Jacob Do Bandolim 6 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 53 (2013)

E aqui vamos nós com a edição de número 53 do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, a sexta dedicada ao mago do bandolim, mestre Jacob Pick Bittencourt. Desta feita, apresentamos uma seleção de 14 fonogramas preciosos, extraídos de acetatos radiofônicos. O início da gloriosa carreira do mestre foi justamente como calouro no “Programa dos novos”, da Rádio Guanabara, em 1934. Sem pretensões profissionais, alcançou a nota máxima, disputando com 28 concorrentes, e ainda com um júri do qual faziam parte Orestes Barbosa, Francisco Alves e Benedito Lacerda, entre outros. Na mesma emissora, formou o grupo Jacob e sua Gente, revezando-se com o Gente do Morro, de Benedito Lacerda, no acompanhamento dos grandes astros da época (Noel Rosa, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Augusto Calheiros…). Com o sucesso obtido na Guanabara, o mestre Jacob passa a ser presença constante em programas radiofônicos, tocando, em troca de cachê , nas rádios Cajuti, Fluminense, Transmissora, Mayrink Veiga (onde atuava no programa de Ademar Casé, avô da Regina) e Ipanema, depois Mauá, sendo nesta última que Jacob ganhou um programa só seu.
Bem, senhores ouvintes, a PR-GRB tem o prazer de apresentar esta seleção dos melhores momentos das audições radiofônicas de Jacob do Bandolim. Para começar, temos o choro “Dengoso”, de autoria de João Pernambuco (João Teixeira Guimarães, Jatobá, hoje Petrolândia, PE, 1883-Rio de Janeiro, 1947), gravado originalmente por ele mesmo em solo de violão, em 1930. Em seguida temos “Gadu namorando”, de Ladislau Pereira da Silva e Alcyr Pires Vermelho (não anunciado pelo locutor como parceiro). A peça tem inúmeros registros, o primeiro deles feito em 1956 pelo trombonista Raul de Barros. Passando do choro à valsa, temos “Lamento”, de Nestor Monteiro e Gilberto Santos, uma joia rara que, infelizmente, não chegou ao disco comercial. Voltando ao choro, Jacob nos oferece “Soluçando”, de Cândido Pereira da Silva, o Candinho Trombone (Rio de Janeiro,1879-idem, 1960), originalmente gravado em 1916 pelo Grupo o Passos no Choro. Em seguida temos mais uma valsa, “Adelina”, de autoria do cavaquinista Mário Álvares Conceição, o Mário Cavaquinho (Rio de Janeiro, 1861-idem, 1905), cujas primeiras gravações foram feitas ainda na fase mecânica, pela Banda da Casa Edison, sem indicação exata de anos. Depois vem um choro do próprio Jacob, “Carícia”, por ele mesmo gravado na RCA Victor em 1956. O tango “O despertar da montanha”, faixa seguinte, é certamente o mais famoso trabalho do compositor Eduardo Souto, paulista de Santos (ou São Vicente, não há certeza), nascido em 1882 e falecido no Rio de Janeiro em 1942. “O despertar” foi composto em 1919 e sua primeira gravação data de 1931, pela Orquestra Colonial. Tem vários registros, inclusive do próprio Jacob do Bandolim, feito em 1949, e é uma obra conhecida até mesmo a nível internacional. Ganhou letra de Francisco Pimentel em 1946, gravada nesse ano por Sílvio Caldas. Logo depois, os choros “Cristal” e “Diabinho maluco”, do próprio Jacob, por ele gravados, respectivamente, em 1951 e 1956. Compositor, organista e maestro, Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, 1830-idem, 1906) comparece aqui com “Batuque”, rotulado como “tango característico” no selo da primeira gravação, feita em 1910 pela Banda do Corpo de Bombeiros na Victor americana. Já o “Choro da saudade” é de autoria de um… paraguaio! Sim, é do violonista Agustín Barrios (1885-1944), que homenageou a música e o povo de seu Paraguai natalício compondo obras modeladas a partir de canções populares das Américas Central e do Sul. “Saxofone, por que choras?” é o choro mais conhecido do clarinetista Severino Rangel, o Ratinho (Itabaiana, PB, 1896-Duque de Caxias, RJ, 1972), que também formou dupla humorística com Jararaca, de geral agrado. O choro foi lançado pelo próprio Ratinho em 1930, e tem vários registros (o próprio Jacob fez o seu em 1952). “Heróica” é outra composição do mago do bandolim, mas só seria gravada comercialmente em 1980, por outro bandolinista de renome, Déo Rian. E, para terminar, temos uma fala do próprio Jacob do Bandolim, na qual ele exalta a força de vontade e a capacidade de seus músicos acompanhantes, e elogia a acolhida que o público de São Paulo sempre lhe deu, mais que o do próprio Rio de Janeiro natal. Ah, como são as coisas… Não poderia haver melhor encerramento para esta compilação de registros radiofônicos do mestre Jacob, que certamente será muitíssimo bem recebida pelos ouvintes da PR-GRB. E semana que vem tem mais Jacob, hein? Aguardem…
TEXTO SAMUEL MACHADO FILHO

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