Mancini E Os Dez De Ouro – Baile Jovem N. 2 (1968)

Bom dia, prezados amigos cultos e ocultos! Trago para vocês neste domingo ensolarado um lp que eu encontrei recentemente num pacote que me foi enviado, ou melhor dizendo, deixado em minha porta! Ainda não consegui descobri que foi o doador, pois não havia nem um bilhete. Como estava em minha porta, deduzi que fosse mesmo um presente dos meus amigos ocultos. Obrigado, seja lá quem for! A turma aqui também agradece, não é mesmo? 🙂 E podem continuar fazendo as doações, são muito bem vindas!
Bom, mas entre os oito discos que ganhei, escolhi este aqui: Mancini e Os Dez de Ouro. Gostei da capa e também do repertório. E por se tratar de um disco da produção Rozenblit, fiquei ainda mais curioso e interessado em mostrá-lo aqui para vocês. Numa pesquisa rápida descobri que Mancini e os seus Dez de Ouro foi um grupo de baile muito atuante no Nordeste na década de 60. Gravaram apenas dois lps, todos os dois pela Rozenblit. As informações sobre eles são escassas. O que tenho é apenas este texto que achei num post do Youtube e aqui eu o reproduzo:  
Mancini e os dez de ouro foi formada por Zezinho Mancini na década de 1960 com músicos da Alta Mogiana. Ele e o irmão Vanderley, de Pedregulho, Maestro Bonutti de São Joaquim da Barra e o quarteto da Usina Junqueira: Altayr Ribeiro, Artur Ribeiro, Dó Menor e Zezito Lucas (the best of trumpet).
Pelo que pude observar, no primeiro disco, de 67, há na contracapa um longo texto, o qual não tive como ler, mas suponho que seja uma apresentação mais detalhada do conjunto. Vou ver se consigo também esse primeiro volume e numa próxima oportunidade e publico aqui para vocês, ok? Com relação ao conteúdo musical e a performance do grupo podemos dizer que eles cumprem bem o papel de um conjunto de baile instrumental dos anos 60. Os músicos são bem competentes e os arranjos de qualidade. O repertório também é legal e sortido, com músicas nacionais e internacionais, sucessos da época.

the last dance
aranjuez mon amour
tributo a martin luther king
pra nunca mais chorar
uno como e noi
l’ultima cosa
carolina
roda viva
the world we knew
when summer is gone
israel
suck un up
.

Manoelzinho Aboiador – Aboio De Um Vaqueiro (1976)

Bom noite a todos! Como até então ninguém se manifestou diante às duas últimas postagens, acredito eu que vocês não estejam gostando. Vamos então tentar um outro estilo, um outro tipo de disco ou música. Para reunir a boiada, nada melhor que um vaqueiro nordestino com seu aboio.

Temos então o Manoelzinho Aboiador, um autêntico vaqueiro, mestre na arte do aboio, numa demonstração deste singular e exótico canto. Participam do disco também Nouzinho do Xaxado e Sua Gente.
O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem. É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho! Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue, tranqüilo, ouvindo o canto. No sertão do Brasil é sempre um canto individual, entoado livremente, sem letras, frases ou versos a não ser o incitamento final que é falado e não cantado. Os que se destacam na sua execução são apontados como bons no aboio. Existe também o aboio cantado ou aboio em versos que são poemas de temas agropastoris, de origem moura e que chegou ao Brasil, possivelmente, através dos escravos mouros da ilha da Madeira, em Portugal, país onde existe esse tipo de aboio. Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é de origem brasileira, sendo levado para Portugal, uma vez que lá aboio significava pôr uma bóia em alguma coisa. O aboio não é divertimento é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão. Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro e até para as vacas de leite, mas em menor escala, porque nesse caso não é executado por um vaqueiro que se preze e tenha vergonha nas ventas. O escritor José de Alencar, no seu livro O sertanejo, diz do ritual do aboio: Não se distinguem palavras na canção do boiadeiro; nem ele as articula, pois fala do seu gado, com essa linguagem do coração que enternece os animais e os cativa.
Texto de Lúcia Gaspar
abertura
asa branca
a sêca do cariri
sentimentos de vaqueiro (aboio levando o gado)
retrato do vaqueiro
tesouro do meu sertão
fazenda tingui (aboio em dueto)
coração de vaqueiro
quando há sêca no sertão
conversando com o vaqueiro
boiadeiro