Marion Duarte (1986)

O Toque Musical hoje apresenta a seus amigos cultos,ocultos e associados, um álbum de Marion Duarte. E, acreditem se quiser, foi o primeiro disco de longa duração gravado pela cantora-compositora, embora sua carreira artística já tenha mais de 50 anos.  Nossa focalizada, cujo nome verdadeiro é Marion Pereira de Carvalho Gonçalves,  é carioca do subúrbio de Bento Ribeiro, onde nasceu no dia 18 de março de 1938. Iniciou sua carreira em 1957, atuando no programa “Valores novos”, apresentado por Marcos Alexandre na Rádio Solimões de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, nessa ocasião adotando o pseudônimo de Valéria Duarte. Daí seguiu se apresentando em vários outros programas radiofônicos, entre eles os de César de Alencar e Paulo Gracindo, na lendária Nacional,e no de Raymundo Nobre de Almeida, na Mayrink Veiga, neste último recebendo a faixa de Favorita da Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Também participou da Caravana da Alegria, comandada pelo comunicador Luiz de Carvalho, então na Rádio Globo. Marion ganhou da imprensa carioca o apelido de “Maysa dos pobres”, dada a semelhança entre seus olhos verdes e os da então “musa da fossa”, tendo sido até citada pelobiógrafo Lyra Neto em um livro sobre Maysa, “Só numa multidão de amores”. Contratada pelas Emissoras Associadas, de Assis Chateaubriand  (Rádio e Televisão Tupi, Rádio Tamoio etc.), foi capa de várias revistas, entre elas a “Radiolândia”, nesta junto com o lendário “velho guerreiro”, Chacrinha. Seu primeiro disco, em 78 rpm, saiu pela Copacabana em 1958, apresentando o samba-canção “Eu sou assim”, de Lina Pesce, e o bolero “Eu acuso”, de Getúlio Macedo. Um ano depois, no segundo disco, obtém seu maior sucesso, com o samba “Triste palhaço”, de Carlos Silva e Antônio Cruz. Outro sucesso seu bastante conhecido é “Quando corre uma estrela”, samba-toada de Hílton Simões, Luiz Lemos e Antônio Correia (1961). Nessa época recebeu inúmeros prêmios,como o Troféu Revelação, da “Revista do Rádio’ (1958), o Troféu Zé da Zilda, do programa “Discoteca do Chacrinha” (1962) e o Troféu Sete Dias em Destaque, da TV Marajoara de Belém do Pará (1964). Marion Duarte tem, em sua discografia, sete discos 78 rpm com treze músicas, na Copacabana e na Continental, além de alguns compactos e participações em projetos coletivos.  E foi somente em 1986, pela Top Tape, que Marion finalmente conseguiu gravar seu primeiro álbum-solo, exatamente este que o TM ora nos oferece. Produzido pelo cantor Renato Alfaya (que também participa da faixa de encerramento do disco, “O outro”), é um trabalho primoroso, com repertório bem escolhido, no qual inclusive ponteiam composições de autoria da própria Marion, com ou sem parceiros. Destaque também para a faixa “Sou pagodeira”, maior sucesso do álbum,que teve arranjos a cargo de Luiz Antônio Porreca e Darcy da Cruz. Marion Duarte ainda gravaria mais quatro ábuns-solo após este: “Pelos caminhos” (1993), “Doce amor” (1999), “Fonte de energia” (2003), e, o mais recente,sem titulo, em 2011. Foi muito ligada ao radialista Collid Filho, que apresentou durante anos os programas ”Salão grená” e “Collidisco”, e com quem compôs alguns trabalhos. Em 2006,foi homenageada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, recebendo do então vereador Brizola Neto a moção pelo Dia Internacional da Mulher. Marion continua em franca atividade, com seu timbre de voz praticamente inalterado, e recebendo sempre o carinho e o aplauso do público por toda a parte.  Nada mais justo!
dono de mim
sou pagodeira
final feliz
é paixão
quero mesmo lhe dizer
mulher de verdade
jovem suicida
é tarde demais
sem dinheiro nada faço
outro
*Texto de Samuel Machado Filho
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