Cantata Pra Alagamar (1978)

Boa noite a todos, amigos cultos e ocultos! Inicialmente, quero agradecer ao pessoal da loja de discos Acervos, em Belo Horizonte, que gentilmente e vez por outra me emprestam discos, como este que hoje apresento a vocês. O mesmo vale para a Discoteca Pública e também o meu bom amigo Fáres. É graças a essa turminha que temos aqui no Toque Musical um leque tão variado de discos. Não esquecendo também outros tantos amigos que nos enviam seus arquivos digitalizados. O que não nos falta é disco, falta somente o tempo para nos dedicar mais.
Então, aqui temos um disco do selo Marcus Pereira. Entre os tantos que foram publicados, este talvez seja um dos mais raro e isso se deve ao fato de seu conteúdo, que é mais documental do que propriamente um disco musical e creio que a temática a qual o lp se trata traz também um fator político que para muitos não é interessante. Daí, vemos que se trata de um disco o qual foi produzido em pequena escala e portanto de edição ainda mais limitada que outros disco do selo Marcus Pereira.
Nos anos 70, centenas de camponeses se concentraram em frete ao palácio do Governo da Paraíba, para protestar, durante a visita do então presidente da República, o general Ernesto Geisel a João Pessoa. Eram representantes de centenas de famílias de lavradores que estavam sendo ameaçadas de despejo das terras onde trabalhavam há mais de 30 anos, na região conhecida como Grande Alagamar, no interior do Estado. Naquela época o governo federal estava implantando as usinas de cana de açúcar para a produção de álcool combustível. A área das fazendas onde moravam e trabalhavam esses agricultores como arrendatários foram passadas/vendidas a investidores que buscavam transforma as áreas em plantações de cana de açúcar. Isso gerou muito conflito com violência, tendo inclusive a intervenção da Igreja em favor dos camponeses…
Este lp nos conta essa história em forma de uma cantata com música e regência de José Alberto Kaplan e texto de Waldemar José Solha. Taí um disco cuja mensagem cabe bem nos dias de hoje, onde esse (des)governo, por trás de muita cortina de fumaça, vem passando a sua boiada, destruindo reservas em favor dos grandes pecuaristas.
 
cantata pra alagamar
 
 
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