Noel Rosa – Uma Rosa Para Noel – 50 Anos Depois (1987)

Bom dia Cultos e Ocultos, gente de todo o mundo! Sei que vocês não tem nada com isso, mas apenas para justificar. Meu tempo anda curtíssimo e com isso acabo sem ter como preparar devidamente as minhas postagens. Estou tendo que recorrer aos meus arquivos de gaveta e em alguns casos, percebo que os mesmos precisavam de uma revisão. Infelizmente e de imediato não poderei fazer muita coisa. Vida de blogueiro não é só ficar direto na frente de um computador. Peço a todos paciência. O mingau de vez enquanto é de araruta.

Para hoje então, temos este disquinho curioso, lançado pela gravadora Continental em 1987, celebrando o Poeta da Vila, no cinquentenário de sua morte. A curiosidade vai por conta do trabalho de mixagem que fundiu suas antigas gravações, realizadas entre 1931 e 33, com outra recente, seguinda a risco pelo maestro Edson José Alves, responsável pelos arranjos e reconstituição instrumental. O resultado desta fusão é bem interessante, muito embora, a diferença de som tenha gerado algumas distorções. Há momentos que o som do antigo distorce. Pensei que fosse um problema na minha digitalização, mas percebo que ela está no próprio disco. Como estou meio corrido, não terei tempo para os ajustes. Gostaria que vocês conferissem e me dessem um retorno. Tentarei mais tarde ripá-lo novamente, caso necessário.
positivismo
mentiras de mulher
coisas nossas
devo esquecer
vejo amanhecer
mulher indigesta
felicidade
gago apaixonado

Luiz Wanderley – Baiano Burro Nasce Morto (1959)

Bom dia gente do Brasil e do mundo! Começamos a semana muito bem, ainda impregnado com a cultura nordestina, estou trazendo hoje um disco que tem tudo a ver. Alguém aqui se lembra do Luiz Wanderley? Provavelmente poucos. Eu também já nem me lembrava desse ‘peça rara’, um cabra que fez sucesso nos anos 50 e 60. Cantor e compositor, Luiz Wanderley iniciou sua carreira nos aos 50 quando foi para o Rio de Janeiro. Ele era alfaiate. Começou como cantor de orquestra no bairro da Lapa. Depois foi para o rádio e daí então passou a fazer sucesso com seu gênero bem popular. Gravou diversos discos em 78 rotações. Seu maior sucesso como cantor foi “Baiano burro nasce morto”, composição do sambista baiano Gordurinha. Outro grande sucesso foi “Matuto transviado”, também conhecida como “Coronel Antonio Bento”, música feita em parceria com João do Vale e que veio a se tornar conhecida nacionalmente através de Tim Maia.

Neste álbum, que foi o seu primeiro lp, temos reunidas essas e outras gravações que ele fez durante os anos 50 em bolachas de 78 rpm. O lp, embora sem data e sem registro em sua discografia, foi lançado entre 59 e 60. Acredito também que ele chegou a ser relançado tempos depois, ainda em vinil. Trata-se de uma raridade que vale ser conferida.
baiano burro nasce morto
moça velha
que vontade de cumê goiaba
por onde deus passa
moisés da prestação
bode cheiroso
trabalhadores do brasil
matuto transviado
boi na cajarana
chora menino
rosário de amargura
cadeia da vila

Jackson Do Pandeiro – Nossas Raízes (1974)

Olá meus prezados amigos, cultos e ocultos. Mais uma vez, na tentativa de espantar a friagem, vamos forrozar. Começamos a semana com alguns discos para quadrilha e festas juninas, que por sinal continuam tendo uma boa saída, principalmente para aqueles que entendem que mesmo numa produção popular e comercial, também se extrai coisas boas. Acho que o texto das últimas postagens, comentando sobre os artifícios da CID, tiraram um pouco o tesão daqueles que olham a coisa só na superfície. Assim, sem fazermos uma mudança radical nos estilos e postagens, resolvi incluir um disco da Marinês e hoje um do Jackson do Pandeiro. Agora, alguns, já não vão mais torcer o nariz. Espero…

Taí então, para o nosso domingo especial, um disco do genial Jackson do Pandeiro. Este é mais um exclusivo que agora, num toque musical, resurge para a felicidade de todos. “Nossas Raízes” foi um lp lançado em 1974, pelo selo Alvorada. Nele temos o Rei do Ritmo acompanhado pelo Conjunto Borborema. Acredito que este disco nunca chegou a ser relançado. Apenas algumas músicas vieram mais tarde a fazer parte de coletâneas. Salvo o engano. Ficou apenas uma curiosidade que diz respeito à música “O bem amado” de Antonio Barros e José Gomes Filho. Esta foi feita de encomenda para o Odorico Paragussú, personagem principal da novela da Globo com o mesmo nome. Acontece que ela não faz parte da trilha original, que é de Toquinho e Vinicius. Fiquei sem entender… Seria mesmo uma encomenda que acabou não vngando? Alguém saberia me dizer? Quem quiser, pode comentar, não vai ficar mais caro 😉
sou invocado
vou de tutano
mundo de paz e amor
o que vai com a maré
coração bateu
forrobodó
o rei pelé
quero aprender
eu vim de longe
o samba e o pandeiro
minha zabelê
o bem amado

Marinês – Meu Carirí (1976)

Olás! Já que a festança está boa, vamos até o fim da semana neste ritmo. Ninguém reclamou, sigamos em frente que a fogueira está queimando…

Nos últimos dias tivemos aqui dois personagens, o Coroné Pereira e o Zeferino, inspirados num misto de caipira e nordestino, figuras comuns às tradições de festejos joaninos. As festas juninas estão presente em todo o Brasil, mas se concentram mais no sudeste e nordeste, onde as tradições são ainda mais fortes. E nessa de “fulando de tal e sua gente’, acabei me lembrando da Marinês e Sua Gente. Êta forró arretado de bão! Daí não de outra… Marinês na cabeça! Ou melhor, na postagem do dia. Ainda mais num sabadão como este. Tá na festa! 🙂
Marinês foi a primeira mulher a formar um grupo de forró. Recebeu merecidamente o título de “A Rainha do Xaxado”. Ao lado de Luiz Gonzaga ela hoje se tornou um mito da música nordestina. Era inclusive chamada de “Luiz Gonzaga de Saia”. Sua fase de maior sucesso foi nos anos 50 e 60, mas nas décadas seguintes ela continuou sempre muito ativa, principalmente no norte do país.
“Meu Carirí” foi um álbum lançado (supostamente) em 1976 pela CBS, através do selo Veleiro. Nele encontramos uma espécie de coletânea, reunindo entre novas gravações outras lançadas em discos anteriores pela mesma gravadora. Um disco bem no clima e no espírito das festas de São João, mas serve para qualquer outro momento. Vai um quentão aí?
meu carirí
nordeste valente
só pra machucar
matando na unha
explosão
desse jeito não dá pé
sou o estopim
nosso amor foi uma aposta
cerca velha
casa de marimbondo
e a sêca continua
vivendo e aprendendo
sem vergonheira
amor sem fim

Zeferino & Sua Gente – Isto É Que É São João (1976)

Bom dia! Para darmos por completa nossa missão junina/joanina, finalizo com mais um disquinho da CID/Itamaraty, na mesma linha do anterior. Aliás, verificando agora neste instante, percebo que quase a metade das músicas deste lp estão contidas no que foi postado ontem. Daí a prova inquestionável dos tais artifícios da CID para lançar seus álbuns datados e criar artistas fictícios. O nosso Zeferino (e Sua Gente) é mais uma invenção da lavra de Harry Zuckermann. E pela capa”Isto é que é São João” podemos ver que ele já é o oitavo volume. Mas conforme às ‘peripécias’ desta gravadora, este pequeno detalhe pode também ser desconsiderado. De verdadeiro e autêntico aqui só mesmo a música, a redentora de todos os males, inclusive das produções ‘capengas’ que visam apenas um bom negócio. Eu digo isso, mas no fundo até entendo a posição comercial da gravadora. Álbuns como este são criados com esta intenção, apenas para marcarem presença numa determinada data de celebração. Em geral, o público consumidor não está interessado na ficha técnica do trabalho e a própria gravadora não os classifica como lançamentos autorais por serem registros de acervo, cujos intérpretes são músicos/artistas contratados apenas para a execução, sem maiores ‘status’.

Segue assim o “Isto é que é São João”, reforçando, complementando e finalizando nossa trilha musical para quadrilha de 2009. Putz! Depois dessa, me deu uma vontade de tomar uma Coca-Cola, não sei porquê… 🙂
lá vem são joão
forró de carretel
quadrilha brasileira
olha pro céu
noites de junho
capelinha de melão
cai, cai balão
noites brasileiras
chegou a hora da fogueira
a roça é nossa
o sanfoneiro só tocava isso
anarié no arraiá
antonio, pedro e joão
pula fogueira
prece a santo antonio

Coroné Pereira E Sua Gente – Pula Fogueira – Quadrilha Marcada (1978)

Olás! Ainda no espírito das festas joaninas, tenho aqui mais um bom disquinho para animar a festança. Desta vez vamos com este lp do possível Coroné Pereira e Sua Gente. Digo possível porque nos discos da CID/Itamaraty as vezes se usava de artifícios como a criação de um nome artístico para compor trabalhos meramente comerciais. Discos temáticos, de celebração e populares eram um dos pontos fortes da gravadora de Harry Zuckermann. Suponho que o tal Coroné Pereira seja apenas um nome fictício, para dar uma certa identidade e intencionalidade à este trabalho. Embora fique claro o intuito comercial e oportunista deste disco, ele não deixa de ter seus encantos e dotes de qualidade através dos anônimos artistas/músicos e das músicas que nele aparecem.

Vai fazer uma festinha particular? Não deixe o Coroné Pereira faltar. É animação garantida!
quadrilha brasileira
capelinha de melão
cai, cai balão
noites brasileiras
o sanfoneiro só tocava isso
antonio, pedro e joão
pula a fogueira
chgou a hora da fogueira
a roça é nossa
é proibido cochilar
o xamego é da mulata
calango longo
sebastiana capim novo

Luiz Gonzaga – Quadrilhas E Marchinhas Juninas (1973)

Bom, já que entramos na quadrilha, vamos dançar! Desta vez trazendo uma autoridade no assunto e assuntos, o grande Lua. Temos para hoje este álbum do Luiz Gonzaga lançado pela RCA, originalmente em 1965 e que em 73 foi relançado com esta capinha. Um disco dedicado às tradições joaninas, aos festejos de São João e às noites estreladas.

Neste exato instante percebo que nosso disco está que nem bolacha (em qualquer blog se acha). Mas como sempre, no Toque Musical há um diferencial. Aqui vem completo e com direito a pé de moleque, quentão e milho cozido. Tá bom ou querem também dançar com a Rosinha? 😉

fim de festa
polca fogueteira
lascando cano
pagode russo
fogueira de são joão
olha pro céu
são joão na roça
fogo sem fuzil
quero chá
matuto de opinião
boi bumbá
o mair tocador
piriri

Alberto Calçada – Vamos Dançar A Quadrilha (1969)

Nesta semana, um de nossos visitantes me chamou a atenção para o fato de que estamos em junho e que faltava aqui uma postagem dedicada às festas juninas, que acontecem pelo Brasil a fora. A verdade é que eu realmente havia me esquecido, embora eu veja tantas festas e quadrilhas pipocando aqui para os meus lados. Até o meu filhote vai dançar quadrilha na escola e eu nem me toquei. Mas nunca é tarde para um forró. Aliás, cheguei mesmo numa boa hora e vou garantir nos próximos dias uma boa trilha para esta festa.

Inicio com este típico disco para dançar quadrilha. Um álbum perfeito, sem pausa, como manda o figurinho… Feito para dançar! Alberto Calçada, seu acordeon e conjunto dão o tom da festa. Acompanha aqui e no disco o esquema das danças para quem quer seguir a risco as tradições.
Como no texto da contracapa deste disco, eu também comungo da idéia de que não devemos dizer “Festas Juninas” e sim “Festas Joaninas”, pelo fato de que as celebrações existem em função do ciclo de São João, que embora seja no mês de junho, também se extende por julho. Além do mais, a expressão “Festa Joanina” é que é a tradicional. Vamos então manter as tradições, não é mesmo? 🙂

Deus Lhe Pague – TSO (1976)

Bom dia, meus prezados amigos cultos e ocultos! Vamos nós começando a semana, trazendo sempre uma rara novidade ou uma grata lembrança, para alegar nossas vidas.

Começo a semana com um disco que pouca gente conhece e só recentemente veio a ser relançado em cd na coleção que reuniu toda a discografica de Vinícius de Moraes, intitulada “Como dizia o poeta”. “Deus lhe pague” foi uma super produção cênica-musical produzida por Mário Prioli, sob a direção de Bibi Ferreira e tendo Walmor Chagas e Marília Pera na frente do elenco. O texto é uma adaptação da peça de Joracy Camargo e as músicas de Edú Lobo e Vinicius de Moraes. Este, sem dúvida, foi um musical ao qual a imprensa na época parece não ter dado muita bola. E o espetáculo acabou não merecendo a devida repercussão. Podemos dizer que chegou mesmo a ser um fracasso. Obviamente, não foi pela qualidade da obra e dos artistas envolvidos. “Deus lhe pague” é um clássico do nosso teatro e já foi levada ao público por diversos grupos cênicos. O certo é que esta versão ficou um pouco apagada e talvez por isso mesmo o álbum nunca antes tenha sido relançado. Com tudo, ou apesar de tudo, o disco é muito bacana e vale mesmo uma conferida 😉 Quem ainda não conhece, tá na mão…
eu agradeço
o que é que tem sentido nesta vida
samblues do dinheiro
lamento do joão
labirinto
tá difícil
um novo dia
além do tempo
decididamente
pobre de mim
joão não tem de quê
cara de pau

Grande Baile N.1 (196?)

Olás! Hoje estou entrando um pouco já no fim do dia, mas antes tarde do que faltar ao nosso encontro diário. Os domingos são imprevisíveis…

Seguindo o clima, resolvi de última hora postar este obscuro lp, intitulado “Grande Baile Nº1”. Comecei a ouvi-lo, daí achei que seria mesmo uma boa para fechar a semana. Temos então um disco ‘da hora’, com pouquíssimas informações, mas que desperta a curiosidade. Trata-se de uma coletânea de conjuntos e orquestras de bailes. Um disco extremamente interessante, instrumental e variado. Nele podemos encontrar alguns dos mais atuantes grupos de bailes dos anos 60 numa oportunidade que talvez tenha sido a única para muitos que nele tocaram e para nós, por termos um registro desta música. Fica claro que se trata de uma série. Este foi o volume número 1. Pelo que eu pude verificar na rede, não passaram de três volumes. A gravadora Discastro é um mistério. Existem outros títulos deste selo que parece ter sido criado para venda direta à domicílio, como era o caso da Imperial, Paladium entre outras…
Discos como estes são oportunidades raras que precisam ser ouvidos e relembrados. Confiram aí o toque final 😉
fascination – orquestra de paolo mezzaroma
love me forever – conjunto de fred e richard
os pobre de paris – rúben e conjunto
mocinho bonito – c. maffasoli e conjunto
carioquinha – robledo e conjunto
saudades da bahia – casé e conjunto
estúpido cupido – willy king e conjunto
yes sir, that’s my baby – rúben e conjunto
petite fleur – willy king e conjunto
per um bacio d’amore – william fray e conjunto
sabras que te quiero – conjunto de fred e richard
esperame nel cielo – conjunto de fred e richard

Walter Wanderley – Organ-ized (1966)

Olás! As vezes eu fico querendo postar aqui alguns discos que me são enviados por amigos e colaboradores. Hoje em dia, posso dizer que estou muito bem servido por pessoas interessadas em colaborar, enviando seus discos digitalizados e tudo mais. Contudo eu sempre, ao agradecer, aviso que a postagem não tem data marcada. Tudo depende do momento. Há casos em que eu prefiro não postar, pois vejo que o disco já foi mais do que apresentado. Porém, há outros que mesmo nessas condições, ainda assim eu faço questão de apresentar. Este é o caso do Walter Wanderley, um instrumentista singular, copiado por muitos, mas poucos conseguiram tirar um som tão gostoso de um orgão eletrônico como ele fez. A Bossa Nova foi seu grande diferencial e com ela ele ultrapassou limites, se tornando conhecido mundialmente. Esta é uma das grandes vantagens de ser um artista brasileiro talentoso e morar nos ‘States’. Além do reconhecimento merecido ele adquire uma maior visibilidade. A América ainda é a vitrine do mundo.

“Organ-ized” foi um dos muito álbuns lançados por Walter Wanderley lá fora. Aqui no Brasil nem todos chegaram às nossas lojas e consequentemente alguns ficaram restrito à um público reduzido. Este lp é um bom exemplo, que embora hoje em dia esteja em todas as ‘bocas’, continua sempre sendo um bom petisco. Se você ainda não o viu ou ouviu por aí, tem aqui a sua chance. Não preciso nem entrar em detalhes quanto ao repertório. Falou que é o Walter do teclado, estamos na escuta 😉 Esta é uma colaboração do amigo Tales. Confira aí…
samba de verão
batucada surgiu
vivo sonhando
mar, amar
você
reza
garota moderna
menina flor
opinião
deus brasileiro

Nelson Gonçalves – A Pedidos (1966)

Bom dia, meus caros amigos cultos, ocultos e correlatos (correlatos é ótimo). Aqui estamos nesta bela e fria manhã de sexta-feira trazendo um pouco mais de alegria e resgatando lembranças. Hoje eu estou atendendo a pedidos. Eu e o Nelson Gonçalves. Ao amigo Paulo Athaydes e a todos os boêmios e amantes da música do Nelson ‘Metralha’. Este disco, me parece, não foi um álbum de carreira e sim uma coletânea lançada pela RCA em 66. As músicas apresentadas nele fazem parte de outros álbuns já lançados pelo artista. Algumas faixas são coisas raras, difíceis de achar. Confiram o toque porque eu já estou indo… meu tempo é sempre curto 😉

camisola do dia
último desejo
dolores sierra
amigo
redoma de vidro
palpite infeliz
ne coberta de ouro
feitiço da vila
lençol de linho
apogeu
você é que pensa
silêncio de um minuto

Mark Morawski (1961)

Olás! Estou fazendo desta quinta-feira o Dia do Independente, trazendo para vocês uma curiosidade. Embora eu tenha usado inicialmente as sextas-feiras para postagem de trabalhos de artistas independentes, não ficamos condicionados ao dia certo e nem todas as semanas poderemos ter um artista assim. Tenho listado pelo menos uns dez, que pretendo ir agendando de acordo com o clima da semana. Peço aos artistas que tenha paciência, todos serão atendidos 🙂

Desta vez eu quero mostrar para vocês este mais que obscuro disquinho, o qual eu acredito ser o primeiro independente lançado no Brasil. É claro que eu não me refiro aos discos com tiragem comercial. Desses, até onde eu sei, o primeiro foi o do Antonio Adolfo, salvo o engano. Todavia, aqui temos esta bolacha de 78 rpm, sem data e sem maiores informações além do que vem impresso no selo. Temos o artista, um ilustre desconhecido chamado Mark Morawski em suas duas composições e acompanhado de orquestra. No selo podemos ler que se trata de uma gravação particular. O retrato recortado nos ilustra a tal figura, coisa típica dos antigos discos de 78 rpm, igual aos da gravadora Toda América, lembram? Como outros discos de 78 rpm, este também não tem data impressa. Nós poderíamos até considerá-lo como sendo um disco das décadas de 40 ou 50. Tem todas as características, inclusive musical. Mas o que me levou a datá-lo com um disco de 1961 foi o seu estado de conservação quase novo, o fato de ser uma gravação particular e principalmente pela anotação feita a caneta onde se consegue decifrar “agosto 1961” (ou seria 65?). Por via de dúvidas e até que me provem o contrário, fica como está.
Falando um pouco mais sobre o cantor, percebe-se logo pelo nome (que não deve ser o artístico) que ele é estrangeiro. Isso fica claro ao ouvirmos sua voz. Eu diria que se trata de um judeu. Fazendo um ‘pente fino’ na rede, eu não achei absolutamente nada sobre este nome. Nosso Mark Morawski é um verdadeiro mistério. Mas a curiosidade não fica só aqui. É preciso ouvir a bolacha para ver (não é atoa que o lema do Toque Musical é o de ouvir a música com outros olhos). De um lado temos “Amor de mãe”, um tango enaltecendo o amor verdadeiro com sendo apenas o de mãe. O mundo nessa época, para o autor, já estava perdido. A salvação é só o amor da mamãe. Este tango, para mim, é ‘sui generis’, nunca ouvi nada igual. Do outro lado temos “Zuleika”, um fox mais condizente com o tema romântico apresentado. Nem por isso menos curioso que o primeiro. Depois de ouví-lo umas duas ou três vezes não há como esquecer as melodias e mesmo sem querer balbuciar alguns de seus versinhos. Divertido… 🙂 Gostaria dos comentários de vocês.
amor de mãe
zuleika

Wilson Miranda – Relevo (1978)

Eis aqui um bom disco para a quarta feira. Wilson Miranda, vocês se lembram dele? Taí um nome que sumiu da praça. Quando se ouve falar neste artista, muitos irão pensar nos tempos da Jovem Guarda e mesmo antes quando ele era cantor de rock. Wilson começou a carreira como cantor de baladas, calipsos e versões de rock (twist). Naqueles tempos (início dos anos 60) só dava ele e o Carlos Gonzaga, outra figurinha marcante no cenário pré-jovem guarda. Wilson fez um relativo sucesso com versões como “Bata Baby”, “Twilight Time” e outras. Nos anos 60 foi também produtor musical e trabalhou em discos de muitos artistas, principalmente os da Jovem Guarda. A carreira de cantor romântico acabou ficando em segundo plano. Por outro lado, a medida em que o tempo passou ele foi refinando seu repertório. Até onde sei, “Relevo” foi seu último disco e com certeza o mais bem produzido. Lançado em 1978, este álbum parece ter sido feito com todo o cuidado. Um disco pensado, com autores e músicas muito bem selecionadas, como se pode conferir na relação a baixo. No álbum há as participações especiais de Ivan Lins, Adoniran Barbosa, Paulo Cesa Pinheiro, Maurício Tapajós e Eduardo Gudin. Por aí já dá para se ter uma ideia do que temos na bolacha. Confiram já este toque…

calçadas
bom dia tristeza
tomara
derradeiro porto
morro velho
por que será?
beijo partido
correnteza
aparecida
a velha casa
momentos de amor
você vai me seguir

100 Anos De Música Popular Brasileira – Projeto Minerva Vol. 2 (1975)

Em dezembro do ano passado eu havia postado aqui alguns discos da coleção “100 Anos de Música Popular Brasileira” do saudoso Projeto Minerva. Esta série é composta (me parece) de oito volumes. Eu já havia apresentado quatro, como se pode verificar por aqui Ó. Há pouco mais de um mês, atendendo aos meus pedidos e aos de muitos frequentadores do blog, uma alma bondosa enviou para nós mais um exemplar, o número 2. Demorei um pouquinho em postá-lo, pois esperava encontrar os outros restantes. Como não aconteceu ainda e para não perder o fio da meada, vou hoje postando o que tenho. Obrigado amigão, valeu demais!

O volume 2 contempla as composições dos anos 30 de nomes como João da Bahiana, Ary Barroso, Ismael Silva, Joubert de Carvalho, Noel, Sinhô, Donga e Caninha. Para este registro ao vivo estão presentes como intépretes Altamiro Carrilho e Seu Conjunto, Odete Amaral, Paulo Marques e Paulo Tapajós. Esta gravação foi feita no estúdio da Rádio MEC entre dezembro de 1974 à janeiro de 75. Taí então mais um volume. Agora só faltam três. Quem tiver os outros e quiser nos enviar, será um grande favor 🙂
cabide de molambo – paulo tapajós
essa nega quer me dá/me leva seu rafael – paulo tapajós
pelo telefone – paulo tapajós
gosto que me enrosco – paulo tapajós
se você jurar – paulo marques
faceira – paulo marques
aquarela do brasil – altamiro carrilho e seu conjunto
taí – odete amaral
maringá – paulo marques
com que roupa – paulo marques
conversa de botequim – paulo marques
feitiço da vila – odete amaral
último desejo – odete amaral

Marcus Vinicius – Trem Dos Condenados (1976)

Bom dia! Começando a ‘segundona brava’, cheio de coisa para fazer, vamos logo apressando as postagens para não perdermos o diário. Hoje eu estou trazendo um disco prometido a algum tempo atrás e que só agora encontrou sua vez. Antes tarde do que nunca, não é mesmo? 🙂

Temos então o Marcus Vinicius e seu excelente álbum “Trem dos Condenados”, lançado nos anos 70 pelo selo Marcus Pereira. O artista em questão surgiu no cenário musical a partir dos anos 60. Marcus Vinicius é um compositor, violonista, maestro e escritor, vindo de Pernambuco. Ao longo de sua carreira tem produzido muita coisa. Já tocou com os mais diversos artistas, entre eles, Belchior, Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos. Artista muito atuante não apenas no palco, mas também nos bastidores. Foi durante um bom tempo o defensor dos direitos autorais, estando à frente do ASSIM (Associação dos Intérpretes e Músicos), SOMBRÁS (Sociedade Musical Brasileira) e SICAM (Sociedade Independente de Cantores e Autores Musicais) . A partir do lançamento deste disco ele se tornaria um produtor musical da gravadora, sendo responsável por discos de diversos artistas que gravaram pelo selo Marcus Pereira. Segundo as fontes, ele continua muito ativo, sendo o diretor artístico do selo/gravadora CPC-UMES, dedicado a lançar artistas independentes e consagrados que estão fora do circuito da grande mídia.
O álbum “Trem dos Condenados” foi seu segundo disco. Um lp onde o artista teve total liberdade em sua produção. Todas as composições são de sua própria autoria, sendo apenas a faixa “Lygia Fingers”, um poema de Augusto de Campos, musicado por ele.
Como muitos dos discos do selo Marcus Pereira, este é mais um raro exemplar que eu nunca vi reeditado. Um trabalho super bacana que merece a nossa atenção. Confira já o nosso toque musical do dia 😉
trem dos condenados
quarto minguante
grrr…
cravos
precipício
dez a zero
lygia fingers
fábula do capibaribe
esse choro
brinquedo
pingo
centavos de gloria
aldebarã
etc. e coisa e tal

Neusa Maria – Canta Para Os Que Amam (1956)

Olás! As vezes eu fico meio perdido com tantos discos que já foram apresentados aqui no Toque Musical. Eu tinha por certo que este lp da Neusa Maria já havia sido postado. Mas agora percebo que não. Assim sendo, vamos a ele!

Neusa Maria foi uma das grandes divas do rádio, hoje em dia pouco lembrada. Iniciou sua carreira no início dos anos 40 em São Paulo. Gravou seu primeiro disco em 1945, com as músicas “Mamboleado” de Luiz Gonzaga e Miguel Lima e “Rádio mensagem” de Sereno. De lá para adiante ela veio a gravar mais umas dezenas de discos. Sempre em destaque, ela foi premiada várias vezes pela sua voz e interpretação. Nos anos de 56 e 57 ela foi considerada a melhor cantora do rádio. Além da música popular ela também foi uma requisitada cantora de jingles.
Neste álbum de 10 polegadas lançado em 1956, em sua fase na Sinter, temos reunidos alguns de seus primeiros sucessos. Confiram a baixo as pérolas que fazem parte desta jóia.
canção de amor
alguém como tu
caixa postal zero zero
nova ilusão
canção da volta
nunca
arrivederci roma
molambo

Espirito Do Tempo (2008))

Hoje, excepcionalmente, teremos o Dia do Independente. Sei que tenho sido crititicado por isso e também porque sempre estou comentando da minha falta de tempo, mas realmente me faltam horas a mais. Daí recorro ao que já está pronto, seja os de gaveta ou os independentes que aguardam a vez de serem publicados semanalmente.

Temos desta vez o “Espírito do Tempo”, o grupo do Renato Cardoso, que vem lá de São Paulo. Eu ainda não os ouvi o suficiente para dar uma opinião, mas posso afirmar antecipadamente que se trata de um som acústico, simpático e com influências das mais diversas. Em sua página no My Space vocês poderão obter informações detalhadas do grupo. Vai aqui uma prévia do texto de apresentação do Espírito do Tempo, escrito por Mariana Lizardo:
O grupo Espírito do Tempo reuniu-se em julho de 2008, para gravar um disco com algumas músicas do compositor Renato Cardoso. A idéia de fazer essa gravação foi do produtor Bruno Zibordi, que então proporcionou a infra-estrutura necessária e encarregou-se de produzir o disco. Então, músicos foram se juntando ao projeto e o resultado saiu no disco homônimo. Podemos considerá-lo como um retrato dos interesses musicais mais recentes do seu compositor, enriquecido por influências dos interesses dos demais integrantes. Sustentado sempre por aspectos da música popular brasileira, a idéia principal é explorar as diferentes sonoridades da música tradicional de outros povos e da música erudita contemporânea. Leia mais no site

na primavera
sem benção
ela não é a única
hin-hin
meu mito
depois do fim

Balona E Seu Conjunto – Música 18 Kilates (196…)

Aqui estamos novamente nesta sexta-feira, Dia dos Namorados. Para celebrar a data (ou não), temos um conjunto de baile que fez sucesso na Belo Horizonte dos anos 60, Célio Balona e seu grupo. Quantos casais de namorados já dançaram ao som do Balona no Minas ou no Automóvel Clube. Tempos bons aqueles, heim?

Temos então esta jóia rara, que eu acredito, nem mesmo seus autores se lembrarão de sua existência. Um disco raríssimo da MGL (Minas Gravações Ltda), a primeira gravadora das alterosas. Este está sendo um terceiro exemplar apresentado no Toque Musical dos trabalhos produzidos pelo pioneiro estúdio, criado por Dirceu Cheib no início dos anos 60. “Música 18 Kilates com Balona e seu Conjunto” é um lp que reúne doze gemas das Minas Gerais. Um seleção exclusivamente com compositores mineiros. Entre os mais conhecidos se destacam Ary Barroso, Ataulfo Alves e Pacífico Mascarenhas. Célio Balona vem acompanhado por músicos de primeira e conta com a supervisão do maestro Peruzzi.
Taí, mais um disco que só mesmo através de um blog vocês poderiam conhecer ou ter acesso.
paz, amor
menina triste
sonata sem luar
inquietação
menina da blusa vermelha
se houver você
mulata assanhada
despreocupadamente
jingle cha-cha-cha
cantando baixinho
quantos anos
a canção é você

Chico Hernandez – Bongo Fiesta! (1964)

Muito bem, depois de tantos e-mails eu não poderia deixar de trazer mais um álbum da “Percussonic Series”. Vocês gostaram, né? Pois é, bem interessante e com algumas curiosidades… Vejamos agora este “Bongo Fiesta!”. Pela capa, logo a baixo lemos: Orquestra dirigida por Chico Hernandez. Seria uma atração internacional? Não exatamente. Uma das boas jogadas da Imperial ao lançar esta série com ritmos latinos, foi criar nomes como Chico Hernandez, Ray Lawrence, Skip Martin ou ainda Cristobal Chaves – pseudônimos para os maestros Carioca, Cipó e Lírio Panicalli. Segundo o raciocínio dos produtores, nomes internacionais legitimavam o produto e na época, para as horas dançantes, era o que há…

Neste álbum encontramos doze sucessos internacionais orquestrados, com arranjos e regência do Maestro Lírio Panicalli e ao ritmo compassado do bolero e cha-cha-cha.
Fica aqui uma dúvida minha: qual a diferença entre bolero e cha-cha-cha? Alguém saberia me dizer?
piel canela
historia de un amor
maria
noturnal
caminhando, caminhando
the very thought of you
amor, amor
dos almas
you go to my head
hipocrita
la barca
mi ultimo fracasso

Carioca & Sua Orquestra – Samba …Oba! (1964)

Olás! No início dos anos 60 o mercado fonográfico ia de vento em polpa, todos os dias trazendo novos lançamentos. Algumas gravadoras começaram a criar selos especiais para uma outra modalidade de vendas, a domicílio. O selo Imperial foi uma criação da Odeon e trazia algumas diferenças que atraíam o público. Além da entrega do produto via correio, os Discos Imperial vinham lacrados, com selos de segurança, que veda o orifício do vinil, garantindo sua ‘virgindade’ (nunca havia sido usado). Outro artifício era mais um lacre na capa interna, garantindo sua integridade. Bacana, né? Uma idéia que deveria ser seguida para os convencionais. Mas os discos desse selo, inicialmente, traziam (ou buscavam) outras novidades como uma qualidade singular de som. Nessa época estavam surgindo novos sistemas melhorados do Hi Fi (alta fidelidade) e estéreo. Eis que a Imperial/Odeon veio com essa, “Percussonic Sound System”, que na verdade não se trata de um sistema inovador de áudio. Esta foi apenas uma jogada comercial, onde o conceito era a ‘Era Espacial da Música’. Através desses diferenciais e de uma capa bonita e arrojada com bolinhas flutuantes, nascia a “Percussonic Series”, uma coleção de música orquestral que explorava os ritmos ‘calientes’ e suingados. Esta série foi criada pela lenda viva, André Midani, um dos maiores nomes da indústria fonográfica brasileira. Não sei dizer quantos álbuns foram lançados, mas para este projeto estiveram envolvidos nomes de peso, como os maestros Cipó, Líro Panicalli, Caricoa e outros…

Temos aqui o “Samba …Oba!, um álbum comandado pelo Maestro Carioca e com arranjos do Cipó. Nele encontramos doze sambas clássicos numa versão orquestrada que poe no chinelo muitas ‘big bands’ do gênero.
boato
cheiro de saudade
samba de uma nota só
nêga
desafinado
não tenho lágrimas
a felicidade
chora cavaquinho
aquarela do brasil
agora é cinza
o orvalho vem caindo
se acaso você chegasse

Armando Y Su Solovox – Ensalada Musical (1959)

Bom dia a todos! No mês de março deste ano eu postei um disco do Armando, “o rei do solovox” e havia prometido para breve trazê-lo novamente no disco “Som de Boate” do Armando’s Trio. Acabei me esquecendo da promessa (que ninguém cobrou) e hoje, por acaso (e também por que yo no tuve tiempo, hehehe…), estou postando este álbum lançado pela Columbia na Argentina, possivelmente no final dos ano 50 ou início dos 60. Conforme eu já havia publicado, Ele foi um instrumentista/tecladista que fez um relativo sucesso nessa época, tocando em diversas casas noturnas do Rio e São Paulo. Seu diferencial era o Solovox, um pequeno teclado eletrônico de três oitavas, o qual ele tocava juntamente com o piano. No presente álbum, temos um repertório variado, com diversos ritmos dançantes, entre samba, rock, rumba, fox-trot e outros mas. O álbum saiu pela série “Bailable Especial”. Pelo que pude entender, este disco não parece ter sido lançado no Brasil. Feito mesmo para o mercado argentino. Por sinal, este arquivo me foi enviado como uma colaboração por um hermano argentino, seguidor do Toque Musical. Gracias!

yo naci en el morro
siluetas
duerme negrita
fueron tres años
el isleño
no tuve tiempo
el gato de la señora
fracasos de amor
de azul pintado de azul
clases de cha-cha-cha
el gran simulador
la machicha

Herbie Mann – Bossa Nova Com Herbie Mann (1962)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje estamos chegando bem mais cedo e o dia vai ser longo para mim. Como eu já havia comentado, o samba está em todas. E quase sempre topamos com ele em discos de música brasileira. Daí, não reparem ou fiquem acreditando que eu estendi a temática por mais uma semana. O samba vai e volta… Para começarmos de bem com a segunda-feira, estou trazendo um álbum nota 10 de bossa nova. Temos aqui o flautista americano Herbie Mann, um dos maiores nomes do instrumento no mundo do jazz. O cara já gravou de tudo e com todo mundo, mas uma de suas grandes paixões foi a bossa nova, que ele conheceu em 1961, quando esteve pela primeira vez no Brasil. No ano seguinte ele voltaria ao país para gravar este disco, que segundo o próprio, seria uma mostra da verdadeira Bossa Nova. Para o instrumentista, tocar a música brasileira autêntica só se faz ao lado de músicos brasileiros. E assim, para fazer com que este disco soasse verdadeiramente como bossa, ele escalou os donos da bola – Tom Jobim, Baden Powell, Sergio Mendes, Paulo Moura, Durval Ferreira, Luis Carlos Vinhas e muitos outros. Tocaram com ele cinco diferentes conjuntos instrumetais. No repertório, apenas “Blues Walk” de Clifforf Brown e “Old Bossa” de Herbie são os temas internacionais, no mais é tudo Brasil. Um fato interessante neste disco é a presença de Tom Jobim cantando o seu “Samba de uma nota só” ou aqui, “One note samba”. Segundo as fontes, foi a primeira vez que ele gravou como cantor solista. E esta é a única faixa que não é instrumental. Sem sombras de dúvidas, um discaço! Confiram aí e comentem depois 😉

deve ser amor
menina feia
amor em paz
você e eu
one note samba
blues walk
consolação
bossa velha
.

Marçal – Interpreta Bide E Marçal (1978)

Bom dia! Hoje eu poderia dizer que estamos chegando ao final de duas semanas dedicadas ao samba. Mas seria uma grande mentira, não fosse a música brasileira, em muito da sua essência, ritmada no batido do samba. Seja o mais novo ou o mais antigo, o raro ou o lançamento, sempre ouviremos ecos de samba, esse ritmo derivador que a muito já chegou aos ouvidos de todo o mundo. Para o domingo eu tenho aqui este álbum fora de série (que não custou 2 reais!) do ritmista e mestre Marçal. Nele temos um singular encontro pautado numa homenagem à dupla Bide e Marçal. Para os desentendidos, Marçalzinho é o filho, herdeiro da arte do velho Marçal, que em dupla com Alcebíades Maia, o Bide, criaram clássicos sambas que nunca saíram da boca do povo. O ritmista vem acompanhado por um côro estrelar de fazer inveja. Como se pode ver logo na capinha acima, temos Chico Buarque, Clara Nunes, Cristina Buarque, Dona Ivone Lara, Elton Medeiros, Gisa Nogueira, Gonzaguinha, Paulo Cesar Pinheiro, João Nogueira, Paulinho da Viola, Miucha, Roberto Ribeiro e o Conjunto Nosso Samba. Quer mais? O interessante deste trabalho é que aqui, os medalhões só fazem côro e quem canta é o sambista Marçal. Taí um disco que eu ainda não vi pelas ‘bocas’ e que merece a nossa atenção. Confira aí o toque…

 
agora é cinza / meu primeiro amor / a primeira vez /a carta
barão das cabrochas / que bate-fundo é esse?
tua beleza / não diga a ela a minha residência
foi você / tu não sabes mais o que há de querer / velho estácio
sorrir / louca pela boemia / nunca mais / meu sofrer
violão amigo / se ela não vai chorar, nem eu
madalena / olha a sua vida / você foi embora / agora é cinza
 
 

Sargentelli – Sambão (1970)

Definitvamente, hoje o samba mandou me chamar. Ou me acompanha desde as 7 da manhã. Começou longo no café, quando eu preparava esta postagem, a qual eu só estou terminando agora por volta das 19 horas. Acabei não tendo como terminar naquele momento vespertino. Corri para a feira do vinil. Por lá acontecia também o lançamento do cd de um artista do samba. (uma vergonha, mas eu esqueci o nome dele, desculpa aí…) Passei o dia todo entre discos, papos, cerveja e samba. Voltei para casa numa p… dor de cabeça e eis que aqui chegando deparo com uma festa, literalmente de arromba no prédio vizinho. E olha só o que está rolando… uma verdadeira bateria de escola de samba rodeada por umas trezentas pessoas. O samba comendo solto aqui também! O som invade o mais surdo dos mortais. Minha cabeça chega a pulsar, mas devo admitir, a turma lá em baixo leva o samba na ponta do pé. São mesmo muito bons. O jeito é cair na folia e deixar a cabeça pulsar. Parabéns Marcelo, pelos 50 anos! Da próxima, convida o vizinho aqui 😉

Dando assim a minha contribuição e fechando por hoje, aqui vai mais um disco de samba bacana. Tenho para vocês mais um lp sob o comando de Sargentelli. Um álbum que eu acredito, foi o primeiro de uma série dos gravados ao vivo em sua casa de shows. Aqui encontramos um registro sem retorques, feito numa noite especial, onde algumas figurinhas importantes do meio musical marcaram presença. Temos como atração, como se pode ver logo a baixo, o Conjunto Nosso Samba, Coristas da Madrugada, Roberto Ribeiro, Yvonne Lara, Sonia Santos e outros mais. Todos sob a direção musical do Moacyr Silva. É samba de cabo à rabo. Muito bom!
coristas da madrugada – viva meu samba / mundo de zinco
conjunto nosso samba – um cântico a natureza
yvonne – sem cavaco não
luiz bandeira – pout pourri
germano batista – não sou feliz
roberto ribeiro – triste destino
arlete maria – acabou
conjunto nosso samba – pout pourri
trio abc – oropa, frança e bahia
trio abc – vamos embora
sonia santos – o samba da minha terra
yvonne – agradeço a deus
germano batista – pout pourri

Dudu Nicácio & Rodrigo Braga – Dois Do Samba (2008)

Bom dia a todos! Chegamos na sexta-feira com muito pique, nos embalos e abalos do samba. Como na semana passada não tivemos a apresentação de nenhum artista independente, hoje, chegando ‘aos finalmente’, tenho o prazer de trazer para vocês a dupla Dudú Nicácio e Rodrigo Braga, os Dois do Samba. Logo quando eles lançaram este trabalho, me foi enviada uma cópia para divulgação. Eu só não o publiquei porque não foi uma solicitação direta. E naquele momento ainda eu não havia criado um dia especial para artistas independentes. Mas numa semana dupla voltada para o samba, seria uma injustiça deixar de fora este trabalho super bacana. Ao contrário de muita gente que tenta fazer samba e acaba caindo no pagode, esses dois conseguiram sair do comum, fazendo um disco ‘descolado’ e com muita qualidade. Por certo alguns dirão que é samba de branco, mas qual é o branco brasileiro autêntico que não sente pulsar em suas veias o sangue do negro? O estereótipo do sambista, naturalmente, se manifesta em qualquer um que tem o dom de sambar. Nesse sentido o verbo aqui tem uma conotação ampla e dentro dele os Dois do Samba, já neste primeiro disco, são bambas. Quem ainda não teve a oportunidade de ouví-los, não deixe essa passar. Tenho certeza que não irão se decepcionar, muito pelo contrário. Os meninos dão o recado direitinho. Há espaço até para um Noel Rosa em seu “Tarzan, o filho do alfaiate”. Para quem quiser saber mais sobre os Dois do Samba, eu sugiro que façam uma visita ao site deles. Lá vocês irão encontrar todas as informações e saber por onde andam levando o seu samba. Muito bom mesmo! Confiram…

contrariedade
inconsequente
samba morena
chamada restrita
muqueca de tubarão
deixa o tempo
glossário
nem amarrado
por conta
resignado
tarzan, o filho do alfaiate

Clementina de Jesus – Clementina Cadê Você (1970-88)

Bom dia! Dando sequência à nossa dupla semana de samba, tenho para hoje mais um disco raro em todos os sentidos. Trago para vocês a carismática Mãe Quelé, Clementina de Jesus, neste lp originalmente lançado em 1970 e relançado em 1988, numa tiragem de apenas 1000 exemplares, homenageando a cantora e os 100 anos da abolição da escravatura no Brasil. Clementina faleceu em julho de 1987 e no ano seguinte o Museu da Imagem e do Som – MIS-RJ resolveu reeditá-lo (não sei se chegou ao formato cd). A gravação deste álbum foi (como sempre) uma iniciativa do genial Hermínio Bello de Carvalho. Ele foi quem produziu esta gravação feita, segundo o próprio, em condições precárias, no pequeno estúdio Elizeth Cardoso do MIS-RJ. Contou com a direção musical do maestro Nelsinho e um grupo de bambas como o Mestre Marçal, Luna, Índio, entre outros… Não precisa nem dizer, né? Imperdível!

vai, saudade
deus vos salve a casa santa
três corimas
a maria começa a beber
tomé
sei lá, mangueira
beira-mar
dua modas
sereia
cercar paca
a coruja comeu meu curió
a mangueira é lá no céu

Os Sambas Que João Gilberto Ama (2009)

Bom dia! Começando a quarta feira com muito pique, fui logo preparando esta coletânea, mais que especial, para fazer valer o dia. Esta seleção musical a qual eu denominei “Os Sambas que João Gilberto Amam” foi inspirada numa outra que saiu no ‘mercado paralelo’ do japonês no ano passado, reunindo uma série de sambas antigos, clássicos que o nosso querido João Gilberto sempre incluiu em seu repertório. Os arquivos me foram enviados pelo Chris Rousseau e agora, depois de preparar uma capinha com sabor tropical, apresento montado um álbum que foi sem nunca ter sido. Como vocês podem observar logo a baixo, trata-se de uma coletânea com gravações originais e algumas, inclusive, muito raras.

Só mesmo através de coletâneas como esta podemos hoje em dia ter acesso às velhas bolachas de 78 rpm. Gravadoras como RCA, Odeon e Copacabana sempre se preocuparam em relançar seus antigos sucessos na época de ouro do vinil. Com a chegada do cd as preocupações se concentraram no máximo aos ‘Long Plays’, em especial àqueles que tiveram boa vendagem. Foi mais por iniciativas isoladas, como as dos selos Revivendo e Moto Discos, que viemos a ter contato com pérolas esquecidas no fundo do mar. As questões de direito de publicação, exclusividades e contratos tiranos foram o grande empecilho para que uma seleção como esta pudesse vir a público. Viva hoje a liberdade conquistada na anarquia! Salve os novos tempos e a tecnologia que nos permitiu ter acesso ao que achávamos já ter perdido, a nossa memória fonográfica e musical. Por favor, não me venham falar de direito autoral baseado em estruturas comerciais fracassadas. Ponha o cifrão de lado e use o bom senso. Nem tudo que tem valor se adquire através do dinheiro. A riqueza cultural não pode ser vendida. Ela é naturalmente do povo, feita para o povo e pelo povo. É preciso separar o joio do trigo…
aquarela do brasil – francisco alves
no tabuleiro da baiana – luiz barbosa e carmem miranda
morena boca de ouro – silvo caldas
da cor do pecado – silvo caldas
a primeira vez – orland silva
aos pés da cruz – orlando silva
samba da minha terra – band da lua
acontece que eu sou baiano – anjos do inferno
rosa morena – anjos do inferno
doralice – anjos do inferno
sem compromisso – anjos do inferno
bolinha de papel – anjos do inferno
pra que discutir com madame – janet de almeida
eu sambo mesmo – anjos do inferno
de conversa em conversa – isaura garcia e os namorados da lua
tintim por tintim – os cariocas
adeus america – os cariocas
eu quero um samba – os namorados da lua
quando você recordar – garotos da lua
amar é bom – garotos da lua
duas contas – trio surdina
outra vez – dick farney
você esteve com meu bem – marisa
quando ela sai – joão gilberto
meia luz – joão gilberto

Moreira da Silva – Música Popular Brasileira Grandes Interpretes (1974)

Dentro da série Música Popular Brasileira – Grandes Interpretes, lançada pela RCA Victor e seu selo Camden para reedições de antigos fonogramas, temos hoje (e mais uma vez) o grande malandro, Moreira da Silva. Digo ‘malandro’ no sentido original da palavra, como cantou Chico Buarque em sua “Opera do Malandro”. Neste lp encontramos algumas das primeiras gravações de Antonio Moreira da Silva feitas na Victor. Extraídas das primeira bolachas de 78 rpm, encontramos aqui algumas pérolas que fizeram muito sucesso e ainda hoje podemos dizer que são bem conhecidas. Kid Morengueira sempre teve um repertório pronto e muitas das músicas que estão neste disco acompanharam o artista por toda a sua carreira. Vale a pena conferir essa jóia, pois muita coisa aqui, vocês não ouvirão tão cedo (ou tarde demais).

amigo urso
a deusa da vila
bilhete branco
mendigo de amor
com açucar
olha a direita
esta noite eu tive um sonho
doutor em futebol
olha a cara dela
o home que se casa é feliz
assim termina um grande amor
abre a boca e feche os olhos

Zé Carlos – Vamos Nessa (1979)

Bom dia! Iniciando mais uma semana, vamos dando continuidade ao samba. Fazer uma temporada temática de samba é ótimo em todos os sentidos. Afinal o samba é a voz maior da música popular brasileira. Daí, nunca faltam discos para serem mostrados.

Para hoje eu estou trazendo um disco que certamente vai dar ‘ibope’. Vocês conhecem o Zé Carlos? Esta é uma pergunta um tanto vaga, considerando que existem milhares pelo mundo (ou pelo Brasil), mas mesmo assim eu insisto e posso até oferecer mais dados para esta questão. Não me refiro ao seu sobrenome, mas aos dados contidos no próprio disco. Agora vamos ver… um álbum de samba canção, gravado em 1979 pelo selo CID… um repertório polido e executado por um time de craques como, João Donato, Antonio Adolfo, Wilson das Neves, Hélio Delmiro, Geraldo Vespar, Dino Sete Cordas, Neco, Orlandivo, Marçal, Zé Bodega, Jaime Além e Nair e mais uma dezena de outros músicos (os quais podem ser conferidos na contracapa). Facilitou? Pode até ser que não, mas com certeza, depois dessa rica listagem vocês vão querer conhecê-lo melhor. Foi assim também que aconteceu comigo. Porém, eu devo confessar que não tive muito sucesso. Numa consulta (sempre rápida) às fontes e oráculos, não encontrei muita coisa além do anúncio de venda do lp num desses Ebay da vida. Definitivamente não tenho informações sobre o artista. Mas posso dizer que se trata de um bom cantor. Sua voz me faz lembrar o lendário cantor mineiro Luiz Cláudio. Tem um pouco também do Emílio Santiago, sei lá… O certo é que é um discão, raro e de qualidade. Vamos nessa?
deitou e rolou
no pé da laranjeira
pode ser que amanhã amanheça chovendo
você já tem idade
só felicidade
página colorida
ela disse me assim
sombra e agua fresca
um novo dia
malandro moderno
conversa fiada