Dorival Caymmi – Caymmi E O Mar (1957)

Depois do disco de ontem, eu não resisti a tentação de ouvir do próprio autor suas canções. Me lembrei deste lp do Dorival que eu gosto muito. É difícil de acreditar, mas este disco (o que eu tenho aqui) com seus 53 anos de idade, foi tocado apenas 4 vezes, contando com a que gerou o nosso arquivo. Juro! Ganhei ele de um senhor amigo meu, que durante muitos anos foi vendedor de discos na saudosa Lojas Gomes, em Belo Horizonte. Acho que devo ter sido o último frequentador assíduo daquela loja na av. Afonso Pena. Eu ia lá quase todos os dias, principalmente porque era uma época em que as Lojas Gomes já estava encerrando as atividades. Haviam lá muitas promoções e eu fazia a festa comprando aqueles discos quase de graça. Passados mais de vinte anos, um dia encontro novamente esse moço e comento com ele sobre a minha paixão com os discos. Foi quando ele ofereceu, para a minha coleção, alguns discos que ainda guardava em casa. No dia seguinte lá estava eu batendo em sua porta. Posso dizer que dei muita sorte. Peguei com ele uns 40 discos, entre esses havia o do Dorival Caymmi, o qual ele até comentou só ter tocado uma única vez. De lá pra cá eu também não ouvi ele mais que duas vezes. Daí, pode-se dizer que ainda possui aquele ‘arzinho virginal’. A capa ficou um pouco amarelada, mas continua com todas as qualidades de um exemplar para exposição.
Este álbum, lançado pela Odeon em 1957, foi um dos primeiros 12 polegadas da gravadora. Na época, ainda reinavam os bolachões de 78 e mais ainda, os lps de 10 polegadas em 33rpm. Com a chegada dos disco de 12 polegadas, tornou-se possível álbuns extensos como este de Dorival Caymmi.
No caso de “Caymmi e o mar”, temos mais que apenas um disco de canções. Temos um álbum de histórias. Histórias do mar, de pescadores e de vidas praieiras que ninguém melhor que ele soube cantar. “Caymmi é um pescador que conta histórias do mar”. Na extensa faixa de abertura, Dorival nos apresenta a “História dos pescadores”, dividida em três partes, as quais são apresentadas e interpretadas por ele e também pelas cantoras Silvia Telles, Lenita Bruno, Odaléa Sodré Fernandes e Consuelo Sierra. As demais faixas, não precisa nem dizer, são músicas que fazem parte do nosso cancioneiro popular, clássicas e imortais. Canções que todo brasileiro deveria conhecer de cor. Simplesmente nota 10! Não deixem de conferir…

história de pescadores:
um velho pescador
a noiva
as esposas
promessa de pescador
dois de fevereiro
o vento
saudades de itapoan
noite de temporal
festa de rua
o mar

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