Golden Boys – Alguém na Multidão (1966)

No último sábado, 26 de novembro de 2016, a música popular brasileira sofreu mais uma perda irreparável. Roberto Corrêa, integrante dos Golden Boys, conjunto vocal de grande sucesso na Jovem Guarda, e de longa e vitoriosa trajetória, faleceu aos 76 anos, vítima de um câncer contra o qual lutava há tempos, em seu Rio de Janeiro natal. Formado por três irmãos (Roberto, Ronaldo e Renato Corrêa) e um primo (Waldir da Anunciação, falecido em 2004), o grupo iniciou carreira com seus membros ainda adolescentes (os irmãos mais jovens, Eva, Mário e Regina, formariam depois o Trio Esperança). O primeiro disco dos nossos “garotos de ouro”, em 78 rpm, foi lançado pela Copacabana em setembro de 1958, com as músicas “Wake up, little Susie” (então sucesso da dupla norte-americana Everly Brothers, de autoria do casal Boudleaux e Felice Bryant) e “Meu romance com Laura”, calipso de Jayro Aguiar que logo alcançou sucesso. Apresentaram-se em programas de rádio e televisão sempre com destaque, e gravaram inúmeros discos, entre LPs e compactos. Além disso, no final dos anos 1960 e início dos 70, participaram de vários álbuns de artistas da MPB e do rock brazuca, que futuramente se tornariam cults e objetos de desejo de inúmeros colecionadores, como “Carlos, Erasmo”, de Erasmo Carlos, “A matança do porco”, do Som Imaginário, e também em trabalhos de Marcos Valle. Muitos foram os hits dos Golden Boys, entre eles: “Erva venenosa”,  “Ai de mim”, “Toque balanço, moço”, “Pensando nela”, “Andança” (junto com Beth Carvalho), “História em quadrinhos”, “Agora é tarde”, “Fumacê”, “O cabeção”, “Perambulando”, “Minha empregada”,  “Sou tricampeão”, “Só vou criar galinha”… Além dos presentes no álbum que comentaremos a seguir. Como compositores, Ronaldo, Roberto e Renato fizeram várias músicas de sucesso. Basta citar, por exemplo, “É papo firme”, de Renato Corrêa e Donaldson Gonçalves, êxito em 1966 na voz do “rei” Roberto Carlos. Ou ainda “Foi assim’ (“Eu vi você passar por mim”…), de autoria de Renato e Ronaldo, marcante sucesso de Wanderléa em 1967. Ela também gravou, do agora falecido Roberto, “Eu já nem sei” e “Te amo”, outros de seus hits. Em homenagem póstuma a Roberto Corrêa, o Toque Musical oferece hoje, a seus amigos cultos, ocultos e associados, um dos melhores álbuns dos Golden Boys, e sem dúvida um título essencial quando se fala em Jovem Guarda. É o antológico “Alguém na multidão”, que a Odeon lançou em plena fervura do movimento, em junho de 1966. Devidamente acompanhados pelos Fevers, e com arranjos do maestro Peruzzi, nossos “garotos de ouro” dão verdadeiros shows de interpretação em suas doze faixas. Muitas delas foram sucessos inesquecíveis, a começar pela faixa-título, de autoria de Rossini Pinto, lançada pela primeira vez em compacto simples, em novembro de 1965, e que se tornaria um dos carros-chefes dos Golden Boys para sempre. As versões “Ontem (Yesterday)”, “Michelle” e “Mágoa (Heartaches)”, são outros pontos altos deste disco, todo excelente e para ser ouvido (e até dançado!) de fio a pavio. Oferecendo esta autêntica obra-prima da Jovem Guarda, um clássico em todos os sentidos, o TM homenageia com justiça o agora saudoso Roberto Corrêa e, por tabela, os Golden Boys, reconhecendo a importância que o grupo teve na história de nossa música jovem e, por extensão, da própria MPB.

se eu fosse você
ontem (yesterday)
te adoro (i need you)
tudo eu já fiz
alguém na multidão
o feiticeiro (love potion number nine)
o bobo
michelle
você me pega (woodoo woman)
só nós dois
mágoa (heartaches)
vai procurar alguém

*Texto de Samuel Machado Filho

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