Ney de Castro – Brasilia An 2000 (1963)

O TM hoje oferece a seus amigos cultos, ocultos e associados um álbum produzido na França, porém com muito de brasileiro em sua concepção. Trata-se de “Brasília an 2000 – Rythmes à go go” (é “an” mesmo, sem “o”!), lançado por volta de 1960 (ano de inauguração da atual capital do Brasil), mais ou menos, pela gravadora Le Chant du Monde, fundada em 1938 por Léon Moussinac e até hoje em franca atividade, com um catálogo em que predominam títulos de música erudita e jazz. Sobre o responsável por este trabalho, Ney de Castro, quase nada se sabe. Por certo é (ou era) brasileiro radicado na França. O fato é que se trata de um álbum de cunho futurista, a começar pelo título, em que se utilizaram exclusivamente instrumentos de percussão, perfazendo um total de sete faixas. Além dos tradicionais pandeiro, reco-reco, agogô, bateria, berimbau, etc., usaram-se placas de metal, garrafas e até mesmo a voz humana. Uma produção, como se percebe,  bastante criativa, tornando  este disco único. No lado A, reproduz-se a batucada do carnaval carioca, e do maracatu do Recife, além de movimentos representando a Amazônia e os índios, já demonstrando preocupações de cunho ecológico. No lado B, após a faixa “Parapapa”, são destacados dois monumentos arquitetônicos de Brasília, o Palácio da Alvorada e a catedral, que por sinal está na capa deste disco, em foto tirada quando ainda estava em construção.  Enfim, um trabalho de primeira linha, no qual a percussão é utilizada com muita criatividade, procurando reproduzir com a máxima fidelidade os ritmos brasileiros. Verdadeira explosão rítmica que o TM oferece com a satisfação de sempre. E agora… que comece a batucada, maestro!
PS. Augusto TM: Ao que tudo indica, Ney de Castro parece ser o mesmo artista já postado aqui, em um lp gravado na Polônia, sob o título “Melodias do Brasil – De Castro“.

batucada
mracatú
chasse en amazonie
le chagrin de l’indien
parapapa
palácio da alvorada
cathedral de brasília

*Texto de Samuel Machado Filho

De Castro – Melodias Do Brasil (196…)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Não era para estranhar. Depois de quase 8 anos na ativa, mantendo sempre uma identidade muito própria, o Toque Musical tem se tornado alvo de especulações. Tem gente por aí de olho no nome Toque Musical. Estão querendo o domínio e se eu marcar bobeira vão me tirar até as minhas marcas e logos. Já recebi uns três e-mails de gente me forçando a liberar o domínio. Mas enquanto eu conseguir manter este espaço independente, longe do julgo e deliberação de Blogger, Worldpress e outros, vou continuar agarrado no osso. Não largo mão desse endereço e nem da marca Toque Musical. O avatar do Augusto TM também é outro que já foi parar em botons, estampado em camisetas e até sacolas. Virou um ícone! Vai lá, divulguem, mas ajuda a gente aqui a manter o disco rodando. Em tempos como este, toda doação é bem vinda.
Muito bem, eis aqui a postagem do dia… Trago hoje para vocês mais uma dessas raridades. Aliás, não sei o que é mais, se raro ou curioso. Como se pode ver logo de cara, ou melhor, de capa (e contracapa), temos aqui um disco estrangeiro, vindo lá da Polonia, E claro, acabou caindo na minha mão (eu adoro isso). Temos aqui “Melodias do Brasil”, um inusitado álbum que tem como seu intérprete o sorridente cidadão, De Castro. Mas quem seria esse artista? Nunca tinha visto, nem ouvi falar. No texto de contracapa, escrito em polonês e também em inglês, a informação é superficial e não nos esclarece muito. Conforme o texto, De Castro era Niltinho, cantor da noite, artista com apresentações em casas noutrnas, no rádio, tv e cinema. Também compositor, tendo, segundo o texto, participado com sua música de filmes importantes. Com um currículo como este era para a gente encontrar muita informação através do Google. Mas, qual nada… De Castro, Niltinho, Nilton de Castro… era como procurar agulha no palheiro. Definitivamente, não achei uma pista, apenas suposições. Quem seria este artista? Talvez fizesse parte de algum grupo brasileiro em excursão pela Europa. No texto diz que ele fez uma tournê de sucesso por vários países europeus, o que talvez tenha motivado os polacos a gravarem o rapaz. Mas é ouvindo o disco que a gente consegue imaginar melhor a situação. Pra começar, parece que nessa investida fonográfica, de brasileiro só tinha ele mesmo. Até mesmo os músicos que o acompanham, logo de cara se percebe, não são brasileiros. Aquela batida do samba, aquele jeito de tocar não era coisa daqui. Chega mesmo a ser curiosa algumas interpretações, tais como o samba carnavalesco de Haroldo Lobo e Niltinho, “Tristeza”, ou “Manhã de carnaval”, de Luiz Bonfá. Melhor ainda, no quesito curiosidades, temos também a “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, ou “A felicidade”, de Tom e Vinícius, aqui chamada de “Adieu tristesse”. O resultado é aquela coisa que a gente já sabe, um quase samba, uma quase bossa. Samba do crioulo branco. Por outro lado, temos também as composições próprias. Quatro das doze faixas são composições do De Castro, músicas essas, por sinal, muito boas. Teriam um melhor sabor se fossem arranjadas e interpretadas por brasileiros. O resultado, num geral é algo que lembra assim um Agostinho dos Santos ao lado da orquestra do Paul Mauriat (só lembra,ok?)
No campo da suposições, acredito que este artista tenha ficado um bom tempo na Polônia pois, como disse, ele está sozinho nessa empreitada e pelos resultados, creio que coube a ele também ensinar aos polacos a batida da música brasileira e isso é coisa que não se faz em menos de um mês. Para finalizar, deixo aqui outra curiosidade, das mais interessantes supostas por mim 🙂 Pesquisando daqui e dali com as poucas pistas que consegui, chego a conclusão de que Nilton De Castro era irmão por parte de pai do Wilson Simonal. No livro “Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal”, de Ricardo Alexandre, há uma passagem em que ele fala de um show na boate Sucada, onde Simonal apresenta ao público o seu pai, Lúcio Pereira de Castro, que havia saído de casa, abandonando a família há mais de 20 anos. O velho foi assistir ao show do filho acompanhado pelos meio-irmãos, entre esses um que se chamava Nilton de Castro, que também era compositor e Simonal inclusive chegou a gravar uma música sua. Juntando peças daqui e dali, cheguei então a essa conclusão. Será mesmo o De Castro irmão por parte de pai do grande Simonal? Termino deixando assim esta dúvida. Que me corrijam os ‘entendidos’… Nem vem que não tem! 😉

aquarela do brasil
não lamentes
le le le do negro sete
segura o samburá
tristeza
tema da rosa
maria elena
manhã de carnaval
adieu tristesse (a felicidade)
amor nada mais
a noite do meu bem
usted
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