Osmar Milito – E Deixa O Relógio Andar (1971)

Cantor, compositor e pianista de renome, Osmar Milito já é um nome com quem os amigos cultos, ocultos e associados de nosso TM já se familiarizaram, pois já temos dois de seus álbuns postados, “Nem paletó nem gravata” (1973) e “Lígia” (1978), além de LPs mistos que contaram com sua participação. Irmão do também músico Hélcio Milito, percussionista e baterista que integrou o Tamba Trio, Osmar nasceu em São Paulo, no dia 27 de maio de 1941. Iniciou seus estudos de piano aos sete anos de idade. Foi aluno de Armando Lacerda, professor do Conservatório de Música de São Paulo, e, no Rio de Janeiro, de Wilma Graça e Glória Maria Fonseca. Considerado um dos maiores pianistas de jazz e bossa nova de todos os tempos, tendo alcançado renome internacional, começou sua carreira artística em 1964, acompanhando inúmeros “cobras” da MPB, tais como Sylvia Telles, Nara Leão, Leny Andrade, Maria Bethânia, Elis Regina, Pery Ribeiro, Gilberto Gil, o Poetinha Vinícius de Moraes,  e Jorge (então) Ben. Em seguida, foi convidado a se apresentar nos México e nos EUA, onde residiu por dois anos e atuou com Sérgio Mendes realizando shows em Las Vegas e em diversas universidades norte-americanas. No início dos anos 1970, Osmar Milito retornou ao Brasil, participando de apresentações de Chico Buarque, Ivan Lins, Nana Caymmi  e Marcos Valle, entre outros. Acompanhou ainda inúmeros artistas de renome internacional, tipo Liza Minelli, Sarah Vaughan, Tony Bennett, Sammy Davis, Pat Metheny, Shelly Mane, Randy Brecker e Spanky Wilson. Inaugurou e atuou como pianista em diversas casas noturnas de sucesso no Rio de Janeiro, inclusive o extinto Mistura Fina, montando grupos que contaram com a participação de Márcio Montarroyos, Pascoal Meirelles, Djavan, Mauro Senise e a já citada Leny Andrade, entre outros. Seu respeitável currículo inclui ainda trilhas sonoras para novelas da TV Globo (“O primeiro amor”, “O bofe”, “Uma rosa com amor”, “Carinhoso” etc.) e filmes do cinema brasileiro. A discografia individual de Osmar Milito abrange oito LPs e quatro CDs. E o TM apresenta justamente seu primeiríssimo álbum, “E deixa o relógio andar”, lançado em 1971 pela Som Livre, gravadora do Grupo Globo até hoje em atividade, da qual Osmar foi um dos pioneiros, contando ainda com a participação do Quarteto Forma. Produzido por outro músico de renome, Nonato Buzar (que assina a faixa-título, “E deixa o relógio andar”),  o disco apresenta um repertório formado por hits nacionais e internacionais da ocasião, como “Garra”, “To Rio for love”  e “Que bandeira” (dos irmãos Valle), “Tá falado” (de Ivan Lins), “Mudei de ideia” (da então festejada dupla Antônio Carlos e Jocafi), a irreverente “Rita Jeep” (de Jorge Ben Jor, então Jorge Ben), “What are you doing the rest of your life?”, “Cantaloupe island”, “Mercy, mercy, mercy”, e a autoral “João Belo”, que encerra o álbum. Merece destaque também, é claro, “Chovendo na roseira”, uma das mais belas páginas do repertório do mestre Tom Jobim. Tudo isso formando um conjunto admirável, e documentando o promissor início da carreira discográfica de Osmar Milito, para o deleite e a apreciação de todos aqueles que apreciam música de qualidade. Como, aliás, é raro a gente encontrar nos tempos atuais…

e deixa o relógio andar

a famous mith

que bandeira

canteloupe island

garra

chovendo na roseira

rita jeep

what are you doing for the rest of your life

to rio for love

mercy mercy mercy

mudei de ideia

tá falado

joão bello

 

*Texto de Samuel Machado Filho

Deixe um comentário