Eladir Porto E Oquestra Típica De Romeu Fossati – Tangos Sempre Tangos (1959)

Os amantes do tango certamente irão se deliciar com o álbum que o Toque Musical oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos. Lançado pela Mocambo em 1960, o disco reúne seis tangos cantados, em versão, interpretados pela cantora Eladir Porto, e outros seis instrumentais, na execução da Orquestra Típica de Romeu Fossati, que também acompanha Eladir em suas faixas. Nascida em Santos, litoral paulista, em 15 de outubro de 1917 (não há informações quanto a data e local de falecimento), Eladir Maria da Silva Porto iniciou sua carreira após vencer um concurso de beleza, estreando em 1936 na Rádio Cajuti, do Rio. Em disco, estreou na Victor, com duas músicas para o carnaval de 1942: a marchinha “Salomé” e o samba “Comprei uma baiana”. Essa era a base de seu repertório inicialmente, ou seja, sambas e marchinhas, e nessa época (era o Estado Novo de Getúlio Vargas) Eladir era presença constante em eventos no Palácio do Catete. Atuou em várias outras rádios até viajar para a Argentina, onde residiu alguns anos, o que acabaria por fazê-la mudar seu repertório, especializando-se em tangos. Voltou ao Brasil em 1950, e foi contratada pela Rádio Nacional. Neste disco, ela canta seis versões de tangos bastante conhecidos, já lançadas anteriormente em 78 rpm: “Silêncio”, “Cantando”, “Noite de Reis”, “Lencinho querido”, “Tarde chuvosa” e “Quero ver-te uma vez mais”, todas com o acompanhamento da Típica de Romeu Fossati. Esta, por sua vez, executa instrumentalmente “Una lágrima tuya”, “Sentimento gaúcho”, “Dora”, “Gricel”, “Caminito” e “El amañecer”. Em suma, um cardápio sob medida para quem gosta de tango, através do álbum que o TM nos oferece hoje. 

silencio 
una lagrima tuya
cantando
sentimento gaúcho
noite de reis
dora
lencinho querido
gricel
tarde chuvosa
camininto
quero ver-te uma vez mais
el amañecer



*Texto de Samuel Machado Filho

Romeu Fossati – Música De Boate (1955)

Bom dia a todos! As férias acabaram e a rotina do corre corre está de volta. Por isso, antes que o tempo me tome, deixa eu fazer logo a postagem. Eu já havia anunciado há tempos atrás que depois de completarmos três anos algumas coisas poderia mudar por aqui. Me refiro especialmente ao ritmo das postagens. Talvez eu não consiga mais manter a sequência diária, pois já estou prevendo para este próximo semestre outras atividades, que certamente irão me ocupar por completo. De qualquer forma, procurarei não deixar a fonte secar, mesmo porque eu adoro isso aqui 🙂
Para começarmos a semana, vamos resgatar do limbo outro disquinho de 10 polegadas muito interessante. Temos desta vez o maestro, arranjador e pianista gaúcho Romeu Fossati, acompanhado de sua orquestra, num álbum lançado pelo selo Mocambo, em 1955. Romeu Fossati é mais um dos grandes nomes da era de ouro do rádio no Brasil, hoje praticamente esquecido. Romeu começou sua jornada ainda em Porto Alegre. Trabalhou com diversas orquestras, grupos musicais e artistas, tanto em rádios do sul como também em grandes emissoras, como a Rádio Nacional. Embora existam diversas citações na rede sobre o nome deste artista, pouca coisa sobre sua biografia ou atuação artística podem ser encontradas. Sei que ele gravou outros discos e também acompanhou muitos outros, mas eu mesmo, só conhecia este disco. No álbum temos duas músicas de sua autoria, uma versão para “Sábado em Copacabana” de Dorival Caymmi e Carlos Guile e também alguns temas clássicos internacionais do rádio. Confiram a bolachinha…

Ainda a tempo, incluo aqui um trecho do e-mail enviado por Romeu Fossati Filho, o qual nos apresenta melhor o seu pai:

Para minha surpresa, achei esse blog com o disco Músicas de Boite de Romeu Fossati (1906-1996), e gostaria de fazer algumas observações sobre seus comentários. Ele era Maestro, Arranjador e Pianista. Em Porto Alegre, Foi Maestro e  Pianista na Rádio Farroupilha e Diretor Artístico da Rádio Difusora, em 1940. Após sua chegada definitiva ao Rio de Janeiro, em 1948, passou a atuar na música popular. Na Rádio Nacional, onde trabalhou por 16 anos, era um dos Diretores Musicais do Programa Cesar de Alencar, junto com Leo Peracchi e Radamés Gnatalli. Após produzir vários discos pelo selo Mocambo, inclusive esse de vocês, chegou a Diretor Musical da Gravadora. O fato de ser gaúcho e a proximidade da Argentina o fez  um especialista em tangos, tendo gravado diversos discos como ‘Romeu Fossati e sua Típica’. Já no fim da década de 50 e início dos anos 60, gravou seus melhores discos para o selo Polydor, sob o pseudônimo de Tito Romero, como ‘Sambas Maravilhosos’, ‘Boleros Maravilhosos’, ‘Tangos Maravilhosos’ e Outros. O disco ‘Sambas Maravilhosos’, que infelizmente, não possuo nenhum exemplar, foi sua melhor obra, resumindo em som e estilo de fim de noite, o apagar das luzes de toda uma era, como o seu arranjo para ‘Suas Mãos’ de Antonio Maria e Pernambuco (para quem não conhece a música, no Youtube há uma versão da Maysa, de 1959). Após o fechamento da Radio Nacional, dedicou-se novamente ao piano clássico, tocando nas Orquestras Sinfônicas do Teatro Municipal e da Rádio Ministério da Educação. Nunca se interessou por uma carreira-solo em piano clássico, mas tinha excepcional formação para tocar em orquestra, desenvolvida e aprimorada com o famoso Professor Fontainha. Poucos pianistas no mundo poderiam dizer que tocaram o Pássaro de Fogo de Stravinsky, de primeira vista. E, finalmente, meu pai nunca foi violoncelista.

melancolie
voltarei
adormentarme cosi
usted
les feuilles mortes
águas passadas
sábado em copacabana
blue gardenia