Liberdade, liberdade… – Espetáculo Cénico-musical (1965)

Aproveitando a onda do “deixa que eu edito”, aqui vai mais um disco sem separação de faixas. Na verdade este é um álbum que não carece necessariamente de tal edição. Isto porque o espetáculo também não tem pausas. Assim, só faz sentido separar as faixas para facilitar a localização imediata de algum trecho. Este disco é o registro ao vivo do espetáculo cénico-musical, apresentado no Teatro de Arena de Copacabana em abril de 1965, com texto de Millôr Fernandes e direção de Flávio Rangel. O elenco era formado por Paulo Autran, Tereza Rachel, Nara Leão e Oduvaldo Vianna Filho, numa produção conjunta do Teatro Opinião e do Teatro de Arena de São Paulo. Em plena ditadura militar o musical, se é que podemos dizer assim, foi sucesso imediato, percorrendo várias cidades do país. No ano seguinte, diante a repercussão, os militares resolvem proibir sua apresentação.

“Muitos acharão que Liberdade, Liberdade é excessivamente circunstancial. O ato cultural muito submetido ao ato político. Para nós, essa é a sua principal qualidade. (…) Consciente de si, do seu mundo, [o artista brasileiro] marca a sua liberdade, inclusive, realizando obras que são necessárias só por um instante. E que, para serem boas, necessariamente terão que ser feitas para desaparecer; deixando na história não a obra, mas, a posição. (…) muitas vezes a circunstância é tão clara, tão imperiosa, que sobe à realidade (…). Afirmamos que nesse instante a realidade mais profunda é a própria circunstância – e nesse momento não ser circunstancial é não ser real”.
Trecho do manifesto do Grupo Opinião