Gabriel E Sua Rabeca – Violino Na Gafieira (1962)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje o Toque Musical está trazendo para vocês um disco do violinista Gabriel Antônio de Azeredo, também conhecido por Baiano, e que também era fabricante de contrabaixos e violinos. É “Violino na gafieira”, lançado pela Philips em 1962 e cronologicamente seu terceiro LP, pois antes ele já havia gravado dois álbuns de dez polegadas com o selo Rádio, “Um violino no samba” (1955) e “Um violino no samba n.o 2” (1958). Neste “Violino na gafieira”, Gabriel e sua rabeca – por ele próprio fabricada – nos oferece sambas, choros e até um samba-maxixe, ou seja, ritmos característicos das gafieiras. É um trabalho que merece o nosso TM, e por certo irá agradar aos fãs de música brasileira em geral. A conferir no GTM, sem falta.
 
o samba brasileiro
conversar de botequim
burilando
eu não tenho onde morar
teleco teco nº2
violino na gafieira
um chorinho diferente
oba
candongo no choro
não vou mais lá
castiguei
 
 

Beth Goulart – Passional (1982)

Bom dia, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! Temos aqui um disco que eu acredito, deve passado batido para muita gente. E por certo, não recebeu a devida atenção  no momento de divulgação. Aqui temos um lp gravado pela atriz, dramaturga e cantora Beth Goulart, filha dos também atores Nicette Bruno e Paulo Goulart. Nos anos 80 Beth esteve muito envolvida com a música, estreando em disco em 1981, primeiro com um compacto, “O balão e a vida” e no mesmo ano o lp “Sementes no ar”. No ano seguinte estaria lançando este, o “Passional” e novamente, em 85, gravaria o lp “Mantra Brasil”. Beth Goulart foi casada com o músico Nando Carneiro e foi justamente nesse período que ela gravou o disco que hoje apresentamos. Nando Carneiro, juntamente com outro músico, o Mário Adnet, foram os produtores, responsáveis pela concepção musical e arranjos. No disco, boa parte das músicas são de autoria de Nando. Lançado em 1982, pelo selo Philips, eu diria que esse trabalho me faz lembrar muito um outro disco, da década de 70, o “Corra o risco”, da cantora Olívia e o grupo Barca do Sol. Aqui encontramos inclusive a música “Cavalo marinho”, de Nando e Cacaso, gravada também por Olívia e a Barca do Sol. Temos a música “Severina”, parceria entre os irmãos Carneiro e com participação de Geraldo Azevedo. Iremos encontrar a música de Milton Nascimento, “Canção amiga”, cuja a letra é um poema de Carlos Drummod Andrade e também “Canción por la unidad Latino Américana”, do cubano Pablo Milanês adaptado por Chico Buarque de Hollanda. Tá aí, um disco bem bacana que merece uma nova audição. Confiram no GTM…

passional
polichinelo
severina
o gosto da memória
canção de amor
paixão
canción por la unidad latino americana
ai de mim
canção amiga
cavalo marinho
passional

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Tetê Espíndola – Piraretã (1980)

Olá, amigos cultos e ocultos, boa tarde! Nosso encontro de hoje é com a Tetê Espíndola, uma das cantoras da minha geração que eu mais gosto. Aliás, cantora é pouco, ela é uma tremenda artista, compositora e multi-instrumentista, dona de uma voz única, uma verdadeira ‘mulher-pássaro’ que faz qualquer outro se calar para ouvi-la. Aqui temos dela o que podemos considerar como sendo o seu primeiro álbum solo. Ela já havia gravado anteriormente um disco com o grupo Lírio Selvagem, que eram antes membros do grupo Lua Azul, no qual Tetê também fazia parte. Mas foi em 80 que ela grava pela Philips este seu maravilhoso “Piraretã”. Um trabalho realmente muito lindo, quase todo acústico e cheio de um regionalismo que vai além do seu pantanal. Além de músicas próprias, em parcerias como os irmãos, ela também interpreta músicas de Arrigo e Paulo Barnabé (Tamarana); Gilberto Gil (Refazenda); Chico e Milton Nascimento (O Cio da Terra); Tião Carreiro (Matogrossense) e cabe até uma versão de Carlos Rennó (Melro) para o “Black Bird”, de Lennon e McCartney. Sem dúvida, um disco especial que anunciava o surgimento de uma grande cantora. “Piraretã” é lindo e mais que nunca merece o nosso toque musical. Confiram no GTM…

piraretã
cunhataiporã
refazenda
rosa em pedra dura
melro
tamarana
o cio da terra
vida cigana
beija-flor
viver junto
matogrossense
aratarda

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Claudette Soares – Feitinha Pro Sucesso Ou Quem Não É A Maior Tem Que Ser A Melhor (1969)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para não deixar a peteca cair, aqui vai um discão da Claudette Soares. Mais uma cantora que dispensa maiores apresentações e por aqui já diversas vezes apresentadas. Trazemos dela, desta vez, “Claudette…Fetinha pro sucesso ou Quem não é a maior tem que ser a melhor”. Vixiii.. que título grande, heim? Mas justifica, pode ter certeza. O título veio por conta de uma expressão da cantora, quando num programa, onde ela e Clara Nunes se apresentavam, o microfone estava um pouco alto e daí, brincando ela disse: “quem não é a maior tem que ser a melhor’. Neste lp Claudette arrasa diante de um repertório feitinho pro sucesso. Uma dúzia de boa música, em seu quinto lp de carreira. Confiram no GTM…

evocação
como é grande o meu amor por você
só faltava você
que nem giló
sinhazinha
feitinha pro poeta
juliana
carolina carol bela
psiu
dentes brancos do mundo
que maravilha
 


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Wilma Bentivegna – Preciso Aprender A Ser Só (1966)

E então, amiguinhos cultos e ocultos, temos aqui mais uma cantora, mais uma voz feminina para acalentar esses momentos tão medonhos. O bicho está lá fora e o melhor mesmo é ficar em casa curtindo as publicações aqui do Toque Musical.
Hoje temos Wilma Bentivegna, cantora paulista cujo período de maior atuação se deu nos anos 60. Já apresentamos dela, aqui, o primeiro lp lançado em 1961, “Canção do amor que lhe dou”. Agora temos “Preciso aprender a ser só”, disco de 66, onde ela nos apresenta um repertório não apenas de versões de sucessos internacionais, como era o seu habitual, mas também a música brasileira, entre essas, inclusive a que dá nome ao disco. Wilma gravou até os anos 70 e em sua maioria, compactos. Neste disco ela conta com os arranjos e regências do maestro Waldemiro Lemke. Confiram, no GTM…

oferenda
tudo de mim
o bilhete
ninguém chora por mim
e a vida continua
serenata da chuva
somos iguais
sentimental demais
eu que não vivo sem te ver
xangrilá
prelúdio da tua ausência
e eu te perdi
tristeza de voltar
o princípio e o fim
amor perdoa-me
o mundo
renúncia
preciso aprender a ser só
sim creio



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Os Cariocas – A Grande Bossa Dos Cariocas (1964)

Boa noite, amiguinhos cultos e ocultos! Para manter o nível e fazer valer este sábado de quarentena, vamos hoje com o quarteto vocal, Os Cariocas. Mais uma vez marcando presença em nosso Toque Musical e em um disco que eu pensava já ter postado por aqui. Vejam vocês, estava ainda inédito em nossa praça. Aliás, por falar em inédito, “A Grande Bossa dos Cariocas” é um disco clássico da Bossa Nova e trouxe, na época de seu lançamento, um repertório de músicas todas inéditas, que logo viriam a ser um grande sucesso. Trabalho maravilhoso, que de tanto ter sido divulgado (literalmente) a quatro cantos, dispensa maiores informações. Melhor correr para o GTM e conferir…

a minha namorada
samba de verão
inútil paisagem
nem o mar sabia
insônia por sônia
longe do rio
e vem o sol
tema para quatro
domingo azul
moça da praia
ei natureza
só tinha de ser com você




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Tamba Trio – Compacto (1965)

Boa noite, amiguinhos cultos e ocultos! Hoje eu fiquei mesmo sem tempo para preparar um disco aqui para nossa postagem. No final, achei melhor buscar ajuda na gaveta, nos ‘discos de gaveta’. E daí, escolhi este compacto do Tamba Trio, de 1965. Compactos, em geral são coisas raras, este então nem se fala. Compacto duplo trazendo músicas que não foram lançadas em lp, o que podemos então chamar de EP/compacto de carreira. Essas músicas só aparecem em algumas coletâneas do grupo. Disquinho, por certo, bem manjado no mundo dos blogs e agora está aqui para o deleite de nosso público. Confiram, pois aqui a gente tenta sempre fazer um serviço completo 😉

samba de verão
só tinha de ser com você
reza
samblues
 

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Zimbo Trio – Opus Pop Nº 2 (1973)

Olá, amigos cultos e ocultos! Mais uma triste perda na música popular brasileira. Desta vez foi o Rubens Barsotti, o maravilhoso baterista do maravilhoso Zimbo Trio. Infelizmente, essa geração de incríveis artistas vai aos poucos nos deixando. O Rubinho, já há tempos, estava afastado disso tudo, a idade pesou e ele praticamente já havia se aposentado. Mas não deixa de ser mais um que agora se vai, para tocar, quem sabe, no outro plano. Enfim, na atual situação em que ele já estava, melhor mesmo foi descansar. Mas continuará sempre presente em nossa história e nos inúmeros discos que gravou, em especial com seu grupo, o Zimbo Trio.
Bom, falar desse trio é chover no molhado, até porque, aqui no Toque Musical já postamos boa parte de sua discografia. Entre os que ainda não foram publicados tem esse, o Opus Pop N. 2, de 1973, que agora, em homenagem ao Rubens Barsotti fazemos questão de apresentar. Este, assim como o número 2, já foram bem divulgados em outros tantos blogs. Mas aqui chega como inédito para a alegria daqueles que ainda não o ouviram, ou baixaram… Lindo trabalho e bem diferenciado de outros tantos que o Zimbo gravou. Uma fusão do clássico com o popular, um ‘neo-barroco’ com sotaque de bossa e samba. Destaque também para o vocal de Clelia Simone, presente em todas as faixas. Disco imperdível para quem gosta de boa música. Não deixem de conferir no GTM.

sevilla
festa no sertão
wachet auf ruff uns die stimme
prelúdio
la danse d’anitra
playera
sicilienne
largo
narcisos



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Tamba Trio, Nara & Edu Lobo – 5 Na Bossa (1965)

Boa noite, caríssimos amigos cultos e ocultos! Vasculhando meus arquivos de gaveta percebi que até hoje não havia postado este celebrado encontro de Nara Leão, Edu Lobo e o Tamba Trio (Luiz Eça, Bebeto e Ohana. Por certo foi que em outros tempos este disco esteve presente em diversos outros blogs. Desses, inclusive, eu aproveitei os aquivos da capa, pois estou sem programa para tratamento de imagens. Mas eis que aí estão os “5 na Bossa”, um disco gravado ao vivo, em 1965, no antigo Teatro Paramount, São Paulo. Sem dúvida, um disco clássico da música popular brasileira. Para mim, um dos melhores lps gravados ao vivo no Brasil. Perfeito em todos os sentidos. Talvez peque por não ser um álbum duplo. Mas as dez faixas deste disco sempre nos pede para repetir. Maravilhoso 🙂

carcará
reza
o trem atrasou
zambi
consolação
aleluia
cicatriz
estatuinha
minha história
o morro não tem vez
 


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Tamba Trio (1966)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Carnaval já está aí e nós aqui tentando entrar na folia. Logo mais teremos outras marchinhas e sambas carnavalescos, mas vamos também mantendo o grau, buscando mostrar que aqui temos a maior diversidade fonomusical. Para hoje temos o excelente Tamba Trio, grupo vocal e instrumental que nasceu  no início dos anos 60, no embalo da Bossa Nova. Formado inicialmente por Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito, grupo esse que acompanhava as cantoras Maysa e depois Leny Andrade. Também tocando ao lado de Roberto Menscal e Luiz Carlos Vinhas. Teve ao longo de toda a sua trajetória outras formações, chegando inclusive a se tornar um quarteto. Entre umas e outras, o Tamba seguiu até o início dos anos 90, quando então seu principal elemento, Luiz Eça veio a falecer, em 1992. Neste lp, lançado em 1966 pelo selo Philips, temos o trio formado por Eça no piano, Bebeto no contrabaixo e flauta e Rubens Ohana na bateria, substituindo Hélcio Milito. O álbum nos traz um repertório com músicas de Baden, Vinícius, Francis Hime e também dos então ‘novatos’, os baianos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Edú Lobo, este último também é quem escreve o texto de apresentação da contracapa. Sem dúvida, um disco clássico da nossa música popular brasileira. Uma pérola que não se pode deixar de apreciar. Confiram no GTM…

canto de ossanha
minha
iemanjá
canção do nosso amor
quem me dera
sem mais adeus
procissão
imagem 
pra dizer adeus
tristeza – no carnaval
veleiro

 

IV Festival Internacional Da Canção Popular Rio (1969)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Estou trazendo para vocês um disco dos mais interessantes de festivais de música e que por curiosidade, muita gente não sabe o que está perdendo. Até mesmo no Mercado Livre, ou ainda, no Discogs, ninguém percebeu que precioso registro é essa edição. Penso que, talvez pelo fato de não trazer em sua capa ou contracapa a lista de músicos e músicas, acabou ficando meio de lado… Nem mesmo em blogs eu o cheguei a ver publicado. Este é um disco de IV Festival Internacional da Canção Popular Rio, de 1969, fase nacional, um álbum duplo com 18 das canções classificadas. Músicas até então inéditas, em gravação feita ao vivo, no Maracanãzinho. Temos aqui alguns ilustres nomes com Jorge Ben, Claudette Soares, MPB-4, Mutantes, Os Diagonais, Egberto Gismonti, Joyce e muitos outros. Quem é fã ou colecionador de alguns desses artistas tem aqui um momento inédito e imperdível. Discos de festivais são registros importantes que mereciam maior atenção por parte do público, este mais ainda por ser uma edição especial. Não deixem de conferir…

 

charles anjo 45 – jorge ben
juliana – claudette soares
anunciação – mpb-4
quem mandou – marcos sann
o tempo e o vento – malu
ando meio desligado – mutantes
beira vida – eduardo conde
beijo sideral – marcos samn
o mercador de serpentes – egberto gismonti
madrugada, carnaval e chuva – darcy da mangueira
minha marisa – os diagonais
bem te vi – dorinha tapajós
levança – milton santana
na roda do vento – ruy felipe
vesão geral – quarteto 004
canção por luciana – regininha
copacabana velha de guerra – joyce
longe do tempo – o bando

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Selma Reis (1990)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para fechar o ano e não dizerem que não falamos de flores, aqui as melhores, as cantoras… Trago para abrilhantar nosso blog a cantora e também atriz Selma Reis, uma artista que marcou pela presença e pela voz. Infelizmente ela se foi prematuramente, mas deixou para nós a sua arte. Participou de várias novelas da TV Globo. Uma atriz consagrada. Como cantora gravou nada menos que 11 discos da melhor qualidade, demonstrando ser também uma de nossas maiores cantoras de todos os tempos. Temos aqui seu lp de 1990, um belíssimo trabalho no qual, entre tantas pérolas, podemos destacar a faixa “O que é o amor”, de Danilo Caymmi e Dudu Falcão, música que fez sucesso, sendo parte da trilha de uma novela, Quem não conhece o trabalho dessa moça, eu recomendo e tenho certeza de que vai gostar. Confiram no GTM.

chão brasileiro
o quilombo
estrelas de outubro
emoções suburbanas
porto santo
meu veneno
oliudi fox
jaboti jatobá
ninguém vai levar você de mim
o que é o amor
bailarina do ar
 


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Luiza Maria – Eu Quero Ser Um Anjo (1975)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Como sabem, a cada dia eu tenho espaçado ainda mais os nossos encontros e postagens. Sempre reclamei do tempo que tenho para me dedicar ao blog, principalmente quanto ainda tínhamos postagens diárias. Ainda me falta tempo e por conta disso, tenho buscado a ajuda de amigos que muito tem colaborado para a nossa sobrevivência.
Hoje, aproveitando uns momentos de ócio, resolvi postar algumas coisas. Estava ouvindo até agora há pouco este disco da cantora Luiza Maria, um álbum realmente bacana, bem setentão e inesquecível. Creio que a primeira vez que pus a mão nesse disco, eu ainda estava na minha segunda década, por volta dos 17 anos. Na época, esse era mais um dos muitos discos bons que rolavam na vitrola lá de casa. Não sei que fim levou e por muito tempo eu nem mais me lembrava. Foi só a partir do ‘bum’ dos blogs musicais que ele voltou, cheio de críticas positivas e interesse, pois afinal tratava-se de um disco que teve uma edição pequena, que nunca voltou a cena, nunca foi relançado… Redescoberto, se tornou como muitos outros raridade, disputada a tapas e tiros por colecionadores. Hoje, mais que raro, virou objeto de ostentação de endinheirados, pretensos colecionadores, que chegam a pagar mil pratas num exemplar! Pena que o meu sumiu, pois se o ainda tivesse, teria passado no cobre. Acho absurdo essa jogada de preços de vinil, mas se tem gente para pagar, que seja… Como colecionador, eu jamais pagaria, Enfim, cada um faz com seu dinheiro o que quer.
Bom, mas falando do disco em si, dessa artista pouco conhecida, achei melhor continuar na preguiça e colar aqui o texto bacana do jornalista Fernando Rosa (Senhor F), publicando originalmente na extinta revista Bizz:
Mesmo que insista em não saber disso, o Brasil teve a sua Carole King, com direito até mesmo a beleza da cantora e compositora americana. A moça atende pelo nome de Luiza Maria e gravou um raro e clássico disco em 1975, pela Philips. Com ela, músicos como o ex-Traffic Jim Capaldi, os iniciantes Lulu Santos, Rick Ferreira e Antônio Adolfo e outros cobras. E um repertório moderno e carregado de um frescor pop, que incluia uma canção inédita da Raul Seixas. Com uma carreira tão promissora quanto meteórica, Luiza Maria registrou seu nome na história do rock nacional com o disco “Eu Queria Ser Um Anjo”, produzido pelo guitarrista Rick Ferreira, que tocou com Raul Seixas. Em dez músicas, a maior parte de sua autoria, ela mostra seus refinados atributos de compositora, desfilando canções, roques, blues e climas zeppelianos, produzindo um resultado sem similar na época. E com sua voz um pouca rouca – mas quente e afinada, e transitando entre o rock de Rita Lee e a MPB de Gal Costa, disputa o espaço entre as melhores cantoras de sua geração. Atualíssimo em todos os aspectos, o disco abre com o folk-rock “Na Casca do Ovo”, parceria com Rick Ferreira e Paulo Coelho, sinalizando o tom alegre e comovente da obra. “Você precisa entender que o seu charme já era/E se você fecha a porta/Eu entro pela janela/Te mostro o verso que eu fiz/Te ensino o rock de novo/E com um beijo bem dado/Eu quebro a casca do ovo …”, canta ela. “Maya”, só dela, com arranjos de Capaldi, traz a guitarra de Lulu Santos, com o Vímana, em um dos momentos mais inspirados de sua carreira. O blues “Tão Quente” destaca, além da jazzística interpretação vocal, o piano “feito em casa” de Antônio Adolfo. E o envolvente funk-latino “Miro Giro” paga tributo ao então – e sempre! – obrigatório Santana. “O Príncipe Valente” assinala a presença de Raul Seixas/Paulo Coelho (novamente) no disco, com acompanhamento de Rick, Dadi (A Cor do Som) e Gustavo (A Bolha). “Não Corra Atrás do Sol”, com um saltitante piano de Mu (também A Cor do Som) e fuzz-guitar de Rick tem a clássica pegada roqueira dos anos setenta. Mas, é em “Universo e Fantasia”, uma espécie de “Starway to Heaven” (Led Zeppelin) brazuca, que o clássico rock setentista deixa sua marca mais profunda. O disco é um desfile de cobras do rock e da música popular brasileira, como raras vezes se reuniu. Além dos já citados, acompanham Luiza Maria os músicos Arnaldo Brandão (baixo, d’A Bolha), Fernando Gama (baixo, do Veludo Elétrico e Vímana), Rui Motta (também Veludo Elétrico e, depois, Mutantes, na fase Serginho), Luiz Paulo (teclados, ex-Módulo 1000) e Chico Batera, entre outros. Na capa, a jovem e bela Luiza Maria com longos cabelos cacheados e vestindo uma clássica bata, formatando o tradicional visual hippie setentão. Após três décadas, “Eu Queria Ser Anjo” continua moderno, em nada devendo aos melhores discos gravados em sua época, e esperando que sua beleza desperte a sensibilidade (ainda resta uma esperança!) de algum homem- ou mulher, quem sabe – de gravadora. Enquanto isso, na falta de uma edição oficial caprichada, incluindo as letras e a ficha técnica, rolam CDrs Brasil a fora, suprindo a necessidade e a curiosidade dos ouvintes mais ligados.

na casca do ovo

maya

tão quente

o príncipe valente

no fundo do poço

não corra atrás do sol

anjo

miro giro

eu sou você

universo em fantasia

 

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The Fevers – Compacto (1965)

Boa tarde, amiguíssimos cultos e ocultos! Na onda do disco de 7 polegadas, eu hoje tenho para vocês este compacto do The Fevers, lançado pela Philips, em 1965. Ao que tudo indica, este foi o primeiro ou segundo compacto lançado por eles. Aqui temos a formação original com Almir Bezerra (vocal), Lécio do Nascimento (bateria), Pedro da Luz (guitarra), Liebert Ferreira (baixo). Cleudir Borges (teclados) e Miguel Plopschi (sax). Temos neste disquinho a música de estréia, “Vamos Dançar o Let Kiss”, versão de “Let Kiss Jenka” e “Quando O Sol Despertar”, de autoria de Pedrinho e Almir…
Confiram o disquinho completo no GTM 😉

vamos dançar o let kiss
quando o sol despertar
 
 
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Scott Walker – Maria Bethania – Compacto (1973)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Procurando sempre fazer jus a nossa máxima de que aqui se escuta música com outros olhos, eu hoje estou trazendo um disquinho diferente, um compacto de um artista internacional. Como todos sabem, o Toque Musical está focado na música brasileira, ou por outra, na música feita por brasileiros. Porém, eventualmente, buscamos ir além. Já criei aqui até as semanas temáticas, onde publico também discos estrangeiros, mas sempre relacionados a alguma coisa de Brasil. Desta vez, temos este compacto, lançado pela Philips, em 1973, do emblemático cantor americano Scott Walker, que infelizmente faleceu em março deste ano. Walker era um cantor, compositor e letrista. Iniciou sua carreira nos anos 60. Fez muito sucesso no trio The Walker Brothers, um grupo vocal onde ele era a voz principal. Embora se chamasse Walker Brothers eles não eram irmãos. Fizeram mais sucesso na Inglaterra. Mas ainda nos anos 60 Scott Walker partia para uma bem sucedida carreira solo. Dono de uma voz aveludada e única, influenciou artistas como David Bowie e Brian Ferry. Seus quatro primeiros discos são considerandos verdadeiras obras de arte. Já nos anos 70 passou por uma fase de ostracismo, gravando apenas para cumprir contrato com gravadoras. Foi nesta fase que lançou, em 1973, o disco “Any Day Now”, no qual está a música “Maria Bethania”, de Caetano Veloso. Acredito que o lp nunca tenha saído no Brasil, mas o compacto sim, trazendo a canção de Caetano e a faixa que dá título ao disco. Sua versão para “Maria Bethania” não difere muito da original, principalmente no arranjo. Na verdade, acho que as coisas não se casaram muito bem. Walker nesta época não estava em sua melhor fase como intérprete e aquele vozerão ficou meio apagado. Mesmo assim,  não deixa de ser uma interpretação bacana, curiosa mesmo, para nós brasileiros. Apenas para completar a trajetória deste artista, em sua última fase musical entrou numa outra ‘vibe’, fazendo trabalhos mais experimentais e conceituais, discos realmente para quem escuta música com outros olhos (e ouvidos). Confiram esse toque no GTM. O prazo, como sabem, é limitado 😉

maria bethânia
any day now

 

Sérgio Endrigo – Exclusivamente Brasil (1979)

Sem sombra de dúvida, Sérgio Endrigo (Pula, Croácia, 15/6/1933-Roma, Itália, 7/9/2005) foi um dos maiores nomes da música popular italiana. Sucessos como “Io che amo solo te”, “Lontano dagli occhi” e “Canzone per te” (música com a qual venceu o Festival de San Remo de 1968, defendida por Roberto Carlos) são muito apreciados e lembrados até hoje. Endrigo também era um apaixonado por música brasileira, fruto do convívio e da amizade com artistas do porte de Chico Buarque e da dupla Toquinho e Vinícius de Moraes. Foi daí que surgiu a ideia de se gravar um álbum exclusivamente de música brasileira, e em português, posto que Endrigo dominava muito bem nosso idioma. E aqui está “Exclusivamente Brasil”, lançado em 1979 e que o TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos. O repertório foi selecionado pelo próprio Sérgio Endrigo, e inclui duas músicas inéditas: “Samba para Endrigo” (Toquinho e Vinícius de Moraes) e “A rosa” (Chico Buarque), com a participação vocal de seus respectivos autores.  Outra faixa de destaque é “Samba em prelúdio”, um ótimo dueto de Endrigo com Fafá de Belém. No mais, uma produção muito bem cuidada, com arranjos competentes e digna de nossa postagem de hoje. Não deixem de conferir!

samba para endrigo
café da manhã
trocando em miúdos
a noite do meu bem
onde anda você
carinhoso
a rosa
samba em prelúdio
 ana luiza
morena do mar
joão e maria
morena flor




*Texto de Samuel Machado Filho

 

Jair Rodrigues – Menino Rei Da Alegria (1968)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical apresenta hoje mais um disco desse notável cantor que foi Jair Rodrigues, por sinal dos mais raros. É “Menino rei da alegria”, lançado em 1968. O repertório mantém a qualidade habitual de Jair nessa época, apresentando músicas de Nonato Buzar, Roberto Menescal, Sílvio César, Rildo Hora, Luiz Vieira, Monsueto, Carlos Imperial, da dupla Edu Lobo-Ruy Guerra e dos irmãos Valle. A surpresa, aqui, fica por conta da inclusão de “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)”, a então polêmica composição de Geraldo Vandré que tanto mal-estar causou nos militares que então governavam o Brasil, e acabou proibida pela censura, sendo liberada apenas onze anos depois, em 1979 (provavelmente este álbum de Jair também foi recolhido). Encerrando o álbum, um popurri de sambas antigos, no qual a música de encerramento é “Se é pecado sambar”, e não “É com esse que eu vou”, como erroneamente consta da contracapa. Enfim, mais um primoroso trabalho de Jair Rodrigues, para enriquecer os acervos de tantos quantos apreciem nossa música popular no que ela tem de melhor.

pra todo mundo riar

felicidade

festa

repente

dia da vitoria

samba da rosa

regra trÊs

maré morta

escrete do samba

pra não dizer que não falei de flores

nascimento vida e morte de um samba

timidez

partido alto

pot pourri


*Texto de Samuel Machado Filho

Coral da Casa dos Poveiros – Viras & Bailaricos (1962)

Um pouco da mais autêntica música folclórica portuguesa. É o que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos nesta postagem. Trata-se do álbum “Viras & bailaricos”, na interpretação do coral da Casa dos Poveiros, do Rio de Janeiro. O disco saiu originalmente em 1962, pela Philips, e foi reeditado em 1978. O vira é uma das danças mais antigas de Portugal, e seu nome deriva do verbo virar, uma referência a um de seus movimentos mais característicos. As origens do vira, que alguns situam no ternário da valsa oitocentista e outros buscam mais atrás, no fandango, parecem ser de remota idade, como defendeu o musicólogo e compositor, Sampayo Ribeiro, que as coloca antes do século XVI. Tomaz Ribas considera o vira uma das mais antigas danças populares portuguesas, salientando que o teatrólogo Gil Vicente já fazia referência a ele na peça “Nau d’amores” , onde o dava como uma dança do Minho. São vários os tipos de viras conhecidos, entre eles o “vira antigo”, o “vira das sortes”, o “vira poveiro”, o “vira batido” e o “vira valseado”. Neste disco, estão reunidos os números mais populares do Rancho Folclórico da Casa dos Poveiros, tais como “O mar enrola na areia”, “Póvoa de Varzim”, “Dá cá um beijo” e “Corridinho”. É uma bela amostra do folclore musical português, que o TM põe agora ao nosso alcance.

o mar enrola a areia
vira ao desafio
pôvoa de varzim
dá cá um beijo
corridinho
vira da pôvoa do mar
pula puladinho
o mar e a areia
vira de proa
viva a pândega
bailai moças
sinos da nossa igreja


*Texto de Samuel Machado Filho 

Maria Bethania – As Canções Que Você Fez Pra Mim (1993)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Até agora há pouco estava eu ouvindo este disco da Maria Bethânia. Um álbum o qual eu nunca tinha parado para ouvir por inteiro e com atenção. Fiquei de queixo caído com a interpretação dela, cantando canções de Roberto e Erasmo Carlos. Aliás, num todo, o disco é excelente. São apenas 11 canções, mas que chegam na medida certa. Repertório perfeito e interpretações impecáveis. Merece o toque, merece a nossa atenção. Confiram no GTM.

as canções que você fez pra mim
olha
fera ferida
você não sabe
palavras
costumes
detalhes
eu preciso de você
seu corpo
você
emoções



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A Bienal do Samba – TV Record (1968)

Aproveitando o gancho, vamos agora para este outro disco raro que tem também uma composição do Synval Silva. A Bienal do Samba era uma proposta da TV Record, um festival apenas para o samba. Infelizmente a idéia não vingou e o projeto parou na segunda edição de 1970. Na primeira edição (1968) quem faturou o primeiro lugar foi a Elis Regina juntamente com os Originais do Samba, interpretando “Lapinha” de Baden Powell e Paulo Cesar Pinheiro. O disco tem também Chico Buarque, Marilia Medalha, Jair Rodrigues e mais…

Erasmo Carlos – Carlos, Erasmo… (1971)

Começando a semana, o mês, o blog… vamos com alguns títulos ainda raros (senão inéditos) no mundo dos blogs de música. Hoje, graças a esses maravilhosos transgressores, podemos encontrar pérolas musicais que até a pouco tempo estiveram perdidas, esquecidas ou mesmo que em sua época não tiveram seu reconhecimento. Quero começar aqui com um artista genial, que embora nunca tenha sido esquecido, tem sua obra pouco lembrada. Vamos abrir o nosso Toque Musical com chave de ouro. Um cara nota 10! “O meu amigo, Erasmo Carlos!”
Inicialmente, vamos com “Carlos, Erasmo…”, álbum lançado em 1971. Primeiro disco pela Philips. Um trabalho que nos mostra um Erasmo amadurecido. O destaque, entre outras, fica para o sucesso “De noite na cama”, de Caetano Veloso.