Balona e Seu Conjunto – Garota de Ipanema (1967)

Hoje eu acordei na maior indecisão… Ou isto ou aquilo?
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Salve Cecília Meireles! Só você mesma para adoçar a minha indecisão.
Pronto! Tá feito, tá escolhido… hoje vamos de Bossa Nova 😉 (ou vocês estavam esperando outra coisa?) Ah, é… também fui lá votar. Espero ter feito uma escolha tão boa quanto a do disco de hoje. A verdade é que não importa se estávamos predispostos ou não a ouvir um determinado estilo musical. O que conta mesmo é que ao tocar ele agrade a todos nós. Por isso, relaxem… agora é ‘jazz’, é bossa, é a escolha da maioria…
Temos então para hoje um dos discos que ficou para a final da mostra Paladium. De tanto zelo e preparativos para apresentar essa jóia, acabei sem achar um dia especial para postá-lo. Vamos assim com este disco raríssimo do músico mineiro, Célio Balona. Ao contrário dos outros três álbuns do instrumentista postados aqui, este é o único o qual podemos chamar de um legítimo bossa nova. Mesmo assim, nunca o vi postado no Loronix ou qualquer outro blog. Quem não conhece, não sabe o que estava perdendo. “Garota de Ipanema” foi um dos melhores e mais autênticos álbuns lançados pelo selo mineiro. Quem pensa que a Paladium só fazia aqueles disquinhos maquiados, não ouviu tudo. Este é um trabalho bem elaborado, com um conjunto de primeira linha e liderado por um artista super profissional e talentoso. (Célio) Balona e Seu Conjunto nos apresenta 12 temas finos entre composições autorais e destaques como o samba “Aurora” de Roberto Roberti e Mário Lago, a belíssima “Céu e mar” de Johnny Alf ou “Duas contas” de Garoto. Virando o disco ainda temos, claro, a “Garora de Ipanema” e “Insensatez”, ambas de Tom e Vinícius. As demais faixas não deixam nada a desejar, se mantendo no mesmo nível de qualidade. Não tenho certeza, mas acho que Helvius Vilela e Nivaldo Ornelas também faziam parte do conjunto do Balona. Este álbum foi relançado em 1976, nessa época já pelo selo Bemol. Não deixem de conferir…
aurora
amor que vem
céu e mar
tema para dedé
duas contas
balonadas
meu balanço
tema para dois
vem menina
garota de ipanema
insensatez
balanço 67

Inezita Barroso – Danças Gaúchas (1955)

Olá, moçada culta e oculta! Pelo jeito, a turma lá do Sul anda visitando pouco o nosso blog. Não houve uma manifestação gaúcha durante a semana. Barbaridade, tchê! O jeito vai ser eu encerrar por aqui o meu chimarrão. Mas a gente ainda volta para um passeio nos Pampas 🙂
Para fechar com chave de ouro, deixei para hoje essa obra prima, uma raridade que poucos tem hoje a oportunidade de ouvir. Este lp foi o terceiro disco gravado no Brasil pelo selo Copacabana. Não sei se está incluído entre os 300 discos mais importantes da música popular brasiliera, mas se não estiver, merecia. A própria Inezita afirma ser esse seu melhor trabalho.
Embora um tanto quanto desgastado pelo tempo e bem arranhado, consegui dar uma boa melhorada no som. Temos pois, a grande cantora brasileira ao lado do Grupo Folclórico de Barbosa Lessa. Neste álbum eles interpretam da forma mais pura e tradicional as composições de Barbosa Lessa e seu parceiro de pesquisa Paixão Côrtes. Inezita viria a regravar todas essas músicas seis anos depois, acompanhada de orquestração, no álbum de 12 polegadas com o mesmo título. Falar de tradicionalismo gaúcho sem tocar no nome de Barbosa Lessa, chega a ser até um pecado.
Eu já comentei sobre ele logo nas primeiras postagens. Foi um personagem dos mais importantes para a cultura gaúcha. Reproduzo aqui um texto extraído do site do Governo do Rio Grande do Sul falando sobre ele:
Luiz Carlos Barbosa Lessa nasceu em 13 de dezembro de 1929 e faleceu em 11 de março de 2002. Destacou-se na música popular e na literatura. Entre suas músicas, sempre de cunho gauchesco, estão Negrinho do Pastoreio, Quero-Quero, Balseiros do Rio Uruguai, Levanta, Gaúcho!, Despedida, e as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes. De sua obra literária com mais de 50 títulos, estão os romances República das Carretas e Os Guaxos (prêmio 1959 da Academia Brasileira de Letras), os contos e crônicas de Rodeio dos Ventos, o ensaio indigenista Era de Aré, a tese pioneira O sentido e o Valor do Tradicionalismo, o ensaio Nativismo, um fenômeno social gaúcho, Mão Gaúcha, introdução ao artesanato sul-rio-grandense, o álbum em quadrinhos O Continente do Rio Grande (com desenhos de Flávio Colin) e os didáticos Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica, Rio Grande do Sul, pra zer em conhecê-lo, e Primeiras Noções de Teatro. Também há os dois volumes do Almanaque do Gaúcho. Foi fundador do primeiro CTG – Centro de Tradições Gaúchas, o “35”, em Porto Alegre. De 1950 a 1952, com o amigo Paixão Côrtes, realizou o levantamento das danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Dessa pesquisa, resultou o livro didático Manual de Danças Gaúchas e o disco Danças Gaúchas, na voz da cantora paulista Inezita Barroso. Barbosa foi, também, Secretário Estadual da Cultura e idealizou a Casa de Cultura Mário Quintana. Foi, também, Conselheiro Honorário do MTG – Movimento Tradicionalista Brasileiro.
Taí um disco pelo qual eu tenho certeza, vai levantar não só a gauchada 😉

levante – tirana do lenço
pezinho
quero mana
o anú
balaio
maçanico
chimarrita balão
meia canha serrana
rancheira de carrerinha

Túlio Piva E Eneida Martins – Pandeiro de Prata (1979)

Bom dia a todos! As minhas ‘fotopotocas’ estão ficando bem mais divertidas do que eu imaginava, principalmente depois de serem publicadas no blog. Acho ótimo a reação das pessoas. Tem gente que pensa ser uma postagem normal, chegam até a me pedirem o ‘link’. Que ‘link’? Aqui não tem ‘link’, tem ‘toques’ 😉 Como a maioria já deve ter percebido, tenho feito essas postagens de humor, sempre partido de uma capa de disco. Achei a ideia interessante e dá ao Toque Musical um sentido mais alegre. Obviamente, estou puxando a sardinha para o meu lado, quando através desse humor também procuro promover a imagem do TM. Como já dia (ou pelo menos pensava) o jogador Dadá Maravilha (o Dario, Peito de Aço), a autopropaganda é alma do negócio.

Brincadeiras a parte, vamos ao que interessa. Hoje é sexta feira, dia do artista/disco independente. Continuando nossa mostra pelo Sul, temos agora um outro disco importante, que merece ser apresentado a vocês. Estou trazendo mais uma boa colaboração do amigo Sérgio Digital. Foi muito por conta dele que eu resolvi dedicar a semana à postagem de discos e artistas do Sul. A música gaúcha tem uma identidade própria, sem dúvida, assim como o próprio gaúcho. Existe neles, naturalmente, uma forte influência dos países vizinhos, principalmente a cultural, que em determinadas visões, as vezes se choca e vai contra à realidade brasileira. Há ainda para alguns um sentido separatista, o que caracteriza esse isolamento. Mas considero isso como uma ação promovida por interesses que eu chamaria de ‘feudais’. Não quero entrar nesse assunto, pois sei o quanto ele é polêmico, fere sentimentos e além do mais, não tem nada a ver com o nosso propósito fonoaudiomusical. O certo é que entendo o gaúcho como um povo de planicies, de horizonte aberto, capaz de enxergar muito além de fronteiras imaginárias ou impostas. Dessa forma, a música sulista não se limita ao regionalismo. Ela é multipla porque é também Brasil. Uma prova disso é o cantor e compositor Túlio Piva. Mesmo tendo nascido num local onde, provavelmente, se ouvia mais milongas que qualquer outro tipo de música, ele foi se transformar num dos mais importantes compositores de samba e choro no Rio Grande. Quando se espera de um gaúcho uma caracterização tradicional, surgi figuras como Túlio, Lupicínio… A partir dos anos 50 Túlio começa a divulgar a sua música. Se torna um artista da boemia, principalmente depois que se mudou para Porto Alegre. Na Capital ele fez história. Durante os anos 70 foi proprietário e sócio de duas casas noturnas que lhe serviram de palco, se apresentando em grupo e também ao lado de outros artistas (em noites memoráveis, segundo o Sérgio). Compôs, interpretou e consagrou sua obra. Gravou poucos discos, mas se tornou um dos grandes nomes da música popular brasileria. Teve suas composições gravadas por Elza Soares, Germano Mathias, Noite Ilustrada, Caco Velho, Carmélia Alves, Francisco Petrônio, Conjunto Farroupilha, Demônios da Garoa e até a jovem aspirante ao posto de maior cantora do Brasil, Elis Regina. Como se vê, um artista e tanto. Precisa apenas ser um pouco mais divulgado.
“Pandeiro de Prata” foi seu terceiro lp, lançado de maneira independente, através do Instituto Sidonal de Assistência Educacional e Cultura (ISAEC), uma instituição ligada à Igreja Luterana, em seu estúdio, na cidade de Poá. No álbum, ele vem acompanhado pela cantora Oneida Martins, que também participou de outros dos seus discos. Como vocês, eu também estou tendo o prazer de escutar pela primeira vez este artista. Eu já o conhecia pela fama, mas nunca cheguei a ouvir um de seus disco ou música. É nessa hora que eu retorno com a máxima: falar de música só é bom quando também se pode ouvir! 😉
eu nasci pro samba
você chega lá
sonho colorido
pandeiro de prata
da cor do sonho
tamborim
eu tenho dó
folhas caídas
botiquim da vida
flor na lapela
quando a cidade adormece
jóia rara

Jaime Caetano Braun – O Payador (1983)

Olá, amigos cultos e ocultos! Continuando a nossa jornada pelos Pampas, vamos dessa vez com Jaime Caetano Braun. Se o Tio Bilia está para o gaúcho assim como Luiz Gonzaga para os nordestinos, Jaime Caetano seria algo parecido com a figura de Catulo da Paixão Cearense. Payador é aquele que cria rimas e versos improvisados como um repentista, acompanhado de um solo, normalmente de violão. É uma arte típica do Sul, não apenas no Brasil, mas também no Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile. Jaime Caetano é talvez um dos nomes mais famosos nesse gênero. Sua poesia é a essência do gaúcho, dos pampas e de tudo relativo a essa terra e seu povo. No dia 30 de janeiro é comemorado o Dia do Payador (ou Pajador, como dizem alguns), data essa escolhida por ser também o dia de nascimento de Jaime Caetano Braun.
O álbum que eu trago para vocês foi lançado no início dos anos 80. Como diversos outros trabalhos musicais e fonográficos, “Payador” teve pouco destaque na época de seu lançamento, ficou mais limitado ao público regional. No disco encontramos também a presença de Lucio Yanel e Chaloy Jara, músicos nativistas que acompanham o poeta e interpretam algumas faixas instrumentais. Gurizada, confira aí, que eu de cá vou tomando um chimarrão.

payada
el beso aquel
payada das missões
la colonia
galpão nativo
el rancho de la cambicha
bochincho
duas cruzes
mercêditas

Os Araganos – Os Homens De Preto (1978)

Ao pensar nas postagens dedicada aos sulistas, me lembrei de imediato de dois grupos que eu mais conheço e sempre gostei, o Conjunto Farroupilha e Os Araganos. O primeiro eu vou deixar para uma outra ocasião, pois os que tenho também tem em outros blogs. Quanto aOs Araganos, eu ainda não vi nada. Tenho certeza que os amigos cultos e ocultos irão apreciar essa jóia, a qual eu já apresentei uma amostra, através de um compacto de 1967.
Os Araganos surgiram no início dos anos 60, segundo informação da própria capa, no Dia do Gaúcho. Começaram como um trio (Edu Teodoro, Ayrton Pimentel e Ary Marchi), mas ao longo do tempo o grupo foi crescendo e tendo outras formações. Me parece que estão (pelo menos no nome) na ativa até hoje. Durante os anos 60 eles fizeram muito sucesso, levando a tradição gaúcha não apenas para o Brasil e países vizinhos, mas também na Europa. O que levou os Araganos a fazerem tanto sucesso foi uma combinação exata de regionalismo com o que rolava naquela época e arredores. Isso para não falarmos da participação deles no cinema e na televisão. Ao ouvirmos músicas como “Pára Pedro”, “Malageña” e “Carnavalito”, percebemos que o grupo, pelo menos dentro dos anos 60, buscava um público além dos Pampas. Isso fica ainda mais claro no ‘pot pourri’ “Volta ao Brasil”, onde eles interpretam temas famosos de outras regiões do país. Outra música que não podemos nos esquecer, de grande impacto nacional, é “Os Homens de Preto”, do artista gaúcho Paulo Ruschel. Música esta também imortalizada na voz de Elis Regina, no disco da coleção Marcus Pereira, em 1975. Neste álbum, uma coletânea comemorativa de 14 anos do grupo, também podemos encontrar algumas composições próprias, prova do talento que não se limita apenas em interpretar. Confiram… 😉

os homens de preto
gauchinha bonita
meu campo
rancho da estrada
cordeona
saudade nativa
volta pelo brasil:
gauchinha bem querer
saudade de laguna
curitibana
IV centenário
garota de ipanema
oh minas gerais
ciriema
na baixa do sapateiro
olê mulé rendera
paraiba
vassourinha
peguei um ita no norte
prenda minha
o gaucho
minuano
xarqueada
gaudêncio sete luas
joão, estranho violeiro
pára pedro
malagueña
carnavalito

Tio Bilia E Virgílio Pinheiro – Baile Gaúcho (1964)

Buenas! Rapidinha… Seguindo rumo ao Sul, vamos conhecer Antonio Soares de Oliveira – Mestre dos Gaiteiros Gaúchos e Rei dos Oito Baixos – mais conhecido como Tio Bilia. Figura de prestígio no universo da música regional sulista. Está para os gaúchos assim como o Luiz Gonzaga para os nordestinos. Estreou no mundo fonográfico tardiamente. Gravou pouco mais de meia dúzia de discos.”Baile Gaúcho” é um álbum clássico, o primeiro gravado por ele, no ‘meio a meio’ com Virgílio Pinheiro, outro grande gaiteiro, cujo o registro musical se limita a este disco (creio eu).
Indico aos interessados no assunto, “A sanfona de oito baixos na música instrumental brasileira”, de Leonardo Rugero Peres. Uma boa leitura sobre sanfonas e sanfoneiros.
Um detalhe curioso sobre nossas raridades: este disco, por exemplo, não se encontra facilmente para comprar. Sua última edição foi em 1968. Não foi mais relançando no país, mas em compensação na EMI da Bélgica ele saí por pouco mais de uns 10 Euros (será que a família ou quem detém os direitos autorais está recebendo direitinho essa grana aqui no Brasil?). Ups!
Não sei porque, mas este disco eu gosto de ouvir quando está amanhecendo o dia. Fica completo com um galo cantando no fundo do quintal. Aliás e por falar nisso, o Galo ontem cantou direitinho (felizmente não havia prorrogação)

missioneiro
surungo do quintino
casório do batista
serra de cima
20 de setembro
gauchada do meu pago
tropeiro em apuro
lembrança do morro negro
baile no galpão
galpão dourado
capão alegre
dois corações

O Rio Grande Do Sul – Postais Sonoros 1 (1962)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Apesar do meu fim de semana não ter sido lá uma maravilha (o domingo então, nem se fala), vou tentar manter a linha… Cada vez percebo mais que a minha fixação com o blog está intimamente ligada aos meus problemas e aflições. O Toque Musical é às vezes, para mim, uma ‘válvula de escape’. Ou melhor dizendo, o local para onde eu fujo quando as coisas não estão muito boas. Como a minha vida é cheia de oscilações, acabo sempre ensaiando uma fuga diária. Falar de música não seria tão bom se não se pudesse ouví-la, eis a minha terapia contra a depressão.
Mas vamos deixar de lado essas minhas lamentações. Vamos ao que realmente lhes interessa… Para a semana que se inicia eu estou programando alguns discos do pessoal do Sul. Injustamente, eu não tenho dado a devida atenção à música brasileira feita no sul do país. De uma certa maneira, o que me falta são os discos. Às vezes eu tenho a impressão de que o sul do Brasil é um outro país. Existe uma certa falta de integração que mais parece partir deles próprios. Há um certo isolamento, sei lá… Mas independente de qualquer coisa, essa terra também chama Brasil e por lá também se faz uma boa e genuína música popular brasileira.
Tenho aqui um disco, o qual eu não consegui encontrar a data, uma produção independente, possivelmente do início dos anos 60, pelo obscuro selo Madrigal. Aparentemente, pelo título, supõem-se ser um disco de coleção. Mas eu não encontrei nenhum outro volume e muito menos informações sobre a coleção, além de uma pequena referência (por sinal errada) no Dicionario Cravo Albin de MPB. Como a contracapa também não traz essas informações, fui investigar as origens através do nome que mais se destaca no disco, o folclorista paulista/gaúcho Barbosa Lessa. Eu já conhecia alguma coisa do trabalho dele, como a trova “Nau Catarineta” e a toada “Negrinho do Pastoreio”, principalmente através do Conjunto Farroupilha, que gravou dele muita coisa. Barbosa Lessa era compositor, folclorista, radialista, publicitário e escritor. Este álbum, ao que tudo indica, foi um trabalho dele. A direção é de sua produtora e praticamente todas as músicas são de sua autoria, sendo duas delas interpretadas pelo seu conjunto. Como outros intérpretes temos nomes como José Tobias, Carla Diniz, Geraldo Príncipe, Chico Raymundo e Carlito Gomes, este último confundido pelo Cravo Albin com um homônimo atual de estilo brega romântico (nada a ver). Ao chegar já ao final do texto, descubro outra peça do quebra cabeça gaúcho. Este álbum, com certeza é de 1962. Pelo que eu pude entender do confuso (e errado) texto do Dicionário Cravo Albin, Barbosa Lessa produziu um disco com este nome naquele ano de 62, com o grupo vocal Titulares do Ritmo. Acontece que na discografia do grupo não consta este disco. Eu imagino que no final, por algum motivo que desconheço, os intérpretes foram mudados. Seja lá como for, o certo disso tudo é que se trata de um excelente trabalho e um disco dos mais importantes e raros. Merece toda a atenção, confiram…

canção do gaúcho – geraldo príncipe
quando sopra o minuano – chico raymundo
canção do tropeiro – chico raymundo
roda carreta – chico raymundo
cantiga de eira – geraldo príncipe
negrinho do pastoreio – josé tobias
milonga do bem querer – chico raymundo
andarengo – carla diniz
quero quero – carla diniz e carlito gomes
rancheira de carreirinha – conjunto barbosa lessa
pezinho – conjunto barbosa lessa
despedida – josé tobias

Nelson Gonçalves – Prá Você (1971)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Ontem eu cheguei tão cansado que mal dei conta da postagem. Acho que a fiz mesmo só para não sair da sequência diária. Hoje, da mesma forma, vou logo garantido a postagem, visto que meu domingo não vai ser dos melhores. Nuvens negras rondam o meu céu. Mesmo assim e enquanto a água não cai, deixa eu fazer a lição…
Não pude resistir a este disco do Nelson Gonçalves. Tive que primeiro fazer uma ‘fotopotoca’, merecia, você não acham? A primeira vez que vi este disco tive a exata ideia de que o Nelson havia sido escalado para fazer parte do seriado Jornada nas Estrelas. Bom, pode até ter sido um engano de um menino com pouco mais de dez anos, mas que o ‘look’ foi inspirado no filme, isso eu não tenho dúvida. Taí uma história que eu gostaria de saber… como foi que o Nelson encarou essa, ele que era um homem avesso aos modismos. Mas o certo é que naquele início dos anos 70 a carreira do cantor andava meio em baixa. A Jovem Guarda já tinha virado adulta, Nelson que era da ‘velha guarda’, vivia uma fase incômoda. Era preciso renovar de alguma maneira. Nada melhor do que pela capa, pensaram eles. Mas a renovação não fica só no visual. Percebemos aqui também uma modernização no repertório e também nos arranjos de Elcio Alvarez, Ted Moreno e Portinho. Confiram…

coimbra
franqueza
por isso é que te peço amor
aconteceu
o amor e a flor
prá você
domingo de carnaval no salgueiro
impossível… (somos noivos)
minha companheira, a tristeza
sou eu
em cada verso, em cada samba

Zimbo Trio – Opus Pop Clássicos Em Bossa (1972)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje o tempo foi corrido e curtíssimo, daí, só agora estou chegando na parada. Mesmo assim, não vou me prolongar. Tô merecendo um descanso. A vida fora daqui não tá mole não. Mas a gente vai levando…
Segue aqui um Zimbo Trio. Depois dos ‘clássicos’ no samba, em discos da década de 60, agora é a de 70 com o Zimbo Trio acompanhado de orquestra, interpretando a música clássica em ‘ritmo’ de bossanova. Acho que é só no Brasil que se vê tanta criatividade. Não me lembro de nenhum outro ritmo ou gênero musical estrangeiro se mesclando com o clássico, além do rock e algumas coisinhas pop. O disco é muito interessante e gostoso de ouvir. Um resultado que mereceu uma continuação. Numa próxima oportunidade eu poderei vir a postá-lo, quem sabe…
Putz, tô babando de sono. Se não parar aqui vou apagar sobre o teclado. Amanhã a gente continua…

scheherazade
9ª sinfonia
pavane pour une infante defunte
ária para corda sol
‘primavera’ das 4 estações
prelúdio nº 2
lago dos cisnes
bachianas brasileiras nº 5 ‘cantilena’
pavane
sinfonia nº 40 – K. 550

Marcos Ariel – Bambu (1981)

Olá amigos cultos e ocultos! Nosso encontro independente desta sexta feira é com o pianista, flautista e compositor Marcos Ariel. Ele inaugurou sua carreira fonográfica a partir de 1981 com esse elogiadíssimo lp, lançado de forma independente. É, para se fazer música instrumental nesse nosso país e ter discos na praça, o músico tinha mesmo que entrar na produção independente ou fazer seu nome lá fora primeiro. Ariel, literalmente, desceu o bambu. Correu atrás para chegar na frente. Lançou seu álbum “Bambu” que logo já estava ecoando na Europa e Estados Unidos. Por este trabalho ele recebeu o troféu Chiquinha Gonzaga, de música instrumental em 1983. Três anos depois o disco também seria lançado na Europa, através de um selo francês.
Confesso que conheço pouco do trabalho do Marcos Ariel, mas desse pouco que ouvi, não posso negar, o cara além de ótimo instrumentista é um excelente compositor. Quanto aos discos dele que eu já ouvi, tenho uma certa predileção por este primeiro. Geralmente o primeiro trabalho de um artista de qualidade é aquele que trás o melhor de si. No caso de Ariel, trás não apenas o melhor de si, mas também o de Dó, Ré, Mi, Fá, Sol e Lá. Um belo trabalho, podem conferir…

bambu
a ponte
igarapé – chapada do corisco – igarapé
humaitá
samba torto
mar
dois irmãos
driblando

Trio Copacabana – Máscara Negra (1968)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Há pouco tempo atrás, navegando sem rumo pela rede, fui parar no Marcos Valle Amplified Discography, um blog muito legal, onde o seu autor vem reunindo não apenas os discos gravados pelo Marcos Valle, mas também aqueles que gravaram o artista. Fiquei admirado com o tamanho da listagem, obviamente, tanto artistas e discos nacionais como internacionais. Porém, no blog, não há links para ‘downloads’, o que é compreensível, afinal a música de Marcos Valle e muitos de seus discos continuam sempre em circulação comercial. Isso para não falar dos, também, infinitos sites e blogs onde se pode encontrar quase todos esses discos. Foi passeando pela lista do blog que cheguei ao Trio Copacabana. Bati o olho e pensei: esse, eu tenho à mão! Demorei um pouco para postá-lo, talvez por não ter encontrado informações suficientes sobre o grupo. Mas ontem, acabei novamente indo parar no blog quando, através do Google, vi por lá uma centelha de luz. Havia para a postagem um comentário, era a sobrinha de dois dos integrantes do trio. Embora não tenha acrescentado muita coisa, me motivou à postá-lo hoje para vocês.
Bom, pelo pouco que eu sei, “Máscara Negra” é o disco de estréia do Trio Copacabana. Ele não é datado, mas tudo leva a crer que tenha sido lançado em 1968. A música “Máscara Negra”, de Zé Keti, surgiu no Carnaval de 67. Pelo texto da contracapa eu deduzi que o álbum saiu em 68. Segundo o comentário do referido blog, o Trio Copacabana era de Niteroi. Dando uma aprofundada na pesquisa, concluí que eles, pelo menos com este nome, só gravaram um disco. Na rede encontramos referências relacionadas à venda do álbum, considerado por muitos uma obscura raridade da Bossa Nova. Acredito que nem o Caetano Rodrigues, recém falecido colecionador de discos do gênero e fornecedor oficial do Loronix, tinha este disco. O álbum é pautado realmente na bossa nova. Seu repertório, muito bom por sinal, foi montado nessa linha, embora nem tudo ali seja só bossa. Considerando que o álbum tenha sido realmente lançado em 68 e mesmo contendo nele músicas recentes para a época, há uma certa áurea nostálgica, até mesmo pela capa, que os remete (pelo menos para mim) à um retardo de uns 4 ou 5 anos. Mas, independente de qualquer coisa, o lp é mesmo muito bom. Agora vocês poderão conferir…

máscara negra
samba bem bom
capoeira de oxalá
pãozinho do leblon
deus é brasileiro
linda mascarada
no tempo da seresta
cangerê
olê olá
saudades da bahia
porta estandarte
aleluia a um imenso amor

Manoel Da Conceição – Mão de Vaca – A Batucada Do Mané (1975)

Olá amigos! Nosso encontro hoje é com o violonista Manoel da Conceição, também conhecido como “Mão de Vaca”. Segundo contam, ele recebeu este apelido na época da Rádio Nacional. Era um violonista autodidata. Iniciou profissionalmente a carreira no início dos anos 50 com integrante da orquestra de Rui Rei. Ao longo de sua carreira, trabalhou com diversos artistas, entre esses, Angela Maria, Radamés Gnatalli, Elizeth Cardoso e até o Chico Anísio com quem ele trabalhou por mais de dez anos fazendo fundo musical. Teve também o seu próprio conjunto e um programa na Rádio MEC. Foi também compositor, tendo como seu maior destaque a música “Dizem por aí”. Ao longo de sua carreira ele gravou poucos discos, mas teve participação em muitos. Não sabia nada de teoria musical, mas tinha ouvido e uma noçao particular de composição.
“Batucada do Mané” foi um álbum lançado pela RCA, em 1975, com direção de Rildo Hora. Ao contrário de outros discos de instrumentistas, este não é de todo instrumental. Mão de Vaca também canta e faz coro ao lado (acho) dAs Gatas. De autoral temos apenas três faixas, as demais são sambas de Noel Rosa, Caymmi, Monsueto, Ary Barroso e outros. Como se vê, trata-se de um disco essencialmente de samba. Mas há ainda espaço para o famoso tango de Gardel, “El dia que me queiras”, aqui tocado como um bolero (ficou perfeito!).
Até onde eu sei, somente este disco chegou a ser relançado em formato digital. É uma jóia admirada por todo apreciador de violão. Agradeço ao amigo Ricardo que gentilmente me cedeu o disco (quando quiser, pode mandar mais…).

disse me disse
não põe a mão
na baixa do sapateiro
gente humilde
exaltação à magueira – agora é cinza – maracangalha – cidade maravilhosa
batucada do mané
vou correr
feitiço da vila – com que roupa – palpite infeliz
saudade da bahia
el dia que me queiras
a fonte secou

Romantic Players Of Beverly Hills – Pic-Nic / Canções de Filmes Inesquecíveis (1967)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje teremos uma sessão dupla especial. Como aqui no blog uma coisa leva a outra. Depois da postagem de ontem, da MGL e seu selo Paladium (o qual eu ainda um dia irei dedicar um blog exclusivo), achei oportuno trazer esses dois discos de um outro selo, na mesma linha do mineiro e também da mesma época. Trata-se da Coledisc, um selo carioca, segundo o Sr. Dirceu Cheib, concorrente e também parceiro em algumas produções. Quem conhece um pouco dos discos da Paladium e da Coledisc logo percebe nítidas semelhanças, não apenas nos encartes, nas artes e capas, mas também em artistas e fonogramas. A diferença básica é que a Coledisc, por ser sediada no Rio, tinha uma maior variedade e disponibilidade de músicos instrumentistas e até fonogramas prontos, o que lhe garantia produções e edições mais bem acabadas. Como a Paladium, a Coledisc tinah também as suas coleções, vendidas também pelo correiro e à domicílio. Entre essas caixas sortidas com vários lp’s, tenho aqui dois exemplares de alguma das séries, com versões orquestrais (bem semelhantes às originais) de temas de filmes da época. Na contracapa dos lp’s consta em um pequeno texto, que serve mais para compor do que como uma verdadeira informação, dizendo ser a “Romantic Players Of Beverly Hills”, uma das mais famosas orquestra de Hollywood. Só não contaram essa para os grandes compositores regentes do cinema americano, como o Alfred Newman.

Canções de Filmes Inesquecíveis:
tender is the night
love letters
moon river
i’m getting sentimental over you
an affair to remember
se meu apartamento falasse
tonight
midnight lace
a certain smile
dancing at the dark
night side
Pic-Nic:
pic-nic
charade
summertime
goldfinger
beguin the beguine
more
johnny guitar
the house of the rising sum
day of wine and roses
zorba o grego
il mondo
night and day

Antoninho Pellicciari E Seu Conjunto – MGL Apresenta Sucessos Do Momento (1963)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu me atrasei na postagem por causa exatamente deste disco. Há tempos eu venho querendo postá-lo, mas faltava ainda um trato no áudio, retirar alguns estalhos e chiados e ganhar um pouco mais do no volume. Consegui fazer isso ontem, antes de ir dormir. Hoje, pela manhã, era só postar, mas eu fiquei com um dúvida. Vejam só, este álbum foi um dia postado pelo amigo Zeca em seu Loronix (eu nem sabia). Em sua publicação ele dizia que Antoninho Pellicciari era um pseudônimo, que quem estava por trás do obscuro nome era na verdade o Maestro Aécio Flávio. Por conta dessa afirmação, alguns outros sites passaram também a creditar o lp ao músico. Eu que já conheço um pouco a história da gravadora mineira, fiquei meio na dúvida. Sei que o Aécio começou sua carreira em estúdio junto com o surgimento da MGL/Bemol. Mas sabia também que a sua participação se deu a partir do surgimento do selo Paladium, já pelos idos de 1965 ou 66, conforme ele mesmo conta em sua biografia. Portanto, havia alguma coisa erra nessa história. Na dúvida, enviei um e-mail ao Sr. Dirceu Cheib, que agora a noite me retornou, respondendo de maneira lacônica, que “se trata de um músico paulista que tinha um conjunto famoso na capital”. Obviamente, Antoninho Pellicciari nunca existiu além deste disco. Também não foi o Aécio Flávio. Mas tudo me leva a crer que quem está por trás deste disco é na verdade o Maestro Edmundo Peruzzi. A MGL – Minas Gravações Ltda foi criada em Minas Gerais, incentivada pelo maestro paulista Peruzzi que convenceu o Dirceu Cheib e seu sócio a bancarem um disco seu, o já apresentado aqui, “O Samba Visita O Clássico“. Para não ficarem no negócio de um só disco, Peruzzi achou que seria bom eles terem outros lançamentos. Daí, nasceram mais três álbuns, todos gravados em São Paulo, já que a gravadora ainda não tinha estúdios. Segundo o Sr. Dirceu, todos esses primeiros lps foram gravados com músicos paulistas. Outro disco integrante, também postado aqui, é o do cavaquinista Xixa e Seu Conjunto. Como disse, para mim, Antoninho Pellicciari era mesmo o Maestro Peruzzi. Ele esteve envolvido diretamente na criação da gravadora e de seus quatro primeiros álbuns. Talvez, para não se fazer repetitivo, ou ainda, para criar a ideia de uma gravadora com artistas multiplos e diferentes, eles tenham preferido adotar o pseudônimo. Ao ouvir o disco e conhecendo um pouco o trabalho de interpretação e arranjos de Aécio Flávio e também o de Edmundo Peruzzi, vocês irão concordar comigo de que o segundo é o mais suspeito.
A propósito, o Zeca deve ter percebido isso, pois logo retirou este título e postagem de seu blog.
Bom, quanto ao conteúdo musical, temos aqui um desfile de temas feitos para dançar, como ensinou o mestre Waldir Calmon. O disco se divide de um lado com temas nacionais e do outro os internacionais. Todos, sucessos do momento. Confiram…

samba da madrugada
bom dai café
bambolê
meu nome é ninguém
oba
bahia feliz
trovadores de toledo
cubanacan
stela by starlight
please
berioska
diane – charmaine

Johnny Alf – 1964 (2010)

Coisa mais esquisita… Acordei hoje com uma vontade danada de ouvir Johnny Alf. Enquanto prepara a o café, fui ouvindo o álbum “Diagonal”, que há muito eu não o escutava na íntegra. Adoro a interpretação do Johnny em “Seu Chopin, desculpe” e foi logo chegando na faixa para consequentemente eu me lembrar da versão que ele também canta em inglês. No dia em que ele faleceu eu fiz questão de postar um de seus discos aqui no Toque Musical, o “Nós”. Neste mesmo dia, a noite, um dos meus amigos cultos, o Tales, me enviou um presentinho para ser colocado no blog naquele dia. Pena que chegou depois que eu já havia feito a postagem. Mas o arquivo que ele me enviou era o tão falado (por mim nunca escutado) álbum de Alf, que nunca chegou a ser lançado, onde o artista canta em inglês. Naquele mesmo momento eu fui logo procurar na rede informações sobre o tal disco. Me lembro que haviam diversos sites falando sobre o assunto. Como eu já havia feito a minha homenagem, resolvi deixar o Alf em inglês para um outro momento. Coisa mais esquisita…, curiosamente hoje, ao procurar tais informações, numa vasculhada por alto, não vi uma referência sobre as gravações. Como estou com pouco tempo para ficar sentado na frente de um computador, vou deixar a questão para ser debatida no nosso Comentários. Para embrulhar o presente, entre as torradas e goles de café, fui criando uma capinha exclusiva para esta raridade. Afinal, este disco tem tudo a ver com o Toque Musical 😉

desafinado
one note samba
sky and sea
brigas nunca mais
gostar de alguém
pernas
barquinho
corcovado
nós e o mar
rapaz de bem
seu chopin, desculpe
meditação

Villa-Lobos – O Intérprete, Choros Nº 1 E Outras Peças (1970)

Olá, amigos cultos e ocultos. O nosso sábado de hoje vai ser mais curto com a entrada do horário de verão. Daqui a uma hora será domingo. Eu, perdido entre tantas tarefas nem me dei conta disso, aliás pensei até que já tivesse feito a postagem do dia.
Então, para fechar o sábado e saldar o horário de verão (ups!), vou postar aqui uma raridade dessas que só o Toque Musical tem. Apresento a vocês este disco raro do selo Caravelle contendo ainda mais raros registros de Villa-Lobos como intéprete. Trata-se de gravações bem antigas, algumas de 1936, feitas pelo Maestro na Reichsrundfunk, em Berlim. Para essas, Villa-Lobos toca algumas de suas peças ao piano acompanhado pela cantora alemã Beate Rosenkreutzer. Outras gravações são de 1951, pelo que tudo indica, durante uma turnê no nordeste. Nesta, temos o Maestro tocando violão e também em um discurso de quase vinte minutos.
Desculpem, hoje eu não vou entrar muito em detalhes ou mesmo alertá-los ainda mais para a importância desse disco. Estou nessa altura do campeonato totalmente esgotado. Vou acabar dormindo sobre o teclado. Confiram aí e na sequência a gente fala mais do disco, ok?

prelúdio nº 1
palavras de villa-lobos
choros nº 1
nhaporé
guriatã do coqueiro
choros nº 5 – alma brasileira
um canto que sai da senzala
xangô
lenda do caboclo
polichinelo

Aum – Belorizonte (1983)

Êta diazinho puxado! Só agora estou tendo um momento para por em dia a nossa postagem. Ainda bem que amanhã é sábado. Vai ter aquela feira do vinil da Discoteca Publica e eu vou para lá logo cedo. Hoje, sexta feira, estava até me esquecendo que é o dia do disco/artista independente. Foi meio por acaso, conversando com um amigo, ele pela milésima vez me cobrou a gravação de um disco que eu havia lhe prometido. Por sinal, o disco também é dele, que me emprestou para que eu o passasse para cd. Eu o digitalizei, mas nunca lhe enviei o cd, apenas devolvi o disco. Mas desta vez eu lhe jurei que ainda no fim de semana ele teria a versão em cd. Comecei a queimar um cd aqui e logo me dei conta de que este disco é uma produção independente. Caiu como uma luva. É este o disco do dia!
Aum foi um grupo instrumental formado por cinco músicos de Belo Horizonte, na década de 80. Nadando contra a corrente, eles faziam um som híbrido, um ‘fusion’ de jazz com rock progressivo que desafiava o desinteressado público ‘new wave’ daquela década. Mesmo assim eles conseguiram chegar ao único lp. Gravaram de maneira independente na Bemol, em 1983, este álbum que hoje se tornou uma jóia rara, cotada bem cara nos sebos e mercados livres por aí.
Passados mais de vinte anos, a música do Aum continua intacta, causando-me surpresas. Pô, esses caras eram mesmo muito bons!

tema pra malú
serra do curral
belo horizonte
nas nuvens
4 e 15
tice

Luiz Roberto – Velha Guarda Em Bossa Nova (1960)

Hoje está sendo daqueles dias que nada parece resolvido para mim. Ou por outra, não estou conseguindo resolver tudo que precisava. O dia já se foi e eu aqui agarrado no trabalho, cheio de pendências. Para descansar um pouco, vou tentar por em dia a nossa postagem. Já havia preparado o disco logo cedo e agora faltava apenas publicar.
Estou trazendo este lp muito interessante, que vale a pena escutar. Pelo título já podemos ter uma ideia do que se trata. Sim, são velhos e celebrados sambas, apresentados em arranjos do que havia de mais moderno no momento, a Bossa Nova. O intérprete chama-se Luiz Roberto. No álbum não há uma foto do cantor e muito menos qualquer referência a seu respeito. Seu nome só aparece mesmo na capa e no selo. Quem seria este tal Luiz Roberto? Se pelo menos tivesse um sobrenome… Tentei achar alguma coisa pelo próprio título do disco. Acabei descobrindo que o álbum já havia sido postado no Loronix e lá também o Zeca não encontrou muita coisa, além da suspeita de ser este Luiz Roberto o mesmo dOs Cariocas, o que foi confirmado por um de seus visitantes. Seja ele ou não, o que mais importa é que é um disco muito bom. Se alguém passou batido nessa leva, a nova chance é agora. Confiram…

a tua vida é um segredo
vou partir
isaura
maria
aos pés da cruz
emilia
aí que saudades da amélia
favela
cordiais saudações
até amanhã
só pra chatear
se você jurar

17º Feira do Vinil e CD’s Independentes!

Aos que estiverem em Belo Horizonte no próximo sábado, não deixem de conferir a super feira de vinil e cd, que acontece durante todo o dia lá na Discoteca Pública. Se você tem disco para vender, quer comprar ou trocar, este é o lugar! Eu acho que darei uma chegada por lá. Além dos discos, vai rolar uns comes e bebes e a participação especial do DJ Luiz Valente que também estará apresentando ao público da Feira, os discos da sua Vinil Land. Os lançamentos estarão a venda . Quem é apaixonado por vinil como eu, não vai ficar fora dessa. O convite taí… 😉

Martha Mendonça – Kimi Koishi (1964)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Há tempos alguns de nossos visitantes haviam citado e pedido discos da cantora Martha Mendonça. Eu confesso que acabei me esquecendo. Como já dizia o Roberto Carlos, “são tantas emoções”, que eu até me perco. As vezes, realmente, eu me esqueço de muita coisa que já foi postada aqui no Toque Musical. Tenho que recorrer ao index da barra lateral do blog para me certificar.
Bom, então, atendendo à pedidos, embora tardiamente, temos aqui a Martha Mendonça em seu álbum de 1964 pela Chantecler. “Kimi Koishi” é uma música japonesa famosa, que dá nome ao disco e que aqui recebeu o nome de “Saudade de você”, numa versão de Teixeira Filho. Acho que esta música ficou mais famosa na versão brasileira da Martha do que a original de Frank Nagai (pelo menos no Brasil). O álbum traz ainda outras versões e algumas músicas de Lúcio Cardim e da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Um disco romântico por excelência, para aumentar ou aplacar ‘dores de cotovelos’, com se dizia antigamente. Martha Mendonça tem um timbre de voz muito especial. Se tivesse levado a diante a sua carreira como cantora e também, se tivesse se dedicado a um repertório de todo romântico, talvez fosse hoje considerada uma das nossas mais importantes cantoras.

saudade de você (kimi koishi)
palavras, só palavras
serenata do meu pranto
prece a quem volta
o céu escureceu
que queres tu de mim
somos iguais
deixe pra mim a culpa
foi contigo
doce veneno (dulce veneno)
eu amo, tu amas
noites vazias

Villa Lobos Às Crianças (1987)

Olá amiguinhos cultos e ocultos. Hoje é dia de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil. Salve ela e salve o Brasil! Mas é também o Dia das Crianças, salve, salve… Na minha infância não tinha isso de ‘dia das crianças’. Aliás, eu só vim a saber que existia o tal dia depois que eu virei adulto. Sacanagem… Passei pelo menos uns dez anos ignorando meus direitos. Acho que vou processar todas as Associações do Comércio por terem negligenciado a propaganda de incentivo a compra de brinquedos nesse dia. Poxa, meus pais não foram avisados, fiquei chupando dedo. Quero de volta todos os meus Dia das Crianças! E com presente!
Eu, durante o tempo de existência do blog, não me lembro de ter dedicado uma postagem à esse dia. Acho que poucas vezes postei material infantil por aqui. Embora eu tenha acesso a milhares de discos infantis, prefiro deixar isso para o Cantos & Encantos, que é o blog especializado no assunto. Porém, contudo e todavia, vou deixando aqui um toquezinho interessante.
“Villa Lobos às crianças” é um trabalho criado pelo violinista polonês, naturalizado brasileiro, Jerzy Milewski. Jerzy é conhecido por suas interpretações instrumentais de artistas como Milton Nascimento, Djavan, Paulinho da Viola, entre outros… Neste disco ele foi o responsável pela criação e direção, em um trabalho voltado para o público infantil. Trata-se de uma adaptação da obra de Maria Clara Machado, “Clarinha na ilha”, cuja a trilha é pautada em Villa Lobos. A adaptação é de Hélio Bloch e a narração dos atores Lucinha Lins e Claudio Cavalcanti.
Agora, senta que lá vai a história…

Festival De Mùsica Popular Seleções Reader’s Digest – Nº 10 MPB (196?)

Olá amigos cultos e ocultos! Quantos de vocês ainda se lembrarão desta coleção, “Festival de Música Popular”, lançada pela Seleções do Reader’s Digest, no início dos anos 60 (creio eu)? Pois eu me lembro da caixa (ou caixas?), recheadas com diversos discos em diferentes estilos. Era o que podíamos chamar de ‘a discoteca básica da família moderna’, daquela época. Me lembro que na casa de uma tia haviam vários desses discos, todos com esta mesma capa, um envelope azul, sem maiores informações. Essas caixas eram vendidas à domicílio, juntamente com a revista Seleções. Acredito que o selo Paladium e toda a sua logística, se inspirou nas coleções da Seleções. Nos anos 60 essa era uma estratégia de vendas muito boa e além do mais, as pessoas ouviam discos 🙂 As caixas álbum desta coleção, embora buscasse um leque bem variado de estilos e gêneros, era baseado num formato orquestral, o que, de uma certa maneira, soava sempre igual. Isso se deve também ao fato de que quem fornecia o ‘sumo’, os fonogramas, era a RCA Victor. Ou seja, era sempre a mesma orquestra e possivelmente os mesmos arranjadores.
Me parece (não posso confirmar) que a RCA Victor manteve uma produção exclusiva para essa parceria com a Reader’s Digest. Não se trata de uma série reunindo coletâneas de coisas da gravadora. Ao que tudo indica, músicos e produção foram acionados para o grande trabalho. Não tenho em mão nenhum outro disco da coleção para comparar, mas deduzo que tudo tenha ficado à cargo dos anônimos artistas que compunham o coral e orquestra da gravadora. Outro fato interessante a ser ressaltado é que esses discos foram gravados num sistema estereofônico chamado “Cyclophonic”, que contrastava ainda mais os graves e agudos, salientando nuances e valorizando o instrumental.
O volume que eu tenho aqui é todo dedicado à música popular brasileira. Temos o Côro e Orquestra da RCA Victor Brasileria interpretando doze músicas tradicionais do cancioneiro popular e regional. O disco é sem dúvida muito gostoso de ouvir, porém merece uma crítica quanto aos arranjos. Embora tenham sido muito bem feitos, sofrem a influência do momento, onde quase tudo se transforma num forró orquestrado.
Taí uma coisa interessante de observar nesta coleção: quando um disco como este teria tido a chance de ser novamente editado? E eu pergunto mais: quando alguém pensaria em ver ou ouvir novamente esses discos? Só mesmo quem ainda os tem guardados ou quem visita regularmente os blogs, como o Toque Musical. Se todos os ‘piratas’ fosse nessa linha, os baús de tesouros não estariam perdidos no fundo do mar, soterrados em alguma ilha distante ou guardados em cofres fortes, onde nem mesmo quem os guarda tem acesso.

peguei um ita no norte
mulher rendeira
cai, cai…
meu limão, meu limoeiro
tristezas do jeca
paraiba
de papo pro á
peixe vivo
felicidade
saudades de matão
fiz a cama na varanda
cidade maravilhosa

Carlos Poyares – Som De Prata Em Flauta De Lata (1965)

Olás! Em 1965, a Philips, através de seu selo Fantasia, lançava “Som de prata em flauta de lata”, primeiro disco solo oficial do flautista Carlos Poyares. Antes desse, ele já havia gravado dezenas de outros discos, mas apenas como solista no Regional de Canhoto. Ele entrou para o grupo no lugar de Altamiro Carrilho. Coincidentemente ou não, neste lp de estréia, quem o acompanha é também o mesmo Regional de Canhoto. Muita gente faz confusão, achando que este álbum é o mesmo lançado dez anos depois, pelo selo Marcus Pereira. Este se chama “Som de prata em flauta de lata”, o do Marcus Pereira é “Som de prata, flauta de lata“. Todos os dois álbuns foram discos premiados. Carlos Poyares, com sua flautinha de folha de flandres, extrapola os limites do imaginável do que é possível tirar do brinquedo. Com sua flautinha ele dá um ‘show’, acompanhado do Regional de Canhoto. Disco bacana, não deixem de conferir 😉

rato, rato, rato…
apanhei-te cavaquinho
canarinho teimoso
pinguinho de gente
travessura capixaba
flautinha atrevida
língua de preto
um a zero
camundongo
subindo ao céu
urubu rei
vale tudo

As Revelações Da Grande Chance 1 e 2 (1967 e 68)

Olá amigos cultos e ocultos! Aqui vou eu nessa peleja diária, soltando os discos e os bichos (quando necessário). Estou trazendo para animar o sábado uma dose dupla em lp. Vamos relembrar alguns momentos pitorescos dos antigos programas de calouros e artistas iniciantes, apresentados no programa de auditório do ‘figuraça’ Flávio Cavalcanti. Quem, por volta dos 40 anos de idade (ou mais) não se lembra deste apresentador e seus programas? Flávio foi uma figura polêmica na televisão brasileira. Fazia (e era) um tipo conservador, daqueles que sempre se acham os donos da verdade. Tinha uma opinião própria a respeito de tudo e não poupava palavras para defender ou detonar. Era retrogrado, careta e as vezes até chato, mas tinha lá as suas convicções. Se eram certas ou erradas, não quero entrar no mérito. Dizem também que Flávio Cavalcanti era simpatizante do Regime Militar e uma ferramenta importante na difusão desses ideais. Se bem que as suas histórias são controversas. Da mesma forma que homenageava em seu programa, ao vivo, um general golpista, por outro lado, escondia artistas da perseguição militar, em sua casa, como foi o caso da Leila Diniz. Flávio acabou se desencantando com as mudanças políticas promovidas pelos militares. Acho que ele percebeu que estava sendo manipulado. Por outro lado, a partir dos anos 70, sua fama e seu ‘carisma’ começaram progressivamente a entrar em declínio. A televisão estava se modernizando, outros programas, artistas e apresentadores começavam a surgir. O formato de seu programa e toda a psicologia aplicada nele para envolver o público, serviu e ainda serve de modelo para os Silvios, Fautões e Ratinhos da vida. “A Grande Chance” era uma espécie de concurso para calouros e artistas iniciantes. Os doze finalistas ganhavam o direito de participarem do disco e as vezes até conseguiam um bom contrato com alguma outra gravadora. Muitos artistas hoje famosos, passaram inicialmente pelo crivo de jurados comandados por Flávio Cavalcanti.

Como eu disse anteriormente, tenho uma dose dupla, ou seja, os dois discos da “Grande Chance” lançados pela Codil. Eu inicialmente iria postar apenas o primeiro volume, mas aí me lembrei que tinha o arquivo do segundo (possivelmente baixado do Loronix). Para não ficarmos em meia boca, decidi incluí-lo. Assim, temos o primeiro disco, lançado em 1967. Nele encontramos doze cantores (ilustres desconhecidos até então) interpretando músicas de Francis Hime, Tom Jobim, Marcos Valle e outros. Cabe inclusive temas internacionais. No segundo disco, lançado em 68, a coisa muda um pouco. Já neste álbum a gravação é ao vivo, no Teatro Carlos Gomes. Trata-se da finalíssima da segunda série do programa. O clima é igual ao dos festivais. “A Grande Chance”, se não me falha a memória, foi levada inclusive à Portugal! Ora pois…
Nossos comerciais, por favor…

A Grande Chance 1
libera – marisa rossi
o amor é chama – maurício mesquita
molambo – salvador martins
dá-me – dália
canto triste – olavo sargentelli
mar de ódio – elson cruz
maria de mim – antonio joão
por um amor maior – rose valentin
per una donna – fernando lucas
se todos fossem iguais a você – ana luzia
meu tempo é nunca mais – os marruazes
caburé – celso martins
a menina que eu amei – glória bernadete

A Grande Chance 2
onde está você – marília barbosa
deixa – paulo roberto
serenata em teleco teco – arlete maria
manhã de carnaval – luiz carlos
peter gunn – os solfas
deus com a família – dulce cardoso
sem compromisso – cesar costa filho e ronaldo monteiro
januária – fabíola
upa neguinho – inema trio
gira mundo jaime da conceição
riqueza e pobreza – leci brandão
tempo feliz – gessy willians

Quadro Negro – Signo Do Sol (1985)

Para completar o dia do independente, aqui vai um compacto, também independente, de boa noite. Na década de oitenta eu morei numa espécie de república estudantil. Êta fase doida aquela! No auge da loucura e perdição, vivi momentos inesquecíveis. Foi por lá que eu tive contato com um grupo de rapazes que tocavam à noite. O irmão de um deles nos levava às apresentações e ensaios do grupo. Esses encontros eram ótimos, melhores ainda que os shows em churrascarias e restaurantes com público mal educado. O grupo se chamava Quadro Negro, um nome bem sugestivo para aqueles musicais anos 80. Se não me falha muito a memória eles faziam ‘covers’ de tudo o que rolava de sucesso naquela época. Ainda era um tempo onde gravar um disco se fazia um sonho para qualquer artista e também uma grande dificuldade. Me lembro quando o pessoal do Quadro Negro gravou este compacto. Aquilo foi para eles uma glória, uma vitória de verdade. Apenas duas músicas, mas que deram muito trabalho e foi motivo de muito orgulho para o grupo. Naquela época eu estava com a minha cabeça em outros ‘blues’. Aquela música tinha um certo ranço de Clube da Esquina. Digo ranço, porque naqueles dias, tudo que a gente queria ouvir era algo diferente daquilo que havia virado uma chatice. Os anos oitenta prometiam muitas novidades e a nossa macaquice foi até bem criativa. Mas naqueles dias eu achava o compacto meio sonso, não via muita graça nas duas músicas. Foi preciso mais de vinte anos para que, como um vinho, seu sabor se modificasse. Hoje posso dizer que ele tem um certo ‘buquê’.

signo do sol
rabo de foguete

Brasil Instrumental (1985)

Olás! Ontem eu cheguei em casa tão cansado que acabei não deixando um compacto de fim de noite para vocês. Contrariando as expectativas, achei de postar um texto do Luis Fernando Veríssimo sobre o disco de vinil e seus adoradores. E pensar que nenhum outro suporte para a música foi tão durável e charmoso quanto o disco de vinil. Realmente é uma experiência deliciosa manusear, colecionar, tocar e ouvir uma bolacha, seja ela 78, 45, 33 ou 16 rpm. Isso, para não falarmos das capas… só mesmo quem viveu os tempo áureos dos discos de vinil saberá entender essa emoção. Talvez seja por isso mesmo que ele ainda hoje continua dando sinais de vida.
Hoje para a nossa sexta independente eu estou trazendo um álbum duplo promocional. Temos aqui, como bem se pode ver pela capa, um álbum instrumental com um time da pesada, produzido pela extinta Karup para a CAEMI (Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração), como brinde aos seus clientes e associados. Trata-se, obviamente, de um disco não comercial, de tiragem limitada. O álbum duplo se divide em dois momentos. O primeiro à cargo de Paulo Moura que reúne saxofone, violão, violoncelo e trombone numa aparente insólita mistura instrumental, ao lado de Jaques Morelembaum, Rafael Rabello e Zé da Velha. Eles tocam um repertório variado e essencialmente instrumental, música para músicos. Tem aqui Severino Araújo, Alcyr Pires Vermelho, Toninho Horta, Tom Jobim e outros… Já o segundo disco é dedicado ao trabalho instrumental de Paulinho da Viola, tendo a frente o violonista João Pedro Borges, acompanhado pelo próprio Paulinho e seu pai, Cesar Faria. Neste segundo volume, ao contrário do que se possa imaginar, não é um disco de samba instrumental. Aqui é mostrado a faceta, principalmente, de chorão de Paulinho da Viola. Talvez, pela fama de compositor de samba, muitos desconhecem a riqueza criativa musical desse artista, que também sempre se dedicou ao chorinho, tendo belíssimas peças no gênero. Não é por acaso ou qualquer semelhança que Paulinho da Viola também faz choro. Seu pai, Cesar Faria, foi um entusiasta do samba e choro. Paulinho cresceu em meio às rodas de choro promovidas pelo pai. No disco temos como intérpretes os três: João Pedro Borges, Paulinho e Cesar Faria. Taí um álbum que merece o nosso toque musical 😉

sandoval em bonsucesso
isso é brasil
corata jaca
modinha
bons amigos
saxofone porque choras?
lamento
urubu malandro
tarde de chuva
bronses e cristais
espinha de bacalhau
valsachorando
relembrando pernambuco
tango triste
romanceando
itanhangá
salvador
abraçando chico soares
valsa da vida
evocativo
lila

Nós, obsoletos…

Nenhuma notícia me animou tanto, nos últimos tempos, quanto a da volta do disco de vinil.
O vinil tinha sido declarado morto, definitivamente acabado, com a chegada do CD. Continuava à venda em nichos obscuros das lojas de disco, apenas para colecionadores de antiguidades e outros tipos esquisitos.
Mas aconteceu o seguinte: descobriram que as gravações em vinil eram superiores, em matéria de fidelidade sonora, às gravações digitais. Algo a ver com a reprodução dos harmônicos, não me peça detalhes.
E mais: concluíram que a desvantagem mais evidente do vinil em comparação com o CD, o ruído de superfície, o chiado da agulha no sulco, na verdade é uma vantagem, faz parte do seu charme.
As pessoas não sabiam bem o que estava faltando no CD e de repente se deram conta: faltava o chiado. Faltavam o poc da sujeira no disco e o crec-crec do arranhão.
Dizem que já se chegou ao cúmulo de acrescentar um chiado em gravações em CD, para simular o ruído de uma agulha lavrando um sulco inexistente. Não sei.
O que interessa a nós, obsoletos, no resgate do vinil é a perspectiva que ele nos traz do desagravo. Eu já tinha me resignado à obsolescência.
Como o disco de vinil, existia apenas como objeto de curiosidade e comiseração: sem telefone celular, sem nada nos bolsos que me informe instantaneamente as cotações na bolsa de Tóquio, a temperatura em Moscou e a raiz quadrada de 117 enquanto toca uma música e me faz uma massagem, sem nenhum outro uso para meu laptop além de escrever estes textos, mandar e receber e-mails e, vá lá, colar do Google, um homem, enfim, com saudade das pequenas cerimônias humanas do passado, como a de levar um rolinho de filme para ser revelado na loja.
E agora surge esse exemplo de regeneração para a nossa espécie, a dos relegados pela técnica. Ainda voltaremos ao convívio dos nossos contemporâneos sem precisar esconder que não temos tuiter.
Os discos de vinil saíram do seu nicho e hoje ocupam espaços respeitáveis, em contraste com os CDs, que perdem espaço.
Também podemos sair do pequeno espaço da nossa resistência e proclamar que os anúncios do nosso fim foram prematuros e ainda temos alguma utilidade.
É só nos explicarem algumas coisas. O que quer dizer a tecla “Num Lock” no computador, por exemplo?”

(Luís Fernando Veríssimo)