Êta Nóis! (1984)

Muito bem, hoje eu estou começando mais cedo que de costume. Aliás, a essa hora eu deveria estar dormindo, mas o sono não veio eu fui ficando… São agora quase 1:30 da manhã. Acredito que esta postagem só estará finalizada daqui a algumas horas. Sem pressa… Vou sair agora, dar um ‘tapa na onça’ e volto, tomo uma dose de Dranbuie, fico babando de sono e vou dormir. Êta nóis! – pausa de seis horas…

Retomando… onde parei? Ah, sim, estamos na postagem do dia e hoje vai ser a vez dos independentes. Vou trazendo para vocês este disquinho que é uma delícia de se ouvir. Um álbum produzido por uma turminha de artistas singulares. Gente que fez a minha cabeça com sua música simples, direta e encantadora. Gente que sempre batalhou para levar ao público uma arte musical rica de vivências, acima do convencional. Uma outra música que se faz no Brasil.
“Êta Nóis!” é o que se pode chamar de um álbum cooperativo, envolvendo uma turma de artistas oriundos de vários cantos do Brasil, ligados pela mesma emoção e espírito musical. Uma produção singela no sentido da pureza, mas de uma extrema sensibilidade e muitas qualidades, que se destacou entre tantos discos lançados naqueles (medonhos) anos 80. Fazem parte deste trabalho a dupla Luli e Lucina, que eu já apresentei aqui em pelo menos uns dois discos (maravilhosas). São elas que encabeçam o projeto que traz também os irmãos Jean e Paulo Garfunkel, outra dupla talentosa pouco divulgada além da estratosfera paulista. Tem o mato-grossense zen, Bené Fonteles, que é uma jóia rara. A compositora sergipana Joésia Ramos, criadora do “forró rabecado”que é um misto de suas composições com a dos mestres da cultura popular nordestina. Tem o grupo paulista de Araraquara, Flor do Campo (do qual eu não sei nada, me desculpem!). Tem também a Marta Strauch (seria a artista plástica carioca?), parceira aqui do indomável e saudoso poeta Paulo Leminski na faixa “Moto Contínuo”. Além dos titulares, o disco ainda traz como convidado especial, Ney Matogrosso, cantando a faixa que dá nome ao lp. Não bastasse as ilustres figuras, ainda temos nos bastidores nomes como Natan Marques, Milton Edilberto, Murilo Fonseca e outros que vocês poderão conferir ao fazerem este contato quase mediúnico pelo Rapidshare 🙂 Confiram…
mazzaropi – jean e paulo garfunkel
lira mulata – luli e lucina
amor roxo – joésia
lua pequena – flor do campo
moto contínuo – marta strauch
êta nóis! – ney matogrosso e luli e lucina
gosto que eu gosto – jean e paulo garfunkel
barcos e beijos – joésia
dentro da nuvem – bené fonteles
viola apocalíptica – flor do campo

Bené Fonteles – Aê

Mais um dos meus favoritos. Sempre presente na minhas ‘cantaroladas’. Bené Fonteles é uma figura muito especial, mas pouco conhecida do grande público. Um artista que está em todas, das artes visuais e performáticas, passando pela fotografia, vídeos e naturalmente a música. Sua trajetória artística começa no inicio dos anos 70, como agitador cultural. Sempre esteve envolvido em questões ambientais, na realidade sócio-cultural, ecológica e espiritual do povo brasileiro; motivo e inspiração de sua obra artística. Para se ter uma idéia da visão artística de Bené Fonteles, em 1987 ele lança com recital no SESC-Pompéia (SP) e show no Auditório do MASP, o disco “Silencioso” onde só existe a capa e cuja proposta é ouvir o silêncio.
Descobri este disco meio por acaso a uns 10 anos atrás numa banca de saldos de uma loja de discos populares. É por isso que prefiro comprar discos nesse tipo de loja e bancas de usados – sempre há pérolas por lá esquecidas e quase de graça.
O álbum “Aê” que estou postando aqui, foi lançado em 1992, em um show no vão livre do MASP com com a participação especial dos amigos, Egberto Gismonti, Tetê Espíndola, Duofel e Ney Matogrosso. Este disco é tudo de bom. Uma fusão de MPB com alguma coisa assim meio New Age. Tem que ouvir esse toque.

Amar (Bené Fonteles & Tetê Espíndola)
Onde navega o ser (Bené Fonteles & Nonato Luiz)
Só.li.dão (Bené Fonteles & Edu Helou)
Nômade Tarqui (Bené Fonteles)
Tudo um todo (Bené Fonteles)
Um novo dia (Bené Fonteles)
Azul (Bené Fonteles)
Sem olhar (Bené Fonteles)
Mergulhador (Bené Fonteles)
Aê (Bené Fonteles)