Uma Noite No Pop-Show Camboriu (1971)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical apresenta hoje um disco em tempo de verão antecipado. É “Uma noite no Pop Show Camboriú”, lançado em 1971 pela Continental, com o selo Musicolor. A maior parte de suas faixas foi gravada ao vivo no Pop Show, então a mais sofisticada casa noturna do sul brasileiro, que ficava em Camboriú, Santa Catarina, pela Brazilian Show Band, que executa alguns dos maiores sucessos ditos “jovens” da ocasião. Completam o álbum Cyro Aguiar, Tony Campello e Vera Lúcia, com duas faixas cada um. Disco bacana, cheio de alto astral, feito para ouvir, dançar e relembrar bons tempos. É só ir ao GTM e conferir.

 
bittersweet samba
o samba é bom assim
tempo bom
pergunte ao joão
lata d’agua
bittersweet samba – brazilian show band
quando – vera maria
un raio de sol
dum dum
tomando café hablemos de amor – brazilian show band
cândida – cyro aguiar
não acredito – tony campello
i’ve been hurt
my pledge of love – brazilian show band
adieu jolie candy – vera maria
georgia on my mind – brazilian show band
procurando tu – brazilian show band
raindrops keep fallin’ on my head – brazilian show band
banana com açucar – tony campello
 
 
 
*Texto de Samuel Machado Filho  

Hebe Camargo – Hebe Comanda O Espetáculo (1961)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Eu reservei para hoje, sábado a noite, um encontro de vocês com a Hebe Camargo. Olha aí, que programa legal! Vai ficar em casa? Então se junte a essa turma que ela traz para o seu sofá.
Temos aqui um curioso disco da Odeon, lançado em 1961 pela Odeon. Já nessa época a Hebe fazia sucesso como apresentadora. A cantora já tinha até o seu sofá, onde recebia os ilustres artistas. Foi nessa onda que a gravadora resolveu lançar este disco no qual a cantora nos apresenta alguns artistas, obviamente, do seu ‘cast’. Como se pode ver pela divertida capa, temos a Hebe Camargo ao lado de Isaura Garcia, Walter Wanderley, Francisco Egydio, Osny Silva, Pery Ribeiro, Germano Mathias, Celly e Tony Campello. Cada qual em seu momento apresenta uma música, sendo essas faixas extraídas de seus álbuns, na época. De original aqui, creio, só mesmo o diálogo entre os artistas, dando a parecer como no programa de televisão.

cantiga de quem está só – pery ribeiro
faz-me rir – hebe camargo
quem quiser encontrar o amor – walter wanderley
desse amor melhor – hebe camargo
canário – celly e tony campello
no domingo não – hebe camargo
só em teus braços – isaura garcia
são francisco – hebe camargo
maria rosa – francisco egydio
eu tenho adoração pelos meus olhos – hebe camargo
bonitona do 1. andar – germano mathias
el dia em que me queiras – osny silva e hebe camargo
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Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 30 (2012)

E chegamos à trigésima edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil! Esta semana, estamos apresentando alguns registros significativos da primeira fase do rock and roll em nosso país (chamada por especialistas de pré-Jovem Guarda), e algumas músicas em homenagem ao Dia dos Pais, já transcorrido este ano, mas que deve ser todos os dias.
Iniciamos esta seleção com um desses roqueiros pioneiros: Carlos Gonzaga. Interpretando basicamente versões de hits internacionais, o cantor deixou sua marca na história de nosso incipiente rock and roll. Eis aqui duas destas versões, gravadas na RCA Victor em 9 de outubro de 1959 e lançadas em janeiro de 60 no disco 80-2155: “Oh! Carol”, de Neil Sedaka e Howard Greenfield, vertida para o português por Fred Jorge, é o lado A, e o verso, matriz 13-K2PB-0801, nos traz uma composição de Paul Anka, vertida por Odair Marzano, “Rapaz solitário” (no original, “Lonely boy”). Ambas as gravações também sairiam no LP “The best seller”.
 O disco seguinte, o Odeon 14328, lançado em junho de 1958, é um testemunho de início de carreira de outros dois grande s nomes roqueiros da época: os irmãos Tony e Celly Campello. No dia 11 de abril daquele ano, eles inciaram sua trajetória em disco gravando uma faixa cada um no mesmo 78! E com duas musicas de autoria do acordeonista Mário Gennari Filho em parceria com Celeste Novaes, ambas em inglês.e especialmente compostas.  De um lado, Celly canta “Handsome boy” (Belo rapaz), matriz 12468, e do outro Tony ataca de “Forgive me” (Perdoa-me), matriz 12467. Interessante é que o disco saiu também em compacto simples de 45 rpm, o primeiro editado pela Odeon no Brasil! E ambas as músicas iriam também sair, em 1959, nos primeiros álbuns em vinil dos irmãos, “Forgive me” no de Tony Campello, sem título, e “Handsome boy” no de Celly (“Estúpido Cupido”, que trouxe no selo o título “Come rock with me”!). O acompanhamento é do conjunto do próprio Mário Gennari Filho, com coro formado pelos Titulares do Ritmo. Será impossível não se divertir…
Em seguida voltaremos bem mais no tempo, mais exatamente a 1954. É exatamente desse ano o disco Copacabana 5286, com Betinho e seu Conjunto. Betinho, aliás, Alberto Borges de Barros, era filho de Josué de Barros, descobridor de Cármen Miranda, e, ainda adolescente, acompanhou a cantora ao violão muitas vezes. Já nos anos 1950, formou um conjunto que logo se tornou o mais solicitado para animar os bailes então “modernos”. No lado A, matriz M-866, o conhecidíssimo fox “Neurastênico”, parceria dele com Nazareno de Brito, sucesso inesquecível que seria revivido, em 1976, na novela “Estúpido Cupido”, escrita por Mário Prata para a TV Globo, como tema do velho Guimarães, personagem interpretado pelo ator Oswaldo Louzada, que gravava as vozes dos mortos… No lado B, matriz M-867, o mambo “Burrinho leiteiro”, só do Betinho. Ambas as músicas, claro, chegariam ao LP, naquele tempo de dez polegadas, um ano depois. Betinho chegou a ser considerado “o rei da noite”, mas abandonou tudo para cumprir missão evangelizadora.
O “Clube do Guri” foi um programa radiofônico que marcou época nos anos 1950, apresentado nas manhãs de domingo pelas emissoras do grupo Diários Associados, então o maior conglomerado de mídia do país (a edição portoalegrense do programa, na Rádio Farroupilha, revelou nada mais nada menos que Elis Regina). No Rio de Janeiro, era apresentado pela Rádio Tamoio, outra emissora Associada. Pois o  coral infantil do programa aqui está com o disco Odeon 14485, gravado em 17 de junho de 1959 e lançado em julho seguinte, com duas músicas de Silvino Neto, compositor e humorista, homenageando o Dia dos Pais: o samba “Papai é o maior”, matriz 13590, e a canção “Parabéns pro papai”, matriz 13591.
O carioca Pelópidas Brandão Guimarães Gracindo ganhou a imortalidade com o pseudônimo de Paulo Gracindo (1911-1995). Foi apresentador e ator de rádio e televisão dos mais conceituados, e, nas novelas da TV Globo, interpretou personagens inesquecíveis, como o Tucão de “Bandeira 2”, o Odorico Paraguaçu de “O bem-amado” (depois seriado), o João Maciel de “O casarão” e o coronel Ramiro Bastos na primeira versão de “Gabriela”. Marcou época igualmente como o Primo Rico do humorístico “Balança, mas não cai”, na lendária Rádio Nacional (mais tarde também apresentado na TV pela Globo), contracenando com o Primo Pobre, Brandão Filho. Gracindo aqui comparece em outra homenagem ao Dia dos Pais, declamando um poema de mesmo nome, assinado por seu colega na Nacional, Giuseppe Ghiaroni, lançado pela Sinter em abril de 1956 com o número 464-B, matriz S-1035.
Angela Maria e João Dias, que já haviam feito sucesso estrondoso gravando em dueto a valsa “Mamãe”, de Herivelto Martins e David Nasser, em 1956, registrariam em 57 outra valsa dos mesmos autores, agora homenageando os pais, nada mais justo. Trata-se de “Deus te abençoe, papai”, matriz M-1986, lançada no disco 20038-A, dentro de uma série considerada “internacional”, ou seja, de exportação.
Por fim, apresentamos uma das “cantorinhas” reveladas na edição carioca do “Clube do Guri”, da Rádio Tamoio. Trata-se de Zaíra Cruz, que homenageia, curiosamente, os avós, nesta valsa de Arcênio de Carvalho e Lourival Faissal, intitulada justamente “Dia dos nossos avós”, gravação RCA Victor de 15 de março de 1956, lançada em maio seguinte, disco 80-1600-A, matriz BE6VB-1021 (lembrando que o Dia dos Avós é festejado a 26 de julho, dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria Santíssima e, por tabela, avós de Jesus). É esta faixa que encerra o nosso trigésimo GRB, que certamente proporcionará momentos proveitosos de entretenimento. Quem lembra, vai adorar recordar, e quem nunca ouviu poderá conhecer. Bom divertimento!
TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO