Som Nosso De Cada Dia – Snegs (1977)

Olá, meus prezados! Dando continuidade às nossas postagens e ainda no espírito do ecletismo musical, iremos hoje de rock. Mais exatamente rock progressivo dos saudosos anos 70. Tenho para hoje um disco que me acompanha desde o seu lançamento e está entre os meus ‘1001 discos para ouvir antes de morrer’. Tenho o vinil comprado em 1977 e sua versão em cd, lançado em 93. Tenho por este álbum um apego que vai além de sua raridade e beleza. Este disco foi a trilha sonora da minha louca adolescência. Desbundei ao assistir no antigo Cine Brasil, um dos maiores e mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o show da banda. Foi a primeira vez que eu fui ver um show de rock ao vivo. Fiquei muito impressionado com toda aquela loucura, tanto no palco como na platéia. Numa época onde ainda reinava o poder ditatorial se refletindo em todas as instâncias, inclusive a policial. O show do Som Nosso não durou muito tempo. A polícia militar e civil foram acionadas, cercando todas as saídas do prédio. Invadiram o espaço com a sua peculiar truculência, fazendo o “Sinal da Paranóia” se tornar uma realidade. Tomei um baita susto quando as luzes se acenderam entre muita fumaça e um acorde incompleto. Estávamos todos presos, foi esta a frase que ouvimos. Foi um rebú geral. Aliás foi uma ‘puta geral’, todos de mãos na parede, revistas e algumas porradas. Tinha na porta até ônibus fretado para levar o público em massa para a prisão. Tudo isso por conta dos diversos baseados que se acenderam logo depois que as luzes se apagaram e a banda entrou. Nesta época, pelo menos em Belo Horizonte, a tolerância com atitudes jovens era zero. Cabelo grande já colocava o sujeito como um maluco, um suspeito em potencial. E maconheiro era sinônimo de marginal, uma chaga para a sociedade. “A juventude está perdida”, foi uma frase comum de se ouvir naquele tempo. Eu só me livrei da ‘cana’, talvez porque ainda era de menor e no teste do “cospe aí” eu passei com louvor. Levei apenas um tapa nas costas que me fez sair correndo assustado pela avenida Afonso Pena até a altura do Parque Municipal. Meus amigos, todos de maior idade, ficaram por lá. Foram passear de ônibus e conhecer de perto a Metropol. Mas não foi nada traumatizante. No dia seguinte já estávamos todos reunidos contando cada qual a sua versão do fatos. Juntei meus poucos ‘cruzeirinhos’ e fui logo cedo na loja de discos Pop Rock comprar o último “Snegs” que havia na estante. Ao longo do tempo essa história foi tomando um outro sabor. Se tornou uma boa lembrança que só mesmo quem a viveu pode saber. Bons tempos aqueles…

Mas, falando do disco, este foi um dos melhores álbuns de rock nacional que eu já ouvi. Não apenas pela história que contei. “Snegs” foi o primeiro álbum do Som Nosso, uma banda formada pelo ex-Incríveis Manito que pontuava seu som no rock progressivo. Manito, Pedrinho e Pedrão faziam um som de peso. Música de alta qualidade, ao nível das melhores bandas internacionais. No mesmo ano lançaram o segundo Som Nosso, só que desta vez sem a presença de Manito que havia partido para os Mutantes. Em 1993 os músicos se reuniram novamente para o relançamento deste álbum em cd. Gravaram uma versão de “O Guarani” de Carlos Gomes que embora destoando, entrou como bônus, a faixa extra do cd. “Snegs’ é um disco já bem manjado por rockeiros de plantão e não é mais nenhuma novidade na blogosfera. Contudo, eu vou me dar o direito de tê-lo postado também no Toque Musical. Se você ainda não o ouviu, não perca a oportunidade. Este disco é 1001! 😉
sinal da paranóia
bicho do mato
o som nosso de cada dia
snegs de biufrais
massavilha
direccion de aquarius
a outra face

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