Taiguara – Canções De Amor E Liberdade (1983)

Olá a todos os amigos cultos, ocultos, tensos e pretensos! (tenho cada amigo…)

Ontem eu alarmado, havia anunciado o fim do blog A Música Que Vem De Minas. Na verdade, o seu próprio administrador foi quem me avisou de que o blog havia sido retirado. Isto realmente me deixou preocupado, pois uma nova onda de caça às bruxas está de volta. Vimos aí o caso recente do blog Um Que Tenha, fechado a pedido das gravadoras e de alguns artistas (mas parece que ele já está de volta em novo endereço). Para piorar alguns artistas que antes carregavam a bandeira do liberalismo total, agora estão dando para trás (leiam aqui). Esse ‘mundo’ é muito doido mesmo, enquanto for vantajoso, “coloca aí o meu disco, mas não fala que fui eu quem liberou”. É por essas e por outras que eu só viajo no’ túnel do tempo’. Novidade aqui só se for independente, por solicitação, simpatia ou intimidade.

Agora, vamos ao disco… Depois de ter passado mais de década sem gravar, Taiguara retorna ao Brasil e lança em 1983 o álbum “Canções de amor e liberdade”. A concepção deste álbum nasceu quando ele ainda estava na Tanzânia. Como sempre, muitas das faixas foram cortadas pela censura e logo em seguida liberadas, apenas para não perderem o costume. Não se trata de um trabalho de protesto, embora sua obra seja pautada nas questões sociais. O disco traz músicas lindas. São canções inspiradas em ritmos sulistas e uruguaios como a zamba portenha, o rasqueado… tem também um bolero, “Anita”, uma composição dedicada à Anita Leocádia, filha de Olga e Luis Carlos Prestes. “Estrela vermelha”, composição antiga feita por seu avô. Taiguara regravou também “Índia” em sua forma original, com a partitura para piano de José Assunción Flores. “Voz do leste” é uma toada com participação da dupla sertaneja Cacique e Pagé. A orquestração, em muitas faixas, é do maestro Gaya. O disco realmente busca uma nova retomada para o cantor. Contudo, não chegou a ser uma sensação, talvez porque Taiguara, como ele mesmo disse, se sentia um tanto estagnado, necessitando reaprender, reciclar seu momento como músico numa era dominada pela tecnologia. Percebe-se que o artista ainda naquele momento se sentia deslocado e desencantado com situações semelhantes as que o levou ao auto exílio nos anos 70. Depois deste álbum ele ainda chegou a gravar mais um disco, o cd “Brasil Afri” pela Movieplay em 1994. Faleceu dois anos depois, vitíma de um tumor na bexiga. Uma pena… uma grande perda 🙁
Nesta postagem eu resolvi incluir também uma entrevista dele dada à reporter do programa de rádio Notícias do Brasil, logo depois de lançar seu último trabalho. Confira aí…

anita
índia
voz do leste
mais valia
che tajira
moina me sorriu
o amor da justiça
estrela vermelha
guarânia, guarani
marília das ilhas
américa del índio
avanzada

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