Arnaud Rodrigues – Sound & Pyla Ou Homenagem Do A Ao Z (1970)

Bom tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Eu as vezes costumo fazer umas retrospectivas na linha de postagem do Toque Musical e fico mesmo abismado com tanta coisa errada que escrevi em algumas delas. Daí, quando vejo algo errado, o certo é corrigir, não é mesmo? “Sound & Pyla…”, do Arnaud Rodrigues foi um deles e portanto, agora volta em uma nova postagem, um tanto mais descente e completa. Este disco até uns quinze anos atrás se encontrava no obscurantismo dos álbuns esquecidos, em plena era do digital. Voltou a luz muito por conta de blogs musicais como o Toque Musical. Foi a partir daí que muitas pessoas puderam ter o primeiro contato com este que foi, creio eu, o primeiro disco de Arnaud Rodrigues como artista da música, acompanhado pelo grupo (seria isso mesmo?) Unidade C. “Sound & Pyla ou Homenagem do A ao Z” foi lançado em 1970 pelo selo Copacabana. Na capa, como podemos ver, temos um texto escrito a mão e assinado pelo Roberto Carlos, uma apresentação do artista para um público jovem. Passados tantos anos este disco é hoje uma raridade que muitos colecionadores tem paixão. Virou objeto de desejo até de quem nunca ouviu a bolacha no prato. É isso que fazem os formadores de opinião, levantam a lebre e douram-lhe as pérolas. Sem dúvida, o disco é bem legal e merece toda essa pompa. Afinal, raridade é raridade… hehehe…

turma do pô yeah
tema de cristina
sound & pyla
um tanto emocionado
a espera de um beijo teu
projeto apollo (minha canção é um jornal)
reginella
mônica
o que ficou
big mama
esse mundo é nosso
tributo ao sonoplasta
 
 

Baiano E Os Novos Caetanos – Sudamerica (1985)

Boa noite, companheiros amigos cultos e ocultos! Quando eu antes vivia reclamando do pouco tempo que tinha para o blog, não imaginava que um dia não teria tempo algum. Tô bem nessa situação. Mesmo assim, não largo o osso, continuo aos trancos e barrancos tocando o Toque Musical. O amigo Samuel tem dado uma força preparando algumas resenhas, mas mesmo assim ainda falta tempo para eu preparar os arquivos e vir aqui fazer a publicação. Por isso, as vezes as postagens saem antes dos links. Mas como eu já informei em outras postagens, para facilitar a vida de vocês, estou deixando sempre um link na última letra do texto, antes da relação das músicas. Basta passar o cursor…
Seguindo… tenho para hoje mais um disco da dupla Arnaud Rodrigues e Chico Anísio encarnados na impagável dupla (ou conjunto?), Baiano e Os Novos Caetanos, uma espécie de caricatura de Caetano Veloso somada a outra com Os Novos Baianos. Uma brincadeira que deu certo, sendo que o primeiro disco, já muito bem apresentado aqui pelo Samuca, continua sendo um grande sucesso e sempre revisitado pelas novas gerações. “Sudamérica” foi o quarto e último disco da dupla, lançado em 1985, pela selo Ariola. Um trabalho também muito divertido e autêntico, porém já sem o mesmo sabor. Os tempos eram outros

na boca do povo
forrózé mané
cego é quem não quer ver
pica pau
festa do algodão
sudamerica
dance people
o brasileiro
catira caipira
tanto fez e tanto faz
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Baiano E Os Novos Caetanos (1974)

 Indiscutivelmente, Chico Anysio (Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, Maranguape, CE, 12/4/1931-Rio de Janeiro,  23/3/2012) foi um verdadeiro mestre do humor, um desses talentos múltiplos que não têm substituto.  Na televisão, no rádio, na imprensa, no teatro, no cinema, na literatura e, claro, também na música, Chico mostrou toda a sua criatividade e versatilidade, tornando-se um dos maiores e mais respeitados humoristas do Brasil. E muitos de seus personagens permanecem até hoje na memória popular, como o Professor Raimundo, o locutor de rádio Roberval Taylor (inspirado em Hélio Ribeiro), Pantaleão, Lingote, Véio Zuza, Tavares, Bozó, Painho, Azambuja, a velhinha Salomé, o galã temperamental Alberto Roberto, o político corrupto Justo Veríssimo e tantos outros.  Na época em que fazia o programa “Chico City”, um dos muitos humorísticos que protagonizou na Rede Globo de Televisão em mais de quarenta anos, o genial artista cearense juntou-se a Arnaud Rodrigues, o “Paulinho Boca de Profeta” (Serra Talhada, PE, 6/12/1942-Lajeado, TO, 16/2/2010), e criou um “grupo” que satirizava o tropicalismo e o universo hippie: Baiano e os Novos Caetanos (nome que, evidentemente, parodiava Caetano Veloso e os Novos Baianos).  Suas canções traziam letras divertidas e engajadas, com belos arranjos e uma cobertura instrumental de primeira linha, incluindo, violões, sanfonas, cavaquinhos, etc. O sucesso de Baiano e os Novos Caetanos, evidentemente, chegaria ao disco. Em seu auge, gravariam pela CID, empresa carioca que existe até hoje, dois LPs. E é exatamente o primeiro deles,  lançado em 1974, que o TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados, o que, por certo, irá reavivar as lembranças de tantos quantos se divertiram com esse “grupo”.  Com produção de Orlandivo (um dos reis do “sambalanço” nos anos 1960) e do próprio Arnaud Rodrigues, sob a direção artística de outro “cobra”, Durval Ferreira, é um álbum primoroso, bem feito, e hoje um indiscutível clássico da chamada “música de humor”.  A faixa de abertura, o samba-rock “Vô batê pa tu” (em que Chico Anysio também interpreta o personagem Lingote, aquele do bordão “Faloooooooou!”), ganhou de imediato as rádios e o público, e tratava, de maneira disfarçada, das delações acontecidas na ditadura militar. O “milagre econômico” brasileiro também não escapou , e é denunciado na faixa “Urubu tá com raiva do boi”, assinada por Geraldo Nunes e Venâncio.  Entre as dez faixas do disco, destacam-se também  “Véio Zuza” (em que Chico interpreta o dito cujo), “Nêga”, “Ciranda” e a belíssima canção “Folia de Rei”, trabalho primoroso e emocionante, que também alcançou merecido sucesso.  Enfim, este disco é antológico, raro, histórico, e o TM o aqui apresenta com muita alegria e satisfação, matando, por certo, a saudade de muitos fãs desses dois notáveis artistas que foram Chico Anysio e Arnaud Rodrigues (que morreu de forma trágica, durante um naufrágio, dois anos antes de Chico).  Eles ainda gravariam um segundo LP como Baiano e os Novos Caetanos, em 1975, e voltariam a se encontrar nos álbuns “A volta”, de 1982, e “Sudamérica”, de 1985. Ainda são creditados à dupla os LPs “Azambuja & Cia.” e “Chico Anysio ao vivo” (um show de comédia “stand up” do humorista cearense, com textos de Arnaud). Com este primeiro disco de Baiano e os Novos Caetanos, a diversão está garantida!

vô batê pá tú
nêga
cidadão da mata
urubu tá com raiva do boi
aldeia
ciranda
folia de rei
véio zuza
selva de feras
tributo ao regional
dendalei
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* Texto de Samuel Machado Filho

Arnaud Rodrigues (1989)

Olá, amigos cultos e ocultos. A postagem de hoje está sendo dedicada ao grande artista, ator e compositor Arnaud Rodrigues, que morreu na terça-feira passada, vítima de afogamento, quando a embarcação em que se encontrava afundou no lago da Usina Hidrelétrica de Lageado, no Tocantins. Arnaud foi sempre lembrado como humorista, principalmente ao lado de Chico Anísio, com quem trabalhou por muito tempo encarnando o personagem de Paulinho na dupla (trio, com Renato Piau) “Baiano & Os Novos Caetanos”. Ele trabalhou em diversos programas humorísticos e atuou também no cinema. Como cantor e compositor, gravou muitos discos, sempre demonstrando qualidade, coisa que em geral se dilui em artistas multifacetados, principalmente no caso dos humoristas. Tende-se a achar que a criação musical está sempre associada ao humor o que nem sempre foi o caso de Arnaud. Sua música autoral é rica, bem variada e criativa. Já tivemos aqui um bom exemplo de seu trabalho musical no disco “Sound & Pyla ou Homenagem do A ao Z”. Agora trago este lp, uma produção independente lançada no final dos anos 80. Um álbum muito bom e que nunca recebeu a devida atenção. Espero, nesta homenagem, trazer um pouco do cantor e compositor que agora nos deixa na saudade. 🙁

sete fôlegos
imaginando john lennon
vingança do menino da porteira
escravos de hoje
índio do uruguai
acorda brasil
noites de vila bela
passarinho amigo
tudo é carnaval
o bahia ganhou

Arnaud Rodrigues – Sound & Pyla ou Homenagem Do A ao Z (1970)


Eu tenho as vezes a impressão de que certos casamentos (ou parcerias) acabam implicando um dos parceiros. O mais forte acaba moldando o mais fraco. Um sempre fica na sombra do outro. Sinto algo parecido na relação do Arnaud Rodrigues com o Chico Anisio. O talento musical do Arnaud acabou ofuscado pelo humor e de uma certa forma pela dupla com o Chico.
Para quem não sabe, os dois formavam a caricata dupla “Baiano e Os Novos Caetanos”. Inicialmente tudo não passava de mais um quadro no programa de humor do Chico. Acabaram virando disco que também foi sucesso. O fato é que esse artista foi mais um que deixou pérolas esquecidas no mundo da MPB. Quantos ainda se lembram desse disco? Acho que vai ser mais fácil lembrar das última piadas que ele contou nA Praça é Nossa. Vale conferir… (quem vê cara, não vê conteúdo)

*esta postagem foi reeditada aqui em outro momento (texto completo)