The Pop’s Ao Vivo – O Melhor De Ontem Para Você Recordar (1990)


Olá amigos torcedores! Hoje, por certo, todo mundo é torcedor, querendo ou não. Inevitável. Torce Brasil! Torce e se contorce, senão o bicho vai pegar. Ontem foi um sufoco contra o Chile. Se o Brasil sair dessa Copa o mal humor e a indignação vão estar de volta. Enquanto isso, eu por aqui vou a passos lentos, despreocupado com tudo, inclusive com as postagens deste mês que eu deveria estar fazendo com mais empenho, afinal estamos hoje completando 7 anos de atividades. Diferente dos anos anteriores, neste eu não estou fazendo festa. Se de uns tempos pra cá o ‘ibope’ no Toque Musical já não andava como nos velhos tempos, imagina agora neste mês com todos votados para o ‘grande circo’ da Fifa… sem chance! Vou enquanto isso é aproveitar, me despreocupar com as publicações, deixar rolar conforme o disco 😉
Segue aqui um outro e curioso disco do The Pop’s, aquele grupo instrumental da Jovem Guarda, que por aqui eu sempre apresento. Desta vez temos um álbum lançado nos anos 90. Suponho que tenha sido o último de uma saga e que certamente não se trata de um retorno do grupo que fez sucesso nas décadas de 60 e 70, mas sim de uma ‘arranjo’ feito pelo produtor, Oswaldo Cadaxo, em seu então novo selo, o Padrão. Oswaldo era quem comandava o lendário selo Equipe nos anos 60, por onde passaram vários artistas, inclusive os da Jovem Guarda e entre esses estava o conjunto The Pop’s. Ouvindo o disco, eu imagino que o produtor, aproveitando seu material da Equipe, relançou as gravações antigas do grupo fazendo um mix com falas e barulhinhos, típicos de gravações feitas ao vivo. Para quem entende, logo se percebe o engodo. O disco não apresenta separação de faixas, dando a entender que se trata mesmo de um show. Porém, as gravações são as mesmas extraídas de outros discos, vocês irão perceber. Contudo, o resultado ficou assim bem curioso e interessante de ouvir. Confiram

agora é tarde
what did you say
an i love her
ultima canção
daqui não saio
love is blue
can’t take my eyes off you
with a little help my friend
molambo
sá marina
moendo café
a chuva que cai
uno tranquilo
quero lhe dizer adeus
bilhetinho apaixonado
you only life twice
eu te amo, eu te amo, eu te amo
está chegando a hora
pobreza
tira a mão daí
alegria alegria
valsa do imperador
quisas… quisas… quisas…
adeus muchachos
paraiba
tiro liro liro
o sanfoneiro só tocava isso
até quarta feira
voltei
você não serve para ser meu namorado
cidade maravilhosa
.

Alvarenga & Ranchinho – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 105 (2014)

O Grand Record Brazil está de volta, após uma semana de recesso, desta vez trazendo de volta os “milionários do riso”: Alvarenga e Ranchinho, sem dúvida uma das duplas sertanejas mais famosas e queridas do Brasil. A dupla era formada por Murilo Alvarenga, nascido na cidade mineira de Itaúna, em 22 de maio de 1912, e Diésis dos Anjos Gaia, paulista de Jacareí, nascido em 23 de maio de 1913. Após o falecimento de sua mãe, Murilo passou a residir no Brás, bairro italiano de São Paulo. Trabalhava em circos como trapezista ao lado de seus tios, e ainda cantava tangos. Diésis atuava como cantor na Rádio Clube de Santos, apresentando um repertório romântico, e uma de suas músicas prediletas era “No rancho fundo”, de Ary Barroso e Lamartine Babo, sendo por isso apelidado de “Rancho”. Em 1928, durante uma seresta em Santos, Murilo e Diésis resolveram cantar juntos. Murilo aproveitou o sobrenome Alvarenga, e Diésis, conhecido como “baixinho” em função do porte físico, aproveitou o apelido das serestas e pôs no diminutivo – Ranchinho.  De início apresentavam-se em circos, com um repertório variado (valsas, modinhas, tangos, chorinhos), contando “causos” e piadas entre uma  música e outra, sempre garantindo o riso e a diversão do público.  É em 1933 que a dupla começa efetivamente sua carreira, atuando no Circo Pinheiro, em Santos. Mais tarde, seguem para São Paulo, apresentando-se na Companhia Bataclã. Um ano depois, ingressam na PRA-5, Rádio São Paulo (“a voz amiga”), a convite do maestro da orquestra da emissora, Brenno Rossi.  Em 1935, Alvarenga e Ranchinho venceram o concurso de músicas carnavalescas  da prefeitura de São Paulo com a marchinha “Sai, feia”, gravada por Raul Torres. Mais tarde, conhecem o compositor Silvino Neto e formaram o trio Mosqueteiros da Garoa, de curta duração. Um dia, a dupla passeava pelas ruas de violas na mão, quando foi vista pelo Capitão Furtado e, a convite deste, participou  do primeiro filme falado produzido em São Paulo, “Fazendo fita”, substituindo Mariano e Caçula, que desistiram de atuar no mesmo em virtude do atraso nas filmagens. Em 1936, a dupla chega ao Rio de Janeiro para uma temporada na Casa de Caboclo,uma casa noturna erguida no lugar do antigo Teatro São José,e ingressam na Rádio Tupi, com apresentações no programa “Hora do Guri”. Nesse ano, gravam seu primeiro disco, na Odeon,  com a moda de viola “Itália e Abissínia” e o cateretê “Liga das Nações”.  Em 1937, já consagrados, Alvarenga e Ranchinho são contratados pelo Cassino da Urca, onde permanecem até a proibição do jogo no Brasil, em 1946. Em 1938, obtêm êxito no carnaval com a marchinha “Seu condutor”, deles com Herivelto Martins, e nesse ano Ranchinho se desliga pela primeira vez da dupla. Alvarenga passa a cantar com Bentinho e forma o grupo Alvarenga e sua Gente. Mas, em 1939, Alvarenga e Ranchinho recompõem a dupla, que um ano mais tarde grava um de seus maiores hits, “Romance de uma caveira”. Em suas apresentações, o forte da dupla eram as sátiras políticas, com a diversão do público e o consequente descontentamento de alguns políticos atingidos. Inclusive o então presidente Getúlio Vargas, e a dupla passou a enfrentar problemas com o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão de censura do Estado Novo. Porém, certa vez, no dia do aniversário de Getúlio, 19 de abril, sua filha Alzira Vargas  convidou Alvarenga e Ranchinho para cantar no Palácio do Catete. Após ouvir a dupla, inclusive as sátiras que o atingiam diretamente, Getúlio acabou gostando e decidiu liberar suas músicas. Após uma excursão pelo Rio Grande do Sul, são contratados pela Rádio Mayrink Veiga, onde recebem o título de “Milionários do Riso”, tendo atuado também na lendária Rádio Nacional. Em 1950, apresentaram-se no Cassino Estoril, dePortugal, e, nessa época, são contratados pela Rádio e Televisão Tupi, juntamente com seu descobridor, o Capitão Furtado, “a trinca do bom humor”. Na década de 50, Diésis novamente deixa de cantar com Alvarenga por dois meses, desta vez substituído por Delamare de Abreu,  irmão de Alvarenga por parte de mãe, que mais tarde deixou a carreira artística e virou pastor protestante. Em 1965, Diésis, o primeiro Ranchinho, abandona definitivamente Alvarenga, sendo substituído por Homero de Souza Campos, que já integrara o Trio Mineiro, ao lado de Bolinha (Euclides Pereira Rangel) e Cosmorama. A 18 de janeiro de 1978, em São Paulo, Alvarenga falece, encerrando definitivamente a dupla. Diésis dos Anjos Gaia, o primeiro Ranchinho, continuou a se apresentar solo, inclusive participando, em 1981-82, do programa “Som Brasil”, apresentado por Rolando Boldrin na TV Globo. Diésis faleceu em 5 de julho de 1991. Nesta edição do GRB, apresentamos alguns dos melhores momentos da vitoriosa carreira de Alvarenga e Ranchinho, perfazendo um total de dezesseis faixas, todas em gravações Odeon. Abrindo esta seleção, justamente o lado A do primeiro disco da dupla, a moda de viola “Itália e Abissínia”, deles mesmos mais o Capitão Furtado, abordando o conflito entre os dois países, que precederia a Segunda Guerra Mundial.  Histórica gravação de 16 de março de 1936, lançado em maio do mesmo ano, disco 11342-A, matriz 5286. “O divórcio vem aí”, de Alvarenga, Ranchinho e mais ninguém, reflete uma das muitas ocasiões em que o tema estava na pauta das discussões, em gravação datada de 11 de julho de 1939 e lançada em setembro do mesmo ano sob n.o 11757-A,matriz 6153. Em seguida temos o lado B desse disco, o cateretê “Nóis em Buenos Aires”, também de composição própria, matriz 6154, concebido após uma temporada de sucesso na capital argentina.  A moda de viola “Racionamento de gasolina”, de Palmeira e do Capitão Furtado, retrata uma situação decorrente da Segunda Guerra Mundial, com o uso pelos automóveis de gasogênios (aparelhos que substituíam gasolina por gás).  Alvarenga e Ranchinho a gravaram na ”marca do templo” em 13 de julho de 1942, com lançamento em setembro do mesmo ano sob n.o 12195-B, matriz 7013. Também do Capitão Furtado e Palmeira, agora com a companhia de Piraci (Miguel Lopes Rodrigues), é a moda de viola “Você já viu o cruzeiro?”, outra crônica musical  em que se aborda a implantação do cruzeiro como moeda nacional (após frustrada tentativa no governo de Washington Luís), gravação de 15 de setembro de 1943, lançada em novembro do mesmo ano, disco 12376-B, matriz 7384. Uma das muitas homenagens musicais prestadas à capital paulista, o samba “Eh! São Paulo”, da própria dupla, é conhecido até hoje, e foi gravado em 13 de dezembro de 1943, com lançamento em março de 44, disco 12423-B, matriz 7449. A divertida moda de viola “Liga dos bichos”, dos próprios Alvarenga e Ranchinho mais o Capitão Furtado, foi lançada originalmente  na Victor, em 1936. Aqui,a segunda gravação, feita na Odeon em 27 de fevereiro de1948 e só lançada em maio de 49 sob n.o 12933-A, matriz 8322. Composta e gravada na época do Estado Novo, a moda de viola “História de um soldado”, de Alvarenga  sem parceria,  foi vetada pela censura na época. Mas, em  5 de fevereiro de 1953, Alvarenga e Ranchinho fazem nova gravação, esta sim lançada em disco, em maio do mesmo ano, com o n.o 13437-B, matriz 9615, e com o título alterado para “História de um palhaço’ (!).  “Dança do chegadinho” é uma marchinha do carnaval de 1942. Assinada pelos próprios Alvarenga e Ranchinho, foi por eles gravada em 19 de novembro de 41, com lançamento pela  “marca do templo” um mês antes dos festejos de Momo, em janeiro, sob n.o 12102-A, matriz 6857. A rancheira “As três festas”, também composição própria da dupla, é gravada em 16 de abril de 1941, mas só chega as lojas em março de 42, no disco Odeon 12124-B, matriz 6614. Em seguida, temos o clássico “Tico-tico no fubá”, “choro sapeca” de Zequinha de Abreu, originalmente lançado em 1932 pela Orquestra Colbaz, apenas instrumentalmente. Com o subtítulo de “Vamos dançar, comadre” e com letra de Alvarenga, é por ele gravado com Ranchinho na Odeon em 27 de julho de1942, com lançamento em outubro do mesmo ano sob n.o  12202-A, matriz 7021 (a letra mais conhecida, porém, é a de Eurico Barreiros, gravada no mesmo ano por Ademilde Fonseca). A “Valsa do assobio”, dos próprios Alvarenga e Ranchinho, é por eles gravada em 16 de abril de1941, mas só sai em março de 42 sob n.o 12124-A,matriz 6615. O cateretê “Fogo no canaviar”, outra composição própria da dupla, é gravação de 13 de dezembro de 1943, só lançada em junho de 44, disco 12449-B, matriz 7450. “Vamos arrastar o pé”, de Alvarenga e Chiquinho Sales, é uma marchinha do carnaval de 1943, que os “milionários do riso” gravam na “marca do templo”  em 13 de novembro de 42 com lançamento um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 12248-B, matriz 7140. As duas últimas faixas mostram a veia romântica de Alvarenga e Ranchinho.   A rancheira “Adeus, Mariazinha”, de Fausto Vasconcelos, é gravada pela dupla em 25 de janeiro de1944,com lançamento em maio do mesmo ano, disco 12442-B, matriz 7480. E, por fim, encerrando esta seleção do GRB, a valsa “Aquela flor”, da própria dupla, gravação de 13 de julho de 1942, lançada somente em outubro de 44, disco 12498-A, matriz 7011. Enfim,uma retrospectiva bastante expressiva da carreira de Alvarenga e Ranchinho, os eternos e insubstituíveis “Milionários do Riso”! 

*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

 

Dilermando Reis – Presença De Dilermando Reis (1962)


Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Aqui vai um disco que certamente irá agradar aos garimpeiros de plantão. Temos para hoje este álbum do violonista Dilermando Reis, lançado em 1962, pela Continental. Nele encontraremos um repertório quase todo autoral. Diferente de outros discos do artista, neste ele vem acompanhado por Radamés Gnatalli e sua orquestra, que dá ao trabalho um caráter ainda mais amplo, deixando Dilermando mais como um solista da orquestra. Participa também o organista e compositor Steve Bernard, figura muito citada na Rede, mas eu mesmo não encontrei nada sobre ele. Me parece, pelo nome, que era um músico estrangeiro que teve passagem pelo Brasil, suponho eu. Confiram aí este lp e se alguém souber, esclarece aqui quem foi esse Steve Bernard. Fiquei curioso

recordando malaguña
presença
uma valsa, dois amores
torna a sorriento
fingimento
sob o céu de brasília
no tempo do vovô
tempo de criança
chuvisco
rosita
mágoas de africano
xodó da bahia
.

Chico Buarque De Hollanda (1966)

Salve, amigos cultos e ocultos! Aqui estou de volta. Este é um mês especial e eu não poderia deixá-lo passar assim com tantas falhas, com postagens picadas e coisa e tal… Assim sendo, vamos tratar de por a casa em ordem, apresentando títulos realmente interessantes para se ouvir com outros olhos.
Como disse, este é um mês especial. O Toque Musical está fazendo aniversário. Coincidentemente o Chico Buarque também. São 7 do TM e 70 do Chico. Parabéns aos dois! Parabéns ao grande compositor Chico Buarque de Holanda, figura que indiscutivelmente é um dos maiores artistas brasileiros. Considero-o como o Noel Rosa contemporâneo. Artista do mesmo quilate do Poeta da Vila, cujas criações são eternas. Não tenho nada que possa acrescentar ao que já foi dito sobre ele. Amo o Chico de paixão e é por isso, pelo seu aniversário que estou postando hoje o seu primeiro lp. Disco este, por sinal, que me acompanha desde o seu lançamento. Foi comprado na época por alguém lá de casa e eu ao final acabei herdando toda a discoteca. Eu sempre fui muito cuidadoso e aprendi cedo a zelar pelos vinis. Este, continua intacto, perfeito, sendo um dos meus prediletos. Tem história, tem momentos e…, porra, é um puta disco!
Lançado pelo selo RGE em 1966, este foi o primeiro lp de Chico Buarque. Um álbum magnífico onde iremos encontras algumas de suas mais célebres canções. No disco ele conta com a participação de Toquinho, que o acompanha em várias faixas. Também o acompanha o quinteto de Luiz Loy e em algumas faixas os arranjos são do maestro Francisco de Moraes. Sem discussão, um disco nota 10! Básico em qualquer discoteca que se preze. 😉

a banda
tem mais samba
a rita
ela e sua janela
madalena foi pro mar
pedro pedreiro
amanhã ninguém sbe
você não ouviu
juca
olê olá
meu refrão
sonho de um carnaval
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Sempre No Meu Coração – Always In My Heart (2014)

Olá amigos cultos e ocultos! Eu havia dito que faria uma pausa nas postagens, mas devido as circunstâncias, me vi obrigado a fazer mais uma. Considerando que hoje é um dia muito especial para todos nós brasileiros, quando então um sentimento, a paixão, nos arrebata fazendo nosso coração vibrar, eu daqui não pude me furtar a esta saudação: feliz Dia dos Namorados! É, vocês estavam pensando que eu me referia à Copa? Nada disso, nada de copa… a conversa é no quarto, entre quatro paredes. Só love, só love… Aproveitei que tinha aqui uma seleção de versões para um clássico da música americana, “Always in my heart”, canção composta nos anos 40 por James Kimball Gannon, para um filme de Hollywood, com o mesmo nome. Graças ao filme, a canção ganhou o mundo e também muitas versões. Selecionei aqui vinte delas internacionais e outras vinte da versão nacional. Entre as versões nacionais, faço constar também a interpretação do cantor Pedro Paulo Lecuona, grande colecionador de lps, dos quais muitos foram extraídos como parte do acervo digital do Toque Musical..
Segue assim 40 diferentes versões para a música “Always In My Heart”. Um presentaço para velhos casais ainda apaixonados. Listados abaixo vão os intérpretes nacionais:

indios tabajaras
omar izar
dalva andrade
francisco petronio
luiz arruda paes
anísio silva
abilio farias
antonio marcos
roberto barreiros
joanna
josé ricardo
mário augusto
nelson gonçalves
orlando silva
pedrinho mattar
roberto luna
pedro lecuona
teixerinha
waldick soriano
orquestra românticos de cuba
PS.: Uma pequena correção, muito bem apontada pelo amigo Wander. A música “Always in my heart” foi , na verdade composta pelo cubano Ernesto Lecuona. Seu nome original é “Siempre en mi corazon”. Falha minha 🙂
.

Toquinho, Vinícius & Amigos (1973)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Contrariando as expectativas, por aqui, realmente, não vai ter Copa! Não adianta nem pedir ajuda à Fifa, ao Lula ou à Dilma. Adoro futebol, mas aqui ninguém é idiota. Vai que o Joseph Blatter e sua gang resolvem começar a fazer exigências… querer deixar isso aqui parecido com o Loronix, tudo em inglês, texto perfeito padrão Fifa… sem chance! Aqui, faço eu!
Vamos então rodando o nosso disco do dia. Vamos com este célebre lp de Toquinho & Vinícius lançado pela RGE/Fermata em 1973. Um álbum cheio de convidados, como se pode ver logo pela capa: Chico Buarque, Maria Bethania, Maria Creuza, o italiano Sergio Endrigo e Ciro Monteiro, que aparece aqui em suas últimas gravações.

apelo – toquinho, vinincius e maria bethania
que martírio – toquinho, vinícius e ciro monteiro
tomara – toquinho, vinícius e maria creuza
poema degli occhi – toquinho e sergio endrigo
samba da rosa – toquinho e vinicius
você errou – toquinho, vinícius e ciro monteiro
e se esqueça de mim – toquinho
la cada – toquinho, vinícius e sergio endrigo
viramundo – toquinho e maria bethania
lamento no morro – toquinho, vinícius e maria creuza
desencontro – toquinho e chico buarque
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Sérgio Ricardo (1975)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Com o início da Copa do Mundo, eu estou pensando aqui em dar uma parada. Uma pausa para desafogar, descansar, ou ainda, parar de vez… Neste mês de junho o Toque Musical estará completando 7 anos de atividades. Ao contrário dos anos anteriores, quando então eu sempre celebrei a data, desta vez ando meio desanimado. Não fiz ainda nenhuma chamada e nem estou pensando em grandes coisas. Este ano eu estou no espírito da Copa, ou seja, totalmente broxado… Devo dar uma pausa logo no fim da semana, ok?
Bom… falando do que é bom, eu hoje estou trazendo aqui para vocês este já bem conhecido, porém sempre bem vindo, álbum do cantor e compositor Sérgio Ricardo. Este lp foi lançado em 1975 pela RCA Victor e traz o artista interpretando, em novas versões, alguns de seus temas para o filme, também de sua autoria, “A Noite do Espantalho”; o clássico “Zelão”; “Dlce Negra”; “Bouquet de Isabel”, “Ausência de você” e também o tema da peça infantil de Maria Clara Machado, “Flicts”, em parceria com Ziraldo.

dulce negra
zelão
1984
ausência de você
bouquet de isabel
pé na estrada
cacumbu
flicts
briga de faca
pena e o penar
canção do espantalho
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A Música De Henricão – Seleção 78 RPB Do Toque Musical Vol. 104 (2014)

Apresentamos anteriormente, aqui no Grand Record Brazil, várias composições de Henricão (Henrique Felipe da Costa, Itapira, SP, 1908-São Paulo, 1984), inclusive duetos dele com Cármen Costa, cantora que ele próprio lançou,na edição de número 75, e que conseguiria maior sucesso de mídia que ele. Como bem se lembram os amigos cultos, ocultos e associados do TM, apresentamos na ocasião um esboço biográfico da obra deste compositor, que ganhou o apelido por causa de sua exagerada estatura (quase dois metros de altura) e, pouco antes de falecer, ficou na história  como o primeiro Rei Momo negro do carnaval de São Paulo. Também marcou presença como ator de cinema e televisão e, apesar de ter feito inúmeras composições de sucesso e de toda a sua fama, vivia em dificuldades financeiras, até passando fome, mas sempre ajudado pelos amigos e encarando a vida com otimismo e esperança. Pois nesta centésima-quarta edição do GRB, apresentamos mais um pouco do legado do notável Henricão,tanto como autor quanto apenas intérprete,  com uma seleção de nove gravações de valor artístico e histórico inquestionáveis.  Abrimos a seleção desta semana com três duetos do compositor com a carioca Sarita, cuja biografia é um mistério para muitos pesquisadores, em gravações Odeon. O primeiro é “Moreninha do sertão”, toada do acordeonista Antenógenes Silva , evidentemente com a participação dele mesmo no acompanhamento (sua popularidade era tão grande que seus discos, mesmo quando cantados, tinham seu nome acima dos de quem interpretava as músicas). A gravação é de 9 de maio de 1936, tendo sido lançada em outubro do mesmo ano com o número 11398-B, matriz 5340. A segunda faixa com Henricão e Sarita é “Noiô noiô”, maracatu dos irmãos Paulo e Sebastião Lopes (autores também de um clássico do gênero, “Coroa Imperial”), destinado ao carnaval pernambucano de 1937. A gravação data de 15 de dezembro de 36, sendo lançada um mês antes dos festejos momescos pela “marca do templo” com o número 11447-A,matriz 5494. Escalou-se também, na faixa seguinte, o lado B, outro maracatu, este de Benigno Gomes e Franz Ferrer, “Chora, meu goguê”, matriz 5495. Em seguida, como solista, Henricão nos traz o samba “Pra que tanto ciúme?”, de Bucy Moreira e Lacy Martins (irmão de Herivelto),.também gravação Odeon, datada de 10 de dezembro de 1937, com lançamento em fevereiro de 38 (para o carnaval, “of course”), disco 11565-A,matriz 5731. O lado B, matriz 5732, também aqui está, e também é samba: “Qual foi o mal que te fiz?”, de Getúlio “Amor” Marinho e O. Patrício. O samba-choro “Casinha da Marambaia”, de Henricão e Rubens Campos (sequência de “Só vendo que beleza”, de 1942), originalmente lançado por Cármen Costa em 1944, é aqui revivido ao solovox  (considerado o primeiro sintetizador monofônico da história musical) pelo também maestro Roberto Ferri, à frente de seu conjunto, em raríssima gravação do selo Califórnia (gravadora fundada pelo compositor Mário Vieira e até hoje em atividade, dirigida pela terceira geração da família), datada de 28 de novembro de 1960, disco TC-1191-B, matriz TC-502. A “Marcha dos Democráticos”, interpretada solo por Henricão na faixa seguinte, é de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva, mesmos autores do clássico “General da Banda”. Só se sabe que é gravação RCA Victor, possivelmente de disco promocional, não-comercializado. “Não me abandone”, samba  do carnaval de 1944, que Henricão fez com Rubens Campos e José Alcides, é interpretado pela cantora que o compositor apadrinhou, Cármen Costa, em gravação Victor de 24 de novembro de 43, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 80-0153-B, matriz S-052889. O multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955) executa ao cavaquinho, em ritmo de baião, “Está chegando a hora”, adaptação de Henricão e Rubens Campos para a valsa mexicana “Cielito lindo”, escrita em 1882 por Quirino Mendoza y Cortés. A música teve seu título mudado para “Chegou a hora” nesta gravação Odeon de 26 de maio de 1953, lançada em  julho seguinte sob número 13472-B, matriz 9716. A faixa seguinte, “Dever de um brasileiro”, com o próprio Henricão, outra parceria sua com Rubens Campos, é um samba da época da Segunda Guerra Mundial, relatando a despedida de um pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para lutar na Itália, Gravação Victor de 4 de maio de 1943, lançada em julho do mesmo ano, disco 80-0095-A, matriz S-052762. Por fim, “Será possível?”, samba também de Henricão e Rubens Campos e outra gravação Victor, agora do “Formigão’ Cyro Monteiro, datada de 5 de junho de 1941 e lançada em agosto seguinte com o número 34781-A, matriz S-052234. É a faixa que encerra esta pequena-grande retrospectiva de Henricão, apresentando músicas seja de outros autores, por ele interpretadas solo ou acompanhado, e composições próprias apresentadas por outros expressivos nomes da MPB. Divirtam-se!

Texto de Samuel Machado Filho

Claudia Telles – Claudia (1977)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Ultimamente todas as minhas publicações tem sido de discos que eu chamo de ‘discos de gaveta’, aqueles sempre prontos, como as ‘notícias de gaveta’, que aguardam a sua hora para entrar no jornal. Tenho feito assim, catando aquilo que está mais próximo, sem ficar escolhendo muito. Felizmente, o que tenho deixado para essas horas são coisas que valem também a conferida. Hoje, por exemplo, vamos com este lp da cantora Claudia Telles, o primeiro lp gravado por ela. Antes disso a moça só tinha participado em discos de outros artistas, fazendo côro e alguns ‘backvocals’. Em 1976 ela gravou num compacto a música “Fim de tarde”, de Walter Davila Filho e Mauro Motta, que fez muito sucesso nas rádios e lhe abriu as portas para este lp, que sairia no ano seguinte. A música acabou entrando no repertório do disco, impulsionando-o . E mais uma vez ela fez sucesso com outra música de Mauro Motta, desta vez em parceria com Robson Jorge, “Preciso te esquecer”, tema de uma novela da Rede Globo. O álbum trouxe também outros destaques como “And I love her”, dos Beatles e “Dindi”, música de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, também interpretada por sua mãe, a cantora Sylvia Telles.
Já ouvi outros discos da Claudia Telles, mas este é para mim o preferido, não apenas pelo repertório tão agradável, mas também pelos arranjos de Lincoln Olivetti e regências de Alexandre Gnatalli. Isso, sem dúvida, faz a diferença 🙂
eu preciso te esquecer
eu nao posso mudar
dindi
você pensa
aprenda a amar
caminhos iguais
um dia tudo vai passar
não aguento mais você
and i love her
sem ter você
a vida sem você
fim de tarde
.

Carlinhos Vergueiro – Só O Tempo Dirá (1975)

Boa noite, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! Aqui estamos com mais uma boa postagem. Mais um bom toque musical. Hoje apresentado o segundo disco do cantor e compositor Carlinhos Vergueiro. O primeiro, “Brecha”, de 1974, eu já publiquei aqui há mais tempo. “Só o tempo dirá” foi o disco onde o artista ganhou projeção, principalmente por conta da primeira faixa do lado B, “Como um ladrão”, música vencedora do Festival Abertura, da Rede Globo, de 75. Esta música é mesmo muito bonita e com o arranjo do Nelson Ayres ficou sensacional. O álbum, num geral e como convém à produção fonográfica dos anos 70, muito boa. Hoje, talvez, mais ainda se compararmos à mediocridade reinante. O trabalho é praticamente todo autoral tendo apenas o choro, “Paraquedista”, que é de José Leocádio, trombonista da Orquestra Tabajara. Carlinhos Vergueiro conta ainda com a participação da Velha Guarda da Portela na faixa que dá nome ao disco, “Só o tempo dirá”. A propósito, será que este lp chegou a ser relançado? Sinceramente, eu nunca vi em lojas e nem nas bocas. Talvez por isso é que eu o estou postando. Confira aí, antes que a Fifa domine..

de onde vem
pelas ondas do bar
paraquedista
precipício
eco
só o tempo dirá
como um ladrão
como dói
se cuide
os olhos das meninas
aragem de fé
foi fatal
.

Francisco Carlos – Adorável Como Um Sonho (1957)

Olá amigos cultos e ocultos! Tem horas em que eu penso seriamente em desistir dessa minha peleja que é (hoje) tentar manter diariamente as postagens do Toque Musical. Eu realmente ando muito sem tempo e também meio desanimado. Perdi um pouco a graça com algo que já não consigo manter. Adoro música, discos… e adoro compartilhar isso tudo com vocês, mas realmente está difícil… 🙁 Enquanto ainda aguento, enquanto ainda há um pingo de vontade e alguns minutos de folga, vou publicando aqui…
Seguimos hoje com outro disco do cantor Francisco José, seu terceiro lp lançado pela RCA Victor em 1957. Um álbum de 12 polegadas com doze faixas em um repertório romântico, com músicas de famosas, na qual eu destaco a belíssima “Você não sabe amar”, samba de Dorival Caymmi e Carlos Guinle, antecipando aquela bossa nova.

adorável como um sonho
você não sabe amar
ela hoje é diferente
sempre comigo
bom dia
nossa toada
último favor
igarassú
a maior maria
aventureira
porque brilham os teus olhos
minha prece
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Sylvinha Mello – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 103 (2014)

Nesta semana, em sua centésima-terceira ediçã o, o Grand Record Brazil resgata uma cantora hoje esquecida, mas que deixou um legado importantíssimo, tanto artística quanto historicamente, para nossa música popular. Estamos falando de Sylvinha Mello. Nossa biografada, evidentemente batizada como Sylvia Mello, nasceu  em Vitória, capital do Espírito Santo, no dia 23 de fevereiro de 1914, filha de pernambucanos. Aos nove anos de  idade, chegou ao Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira artística interpretando peças folclóricas em teatros e cassinos do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras. Ao atingir a maioridade (dezoito anos), Sylvinha apresentou-se no programa radiofônico de César Ladeira, o que lhe permitiu atuar ao lado de três grandes cartazes da época: Francisco Alves, Cármen Miranda e Sílvio Caldas. Gravou seu primeiro disco em 1931, na Victor, com duas canções de Hekel Tavares: “Chove, chuva” (parceria com o poeta Ascenso Ferreira) e “O pequeno vendedor de amendoim” (com versos do teatrólogo Joracy Camargo), esta última incluída nesta edição do GRB. Como atriz, participou de três filmes: “Estudantes” , “O grito da mocidade” e “Estrela da eterna esperança”.  Sua discografia compreende dez discos com dezenove músicas, oito deles pela Victor, e os outros dois pela Columbia, interpretando composições de Hekel Tavares, Joubert de Carvalho e Custódio Mesquita, entre outros, com estilo marcadamente romântico, predominando as canções e as valsas. Mais tarde, Sylvinha mudou-se para Nova York, onde viveu dois anos como estudante, conseguindo, pouco depois, emprego no consulado brasileiro.  Foi uma das primeiras brasileiras a fazer sucesso nos EUA, obtendo grande aceitação com suas interpretações de músicas de Ary Barroso, em emissoras de rádio e boates daquele país, inclusive a Blue Angel, de Nova York. Após se separar de um primeiro casamento, Sylvinha contraiu novas núpcias, agora com um diplomata francês, passando, então, a residir em Paris. Sylvinha morreu ali mesmo na capital francesa, por volta de 1978. Para esta edição do GRB, foram escolhidos nove exemplos da arte de Sylvinha Mello. Abrindo esta seleção, o lado A de seu derradeiro disco, o Columbia 55001, lançado em dezembro de 1938: a canção “Soldadinhos de chumbo”, de Marcelo Tupinambá e Galda de Paiva, matriz 3721, música originalmente gravada em 1930, por Edgard Arantes. As oito faixas seguintes foram todas gravadas  na Victor. Do disco 33956, foi escalado o lado B, o samba-canção “Perto do céu”, de autoria do pianista Romualdo Peixoto, o Nonô (tio dos cantores Cyro Monteiro e Cauby Peixoto) com versos de Francisco Matoso, gravação de3 de abril de 1935, lançada em agosto do mesmo ano, matriz 79859. Na faixa 3, temos a valsa “Os teus olhos me falam de amor”, de Joubert de Carvalho, gravada em 30 de agosto de 1935 e lançada em outubro seguinte sob número 33984-A, matriz 80023. Na faixa 6 está o lado B, matriz 80022, a canção “Mariblanca”, também de Joubert em parceria com Luiz de Gongora.  Na faixa 4, do primeiro disco de Sylvinha, o Victor 33489, foi escalada a canção “O pequeno vendedor de amendoim”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo,o lado B, gravado em 14 de outubro de 1931 e lançado ao apagar das luzes desse ano, em dezembro, matriz 65254. A seguir, outras quatro  composições de Joubert de Carvalho, autor com quem Sylvinha obteve seus maiores hits.  Na faixa 5, a valsa “A carícia de suas mãos”, disco Victor 33972-A, gravação de 15 de julho de 1935, lançada em setembro desse ano, matriz 79981. Na faixa 8 está o lado B, a canção “Teu retrato”, matriz 79990, gravada três dias depois da “Carícia”, ou seja em 18 de julho de 1935. Na faixa 7, a valsa “Viver para o amor”, gravação de 15 de julho de 1935 que a marca do cachorrinho Nipper lançará em agosto seguinte com o número 34079-A,matriz 79982 (curiosamente, no lado B, apareceu a valsa “Italiana”, clássico na voz de Carlos Galhardo!).  Por fim, o fox “Canção das águas”, outra página do autor de “Taí” e “Maringá”, que Sylvinha gravou na Victor em 26 de maio de 1936 e foi lançada em julho seguinte com o número 34070-B, matriz 80166. Enfim, uma expressiva amostra, “curta e grossa”, do expressivo legado deixado por Sylvinha Mello para a nossa música popular. Ouçamos e recordemos
Texto de Samuel Machado Filho

Quinteto Agreste – Sol Maior (1982)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Para não passarmos em branco o fim de semana, de última hora, aqui vai um disco bacana, que cura qualquer depressão domingueira. Apresento a vocês o Quinteto Agreste, um grupo cearense de primeiríssima qualidade, surgido lá pelos anos 70, em Fortaleza. Injustamente, foi um conjunto que não recebeu a devida atenção da crítica e de um público a nível nacional. Ficaram meio que restritos ao regional, não conseguindo a merecida projeção. Pelo pouco que sei, o grupo ainda se mantém ativo, apesar de algumas alterações. Gravaram ao longo do tempo dois lps e um compacto. Depois, parece, lançaram um cd nos anos 2000. “Sol Maior” foi o primeiro lp, produção independente lançada em 1982, com o apoio da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura. Um trabalho realmente muito bem produzido e autêntico. São dez faixas entre temas autorais e outros conhecidos como “Na hora do almoço”, de Belchior; “Vaca Estrela, Boi Fubá”, de Patativa do Assaré e “Riacho do Navio”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Não deixem de conferir… O link não fica no blog, não demora no GTM, não espera ninguém… 🙂

quase bom, quase ruim
é assim o meu amor
de sol a sol
todo meu ouro
na hora do almoço
mourão
fortaleza, meu xodó
sertão
vaca estrela, boi fubá
riacho do navio
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