Altamiro Carrilho – Boleros Em Desfile N. 2 (1959)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje o TM apresenta a vocês o segundo volume de “Boleros em desfile”, com o notável flautista e maestro Altamiro Carrilho (Santo Antônio de Pádua, RJ, 21/12/1924-Rio de Janeiro, 15/8/2012) e seu misterioso “conjunto de solistas”. O primeiro volume, que já lhes oferecemos, saiu em 1958. E, já naquela ocasião, a Copacabana não revelou nem mesmo quem seriam os tais solistas recrutados por mestre Altamiro para gravar o álbum, e estes não foram listados nem mesmo na contracapa da edição original, que inclusive traz uma caricatura do mestre da flauta, feita por Mendez, e cedida pela revista “Radiolândia”.  Segundo o texto, o primeiro “Boleros em desfile”, lançado pela então “marca do caramujo” como parte de uma série chamada “Selo de ouro”, iniciada pouco antes com o LP “Quando os astros se encontram”, de Ângela Maria e Waldyr Calmon, tinha o objetivo de acrescentar  “novas cores e tonalidades”  nas gravações de álbuns ditos “dançantes”, produzidos em grande escala na época, e ideais para animar festas de família e salões dançantes que não possuíam música ao vivo,  portanto, produtos de retorno garantido nessa ocasião. Valem inclusive os palpites feitos pelo amigo Augusto na resenha do primeiro volume, Sivuca, Moacyr Silva, Fafá Lemos etc.

Eis na íntegra o texto de contracapa da edição original deste segundo “Boleros em desfile” , de fins de 1959, de autor desconhecido:
“Altamiro Carrilho volta ao salão de danças com os seus ‘Boleros em desfile n.o 2’. Já esperávamos o sucesso do primeiro volume. As características modernas da apresentação, a seleção de músicas e músicos, o jeito novo de tocar os velhos sucessos, tudo fazia prever a aceitação expressiva por parte do público. Novo e cuidadoso desfile foi então organizado. Doze boleros que fizeram a delícia de nossas festas voltam aos salões, no sopro, nas cordas e na batida espetacular do moderno conjunto de Altamiro Carrilho. Cada pequeno trecho desses boleros tem um solista. Muito maior se torna a fixação das melodias. Mais colorido. Mais vibrante. Com originalidade. Com gosto. Há uma nova forma, um sentido novo de valorização dos temas. ‘Boleros em desfile n.o 2’ é, antes de mais nada, um desfile de músicas de classe, um desfile de instrumentação nova, um desfile de trechos musicais que se unem, e formam um todo esplêndido, conduzidos cada qual com acento e características próprias”.
Como se percebe, nem mesmo neste segundo volume o mistério dos solistas que o gravaram sob a batuta de mestre Altamiro foi desfeito. Afora isso, o repertório é realmente de extremo bom gosto, trazendo clássicos desse gênero que os brasileiros  sempre prestigiaram. Predominam hits internacionais (“Cachito”, ‘Que murmuren”, “Quien será”, “Hipocrita”, “Frenesi”, “Perfume de gardenia”etc.).  Mas há também um sucesso nacional do gênero, “Jamais te esquecerei”, do violonista Antônio Rago, que apareceu em versão apenas instrumental , em 1947, e um ano depois recebeu letra de seu primo, Juracy Rago, ficando o registro cantado por conta de Nélson Novaes. Mistério à parte, vale a pena curtir mais este volume de “Boleros em desfile”, que Altamiro Carrilho e seus solistas anônimos nos ofereceram. Dá-me o prazer desta contradança?
hipócrita
quem será
cachito
que murmurem
aquellos ojos verdes
frenesi
perfume de gardênia
desamparada
camino verde
jamais te esquecerei
nosotros
donde estará mi vida
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

 

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