Martinha (1969)

Mais uma grande estrela da Jovem Guarda é posta em foco pelo TM. Estamos falando de Martha Vieira Figueiredo Cunha. Ou, como ficaria para a posteridade, Martinha. Até hoje conhecida pelo apelido de “queijinho de Minas”, nossa Martinha veio ao mundo exatamente na Capital das Alterosas, Belo Horizonte, a 30 de julho de 1949. Sua mãe, Dona Ruth, era uma das “ghost-writers” da coluna “Mexericos da Candinha”, publicada durante anos na “Revista do Rádio” e, mais tarde, em “Amiga”. Filha única, desde pequena já cantarolava músicas compostas por ela mesma, e aprendeu a tocar piano aos cinco anos de idade. Em 1966, foi trazida de Minas por nada mais nada menos que Roberto Carlos, o então “rei da juventude”, passando, logicamente, a fazer parte da Jovem Guarda e a ser figurinha carimbada do programa de mesmo nome, apresentado aos domingos á tarde pela antiga TV Record de São Paulo. Um ano mais tarde, Roberto gravaria uma balada romântica que se constituiu no primeiro sucesso autoral de Martinha: “Eu daria minha vida”, um clássico relembrado até hoje,  que tem mais de cinquenta gravações ao redor do mundo! Ainda em 1967, Martinha faz sua estreia também como intérprete, lançando pela Artistas Unidos (gravadora vinculada à Record, cujos produtos eram fabricados e distribuídos pela Mocambo/Rozenblit, do Recife) um compacto simples com duas músicas de autoria própria: “Barra limpa” (homenagem ao “rei” Roberto) e “Não brinque assim”. Após mais um single, com “Eu te amo mesmo assim” e ‘Quem disse adeus agora fui eu”, Martinha lançou seu primeiro LP, também intitulado “Eu te amo mesmo assim”.  Era o início de uma carreira fulminante, com vinte álbuns gravados, sendo oito deles no exterior, e apresentações em países como EUA, Espanha (onde residiu por mais de um ano) e em toda a América Latina, inclusive participando de festivais. “Não gosto mais de você”, “Arranje outra namorada”, “Pior pra você, bem pior pra mim”, “Aqui”, “Vestido branco” , “Como antigamente”, “Eu quero a América do Sul e “Que homem é esse?”  são outros sucessos de Martinha como intérprete. Como autora, tem músicas gravadas por intérpretes como Ângela Maria, Paulo Sérgio (“Pelo amor de Deus”, que fez para ele quando era sua namorada), Moacyr Franco, Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Agnaldo Rayol (“Água caliente”), Gilliard (“Pouco a pouco”), Leno e a paraguaia Perla, além de duplas sertanejas como Chitãozinho e Xororó (“Vem provar de mim”, “Queixas”), de quem, aliás, ela é grande amiga. O TM hoje oferece a seus amigos cultos, ocultos e associados, o terceiro LP de estúdio de Martinha. Lançado em 1969, o disco também marcou a estreia da cantora-compositora mineira na Copacabana, após o fechamento da Artistas Unidos. Além de ter, em sua produção, a respeitável assinatura de Paulo Rocco, durante anos um experiente profissional da área artístico-fonográfica, e arranjos a cargo de Antônio Porto Filho, o Portinho, Vicente Salvia e José Paulo Soares.  Na contracapa, inclusive, a própria Martinha faz um agradecimento a todos que participaram deste trabalho, e também à mãe, Dona Ruth. São onze faixas, seis delas assinadas pela própria Martinha, destacando-se “À procura de mim” e “Eu escutei o seu adeus”, também editadas em compacto simples. Temos ainda trabalhos de Antônio Marcos (“Escuta”) e do irmão Mário (“Vou deixar você”), Luiz Fabiano (“Estou arrependida”), da dupla Luiz Wagner-Tom Gomes (“Sou feliz só por te ver”) e até mesmo de Arnaud Rodrigues (“Minha canção e eu”). Um repertório essencialmente romântico, linha essa que muitos cantores vindos da Jovem Guarda passaram a seguir após o fim do movimento. Tudo isso credencia, e muito, este trabalho da notável Martinha, hoje mãe de dois filhos já adultos, e residente em uma granja na região da Grande São Paulo.  E ela continua em franca atividade, como cantora e compositora, apresentando-se em shows por todo o país e recebendo, merecidamente,  os aplausos  e a benquerença do público!

a procura de mim

eu vou

eu escutei o seu adeus

vou deixar você

cansei de conversa

escuta

tarde, muito tarde

estou arrependida

deixe

minha canção e eu

sou feliz só por ter você

*Texto de Samuel Machado Filho

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