Manoelzinho Aboiador – Aboio De Um Vaqueiro (1976)

Bom noite a todos! Como até então ninguém se manifestou diante às duas últimas postagens, acredito eu que vocês não estejam gostando. Vamos então tentar um outro estilo, um outro tipo de disco ou música. Para reunir a boiada, nada melhor que um vaqueiro nordestino com seu aboio.

Temos então o Manoelzinho Aboiador, um autêntico vaqueiro, mestre na arte do aboio, numa demonstração deste singular e exótico canto. Participam do disco também Nouzinho do Xaxado e Sua Gente.
O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem. É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho! Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue, tranqüilo, ouvindo o canto. No sertão do Brasil é sempre um canto individual, entoado livremente, sem letras, frases ou versos a não ser o incitamento final que é falado e não cantado. Os que se destacam na sua execução são apontados como bons no aboio. Existe também o aboio cantado ou aboio em versos que são poemas de temas agropastoris, de origem moura e que chegou ao Brasil, possivelmente, através dos escravos mouros da ilha da Madeira, em Portugal, país onde existe esse tipo de aboio. Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é de origem brasileira, sendo levado para Portugal, uma vez que lá aboio significava pôr uma bóia em alguma coisa. O aboio não é divertimento é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão. Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro e até para as vacas de leite, mas em menor escala, porque nesse caso não é executado por um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas. O escritor José de Alencar, no seu livro O sertanejo, diz do ritual do aboio: Não se distinguem palavras na canção do boiadeiro; nem ele as articula, pois fala do seu gado, com essa linguagem do coração que enternece os animais e os cativa.
Texto de Lúcia Gaspar
abertura
asa branca
a sêca do cariri
sentimentos de vaqueiro (aboio levando o gado)
retrato do vaqueiro
tesouro do meu sertão
fazenda tingui (aboio em dueto)
coração de vaqueiro
quando há sêca no sertão
conversando com o vaqueiro
boiadeiro

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