais variados, assim como são variados os interpretes e orquestras. Alguns inclusive inéditos em nossas listas.

cundo calienta el sol – sandoval dias
around the world – steve bernard
o trovador de toledo – carlos piper
love is a many splendored thing – cipó
tequila – don pepito
tornerai suzie wong – sandoval dias
tarde fria – steve bernard
the green leaves the summer – sandoval dias
mutiplication – carlos piper
tender is the night – exodus – sandoval dias
cachito – sexteto plaza
serenade in blue – boneca
noites de moscou – gerson flinckas
el manisero – don pacheco
i can’t stop loving you – sandoval dias
murmúrio – paulo roberto
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A Música De Príncipe Pretinho – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 94 (2014)

Esta semana, o Grand Record Brazil apresenta a segunda parte da retrospectiva dedicada à obra musical do compositor Príncipe Pretinho (José Luiz da Costa),  uma personalidade tão misteriosa quanto fascinante em nossa música popular. Príncipe Pretinho, como já vimos anteriormente, muito incentivou  o compositor Herivelto Martins no início de sua carreira. Certamente por isso é que o Trio de Ouro, formado por ele, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas, interpreta a maior parte das vinte faixas aqui incluídas, ou seja, nove.  A começar pela primeira, o samba “Todos têm o direito”, parceria de Príncipe Pretinho com J. J. de Oliveira, curiosamente uma das derradeiras gravações da primeira fase do trio, que logo se desfez com a separação ruidosa de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira (e também a última composição gravada de Pretinho). Destinado ao carnaval de 1949, foi gravado na Odeon em 2 de dezembro de 48, e lançado um mês antes do tríduo momesco, em janeiro, sob n.o 12910-B, matriz 8463. Na faixa 4, o trio apresenta a marchinha junina “Toma cuidado”, apenas e tão-somente de Príncipe Pretinho, lançada pela Columbia em junho de 1941 sob n.o 55278-A, matriz 401. No monólogo inicial, Dalva de Oliveira, com singela voz de menina, faz, e muito bem, a personagem  Zefinha, então sucesso no programa de rádio “Piadas do Manduca”.  Na faixa 6, o trio vem com um samba em que Pretinho tem o próprio líder e fundador, Herivelto Martins, como parceiro: “É triste a gente querer”, do carnaval de 1947, gravação Odeon de 6 de dezembro de 46, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 12758-A, matriz 8144. Em seguida, na sétima faixa, vem o batuque “É a lua”, só de Pretinho, gravação também da Odeon, em 4 de junho de 1946, lançada em agosto do mesmo ano, disco 12715-A, matriz 8055. A faixa 9 é uma parceria de Pretinho com José de Sá Roris, a marchinha “Dança la conga”, do carnaval de 1942, gravada em pleno dia de Natal de 41 (25 de dezembro) e lançada às vésperas dos festejos de Momo, em janeiro, sob n.o 55319-B, matriz 490. Em seguida, o trio nos oferece o samba “Maria Cheirosa”, só de Pretinho, gravação Columbia de 12 de maio de 1942, lançada logo em seguida  sob n.o 55338-B, matriz 512. Vem logo depois uma regravação do ponto de macumba “Quem tá de ronda”, só de Pretinho, originalmente lançado em 1935 na voz de Francisco Sena, registro esse que apresentamos em nosso volume anterior. Aqui, veio como batuque no selo, e o Trio de Ouro o regravou na Columbia no lado A de “Maria Cheirosa”, matriz 513. Na faixa 16, temos “Porta afora”, outra parceria de Pretinho com Herivelto Martins, samba do carnaval de 1945. Foi gravado pelo trio na Odeon em  29 de novembro de 44, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, disco 12542-B, matriz 7718. Por fim, na faixa 17, o Trio de Ouro encerra sua participação neste volume com “Quem vem descendo”, outro samba da parceria Príncipe Pretinho-Herivelto Martins, do carnaval de 1944. Gravação Odeon de 23 de novembro de 43, lançada em janeiro seguinte sob n.o 12404-B, matriz 7424. No restante do programa, temos outros grandes intérpretes. Castro Barbosa, que também marcou época no rádio brasileiro com o humorístico “PRK-30”, interpreta, em nossa segunda faixa, o samba “Eu queria um adeus”, da parceria Príncipe Pretinho-Herivelto Martins, destinado ao carnaval de 1941. Foi gravado na Columbia em 11 de novembro de 40, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 55264-B, matriz 346. Ao lado de suas Pastoras, Ataulfo Alves, o sempre lembrado poeta de Miraí, apresenta em nossa terceira faixa o batuque “Alodê”, só de Príncipe Pretinho.  Foi gravado na Victor em 16 de maio de 1946, e lançado em setembro do mesmo ano, disco 80-0433-B, matriz S-078518. Na faixa 5, um clássico interpretado por Zé e Zilda, “a dupla da harmonia”:  o samba “Só pra chatear”, um dos campeões do carnaval de 1948. Gravação Continental de 30 de outubro de 47, lançada ainda em dezembro com o número 15856-A, matriz 1772. Outro inesquecível intérprete de nossa música popular, Francisco Alves, o eterno Rei da Voz, aqui comparece com dois sambas de carnaval da parceria Príncipe Pretinho-Herivelto Martins, gravados na Odeon.  Na faixa 8, “Ela”, da folia de 1943, e também interpretado por Chico no filme ‘Samba em Berlim”, da Cinédia. Gravação de 3 de novembro de 1942, lançada ainda em dezembro com o número 12236-B, matriz 7127. E, na faixa 15, “Se a vida não melhorar”, do carnaval de 1945, registrado em 26 de dezembro de 44 e lançado bem em cima da folia pela “marca do templo”, em fevereiro, sob n.o 12555-B, matriz 7741. Isaura Garcia, a sempre “personalíssima”, apresenta, na faixa 12, outro samba da parceria de Pretinho com Herivelto Martins, “Consciência”, gravação Columbia de 27 de abril de 1942, lançada em maio seguinte com o número 55345-A, matriz 522. Nélson Gonçalves, o eterno “metralha do gogó de ouro” vem com outro samba da profícua parceria Príncipe Pretinho-Herivelto Martins, “Não fiquei louco” (faixa 13), do carnaval de 1945, gravação Victor de 26 de outubro de 44 , lançada um mês antes dos festejos momescos, em janeiro, disco 80-0244-A, matriz S-078075. O “Formigão”, Cyro Monteiro, aqui comparece, na faixa 14, com o samba “Voltei mas era tarde”, em que Príncipe Pretinho tem a parceria de Geraldo Pereira. Gravação Victor de 13 de setembro de 1944, lançada em novembro seguinte com o número 80-0228-B, matriz S-078053. Na faixa 18, Cármen Costa interpreta “Caramba”, parceria de Pretinho com Henricão, samba destinado ao carnaval de 1943. Outra gravação Victor, esta de 19 de novembro de 42, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 80-0045-A, matriz S-052660. Em seguida, a marchinha “A violeta”, em que Pretinho tem Marino Pinto como parceiro. Destinada ao carnaval de 1943, foi lançada pela Columbia em janeiro desse ano na voz de Déo (“o ditador de sucessos”), sob n.o 55398-B, matriz 589. Para encerrar, o GRB resgata Alfredo Simoney, cantor sobre o qual não existe biografia disponível no momento, mas que deixou uma discografia até razoável, compreendendo, em 78 rpm, 15 discos com 28 músicas, em inúmeros selos, além de uma participação no LP “Boate à beira-mar’ (Copacabana, 1959), do acordeonista Paschoal Melillo, interpretando “Saudade de Itararé”. Aqui, o lado A do único disco de Simoney na Columbia, n.o 55350, lançado em junho de 1942, apresentando o samba “Marambaia”, de Príncipe Pretinho  sem parceria, matriz 532. Enfim, um encerramento com chave de ouro para a segunda e última parte da retrospectiva dedicada pelo GRB a Príncipe Pretinho, que por certo irá enriquecer os acervos de tantos quantos apreciem o que a MPB deixou de melhor e mais expressivo. Até a próxima, pessoal!
* Texto de Samuel Machado Filho

Junior Mendes – Copacabana Sadia (1982)

Olá amigos cultos e ocultos! Estava eu navegando pela rede quando em um site me deparei com a capa deste disco, que por acaso eu tenho. Era na verdade uma notícia sobre este artista, o carioca Luiz Mendes Jr., ou mais conhecido como Junior Mendes. Para a minha triste surpresa, fiquei sabendo que ele faleceu no mês passado, vítima de um derrame cerebral, aos 63 anos. Junior Mendes era filho da atriz Daisy Lúcidi. Era produtor e publicitário. Como músico, tocou com vários artistas da cena black carioca, fez parte da banda do Tim Maia e teve como parceiro  Hyldon e Gastão Lamounier. Gastão, inclusive é o parceiro em quase todas as músicas deste que foi o único disco gravado por Junior Mendes. Em sua homenagem, aqui vai o disco para vocês conhecerem. Os arranjos e regências são de Lincoln Olivetti. Confiram

copacabana sadia
óbvio
que signo você é?
agre doce
rio sinal verde
super sensível
hora h
pedras de cristal
via aérea
entrego a deus
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Orquestra de Daniele Patucchi – Brasil Meu Amor (1977)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Ao que tudo indica, com as novas mudanças e leis para a internet, logo o Toque Musical terá que se adaptar… isso se não acabarem com a nossa festa.! Para continuar em atividade, para manter mais 7 anos, eu vejo que em breve terei que fazer novos ajustes e mudanças por aqui. Por essas e por outras é bom que os amigos não percam o contato. Pelo GTM é uma garantia de conexão. Caso o mundo exploda, pelo menos pelo grupo vocês saberão onde cada destroço foi parar.
Bom, seguindo nas variações musicais e para fechar o sábado, vamos com esta curiosa produção italiana, lançda por aqui em 1977. Trata-se de Daniele Patucchi, compositor, arranjador e maestro italiano, autor de inúmeras trilhas para filmes europeus. Pessoalmente, sou um fã do seu trabalho. Gosto muito de trilhas sonoras, principalmente as italianas das décadas de 60 e 70. Eis que porém, temos entre seus discos este lp, que é mesmo uma demonstração do amor do artista pelo Brasil, ou ainda, pela música brasileira. Em “Brasil, meu amor” ele recria com seus arranjos dez composições clássicas da MPB, músicas em sua maioria da dupla Toquinho & Vinícius e duas de Jorge Ben. Para nós que somos brasileiros, talvez essas músicas nos soem com estranheza, afinal é a ‘visão’ (ou audição) de um estrangeiro. Mesmo assim, eu ainda prefiro essas versões do que as de outros como Paul Mauriat, Ray Conniff e por aí a fora…. Daniele pelo menos adotou neste trabalho os ritmistas e um côro nacional, em gravações feitas aqui mesmo no Brasil. Isso ajudou ele a não sair muito dos trilhos, mantendo assim a integridade das composições. Diquinho bem interessante, vale a pena conferir

país tropical
a tonga da mironga do kabuletê
berimbau
dilê
regra-três
maria vai com as outras
se ela quisesse
carta ao tom 74
canto de ossanha
turbilhão
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Conjunto Musikantiga De São Paulo – Musikantiga (1969)

Olá amigos cultos e ocultos! Para compensar a frustração de links e postagens já vencidas, o remédio é manter a programação diária sempre ativa. Infelizmente, meu tempo vem ficando cada dia mais curto. Além do mais, com censura chegando de vez à web, creio que em breve o Toque Musical vai ser obrigado a se recolher ainda mais. Como dizem, a cada hora piora…
Enquanto isso, vamos em frente. Mantendo as variações musicais, eu trago hoje para vocês um pouco de música antiga. Música da Renascença Inglesa, Franco-Flamenga, Idade Média e Renascença. Mas, afinal, o que está música tem a ver com o Brasil, ou com as postagens do Toque Musical? Ah! Tudo a ver… não apenas pelo fato de que o Toque Musical é eclético, mas também porque se trata de uma produção brasileira. Um trabalho de pesquisa do consagrado Conjunto Musikantiga de São Paulo. Este grupo foi criado em 1966 pelo músico Ricardo Kanji. O Conjunto Musikantiga gravou seu primeiro disco em 67, tendo também como membros fundadores Milton Kanji, Paulo Herculano e Dalton de Luca. Creio que o primeiro disco foi lançado por Marcus Pereira. Gravaram também outros discos pela Copacabana e este da RCA. O trabalho do conjunto foi muito bem recebido pelo público, principalmente no circuito universitário.

antony halborne – 4 danças
orlando gibbons – in nomine
thomas simpson – alman
michel east – and i as well thou
thomas simpson – ricecar-bonny sweet robin
josquin des prés – vive lo roy
pierre attaignant – 4 danças
wolfgang kuffer – 3 carmina
anônimo sec. XIII
anônimo sec. XV
anônimo sec. XIV
ludwing senfl – carmen fortuna desperada
anônimo sec. XIII
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Massimo Ranieri – Meditazione (1976)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Empolgado com as produções internacionais, eu hoje trago para vocês um disco o qual eu até então não conhecia. Fiquei surpreso ao descobri-lo, pois se trata de um trabalho de Eumir Deodato que eu não conhecia e por certo, muitos de vocês aqui também não conhecem. Não me lembro de ter lido na biografia artística de Eumir sobre este disco, onde ele faz a direção musical, os arranjos e também toca. O álbum é uma produção italiana da década de 70, apresentando o cantor e também ator italiano, Massimo Ranieri. Sem dúvida, um disco muito interessante, onde Deodato recria obras da música clássica em arranjos tão bacanas quanto o que fez em “Also sprach Zarathustra”, de Strauss.

adagio veneziano
serenata (de schubert)
notturno in mi b op.9 n.2 (de chopin)
meditazione
adagio in sol m (de albinoni)
il concerto di aranjuez
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A Música De Príncipe Pretinho – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 93 (2014)

Esta semana, o Grand Record Brazil apresenta a primeira parte de uma retrospectiva dedicada a um compositor com várias músicas gravadas, mas sobre o qual pouquíssima coisa se sabe. Estamos falando de Príncipe Pretinho, cujo nome verdadeiro era José Luiz da Costa, nascido no Rio de Janeiro em data ignorada e ali mesmo falecido em 1946. Um personagem tão misterioso quanto fascinante, que muito incentivou a carreira de outro grande nome  de nossa música popular, Herivelto Martins, ao apresentá-lo a J.B. de Carvalho, fundador e líder do Conjunto Tupi, no qual Herivelto participou. Nesta primeira parte, apresentamos dezoito composições de Príncipe Pretinho, interpretadas por cantores de prestígio em sua época. Abrindo-a, temos sua primeira composição levada a disco, o samba “Gamela quebrada”, sem parceiro, do carnaval de 1931, gravação Victor de Sílvio Caldas em 13 de dezembro de 1930, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 33407-B, matriz 65058. Em seguida, o Conjunto Tupi interpreta a marchinha ”Me dá, me dá”, igualmente de Príncipe Pretinho e ninguém mais, do carnaval de 1933. Outra gravação Victor, esta de25 de outubro de 1932, lançada ainda em dezembro, disco 33599-A, matriz 65569. Francisco Sena (Bahia, c.1900-Rio de Janeiro,1935), primeiro integrante da Dupla Preto e Branco, ao lado de Herivelto Martins, interpreta solo o ponto de macumba “Quem tá de ronda?”, também só de Príncipe Pretinho, gravada na Victor em 25 de maio de 1933 e só lançada em julho de 35 (!), disco 33953-B, matriz 65751. No samba “Tereré não resolve”, do carnaval de 1938, Príncipe Pretinho tem a parceria de Rogério Nascimento. Quem canta é Miguel Baúso (1913-?). em gravação Odeon de 27 de dezembro de 1937, lançada bem em cima dos festejos momescos, em fevereiro, sob n.o 11576-B, matriz 5750. O Trio de Ouro (apresentado inicialmente nos selos “Dalva de Oliveira e Dupla Preto e Branco”, isto é, Herivelto Martins e Nilo Chagas) apresenta-nos as duas músicas de seu disco de estreia, o Victor 34206, gravado em primeiro de julho de 1937 e lançado em novembro seguinte com vistas ao carnaval de 38, ambas apenas e tão-somente de Príncipe Pretinho. Na faixa 6, o lado A, a marchinha “Ceci e Pery”, matriz 80513. Nessa ocasião, Dalva e Herivelto combinaram que seu filho, então prestes a nascer, teria o nome de Ceci, caso fosse menina, e o de Pery, se fosse menino. E foi mesmo Pery, o excelente cantor Pery Ribeiro, outro de saudosa memória. Na faixa 5 está o lado B, matriz 80512, o batuque “Itaquari”. O Trio de Ouro interpreta depois o samba “Palavra de rei”, em que Príncipe Pretinho tem a parceria de Waldemar Crespo. Também destinado ao carnaval de 1938, foi gravado na mesmíssima Victor em 28 de julho de 37, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro,sob n.o 34263-A, matriz 80557. Para essa folia, na mesma Victor e no mesmo dia, 28 de julho de 1937, a Dupla Preto e Branco, sem Dalva, ainda gravaria o samba “Bate palmas”, onde o parceiro de Príncipe Pretinho é Boanerges Guedes. Saiu ainda em dezembro de 37, com o n.o 34247-A, matriz 80558, O Trio de Ouro volta a se reunir na faixa seguinte, o batuque “Quem mora na lua”, só de Príncipe Pretinho, gravação Odeon de 27 de junho de 1938, mas só lançada em abril de 39 com o número  11652-A, matriz 5878. No samba “Nosso amor não convém”, do carnaval de 1939, Príncipe Pretinho tem a parceria de Peterpan (José Fernandes de Paula, Maceió, AL, 1911-Rio de Janeiro, 1983). A gravação ficou por conta de Carlos Galhardo, na Victor, em 16 de dezembro de 1938, com lançamento um mês antes dos festejos momescos, em janeiro, disco 34401-B, matriz 80970. Na faixa seguinte, volta o Trio de Ouro, desta vez interpretando o belíssimo samba-rumba “Alvorada”, em que Príncipe Pretinho tem a parceria de um certo E. J. Moreira. Marcou a estreia do trio na Columbia, em gravação de 10 de maio de 1939, com lançamento em  junho seguinte, disco 55066-B, matriz 150. Da escassa discografia da cantora Janir Martins, outra cuja biografia é um mistério (dois discos com quatro músicas, ambos pela Columbia), foram pinçadas as duas músicas do primeiro disco, número 55175, gravado em 20 de setembro de 1939 e lançado em novembro do mesmo ano, ambas por ela cantadas em dueto com Jorge Nóbrega, parceiro de Príncipe Pretinho nas duas composições,  destinadas ao carnaval de 1940: a marchinha “Eu me rasgo todo”, matriz 215, por certo inspirada no tango “Por vos yo me rompo todo”, de Francisco Canaro, e o samba “Podes crer”, matriz 216. Para esse mesmo carnaval Príncipe Pretinho fez sozinho a marchinha “Na Turquia”, outra gravação do Trio de Ouro na Columbia, em 15 de dezembro de 1939, lançada um mês antes da folia, em janeiro de 40, sob n.o 55200-B, matriz 248. Nessa ocasião, vez por outra, Dalva de Oliveira, que integrava o Trio de Ouro, tinha oportunidade de gravar como solista. É o que acontece na mazurca “Menina de vestido branco”, de Príncipe Pretinho e mais ninguém, gravação Columbia de 24 de maio de 1940, lançada em junho do mesmo ano sob n.o 55218-B, matriz 286. Cármen Costa e Henricão apresentam em dueto dois sambas de Príncipe Pretinho, ambas do disco Columbia 55239, gravado em 19 de julho de 1940 e lançado em agosto do mesmo ano: “Dance mais um bocado”, parceria do próprio Henricão, matriz 307, e “Não quero conselho”, em que o parceiro é Constantino Silva, o Secundino, matriz 308. Para encerrar, Janir Martins interpreta, de seu segundo e último disco, o Columbia 55241-A, a marchinha “É espeto”, parceria de Príncipe Pretinho com Rogério Nascimento, gravada em 20 de setembro de 1940 e lançada em novembro seguinte, matriz 318, por certo para o carnaval de 41. Enfim, um atraente e histórico apanhado da obra musical de Príncipe Pretinho, que continuaremos a abordar na próxima semana. A gente se vê!
*Texto de Samuel Machado Filho

Carnaby Street Pop Orchestra And Choir – A Taste Of Excitement (1978)

Olá amigos cultos e ocultos! Embora eu tenha sempre uma montanha de discos e artistas a explorar nesse fantástico trabalho de arqueologia fonomusical, as vezes eu gosto de sair um pouco do tom. Ou por outra, as vezes acabo indo além, trazendo aqui coisas que aparentemente não teria nada a ver com o proposto, os discos e os artistas brasileiros. O disco de hoje é um caso extra, não é um criação de nossos artistas, mas traz diversos elementos relacionados ao contexto fonográfico nacional e suas curiosidades. Começando pela gravadora, o selo Top Tape que sempre primou pela ‘internacionalização’ da música pop no Brasil, criando e lançando seus diferentes discos/artistas com pinta de estrangeiros. Essa é uma história já bem conhecida e até comentada aqui em outras postagens. Daí, tudo que vem da Top Tape é sempre bom verificar com atenção. “A Taste Of Excitement” é um bom exemplo da maluquices aprontadas pela gravadora. Um álbum re-produzido pela gravadora, bem ao estilo de suas outras produções. Este álbum saiu em 1978, praticamente dez anos após o seu lançamento título original, com o “The London Theme” e executado pela Carnaby Street Pop Orchestra And Choir e dirigida por Keith Mansfield, músico e arranjador inglês, responsável por trabalhos com inúmeros artistas e principalmente compositor de trilhas para o cinema e televisão. O disco foi relançado com esta nova capa, sem nenhuma informação técnica ou artística e tendo as suas músicas com a ordem trocada. A faixa “A Taste of Excitement” é uma memorável trilha de novela da Rede Globo. Aliás, o disco foi praticamente todo utilizado pela emissora com fundo musical. Outra, talvez ainda mais conhecida por todos é a faixa “Dr. Jeckle and Hyde Park”, neste álbum apresentada apenas como “Hyde Park”. Esta música ficou conhecidíssima por ter se tornado o tema de abertura do programa “Esporte Espetacular”.
A Carnaby Street Pop Orchestra And Choir, ao que tudo indica, existiu apenas para dar nome a um trabalho excepcional. Este disco é sem dúvida uma pérola rara. Tanto o original quando esta versão da Top Tape, são hoje discos raros, disputados a tapa por colecionadores. Quem quiser um, me avise… tá na mão, ma sem tapa, ok? 😉

a taste ofo excitement
hyde park
funky fanfare
drum diddley
boom bang a bang
teenage carnival
show rocker
piccadilly night ride
congratulations
londo hilton
young scene
puppet on a string
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Onessimo Gomes – Serestas Do Brasil (1957)

Olá amigos cultos e ocultos! Passados os quatro dias de Carnaval, na Quarta de Cinzas eu descansei. E olha que não foi por conta da folia! Este ano eu fiquei ‘pianinho’ e só na água mineral. Carnaval, só aqui mesmo, no Toque Musical.
Retomando à rotina, aqui vai mais um prometido. Há tempos atrás eu postei aqui o álbum “Serestas do Brasil N. 3” e logo em seguida vieram os pedidos para que eu postasse também os números 1 e 2. Infelizmente o segundo eu ainda não encontrei, mas o primeiro está na mão. Ou melhor dizendo, tá no GTM! Eis aqui o álbum original de 10 polegadas, lançado em 1957 pelo selo Rádio. Em 58 ele seria relançado na versão 12 polegadas, com quatro outras músicas e uma capa com ligeiras alterações, onde o desenho do seresteiro dá lugar a figura do próprio cantor Onéssimo Gomes. Este álbum de 12′ já foi postado em outros blogs e creio, ainda pode ser baixado. Aqui, ficamos mais pela curiosidade e necessidade de mostrar a versão inicial. Sem dúvida, um excelente álbum, contemplando algumas das mais belas valsas e canções seresteiras, com arranjos e orquestração do maestro Aldo Taranto. Destaco dois clássicos, que para mim, são as melhores: “Lágrimas” e “Noite Cheia de Estrelas“.
lágrimas
brinquedo do destino
a pequena cruz do teu rosário
para sempre adeus
a última estrofe
mimi
noite cheia de estrelas
eterno amor
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Zaccarias E Sua Orquestra – Aguenta O Passo (1965)

Olá amigos foliões, cultos e ocultos! Para fecharmos o nosso Carnaval eu trago para vocês um outro ritmo que é também tradicional da festa, o contagiante frevo. Para tanto, nada melhor que Zaccarias e Sua Orquestra, um mestre na regência e que muito contribuiu para a divulgação do frevo. Nos anos 50 e início dos 60 ele foi o responsável pelos melhores bailes do Recife. Gravou vários discos de frevo, inclusive este pela RCA Victor, em 1965. Temos aqui um seleção de autênticos frevos, hoje verdadeiros clássicos que não podem faltar em nenhuma festa. Aguenta o passo que o frevo está chegando
pra vocês foliões
mistura, filho
maceió em folia
celso miranda no frevo
revendo bom jardim
aguenta o passo
o vassourinha vem chegando
passarela
recordação de sérgio lisboa
toureiros no frevo
divagando
homenagem a velha guarda
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Carnaval B – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 92 (2014)

O carnaval continua aqui no Grand Record Brazil. Apresentamos nesta semana mais 14 músicas destinadas à folia de Momo, gravadas na era das 78 rotações por minuto. Várias delas clássicos inesquecíveis. E começamos com o pé direito, apresentando um clássico inesquecível: “Pastorinhas”, de João “Braguinha” de Barro e Noel Rosa. Esta composição havia sido lançada originalmente para o carnaval de 1935, na voz de João Petra de Barros, com o nome de “Linda pequena”, sem no entanto repercutir. Após o falecimento prematuro de Noel, em 1937, Braguinha resolveu relançar esta bela marcha-rancho para a folia do ano seguinte, fazendo uma ou outra alteração na letra e rebatizando-a “Pastorinhas”. Sílvio Caldas a imortalizou na Odeon em 13 de dezembro de 1937, com lançamento em janeiro de 38 sob n.o 11567-A, matriz 5733. E “Pastorinhas”, além de ser um sucesso inesquecível, venceria o concurso oficial de carnaval da prefeitura do Rio de Janeiro. A vencedora na categoria marcha tinha sido “Touradas em Madri”, também de Braguinha com Alberto Ribeiro, mas acabou sendo desclassificada sob a alegação de que se tratava de um passo-doble espanhol. Evidentemente, Braguinha não ficou sem o primeiro lugar entre as marchas, pois “Pastorinhas” subiu do segundo para o primeiro lugar! A faixa seguinte é mais uma clássica marchinha, esta do carnaval de 1932: “Teu cabelo não nega”, adaptação feita por Lamartine Babo para o frevo-canção “Mulata”, dos irmãos Raul e João Valença. Castro Barbosa levou a música a disco, tornado-a um sucesso permanente da folia de Momo, e a regravaria outras vezes. A versão desta edição, também gravada na RCA Victor, é de 17 de outubro de 1952, lançada em dezembro do mesmo ano sob n.o 80-1072-A, matriz SB-093524, e mantém sua famosa introdução instrumental. E tome marchinha clássica! Agora é “Mamãe, eu quero”, de Jararaca e Vicente Paiva, do carnaval de 1937, um sucesso que é lembrado até hoje e ultrapassou as fronteiras do Brasil (tocou até em desenho animado de Tom e Jerry!). O próprio Jararaca imortalizou a marchinha na Odeon em 17 de dezembro de 1936, com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 11449-A, matriz 5499. Destaque, na gravação, para o hilariante diálogo inicial, em que o papel da mãe é feito por Almirante. Prosseguindo nosso desfile de clássicos carnavalescos, Orlando Silva, o eterno “cantor das multidões”,  nos brinda com a impecável marcha-rancho “Malmequer”, de Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar, o “amigo velho”, hit inesquecível do carnaval de 1940. Gravação Victor de 4 de novembro de 1939, lançada um mês antes do tríduo momesco, em janeiro, sob n.o 34544-A, matriz 33248. O eterno e sempre bem-humorado Lamartine Babo volta à cena neste retrospecto carnavalesco, agora com a marchinha “Linda morena”, absoluta no carnaval de 1933, que ele próprio interpreta ao lado de Mário Reis. Gravação Victor de 26 de dezembro de 1932, lançada bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 33614-A, matriz 65631. Destaca-se no coro, deste registro, uma voz feminina que parece ser a de Cármen Miranda. E falando em Cármen Miranda, ela aqui comparece com duas faixas. A primeira, da parceria Braguinha-Alberto Ribeiro, muitos conhecem na  interpretação de Gal Costa: é a famosa marchinha “Balancê”, de João “Braguinha” de Barro e Alberto Ribeiro, do carnaval de 1937. Cármen a gravou na Odeon em 19 de novembro de 1936, com lançamento um mês antes do carnaval, em janeiro, sob n.o  11430-A, matriz 5457. Apesar de ter obtido alguma aceitação, “Balancê” ficou esquecida com o passar do tempo, até que Gal Costa,  mais de 40 anos depois, a tirasse do esquecimento no LP “Gal tropical” e a transformasse em hit permanente de todos os carnavais a partir de 1980. A outra marchinha com Cármen Miranda nesta edição é a maliciosa “Eu dei…” (“O que foi que você deu, meu bem?”), do carnaval de 1938. Gravação Odeon de 21 de setembro de 1937, lançada ainda em dezembro com o número 11540-B, matriz 5670. No fim, descobre-se que a personagem havia dado um beijo, e quem canta os versos finais (“guarde para mim unzinho, que mais tarde pagarei com um jurinho”) é o próprio Ary Barroso! Aurora Miranda, irmã de Cármen, aqui comparece com outras duas marchinhas, ambas do carnaval de 1940, e em gravações Victor. A primeira é “Que horas são estas?”, de Antônio Almeida e Oswaldo Santiago, do carnaval de 1940. Foi gravada em 18 de outubro de 1939, e lançada ainda em dezembro sob n.o  34530-A, matriz 33191. Dias antes, a 3 de outubro de 39, Aurora já havia gravado “Não vejo jeito”, de Ismael Silva, lançada em novembro seguinte com o n.o 34519-B, matriz 33170. A carioca Dora Lopes (1922-1983), grande compositora e intérprete de sambas, comparece aqui com a divertida marchinha “Fila do gargarejo”, dela própria em parceria com José Batista e Nilo Viana. É do carnaval de 1958, lançada em fins do ano anterior pela Mocambo, gravadora do Recife que pertencia aos irmãos Rozenblit, sob n.o 15196-A, matriz R-910. As Irmãs Pagãs (Elvira e Rosina, esta falecida recentemente, anos depois de Elvira) apresentam-nos “Água mole em pedra dura”, marchinha do carnaval de 1940, de autoria de Sátiro de Melo e Manoel Moreira. Foi gravada na Columbia em 24 de outubro de 1939, e lançada ainda em dezembro com o número 55181-A, matriz 224. Dois inesquecíveis intérpretes se reúnem na faixa seguinte: Francisco Alves, o Rei da Voz, e Dalva de Oliveira, o Rouxinol do Brasil, interpretam a belíssima marcha-rancho “Andorinha”, de Herivelto Martins (então marido de Dalva) e Haroldo Barbosa, um dos sucessos do carnaval de 1946, conhecido como o “carnaval da vitória” por ter acontecido após o término da Segunda Guerra Mundial, com a vitória dos países aliados sobre os do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A dupla a imortalizou na Odeon em 5 de dezembro de 1945, e o lançamento se deu um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 12660-A, matriz 7954. Para finalizar, trazemos a cantora Lolita França, sobre a qual pouquíssima coisa se sabe. Aqui ela revive a “marcha-canção” (como foi editada originalmente)“Taí” (cujo título original era “Pra você gostar de mim”), de Joubert de Carvalho,  com a qual Cármen Miranda despontou para o estrelato em 1930. A regravação de Lolita é de 7 de julho de 1939, lançada pela Victor em setembro do mesmo ano, disco  34486-B, matriz 33116. Lolita França gravou, entre 1939 e 1942, onze discos com vinte e duas músicas, e suas gravações obtiveram algum sucesso na Argentina. Enfim, esta é a segunda e última parte do retrospecto carnavalesco do Grand Record Brazil, por certo expressiva contribuição para a preservação da memória musical do Brasil. Divirtam-se!

* Texto de Samuel Machado Filho

Carnaval De 56 (1956)

Bom dia, amigos foliões! Espero que todos estejam bem, sem ressaca e prontos para mais um dia de carnaval. Para este domingo, vamos relembrar oque  rolou de sucesso no Carnaval de 1956. Temos aqui um lp de 10 polegadas lançado pela Copacabana, apresentando alguns dos seus artistas exclusivos com músicas feitas para o carnaval daquele ano. Como se pode ver pela ilustração da contracapa, temos aqui alguns dos mais expressivos artistas da época interpretando sambas e marchinhas que se tornaram clássicos. Interessante também notar que este foi o disco número 1 da Continental para o carnaval. E ao contrário dos discos nesse formato que traziam apenas oito faixas, neste vieram dez. Não sei bem ao certo, mas suponho que nesse mesmo carnaval a Copacabana tenha lançado outro disco, o número 2. (Estou com tanta preguiça que nem vou me dar ao trabalho de checar isso) Confiram daí, que eu de cá já vou pra rua. Chapolim me espera!

fala mangueira – angela maria
ressureição – belcaute
turma do funil – vocalistas tropicais
a batucada – jorge veiga
passarinho – joão dias
se eu chorei – gilberto alves
na paz de deus – carmem costa
me dá um cheirinho – jackson do pandeiro
boate de pobre – roberto silva
radio patrulha – heleninha costa
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Bloco Carnavalesco Vai Quem Quer – Isto É Samba (1961)

Olá amigos foliões, cultos e ocultos (hehehe…) Carnaval taí e pelo jeito, aqui em Beagá a chuva não vai dar trégua. Num ano em que o belorizontino resolve encarar a festa de maneira programada, vem logo a chuva para tentar cortar o barato. Mas como dizem, quem tá na chuva tem mais é que se molhar. Desta vez, parece, o Chapolim (figura que sai num caminhão pipa jogando água nas pessoas) resolveu pedir ajuda à São Pedro. Carnaval molhado, tá valendo. Com dezenas de blocos espalhados por toda a cidade, não falta opção. Bom mesmo é curtir…
Na onda dos blocos caricatos, aqui vai mais um raro disquinho do selo Pawal: Bloco Caricato Vai Quem Quer, de Catumbi, Rio de Janeiro. Este é mais um daqueles tradicionais blocos carnavalescos carioca, cuja a percussão e repercussão vão além das ruas por onde passam. Até o nome do bloco já serviu de inspiração para outros. Em São Paulo, la na Vila Madalena, também tem um Vai Quem Quer. O de Catumbí surgiu nos anos 50, formado de maneira espontânea na própria comunidade e se mantem vivo e sempre atuante, inclusive no Carnaval deste ano. Este lp, pelas informações que recolhi, foi lançado em 1961. Nos anos 60, discos de carnaval e grupos relacionados a festa eram muito comuns e eram realmente muito bons. eram discos de samba e de batucada autênticos. Infelizmente a coisa toda foi diluindo e o que temos hoje, se comparado aos tempos passados, dá vontade de chorar. Dessa forma, para que o nosso Carnaval não fique com gosto de micareta, pagode e funk, vamos relembrar ou conhecer um verdadeiro bloco caricato. Os sambas apresentados aqui são todos de autoria do carnavalesco Jorge França Barreto.
o samba vai esquentar
o seresteiro
mulata faceira
rufar do tambor
conclusão
moçada louca
bateria
está na hora
empolgação tédio
já chegou quem faltava
praga