Silvio Caldas – Serestas, Só Serestas (1973)

O carioca Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas (1906?-1998) foi sem dúvida fiel à seresta, mais do que qualquer outro intérprete de seu tempo. O eterno “caboclinho querido” lançou,ao longo da carreira,páginas notáveis da seresta, compostas pelos melhores autores, inclusive ele mesmo.  Como esquecer, por exemplo, do s clássicos que compôs com Orestes Barbosa (“Serenata”, “Chão de estrelas”, “Arranha-céu”  etc.)?  Por isso mesmo é que Sílvio Caldas é considerado, com justiça, o mais seresteiro de todos os intérpretes de nossa música popular.
Hoje, o Toque Musical tem a grata satisfação de oferecer a seus amigos cultos, ocultos e associados  mais um álbum de Sílvio Caldas (a quem já tivemos o prazer de dedicar algumas edições do Grand Record Brazil). Trata-se de uma compilação, editada pela CBS (selo verde Entré, um dos braços “econômicos” da gravadora, ao lado do Tropicana) em 1973, reunindo gravações extraídas de dois LPs rememorativos que fez na empresa, com músicas de grandes autores, tipo Gastão Lamounier, Joubert de Carvalho,  Custódio Mesquita etc.  Se não, vejamos: do álbum “O grande seresteiro” (1968), foram extraídas “Assim acaba um grande amor” (gravação original de Carlos Galhardo, em 1937), “Não me abandones nunca” (criação do próprio Sílvio, em 1938),o fox-canção “Mulher” (também criação original de Sílvio, em 1940), o samba-canção “Prece” (de Vadico e Marino Pinto, originalmente lançado por Helena de Lima em 1956), “Se tu soubesses” (outra criação original de Sílvio, em 1941) e “Perdoa, meu amor” (original de Orlando Silva, em 1947). Um ano mais tarde, 1969, Sílvio lançou mais um LP rememorativo, “E o destino desfolhou”, do qual aqui estão as faixas “Último desejo”(eterno clássico de Noel Rosa, só lançado após sua morte por Aracy de Almeida, em 1938), “Que importa para nós dois a despedida?” (lançada por Orlando Silva em 1939), o sucesso de sempre “Eu sonhei que tu estavas tão linda” (registro original de Francisco Alves em 1941, com várias interpretações em disco, até mesmo do “tremendão” Erasmo Carlos),  “Cinco letras que choram – Adeus” (clássico do repertório de Francisco Alves, lançado em 1947), “O nome dela não digo” (da parceria de Sílvio com Orestes Barbosa, originalmente lançada por ele mesmo em 1936) e, claro,a faixa-título do LP original, “E o destino desfolhou”(criação de Carlos Galhardo, em 1937). Mesmo  na casa dos 60 anos, na época em que fez estas regravações, Sílvio Caldas está bastante motivado, nos oferecendo, como sempre, interpretações soberbas e imperdíveis. Bons autores, sucessos inesquecíveis, um intérprete seresteiro por natureza… Que mais se pode querer?  É ouvir e recordar
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assim acaba um grande amor
não me abandones
último desejo
mulher
prece
se tu soubesses
que importa para nós dois a despedida
eu sonhei que tu estavas tão linda
cinco estrelas que choram
o nome dela eu não digo
perdoa meu amor
e o destino desfolhou
*SAMUEL MACHADO FILHO.

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