Orquestra E Coral De Severino Filho – Onde Nos Leva O Ritmo (1961)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados de plantão! Hoje, por certo, muitos esperavam aqui uma homenagem à cantora e apresentadora de televisão, Hebe Camargo, que veio a falecer na madrugada deste sábado. Eu, infelizmente, fui pego de surpresa, não tinha nenhum disco dela à mão. Aliás situações como essas sempre acontecem quando menos esperamos. De qualquer forma, enviei ao GTM um novo link para o único disco dela que temos postado aqui, o álbum “Sou Eu”, de 1960.

Nosso disco de hoje, que eu já havia preparado com antecedência é “Onde nos leva o ritmo”, álbum raríssimo de Severino Filho, com seu coral e orquestra, lançado pela gravadora Continental, em 1961. Temos aqui uma seleção dos mais variados ritmos, representados em sucessos nacionais e internacionais da época. O grande pecado aqui é o estado do disco. Em algumas faixas não há programa de som que dê jeito, infelizmente. Mesmo assim, vale a pena (e muito) dar uma conferida no ‘carioca’.

pepe

um beijo, nada mais

shimy shimy ko ko bop

je te tendrai les bras

desespero de causa

tenderly

la pachanga

chopin em ritmo de samba

my favorite things

laura

amapola

barração

Juca Mestre And His Brasileiros – Panorama Musical Do Brasil (1962)

Mais um muito bom dia a todos os amigos cultos e ocultos! À medida em que vou me aproximando das férias os dias parecem ficar ainda mais bonitos. Que maravilha! Já estou com tudo pronto…
Na sequência da semana, vamos agora com outro disco, também uma raridade, objeto de desejo de muitos discófilos e colecionadores. Vale uma nota boa um exemplar como este. Disco gravado para gringo, ou seja, um trabalho feito no capricho. Gravações de alta qualidade, feitas em equipamento de ponta da época, coisa que ainda hoje muito estúdio digital nem chega perto. Este álbum, quando tocado em um bom aparelho, com uma boa agulha e boas caixas de som faz a gente sentir o que um mp3 jamais conseguiria nos dar. Estou dizendo isso, mas não sou do tipo que se preocupa tanto com a pureza do som a nível de incluirmos aqui uma versão em flac ou wave. Um mp3 de 320 kbps já tá de bom tamanho, pelo menos para mim.
Segue assim este álbum supimpa, um disco que agrada de cara a qualquer um, principalmente os estrangeiros. Temos aqui Juca Mestre e Seus Brasileiros, um nome fictício, que esconde, principalmente na versão brasileira do lp o verdadeiro mestre que direciona o conjunto, Severino Filho. Acredito que no álbum lançado no Brasil, no texto da contracapa, por questões contratuais, o nome de Severino não podia aparecer.
“Panorama Musical do Brasil” é mesmo um retrato pintado por gringos, que até então só conseguiam ouvir o que ecoava no Rio de Janeiro. Aliás, o disco deveria ter mesmo esse nome, “Panorama Musical Carioca”. Tem tudo a ver e a ouvir. Um disco só de samba, com o líder dOs Cariocas (embora seja paraense) e uma capa onde o Brasil é apenas um postal do Rio de Janeiro. Tá certo, foi por lá que se fez a porteira do Brasil.

apito no samba
mulata assanhada
poema do adeus
covarde
arrasta a sandália
mundo de zinco – eu chorarei amanhã – lata d’agua
não me diga adeus
chora tua tristeza
implorar 
o amor e a rosa
recordar
madeira de lei
é com esse que eu vou

Miguel Gustavo – MPM Propaganda (1972)

Olá a todos! Ontem, devido a minha falta de planejamento e também de tempo, acabei por não fazer a postagem do dia. Enganei vocês trazendo apenas mais um volume da coleção Nova História da MPB. Infelizmente, não tive mesmo condições. Mas retomo agora às curiosidades e raridades fonográficas como eu havia prometido. Há muito que eu venho querendo postar essas coisas aqui e acho que é chegado um bom momento.
Hoje temos um disco brinde de natal, criado para a agência MPM Propaganda em 1972, no intuito de presentear aos seus clientes e também homenagear um dos maiores criadores de jingles (música de propaganda), o compositor Miguel Gustavo, falecido naquele ano. No lp encontramos algumas de suas mais conhecidas composições, tanto para o mundo da propaganda como no musical artístico. Suas criações são aqui interpretadas por nomes de peso da música brasileira. Apenas a faixa “A Estrada” não é criação de Miguel. Esta foi feita em sua homenagem. Uma seleção bacana, como muita coisa inédita e rara.
Miguel Gustavo foi um compositor, como ele mesmo se intitulava, primário. Ele não entendia de música e suas composições eram fruto apenas de sua sensibilidade natural. Por certo que a prática acaba levando a perfeição e Miguel foi muito além.
Incluo a baixo (por pura preguiça) um texto de Fábio Dias, extraído do site Clube do Jingle, apresentando este ilustre desconhecido e seus famosos feitos musicais:
Miguel Gustavo Werneck de Souza Martins, compositor, jornalista, poeta e radialista nasceu no Rio de Janeiro em 24. de março de 1922 e faleceu em 22 de janeiro de 1972 aos 50 anos de idade. Ele era um cronista musical. Retratava em suas músicas o que de mais importante estava acontecendo nos meios sociais da época. Começou como discotecário da Rádio Vera Cruz em 1941. Mais tarde passou a escrever programas de rádio.
Em 1950 começou a compor jingles tendo se notabilizado nesta atividade com vários jingles de grande repercussão podendo ser destacado o que foi composto para as Casas da Banha com aproveitamento da melodia de Jesus, alegria dos homens de Johann Sebastian Bach. Sua primeira música gravada foi Primeiro amor, interpretada por Luiz de Carvalho, Os Tocantins e Dilu Mello em gravação Continental lançada em julho/agosto de 1946.
Em 23 de setembro de 1947, Ataulfo Alves gravou na Victor o samba O que é que eu vou dizer em casa, de sua autoria e Miguel Gustavo. Foi seu primeiro sucesso musical.
Em 1953 voltou a fazer sucesso com É sempre o papai, um baião de sua autoria que Zezé Gonzaga gravou na Sinter.
Mais tarde veio o ciclo dos sambas de breque com Moreira da Silva: O conto do pintor, O rei do gatilho, O último dos Moicanos, O sequestro de Ringo, O rei do cangaço e Morengueira contra 007.
Em 1963 compôs um jingle para o Leite Glória que até hoje é lembrado por muita gente pela forma moderna e criativa que a letra falava sobre as características do produto.
A música A dança da boneca, gravada pelo Chacrinha para o carnaval de 67 foi, depois, transformada no prefixo do Programa do Chacrinha com ligeiras modificações na letra e se popularizou pelo Brasil inteiro.
Para a Copa do Mundo de 1970, no México, ele criou o extraordinário Pra Frente Brasil ao participar de um concurso organizado pelos patrocinadores das transmissões dos jogos. O sucesso foi tanto que no carnaval do ano seguinte a música figurou entre as mais cantadas e até hoje é lembrada com carinho pela torcida brasileira.
Umas das principais características dos jingles de Miguel Gustavo eram as introduções marcantes que muitas vezes se tornavam um prefixo do próprio jingle e podiam ser consideradas melodias independentes dentro da peça, de tão bem estruturadas e fortes.
*Fábio Dias com dados fornecidos pela collectors.com.br

casas da banha – moinho de ouro – radamés gnattali
e daí? e daí? – alaide costa
morengueira contra 007 – moreira da silva
brasil eu adoro você – hino do sesquicentenário – angela maria
per omnia secula seculorum – josé tobias
café soçaite – jorge veiga
tatuzinho – leite gloria – erlon chaves
calma coração – miltinho
canção inútil da paz – severino filho
prá frente brasil – fala manuel gustavo
partido baixo do partido alto
a estrada – luis reis