Sambas – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 123 (2014)

E prossegue a gloriosa trajetória do Grand Record Brazil. Já estamos na edição de número 123, e nela estamos apresentando uma seleção especialmente dedicada ao samba. São 15 gravações, com sambas de autores consagrados do gênero, interpretados pelos melhores cantores de sua época.  Abrindo esta edição, temos “Capital do samba”, de José Ramos (1913-2001), fluminense de Campos, que ajudou a fundar a ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, na interpretação do sempre notável Gilberto Alves. Gravação Odeon de 9 de setembro de 1942, lançada em outubro do mesmo ano, disco 12214-A, matriz 7053. Dos cariocas João da Baiana (João Machado Guedes, 1887-1974) e Babaú da Mangueira (Waldomiro José da Rocha, 1914-1993) é “Sorris de mim”, a faixa seguinte, interpretada por Odete Amaral, “a voz tropical do Brasil”. Ela o gravou na Victor em 9 de julho de 1940,com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34657-B, matriz 33463. De Paquito (Francisco da Silva Fárrea Júnior, 1915-1975) e do lendário Paulo da Portela  (Paulo Benjamin de Oliveira, 1901-1949), foi escalado “Arma perigosa”, na interpretação de Linda Rodrigues (Sophia Gervasoni, 1919-1995). É o lado A de seu terceiro 78, o Continental 15423, lançado em setembro de 1945, matriz 1136. Na quarta faixa, um clássico indiscutível do mestre Ary Barroso: é “Morena boca de ouro”,  na interpretação de Sílvio Caldas, que o imortalizou na Victor em 4 de julho de 1941, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 34793-A, matriz S-052259. Foi várias vezes regravado,inclusive por João Gilberto, que o incluiu em seu primeiro LP, “Chega de saudade”, em 1959. O dito popular “Quem espera sempre alcança” dá título à nossa quinta faixa, mais uma composição do lendário Paulo da Portela. Quem canta este samba é Mário Reis, em gravação lançada pela Odeon em setembro de 1931, disco 10837-B, matriz 4272, com acompanhamento da Orquestra Copacabana, do palestino Simon Bountman. “Quem mandou, Iaiá?” é de Benedito Lacerda (também no acompanhamento com sua flauta mágica e inconfundível) e Oswaldo “Baiaco” Vasques, e foi lançado pela Columbia  para o carnaval de 1934, em janeiro desse ano, na voz de Arnaldo Amaral, disco 22262-A, matriz 1005. Também de Baiaco, em parceria com João dos Santos, é nossa sétima faixa, “Conversa puxa conversa”, gravação Victor de Almirante (“a maior patente do rádio”) em 24 de abril de 1934, lançada em julho do mesmo ano com o n.o 33800-A, matriz 79615, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, formada e dirigida por Pixinguinha.  Babaú da Mangueira volta em nossa faixa 8, “Ela me abandonou”, samba do carnaval de 1949, em parceria com Taú Silva. Novamente aqui comparece Gilberto Alves, em gravação RCA Victor de 23 de dezembro de 48, lançada um mês antes da folia,em janeiro,disco 80-0591-B, matriz S-078852. Autor de clássicos do samba, Ismael Silva (1905-1978) mostra seu lado de intérprete em “Me deixa sossegado”, que assina junto com Francisco Alves e Nílton Bastos, e foi lançado pela Odeon em dezembro de 1931, disco 10858-B,matriz 4281. De família circense, sobrinho do lendário palhaço Piolim,  o comediante paulista Anchizes Pinto, o Ankito (1924-2009), considerado um dos cinco maiores nomes da era das chanchadas em nosso cinema, bate ponto aqui com “É fogo na jaca”, samba de Raul Marques, Estanislau Silva e Mateus Conde. Destinado ao carnaval de 1954, foi lançado pela Columbia (depois CBS e hoje Sony Music) em janeiro desse ano, sob n.o  CB-10017-B, matriz CBO-152. Paulo da Portela volta na faixa 11, assinando com Heitor dos Prazeres “Cantar pra não chorar”, do carnaval de 1938. Quem canta é Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, em gravação Victor de 15 de dezembro de 37, lançada um mês antes da folia, em janeiro, disco 34278-B, matriz 80634. Na faixa 12, volta José Ramos, agora assinando com o irmão, Marcelino Ramos, “Jequitibá”. Gravação de Zé e Zilda (“a dupla da harmonia”), em 1949, na Star, disco 151-B, por certo visando o carnaval de 50. A eterna “personalíssima”, Isaura Garcia, vem com o samba “Mulher de malandro”, de Hervê Cordovil.  Gravado na Victor em 23 de outubro de 1945, seria lançado apenas em  setembro de 46, sob n.o 80-0431-B, matriz S-078380. Ernani Alvarenga, o Alvarenga da Portela, assina “Fica de lá”, samba do carnaval de 1939, em gravação Odeon de Francisco Alves, datada de 16 de dezembro de 38 e lançada bem em cima da folia,em fevereiro, disco 11700-A,matriz 5995. Por fim, temos o samba “Não quero mais”, samba de autoria de Zé da Zilda (também conhecido por Zé com Fome e José Gonçalves) e Carlos Cachaça (Carlos Moreira de Castro, que apareceu no selo com o sobrenome errado, “da Silva”),  gravado na Victor por Aracy de Almeida  em 9 de setembro de 1936 e lançado em dezembro do mesmo ano, disco 34125-A, matriz 80214, certamente com vistas ao carnaval de 37. Note-se, a respeito deste samba, que Cartola tinha feito duas segundas partes, mas Zé da Zilda fez uma outra segunda parte por conta própria e, assim, eliminou Cartola da co-autoria. Enfim, é uma excelente seleção de sambas que o GRB  nos oferece, para apreciação de todos aqueles que apreciam o melhor de nossa música popular.

* Texto de Samuel Machado Filho

Linda Rodrigues 3 1/2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 58 (2013)

Como vocês bem se recordam, os três últimos volumes do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil apresentaram a discografia quase completa em 78 rpm da cantora Linda Rodrigues, fruto de esforçadíssimo trabalho do nosso amigo e colaborador Alberto de Oliveira. Pois bem: para este último volume, reservamos uma surpresa bastante agradável: as cinco gravações de Linda que faltavam! Afinal, quem deve tem que pagar, e só agora é que o Beto conseguiu essas faixas, porém nunca é tarde, não é mesmo? Portanto, é com muita alegria que completamos a coleção de Linda Rodrigues em 78 rpm com estas cinco faixas: “Enxugue as lágrimas”, samba lançado em janeiro de 1945, de Elpídio Viana e Carneiro da Silva, lado A do primeiro disco da cantora, o Continental 15222, matriz 892; “Os dias que lhe dei”, samba-canção de Newton Teixeira e Ayrton Amorim, lado A do disco Star 243, de 1951; “De mão em mão”, samba de Lecinho e Jaú, lançado também pela Star em dezembro de 1951 para o carnaval de 52 (disco 308-B); “Fique em casa”, samba-canção de Raymundo Olavo e Benê Alexandre, lançado em abril de 1954 (disco 16944-A, matriz C-3327); e “Chorar pra quê?”, samba de Aldacir Louro e Silva Jr., gravado na RCA Victor em 9 de outubro de 1957, com lançamento em janeiro de 58 para o carnaval (disco 80-1901-A, matriz 13-H2PB-0265). E, como complemento, apresentamos uma das últimas gravações da cantora: o samba-canção “Maldade”, extraída do primeiro dos dois compactos simples por ela gravados em esquema de produção independente. Aliás, o Beto conseguiu essa faixa graças a uma sugestão que dei a ele: o Beto viu no canal do MC Paulinho, no YouTube, um vídeo com essa gravação, e sugeri a ele que baixasse o vídeo, convertendo o áudio para mp3. Deu certo, como vocês ouvirão. Enfim, serviço completo para nossos amigos cultos, ocultos e associados! Afinal, quem espera sempre alcança… Lembrando que as músicas “Parceiro de Schubert” e “Escrava Isaura”, que revivemos no primeiro volume desta retrospectiva, são de Paulo Marques e Aylce Chaves, sendo que na “Isaura” eles têm Napoleão Alves como parceiro. Até a próxima, pessoal!

Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

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Linda Rodrigues 3 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 57 (2013)

E chegamos, nesta edição do Grand Record Brazil, a de número 57, à terceira e última parte da retrospectiva por nós dedicada à cantora e compositora Linda Rodrigues. E, de acordo com reportagem publicada pela “Revista do Rádio” em 1963, Linda era mesmo carioca, do bairro da Tijuca. Formou-se em enfermagem pela Escola Ana Nery, atendendo a um pedido de sua mãe, mas jamais exerceu a profissão. Linda se apresentou artisticamente como cantora pela primeira vez em 1935, na Rádio Transmissora carioca, sob a orientação de Renato Murce, atuando com outros futuros astros da MPB e então também amadores como ela: Emilinha Borba, Ciro Monteiro, Orlando Silva e Odete Amaral. Linda atuou dois anos na Rádio Clube do Pará, em Belém, cidade onde também iniciou seus estudos de enfermagem, e ao regressar a seu Rio de Janeiro natal, cantou na Rádio Cruzeiro do Sul. Em 1939, fez sua primeira viagem artística, atuando na Feira de Amostras do Recife (PE), e também passou dois meses na Bahia. Voltando ao Rio, foi contratada pela lendária Rádio Nacional. Também atuou em São Paulo, na PRG-2, Rádio Tupi (então “a mais poderosa emissora paulista”) e em shows, no ano de 1940. De volta a seu Rio natal, foi contratada para cantar nos cassinos da Urca e Icaraí. Em 1943, Linda transfere-se para a PRG-3, Rádio Tupi do Rio (“o cacique do ar”) e troca a Urca pelo Cassino Atlântico. Volta mais tarde ao Icaraí, onde fica até a proibição do jogo no Brasil, em 1946. De 1945 a 1957, com uma interrupção durante um período em que adoecera, Linda atuou na Rádio Mayrink Veiga, para a qual voltou em 1962, desta feita ficando um ano, transferindo-se para a Rádio Mauá, onde encerrou sua trajetória radiofônica.

E é com este volume que encerramos o retrospecto da carreira de Linda Rodrigues em disco, iniciada, como vocês bem se lembram, em 1945. Desta feita, apresentamos 13 preciosas e históricas gravações. Abrindo nossa seleção da semana, as faixas de seu segundo 78 rpm na RCA Victor, n.o 80-1798, gravado em 21 de março de 1957 e lançado em junho seguinte, ambas sambas-canções: “Pianista”, de Irany de Oliveira e Ari Monteiro, matriz 13-H2PB-0067 (curiosamente regravado por Cauby Peixoto em 1989), “Comentário barato”, de autoria do violonista Jayme Florence, o Meira dos regionais, e J. Santos, matriz 13-H2PB-0068. De seu terceiro disco na marca do cachorrinho Nipper, destinado ao carnaval de 1958, n.o 80-1901, apresentamos o lado B, o samba “Quando o sol raiar”, de Mirabeau Pinheiro (também co-autor dos clássicos “Cachaça”, “Jarro da saudade” e “Tem nêgo bebo aí”, entre outras), Sebastião Mota e Urgel de Castro. Gravado em 9 de outubro de 1957 e lançado em janeiro de 58, matriz 13-H2PB-0272, também fez parte do LP coletivo “Carnaval RCA Victor – volume 1” (não esquecendo de que esta era uma época de transição de formatos, do 78 para o vinil, que desbancou de vez a quebradiça bolacha de cera em 1964). A 28 de janeiro de 1958, Linda grava “Sereno no samba”, de Aldacir Louro  e Dora Lopes, matriz 13-J2PB-0345, e, fiel à dor-de-cotovelo que era sua especialidade, um bolero dela mesma em parceria com o mesmo Aldacir, “Nada me falta”, matriz 13-J2PB-0346. Gravações estas que foram para as lojas em abril do mesmo ano com o n.o 80-1935.  Já para o carnaval de 1959, a primeiro de outubro de 58, Linda Rodrigues grava duas composições próprias com parceiros: o samba “Tem areia” (com José Batista), matriz 13-J2PB-0499, e a “Marcha da folia” (com Aldacir Louro e Silva Júnior), matriz 13-J2PB-0500, lançadas um mês antes da folia, em janeiro, com o n.o 80-2025. Em 27 de janeiro de 1959, Linda grava seu último disco na RCA Victor, n.o 80-2054, lançado em abril seguinte. Abrindo-o, um bolero que fez com Aldacir Louro, “Meu romance”, matriz 13-K2PB-0577 (regravado por Francisco Carlos em 1985). No verso, matriz 13-K2PB-0578, o samba-canção “Mesa discreta”, de Elias Cortes. Em seguida, por causa de mudanças na direção artística da RCA Victor, Linda Rodrigues teve rescindido seu contrato com a empresa. Um ano mais tarde, lança seus dois últimos 78 rpm, pela Chantecler: em agosto, sai o disco 78-0297, que abre com o clássico samba-canção “Negue”, de Adelino Moreira em parceria com o radialista Enzo de Almeida Passos (criador dos programas “Telefone pedindo bis” e “A grande parada Brasil”), matriz C8P-593, lançado em janeiro do mesmo ano por Roberto Vidal e inúmeras vezes regravado (em 1978, Maria Bethânia o reviveu com sucesso em seu LP “Álibi”). No verso, matriz C8P-594, um samba-canção da própria Linda mais um certo Castelo: “Tenho moral”. E, em novembro de 1960, sai o disco 78-0357, que abre com o samba-canção “Companheiras da noite”, dela mesma com Aylce Chaves e William Duba, matriz C8P-713, e no verso, matriz C8P-714, apareceu a segunda gravação que fez para o clássico “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves. “Companheiras da noite”, por sinal, deu título àquele que, ao que parece, seria seu único LP gravado (Chantecler CMG-2119), editado em 1961, e no qual as três outras faixas que gravou na “marca do galinho madrugador” também apareceram, sendo a regravação de “Lama” a faixa de abertura. Enfim, é com muita satisfação e a alegria do dever cumprido, que encerramos esta retrospectiva que o GRB dedicou a Linda Rodrigues, agradecendo a imprescindível colaboração do amigo Alberto Oliveira. Como percebem vocês, um esforço que valeu a pena, e muito!

Texto de Samuel Machado Filho

Linda Rodrigues 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 56 (2013)

Em sua quinquagésima-sexta edição, o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil apresenta a segunda de três partes que resgatam parcela substancial do legado da cantora Linda Rodrigues, uma personagem tão fascinante quanto misteriosa da história de nossa música popular. Ninguém sabe por que razão pouco ou nada se sabe a respeito desta talentosa cantora-compositora. Mas o GRB aqui está para oferecer tudo o que foi possível reunir das gravações de Linda em 78 rpm, por iniciativa do amigo e colaborador Alberto Oliveira.

Nesta segunda parte de nosso retrospecto, oferecemos vinte preciosos fonogramas de Linda. Abrindo-a, o bolero “Nossos caminhos”, de Ayrton Amorim e Nogueira Xavier, gravado na Continental em 10 de abril de 1952 e lançado em maio-junho seguintes, matriz C-2840, o lado B do disco 16559 (cujo lado A, o clássico “Lama”, encerrou nosso volume anterior). Na sequência, os dois lados do Continental 16742,  lançado em maio-junho de 1953: os sambas-canções, ambos de Paulo Marques, “Fui amigo”(parceria de David Barcelos, matriz C-3065) e “Mesa de bar” (parceria da notável Dora Lopes, matriz C-3066). No Continental 16822, lançado em setembro-outubro de 1953, Linda interpreta o fox “O homem que eu amo”, matriz C-3178, versão de Mayu Atty (quem seria?) para o standard americano “The man I love”, dos irmãos Ira e George Gershwin, publicado em 1927 e desde então muito gravado, e o samba-canção “Flor do lodo”, de Ary Mesquita, matriz C-3179, cuja gravação original saiu em março do mesmo ano, na interpretação da já veterana Aracy Cortes. Em seguida, vêm duas músicas que Linda gravou na Sinter para o carnaval de 1953, e lançadas em janeiro desse ano com o número 00-00.182: o samba “Sombra e água fresca”, de Ruço do Pandeiro e Geraldo Mendonça, matriz S-391, e a marchinha “Bambeio mas não caio”, de seus inseparáveis amigos e parceiros Paulo Marques e Aylce Chaves, mais a vedete Elvira Pagã, que formou dupla de sucesso com a irmã Rosina (eram as famosas Irmãs Pagãs), matriz S-392.  Vem mais carnaval em seguida, agora o de 1954, no Continental 16888, lançado em janeiro desse ano: o samba “Sereno cai”, de Raul Sampaio (cantor e compositor que integrou a terceira formação do Trio de Ouro, ao lado de seu fundador, Herivelto Martins, e de Lourdinha Bittencourt) em parceria com Ricardo Galeno, matriz C-3224, e a marchinha “Tá tão bom”, assinada por um trio chamado Os Três Amigos (quem seriam?), matriz C-3223. Do Continental 16944, lançado em abril de 1954, apresentamos o lado B, o samba-canção “Farrapo de calçada”, matriz C-3328, composição da própria Linda Rodrigues sem parceria, mais tarde regravado pelo cantor Roberto Muller. Em seguida, as duas faixas do Continental 17058, lançado em janeiro de 1955, ambas sambas-canções. Abrindo-o, “Ninguém me compreende”, matriz C-3456, de autoria de Peterpan (José Fernandes de Almeida, Maceió, AL, 1911-Rio de Janeiro, 1983). Autor de clássicos como “Última inspiração”, “Se queres saber” e “Fita meus olhos”, Peterpan era cunhado da cantora Emilinha Borba, que, curiosamente, regravaria “Ninguém me compreende” em 2003, em seu último disco, o CD independente “Emilinha pinta e Borba”. No verso, matriz C-3457, outro hit de Linda Rodrigues, por ela composto em parceria com José Braga, “Vício”, regravado em 1980 por Cármen Costa. Depois temos os dois lados do Continental 17158, gravado em 18 de março de 1955 e lançado em outubro do mesmo ano. Abrindo-o, matriz C-3604, o samba “Olha no espelho”, da dupla Zé e Zilda (José Gonçalves, o Zé da Zilda, havia falecido em outubro de 1954, de AVC). No verso, matriz C-3606, o fox “Aquilo que eu vejo”, de Vicente Paiva e Chianca de Garcia, amigos e colegas desde os tempos do Cassino da Urca. Para o carnaval de 1956, Linda Rodrigues grava na Todamérica, a 18 de outubro de 55, com lançamento ainda em novembro sob número TA-5591, a marchinha “Rico é gente bem”, de Ari Monteiro, A  Rebelo e J. Rupp, matriz TA-889, e o samba ‘Folha de papel”, também de Ari Monteiro em parceria com Paulo Marques e Sávio Barcelos, matriz TA-890. Linda despediu-se de vez da Continental com o disco 17279, editado em abril-maio de 1956. De um lado, um samba-canção dela própria em parceria com Aylce Chaves, “Farrapo humano”, matriz C-3796, certamente inspirado no filme americano de mesmo nome (no original, “The lost weekend”), de 1945, produzido pela Paramount e estrelado por Ray Milland. No verso, matriz C-3797, um samba de Noel Rosa (1910-1937) em parceria com Henrique Brito, seu companheiro no Bando de Tangarás, “Queimei teu retrato”, até então inédito em disco e cujo ano de composição é ignorado. Para finalizar, apresentamos as faixas do disco de estreia da cantora na RCA Victor, número 80-1705, gravado em 13 de setembro de 1956 e lançado em novembro seguinte, visando o carnaval de 57, ambas marchinhas: “A dona da casa”, de Arnô Canegal (Rio de Janeiro, 1915-idem, 1986) e uma certa Dina, matriz BE6VB-1301, e “Barca da Cantareira”, de Arnaldo Ferreira e J. Rupp, matriz BE6VB-1302. A barca do título fazia na época o trajeto do Rio de Janeiro a Niterói, antes da construção da ponte fixa. Das duas faixas, “A dona da casa” foi a única a chegar também ao LP, no álbum coletivo “Carnaval RCA Victor”. Na próxima semana, encerraremos esta nossa retrospectiva dedicada a Linda Rodrigues. Até lá!

*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Linda Rodrigues – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 55 (2013)

Esta semana, o Grand Record Brazil, em sua edição de número 55, apresenta a primeira parte, de uma série de três, em que iremos focalizar o trabalho de uma cantora excelente, que teve sua época, mas que infelizmente foi esquecida com o passar do tempo. Refiro-me a Linda Rodrigues.
Nossa focalizada recebeu, na pia batismal, o nome de Sophia Gervasoni, e veio ao mundo no dia 11 de agosto de 1919, provavelmente no Estado do Rio de Janeiro. Embora seu primeiro disco tenha sido lançado para o carnaval de 1945, pela Continental, Linda Rodrigues é considerada uma das intérpretes da música popular brasileira que melhor representa e celebra a chamada dor-de-cotovelo. Linda também foi compositora, e fez trabalhos para outros artistas, em parceria com nomes do quilate de J. Piedade e Aylce Chaves, entre outros. Sua discografia, além da Continental,  inclui passagens pelos selos Star, Carnaval, Sinter, Todamérica, RCA Victor e Chantecler. Nesta última, em 1961, lançou aquele que parece ter sido seu único LP, “Companheiras da noite”. Seu maior sucesso foi o samba-canção “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves (que está neste volume), e outros hits da cantora foram os sambas-canções “Vício”, dela própria com José Batista, e “Negue”, clássico de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, que apresentaremos nos próximos volumes deste nosso retrospecto. Em 78 rpm, Linda gravou um total de 30 discos com 59 fonogramas, além do LP já mencionado, e alguns compactos de produção independente, e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1995, aos 76 anos, de infecção pulmonar e problemas cardíacos (miocardiopatia e arritmia).
Neste primeiro volume que o GRB dedica a Linda Rodrigues, apresentamos 21 preciosos fonogramas, correspondentes aos primeiros anos de sua carreira. Trabalho esse resultante do esforço do amigo e colaborador Alberto Oliveira, que reuniu as gravações de Linda em 78 rpm que iremos apresentar nestes 3 volumes. Ficaram faltando cinco delas, mas o esforço dele valeu a pena, como vocês irão constatar.
De seu 78 de estreia, o Continental 15222, lançado em janeiro de 1945 para o carnaval, está o lado B, o samba “Abaixo do nível”, de Alvaiade e Odaurico Mota, matriz 893. O disco seguinte, o Continental 15280, lançado em março de 1945, vem com as duas faixas, também sambas: “Você não sabe amar”, de João Bastos Filho e Antônio Amaral, matriz 1028, e “…E Odete não voltou”, de Paquito e José Marcílio, matriz 1027. Em setembro de 1945, saíram mais dois sambas, no disco 15423: “Arma perigosa”, de Paquito e Paulo da Portela, matriz 1136, e “Cantora de samba”, de Amado Régis, matriz 1137. Para o carnaval de 1946, Linda lança quatro músicas, todas aqui incluídas: no Continental 15554, lançado ainda em dezembro de 45, o samba “Sublime perdão”, de Amado Régis, matriz 1315, e a marchinha “Quando a gente fica velho”, matriz 1316, dela própria com Aylce Chaves e o mesmo Amado Régis que assina a música do lado ª Em janeiro de 46 sai o disco 15585, com a marchinha “Atchim!”, de J.Piedade e Príncipe Pretinho, matriz 1381, e o samba “Claudionor”, de Cândido Moura e Miguel Baúso, matriz 1382. Em março de 1946, Linda lança o samba “Não adianta chorar”, de Ari Monteiro e Felisberto Martins, no Continental 15591-A, matriz 1399 (o outro lado é com Emilinha Borba, apresentando a batucada “Ai, Luzia!”, de Guaraná e Jararaca). Em junho de 1946, no Continental 15644, saem dois sambas de Paquito (Francisco da Silva Fárrea Júnior, 1915-1975), consagrado compositor de sucessos carnavalescos: “Banco de jardim”, parceria dele com Dorival Aires e Jaime de Souza, matriz 1444, e “Banco de praça”, que ele assina junto com Carlos de Souza e João Bastos Filho, matriz 1443. A primeiro de julho de 1948, Linda grava a rumba “Jack, Jack, Jack”, de Haroldo Barbosa e Armando Castro, matriz 1900, e o samba “Mais um amor, mais uma desilusão”, de José Maria de Abreu, matriz 1901, que a Continental irá lançar para seu suplemento de julho a setembro desse ano, com o número 15926. A marchinha “Parceiro de Schubert” e o samba “A escrava Isaura” saíram pela Star, para o carnaval de 1948, disco 0009, que não consta nem mesmo na Discografia Brasileira em 78 rpm, e eu próprio não encontrei informações a respeito de quem seriam seus autores, quem souber favor informar pra gente. Para a folia de 1951, Linda grava o disco Carnaval 008, com o samba “Vou partir”, de Aylce Chaves e Paulo Gesta, e a batucada “Batuqueiro novo”, de Tancredo Silva, Rual Marques e José Alcides. Do disco Star 243, também de 1951, vem o lado B, o samba africano “Raça negra”, também de Aylce Chaves e Paulo Gesta. Por essa mesma gravadora, futura Copacabana, Linda lança, para o carnaval de 1952, e ainda em dezembro de 51, o disco 308, do qual apresentamos o lado A, a marchinha “Recruta 23” (referência a programa humorístico da Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro, então grande rival da poderosa Nacional, e de grande audiência na época), de autoria do radialista, compositor e pianista  Aloysio Silva Araújo e do comediante Zé Trindade (aquele do bordão “Mulheres, cheguei!”). Por fim, encerrando esta primeira parte, apresentamos aquele que foi o maior sucesso da carreira de Linda Rodrigues: o samba-canção “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves, regravado mais tarde por Ângela Maria e Maria Bethânia, entre outros intérpretes, e até hoje um clássico. Linda o imortalizou na Continental em 10 de abril de 1952, com lançamento em maio-junho do mesmo ano sob número 16559-A, matriz C-2839. Um fecho realmente de ouro para a primeira parte desta nossa retrospectiva a respeito de Linda Rodrigues. Até a próxima!
*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Carnaval RCA Victor – Volume 1 (1957)

Olá foliões cultos e ocultos! Estamos enfim chegando à apoteose com nossa comissão de frente, que como todos viram, também é boa de lado e costa. Desta vez vamos ver as coisas por um outro ângulo. Vamos com este raro lp preparado pela RCA Victor para o Carnaval de 1958. Sem dúvida, outra boa pedida. Nossa bela modelo, aqui, parece não ter conseguido ficar de pé. ‘Chapou’ o melão com o lança perfume, tropeçou na serpentina e quase deixou quebrar a taça de cristal, derramando pelo chão toda a ‘champanhota’. Sorte foi estar cercada de balões que amorteceram a sua queda. Hehehe… brincadeirinha… Disse isso apenas para chamar a atenção dos amigos para a beldade que estampa a capa. Moça bonita, né não? Bonito também é o repertório e a escolha de seus intérpretes. Sob o comando do maestro Zaccarias, temos aqui um elenco de famosos artistas da gravadora, escalados no primeiro de dois lp’s, lançados com antecedência no final de 1957 para o Carnaval do ano seguinte. Temos aqui gravações raras, algumas nunca chegaram a sair em discos além dessa coletânea. Confiram o toque…

lili analfabeta – nelson gonçalves
o gemido da saudade – linda baptista
boêmio de verdade – carlos galhardo
topada – dircinha baptista
sêde de amor – francisco carlos
quando o sol raiar – linda rodrigues
o diabo é esquisito – césar de alencar
fogo na marmita – marlene
qual é o caso – linda baptista
alvorada – coro misto
boemia – nelson gonçalves
quem vive de vento – dircinha baptista
foi por causa dela – francisco carlos
morango com peru – carlos gonzaga
lealdade – orlando correa
s.o.s. – carlos galhardo