Continental 30 Anos De Sucessos (1973)

Olá, amiguíssimos cultos e ocultos! Olha, vou ser sincero com vocês… estamos em total decadência. Sim, o Toque Musical nunca esteve tão em baixa. E isso se deve a uma série de fatores, a começar por essa plataforma que embora seja perfeita, já não atende aos requisitos que hoje pedem mais interação e imediatismo. As redes sociais, mais especificamente o Facebook e o Youtube passaram a ser a bola da vez. Tudo pode ser encontrado nesses dois ambientes de uma maneira muito mais rápida e interativa e de uma certa forma o interesse do público está mudando, se generalizando. Ampliando os horizontes, mas numa profundidade cada vez mais rasa. Daí, ninguém tem mais saco para acompanhar postagens. O que dizer então quando para se ter acesso ao que se publica aqui precisa antes se associar a um grupo? Sem dúvida, isso é desestimulante e só mesmo que está muito interessado é que encara o jogo. E o jogo hoje se faz muito mais rápido. Demorou, dançou… Por isso, se quisermos nos manter ativos por mais 10 anos, o jeito é acompanhar os novos tempos e implementar novas alternativas. Daí, penso em migrar definitivamente o Toque Musical para o Youtube. Há tempos venho pensando nisso, talvez agora seja a nossa hora. Fiquem ligados, logo o nosso canal vai estar na rede com tudo aquilo que já postamos por aqui. Será um trabalho longo, afinal, repor mais de 3 mil postagens não é moleza. Mas vamos tentar 🙂
Marcando esse momento, eu hoje trago para vocês um álbum triplo comemorativo, da gravadora Continental, lançado lá pelos idos de 1973, ano de uma das melhores safras da indústria fonográfica brasileira. 73 foi o ano em que essa gravadora completou seus 30 anos de atividade e lançou este álbum cujo os discos são de 10 polegadas. São três lps percorrendo todas as fases da gravadora, trazendo os mais diferentes artistas em ordem cronológica. Começa em Vicente Celestino, indo até aos Novos Baianos. São trinta músicas que expressam bem os 30 anos desta histórica gravadora.
Confiram já no GTM 😉

Disco 1
noite cheia de estrelas – vicente celestino
positivismo – noel rosa
implorar – moreira da silva
ondas curtas – orlando silva
brasil – francisco alves e dalva de oliveira
cai, cai – joel e gaúcho
brasil pandeiro – anjos do inferno
é doce morrer no mar – dorival caymmi
mágoas de um trovador – silvio caldas
copacabana – dick farney
Disco 2
felicidade – quarteto quitandinha
flamengo – jacob do bandolim
na paz do senhor – lúcio alves
delicado – waldir azevedo
feitiço da vila – araci de almeida
jura – mario reis
risque – aurora miranda
menino grande – nora ney
linda flor – elizete cardoso
dúvida – luiz bonfá e antonio carlos jobim
Disco 3
tristeza do jeca – tonico e tinoco
fechei a porta – jamelão
dor de cotovelo – elis regina
mas que nada – jorge ben e conjunto de zá maria
o baile da saudade – francisco petronio
nhem nhem nhem – martinho da vila
dela – ciro monteiro
adeus batucada – célia
você mudou demais – claudia barroso
o samba da minha terra – novos baianos
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Conjuntos Vocais – Seleçao 78 RPM Do Toque Musical Vol. 139 (2015)

E aí vai, para os amigos cultos, ocultos e associados do TM, a edição de número 139 do Grand Record Brasil.  Desta feita, apresentamos gravações de conjuntos vocais  e instrumentais que marcaram época na história de nossa música popular, perfazendo um total de dezessete faixas.

Abrindo a seleção desta quinzena (com atraso, diga-se de passagem)*, temos o grupo Os Namorados, uma continuação dos antigos Namorados da Lua sem Lúcio Alves, que iniciara carreira-solo ainda no final dos anos 1940, e contando inclusive com o cantor Miltinho entre seus componentes. Eles aqui comparecem com as músicas do disco Sinter  00-00.249, lançado em julho de 1953. No lado A, matriz S-532, uma regravação de “Eu quero um samba”, de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida.  E, no verso, matriz S-533, um outro bom samba, “Três Aves-Marias”, de Hanníbal Cruz.
 Encontraremos em seguida os Quatro Ases e um Coringa,  conjunto criado em 1941, no Rio de Janeiro, pelos irmãos cearenses Evenor, José e Permínio Pontes de Medeiros, a eles juntando-se Esdras Falcão Guimarães, o Pijuca,  e André Batista Vieira, o Coringa. A princípio, o grupo chamava-se Bando Cearense, nome com o qual se apresentavam na Ceará Rádio Clube. Por sugestão do poeta e jornalista Demócrito Rocha, o nome foi alterado para Quatro Ases e um Melé. De volta ao Rio de Janeiro, ao serem contratados pela Rádio Mayrink Veiga, adotaram o nome definitivo de Quatro Ases e um Coringa, pois “melé” era um termo desconhecido na então Capital da República. Em cerca de vinte anos de carreira, o grupo deu de fato as cartas, o que comprovam as três faixas aqui reunidas, todas gravadas na Odeon.  Para começar, o “calango mineiro” “Dezessete e setecentos” (conta errada mas sucesso certeiro), de Luiz Gonzaga e Miguel Lima, originalmente lançado por Manezinho Araújo em 1945. Os Quatro Ases e um Coringa registraram sua versão na “marca do templo” em 18 de abril de 1947, com lançamento em julho do mesmo ano, disco 12784-B, matriz 8213. Em seguida, a marchinha “Feijoada”, de Rubens Soares, gravação de 2 de fevereiro de 1943 lançada em março do mesmo ano, disco 12277-A, matriz 7196. Por fim, outra marchinha, “Lili… Lili”, de Assis Valente, do carnaval de 1944. Foi gravada pouco antes do Natal de 43, no dia 21 de dezembro, com lançamento bem em cima dos festejos de Momo,em 44, disco 12414-A, matriz 7459.
As seis faixas seguintes são com o Bando da Lua, criado no início dos anos 1930, e pioneiro no Brasil em harmonizar as vozes, como estava então na moda nos EUA , criando com isto, uma mania nacional. Sempre acompanhavam Cármen Miranda em suas apresentações, e acabaram indo para os EUA junto com ela, em 1939. O grupo desfez-se após a morte de Cármen, em 1955. Não por acaso, a participação do Bando da Lua neste volume do GRB inicia-se com duas gravações que o grupo fez nos EUA, pela Decca. Primeiramente, o samba “Na aldeia”, de Sílvio Caldas (seu criador em disco, em 1933), Carusinho e De Chocolate, em gravação  feita no dia 4 de julho de 1941 e, ao que parece, só lançada no Brasil em 1974 pela Chantecler (então representante da Decca/MCA entre nós), no LP “Bando da Lua nos EUA”, produzido por João Luiz Ferrete. A segunda é “O passarinho do relógio (Cuco)”, marchinha de Haroldo Lobo e Mílton de Oliveira, lançada para o carnaval de 1940 na voz de Aracy de Almeida. Este registro do Bando da Lua não chegou a ser lançado comercialmente, e ficou inédito em disco. Passando para a fase inicial brasileira do grupo, temos um clássico do carnaval: a marchinha “Pegando fogo”, do carnaval de 1939, de autoria de José Maria de Abreu e Francisco Matoso. Foi imortalizada pelo Bando da Lua na Victor em 3 de novembro de 1938, com lançamento ainda em dezembro, disco 34393-B, matriz 80927. Temos em seguida outra marchinha, de meio-de-ano, de autoria do mestre Lamartine Babo, “Menina das lojas”. Também gravação Victor, datada de 8 de abril de 1937, com lançamento em maio do mesmo ano, disco 34161-B, matriz 80358. O samba “Quero  ver”, de Léo Cardoso, Ademar Santana e Vicente Paiva, pertence à época em que Cármen Miranda fez sua última apresentação artística no Brasil, no Cassino da Urca, e obviamente o Bando da Lua a acompanhou. Gravação Columbia de 19 de outubro de 1940, lançada em novembro do mesmo ano sob número  55245-B, matriz 324. De volta aos EUA, o grupo acompanha nada mais nada menos do que Bing Crosby, na gravação que ele fez do clássico samba “Copacabana”, de João “Braguinha” de Barro e Alberto Ribeiro, originalmente lançado em 1946 por Dick Farney. O registro do cantor a ator norte-americano, ao lado do grupo brasileiro, com letra em inglês de Stillman, data de 1950, e foi lançado nos EUA pela Decca sob número  M-33399-A, matriz L-6040. No Brasil, foi lançado pela Odeon sob número 288455-A. Ainda da fase brasileira do Bando da Lua (só que gravado na Victor da Argentina, durante uma excursão que o grupo fez com Cármen Miranda) é o belo samba “Uma voz de longe me chamou”, de Hervê Cordovil e Alberto Ribeiro. Foi registrado em Buenos Aires a primeiro de dezembro de 1935, sendo lançado no Brasil sob número 34010-B, matriz 93019. E, encerrando a participação do Bando da Lua neste volume, a gravação que fizeram nos EUA, pela Decca, para o sambatucada “Nêga do cabelo duro”, de Rubens Soares e David Nasser (cujo registro original, aqui também incluso, é dos Anjos do Inferno). Datada de 26 de maio de 1949, a gravação só chegaria ao Brasil, ao que parece, em 1974, no já citado LP “Bando da Lua nos EUA”.
Logo depois, temos um enigma. O conjunto Emboabas só gravou um disco na Victor, em 1946, com os sambas  “A geada matou” e “Mania dela”.  Aqui, eles comparecem com uma gravação, ao que parece, editada em disco particular, não-comercializado, interpretando o conhecido samba “General da banda”, de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva, sucesso no carnaval de 1950 nos registros de Linda Batista e Blecaute. Será que este registro foi para as lojas?
Formado por deficientes visuais, o sexteto Titulares do Ritmo surgiu em 1941, em Belo Horizonte, logo conquistando notoriedade pelas harmonizações e vocalizações requintadas  e bastante elaboradas. Eles aqui marcam presença com o samba “Não põe a mão”,  grande sucesso no carnaval de 1951, de autoria de Bucy Moreira, Mutt e Arnô Canegal. Foi gravado na Odeon em 9 de novembro de 1950 e lançado ainda em dezembro, disco 13072-B, matriz 8848.
Cearenses como os Quatro Ases e um Coringa, os Vocalistas Tropicais interpretam neste volume “Irmão do samba”, de Nestor de Holanda e Jorge Tavares, gravação Odeon de 13 de maio de 1949, lançada em  julho do mesmo ano, disco 12934-B, matriz 8492.
Para finalizar, trazemos os Anjos do Inferno, justamente com a gravação original do clássico sambatucada “Nêga do cabelo duro”, já mencionado aqui, de Rubens Soares e David Nasser. O grupo liderado por Léo Vilar imortalizou a composição na Columbia, e o lançamento se deu em janeiro de 1942, sob número de disco 55315-A,matriz 478. “Nêga do cabelo duro” foi absoluto sucesso no carnaval daquele ano, merecendo vários outros registros, inclusive de Elis Regina, sendo até hoje lembrado, e com justiça.  Um fecho realmente de ouro para esta edição do GRB, que reverencia alguns dos melhores e mais famosos conjuntos vocais  que a música popular já teve em toda a história. É ouvir e recordar
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

A Música De Geraldo Pereira – Parte 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 80 (2013)

E chegamos a edição de número 80 do nosso Grand Record Brasil. Em edição anterior, como os amigos cultos, ocultos e associados do TM bem se lembram, apresentamos algumas das melhores gravações de Geraldo Pereira (Juiz de Fora, MG, 1918-Rio de Janeiro, 1955) como intérprete, inclusive, claro, composições próprias. E, como prometemos nessa ocasião, estamos voltando a focalizar a obra deste nome importantíssimo de nossa música popular. Desta vez, apresentamos doze gravações (é até chover no molhado falar de suas qualidades e de sua importância histórica) em que cantoras e conjuntos  contemporâneos do compositor interpretam suas obras.  Abrindo nossa seleção desta semana, os Quatro Ases e um Coringa, originários do Ceará, apresentam uma seleção de sambas que  homenageiam a Bahia de todos os santos, que sempre fascinou inúmeros compositores, sejam eles nascidos ou não na chamada boa terra, gravada na RCA Victor em 18 de julho de 1953 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o 80-1204-B, matriz BE3VB-0210. De Geraldo Pereira, aparece um trecho de seu clássico “Falsa baiana”, e neste pot-pourri também foram incluídos sambas de Vicente Paiva e Chianca de Garcia (“Exaltação à Bahia”), Dorival Caymmi (“O que é que a baiana tem?”)  e Ary Barroso (“Faixa de cetim”, “Na Baixa do Sapateiro”).  Na faixa seguinte, os Quatro Ases, que durante toda a carreira deram de fato as cartas,  nos brindam com “Ai! Que saudade dela”, samba de Geraldo Pereira em parceria com Ari Monteiro, gravação Odeon de primeiro de setembro de 1942, lançada em novembro do mesmo ano sob n.o 12221-B, matriz 7044. Mesmo pouco divulgado, é um samba que merece atenção.  Outro importantíssimo conjunto vocal dessa época, os Anjos do Inferno, liderados por Léo Vilar, aqui comparece com três sambas absolutamente imperdíveis. O primeiro é “Sem compromisso”, de Geraldo Pereira em parceria com Nélson Trigueiro, gravação Continental de 29 de maio de 1944, lançada em junho do mesmo ano com o n.o 15184-A, matriz 823. Nessa época, os salões e dancings eram bastante frequentados por certa camada da população carioca, e Geraldo, atento observador do cotidiano, adorava esse ambiente. Portanto, não deixaria mesmo passar em branco a cena – real ou imaginária – relatada neste samba, por sinal muito bem regravado por Chico Buarque em 1974. Outro hit de Geraldo Pereira  imortalizado pelos Anjos do Inferno é “Bolinha de papel”, gravação Victor de primeiro de fevereiro de 1945, lançada em abril do mesmo ano sob n.o 80-0266-B, matriz S-078125. Samba que, como muitos sabem, seria regravado em 1961 por João Gilberto. Em seguida tem “Vai que depois eu vou”, também de Geraldo sem parceiro, em outra gravação Victor, esta de 28 de novembro de 1945, lançada bem em cima do carnaval de 46, em fevereiro, disco 80-0381-B, matriz S-078402, e uma das músicas mais cantadas nessa folia momesca.  A faixa seguinte é “Pode ser?”, samba em que Geraldo Pereira conta com a parceria de Marino Pinto. E tem uma particularidade: foi incluído no disco de estreia da paulistana Isaurinha Garcia, a eterna “personalíssima”, gravado na Columbia em 23 de junho de 1941 e lançado em agosto do mesmo ano sob n.o 55294-B, matriz 440 (no lado A estava “Chega de tanto amor”, de Mário Lago). Como se vê, Isaurinha já mostrava a que veio, e esse seria o pontapé inicial de uma carreira repleta de sucessos. Na época, ela já era contratada da Rádio Record de São Paulo (então “a maior”), sendo inclusive considerada por seu então proprietário, Paulo Machado de Carvalho (“o marechal da vitória”), autêntico patrimônio da casa, fazendo parte até mesmo de seus móveis e utensílios (!), e Isaurinha lá permaneceu por mais de 40 anos.  Outro inesquecível cartaz do rádio e do disco, Dircinha Batista apresenta o samba-choro “Sinhá Rosinha”, parceria de Geraldo com Célio Ferreira, por ela gravado na Odeon em 7 de abril de 1942 e lançado em julho do mesmo ano, disco 12167-B, matriz 6937. Aqui, a temática é a do malandro regenerado, presente em outras composições de Geraldo Pereira, bastando lembrar, por exemplo, o samba-canção “Pedro do Pedregulho”, por ele mesmo gravado e que já apresentamos anteriormente no GRB. Dircinha ainda interpreta o samba “Fugindo de mim”, parceria com Geraldo com Arnaldo Passos e Waldir Machado, destinado ao carnaval de 1952. Gravação também da  Odeon, de 8 de novembro de 51, lançada um mês antes da folia, em janeiro, sob n.o 13212-B, matriz 9186. “A minha, a sua, a nossa favorita” Emilinha Borba, fenômeno de popularidade como raramente se viu em nosso país, e outro grande nome da fase áurea do rádio brasileiro, comparece aqui com outros dois sambas de Geraldo Pereira, em gravações Continental. O primeiro deles é “Boca rica”, parceria de Geraldo com Arnaldo Passos, lançado em janeiro de 1950 para o carnaval desse ano, disco 16142-B, matriz 2211. Do carnaval seguinte, de 1951, é “Perdi meu lar”, também da parceria Geraldo Pereira-Arnaldo Passos, gravado pela eterna “Favorita” em 25 de outubro de 50 e lançado um mês antes dos festejos momescos, em janeiro, sob n.o 16340-B, matriz 2478. Logo depois, temos Marlene (Vitória de Martino Bonaiutti), a que foi rival de Emilinha sem nunca ter sido (naquele tempo, como se vê, já tinha marqueteiro), interpretando outro samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, “Aquele amor”, destinado ao carnaval de 1952 e lançado pela Continental em janeiro desse ano, tendo a gravação sido feita em 5 de novembro de 51, disco 16513-A, matriz C-2783. Finalizando, temos uma cantora hoje pouco lembrada, mas que teve sua época, Heleninha Costa, interpretando aqui outro samba de Geraldo Pereira em parceria com Arnaldo Passos: “Não consigo esquecer”. Destinado ao carnaval de 1953, foi gravado por Heleninha na RCA Victor em 20 de agosto de 52, sendo lançado ainda em novembro sob n.o 80-1007-A, matriz SB-093410 (no lado B apareceu o clássico “Barracão”, de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães). Como se percebe, as músicas destinadas ao carnaval eram então lançadas com antecedência, a fim de serem divulgadas e aprendidas pelos foliões em tempo hábil. Assim, chegando fevereiro, o público poderia escolher suas favoritas e cantá-las nos salões e nas ruas. Na próxima semana, continuaremos a abordar a obra de Geraldo Pereira, apresentando gravações de cantores contemporâneos do autor. Aguardem!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

A Música De Wilson Batista – Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 78 (2013)

O GRB apresenta esta semana a segunda parte da retrospectiva dedicada ao compositor Wilson Batista (1913-1968). Desta feita, apresentamos mais 15 gravações preciosas, com alguns dos seus maiores cartazes da época. Para começar, o delicioso samba “Teu riso tem”, parceria de Wilson Batista com Roberto Martins, do carnaval de 1938. Sílvio Caldas, o “caboclinho querido”, fez a gravação na Odeon, em  8 de junho de 37, com lançamento bem em cima da folia, em fevereiro, com o n.o 11574-B, matriz 5596. Sílvio também está presente neste volume em outras três gravações. “Olho nela” (faixa 5), samba da parceria Wilson Batista-Germano Augusto, agora para o carnaval de 1941, em gravação Victor de 26 de dezembro de 40, também lançada bem em cima da folia, em fevereiro, com o n.o 34716-A, matriz 52095. “Lenço no pescoço” (faixa 9) é o samba que iniciou a famosa “polêmica musical” com Noel Rosa, e Sílvio gravou-o na Victor em 18 de julho de 1933, com lançamento em outubro do mesmo ano sob n.o 33712-B, matriz 65805. No acompanhamento os Diabos do Céu, curiosamente dirigidos não por Pixinguinha, mas pelo bandolinista João Martins. Noel , como se sabe, contestaria Wilson com “Rapaz folgado” (“Deixa de arrastar o teu tamanco/ porque tamanco nunca foi sandália”…), só gravado um ano depois da morte do Poeta da Vila, em 1938, por Aracy de Almeida.  “Eu vivo sem destino” (faixa 10), é um samba de Wilson em parceria com Oswaldo Santiago e o próprio Sílvio Caldas, que o gravou também na Victor em 17 de janeiro de 1933, com lançamento em agosto do mesmo ano sob n.o 33690-A, matriz 65649. E desta vez Pixinguinha acompanha Silvio com seu Grupo da Guarda Velha. Conhecido como “o ditador de sucessos”, Déo (Ferjallah Rizkallah, 1914-1971) aqui comparece com sete faixas. “Será” (faixa 2) é um samba da parceria Ataulfo Alves-Wilson Batista, gravado na Odeon em 10 de maio de 1939 com lançamento em novembro do mesmo ano, disco 11786-B, matriz 6085. O lado A, que está na faixa 11, é outro samba, agora de Wilson Batista com Claudionor Cruz, “Ela é…”, matriz 6086. Em seguida, outras quatro faixas gravadas por Déo na Columbia, futura Continental, todas de Wilson Batista sem parceiro. Do disco 8327, lançado em novembro de 1937, estão os dois lados, ambos sambas : “Perdi meu carinho” (faixa 4, matriz 3586) e “Meu último cigarro” (faixa 8, matriz 3586). Na mesma ocasião, saiu o disco 8326, do qual os dois lados também aqui estão:  o samba “Canta” (faixa 13, matriz 3587) e o samba-canção “Cansei de chorar” (faixa 14, matriz 3588). E, da fase de Déo na Odeon, é a sétima faixa, “Não sei dar adeus” outro samba da parceria de Wilson Batista com Ataulfo Alves, gravado em 5 de maio de 1939 e lançado em julho do mesmo ano com o n.o 11736-A, matriz 6077. Presente em nosso volume anterior com “Vinte e cinco anos”, Newton Teixeira está de volta com dois sambas que gravou na Odeon. “N-A-O-til, não” (faixa 6) é da parceria Wilson Batista-Marino Pinto, gravado em 31 de maio de 1941 e lançado em julho do mesmo ano, disco 12013-A, matriz 6677. “A voz do sangue” (décima-quinta e última faixa deste volume) é uma parceria de Wilson Batista com Walfrido Silva, em gravação de 17 de outubro de 1941, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12081-B, matriz 6810, por certo destinada ao carnaval de 42. O Bando da Lua, grupo liderado por Aloysio de Oliveira, que marcou época na MPB com suas vocalizações inovadoras, está aqui presente com o samba “Raiando” (faixa 3), parceria de Wilson Batista com Murilo Caldas, irmão de Sílvio, gravado na Victor em 29 de abril de 1935 e lançado em julho do mesmo ano, disco 33952-A, matriz 79894. Por fim temos outro  antológico grupo vocal, os Anjos do Inferno, interpretando na faixa 12 a deliciosa marchinha “Cowboy do amor”, do carnaval de 1941, outro bem-sucedido produto da parceria Wilson Batista-Roberto Martins. Gravação Columbia de 7 de novembro de 1940, lançada ainda em dezembro com o n.o 55249-B, matriz 333, sendo que os Anjos do Inferno também a interpretaram no filme “Céu azul”, da Sonofilms.  De certa forma, é precursora de um gênero que seria lançado mais tarde por Bob Nélson, o da chamada “música do velho Oeste”, nitidamente influenciado por  astros do cinema americano, como Roy Rogers e Gene Autry. Na próxima semana, encerraremos esta retrospectiva sobre Wilson Batista. Até lá!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Anjos Do Inferno – Brasil Pandeiro (1971)

Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Ainda na pressa, aqui vamos nós com a postagem de hoje. Não posso me prolongar. Entre um gole de café e uma fatia de pão, vou postando este álbum de um dos maiores conjuntos vocais brasileiros, Os Anjos do Inferno. O grupo nasceu no Rio de Janeiro, na década de 30 e tinha como lider o cantor Leo Vilar. Foi um dos grupos vocais mais populares nas décadas de 30 e 40. Tiveram várias formações, mas se destacaram com Leo Vilar, o vocalista principal, Roberto Medeiros e Nanai nos violões, Russinho e Miltinho nos pandeiros e Harry Vasco de Almeida no piston. Excursionaram pelos Estados Unidos com Carmem Miranda e também estiveram por um período longo, quase quatro anos, no México. Ao retornarem ao Brasil, se deram conta de que a onda havia mudado. O povo por aqui estava agora ligado era no samba canção e no baião. Haviam também outros e novos grupos vocais como os 4 Azes e 1 Coringa, Os Titulares do Ritmo e Os Cariocas. Dessa forma Os Anjos do Inferno, logo nos primeiros anos da década de 50, se dissolveram. Em 1963 Leo Vilar produziu um lp com reminiscências dos Anjos do Inferno, buscando reviver alguns de seus antigos sucessos. Para isso contou com o apoio de alguns membros dos Titulares do Ritmo. Em 1971 a RCA Candem relança o álbum com o nome Brasil Pandeiro. O álbum se divide em dois momentos. De um lado temos a música de Dorival Caymmi que foi sucesso na voz dos Anjos entre os anos de 1941 e 43. Do outro, desfilam diversos sambas que também marcaram a existência do grupo. Podemos dizer assim, que este disco não é apenas dos Anjos do Inferno, mas de Leo Vilar e Os Titulares do Ritmo. Muito bom, confiram…

rosa morena
acontece que eu sou bainao
vatapá
requebre que eu dou um doce
você já foi a bahia?
vestido de bolero
chô chô
nêga do cabelo duro
dolores
helena helena
brasil pandeiro
é ela