Vanusa – Mudanças (1986)

Muitos pensam que ela é mineira. Mas, na verdade, Vanusa Santos Flores, nome completo da cantora-compositora que o TM põe novamente em foco no dia de hoje, é paulista de Cruzeiro, onde veio ao mundo no dia 22 de setembro de 1947, e foi criada na cidade mineira de Frutal. Foi lá que, na plenitude de seus 16 anos de idade, Vanusa deu início à sua carreira de cantora, atuando como crooner do conjunto Golden Lions, que se apresentava em inúmeras cidades da região. Em uma dessas exibições, foi vista por Sidney Carvalho, que trabalhava na agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi, que produzia o lendário programa “Jovem Guarda”, comandado na TV Record por Roberto Carlos. Convidada para morar em São Paulo, Vanusa foi lançada como rival da então “rainha da Jovem Guarda”, Wanderléa, e ganhou participação fixa em programas da TV Excelsior: “O bom”, apresentado por Eduardo Araújo, e “Linha de frente”, comandado pelos Vips. Na mesma emissora, integrou o elenco do humorístico “Adoráveis trapalhões”, substituindo Ted Boy Marino, ídolo da luta-livre de então, que fora para a Globo, e participou das últimas edições do “Jovem Guarda”, na Record. Já no compacto simples de estreia, em 1967, obtém retumbante êxito com “Pra nunca mais chorar”, de Carlos Imperial e Eduardo Araújo. Um ano depois, lançou seu primeiro LP, no qual estreou também como compositora, em cinco das doze faixas: “Mundo colorido”, “Perdoa”, “Pode ir embora”, “Eu não quis magoar você” e “Negro”.  A cantora também ficou célebre por seus relacionamentos, e namorou diversos colegas de profissão, como Wanderley Cardoso e Antônio Marcos, com quem acabou se casando, resultando dessa união as filhas Amanda e Aretha. Mais tarde contraiu segundas núpcias com Augusto César Vannucci, ator e produtor de cinema e TV, com quem teve o filho Rafael, vencedor, em 2002, da segunda edição do reality-show “Casa dos artistas”, do SBT. Ao longo de sua carreira, Vanusa lançou 23 álbuns, entre LPs e CDs, e vários compactos, vendendo três milhões de cópias e obtendo sucessos como “Mensagem” (regravação de antigo sucesso de Isaurinha Garcia), “Manhãs de setembro” (talvez o maior de todos), “Comunicação” “Sonhos de um palhaço”, “Paralelas” (esta, do recém-falecido Belchior), “Estado de fotografia”, “Desencontro” e “Amigos novos e antigos”.  Representou o Brasil  em vários festivais internacionais, recebeu cerca de duzentos prêmios, e apresentou-se em programas de TV como “Clube dos artistas” (da extinta Tupi), “TV Bolinha” (Bandeirantes), “Globo de ouro” e “Qual é a música?” (célebre quiz musical apresentado por Sílvio Santos).  Em março de 2009, viveu uma situação constrangedora: ao participar de um encontro estadual de agentes públicos, na Assembleia Legislativa paulista, cantou de forma errada e desafinada o Hino Nacional, causando consternação aos presentes. O vídeo espalhou-se pela web, sendo até motivo de piadas, e Vanusa atribuiu o deslize por estar sob a ação de um remédio contra labirintite. Um ano depois, ao se apresentar em evento comemorativo do Dia dos Pais, acontecido no Parque do Idoso, em Manaus (AM), Vanusa errou a letra de “Sonhos de um palhaço” (composição do ex-marido Antônio Marcos) e, para compensar, cantou um trecho de outra música dele, “Como vai você?”, provocando novo vexame. Depois disso, entrou em depressão, internando-se em uma clínica e, em 2013, já recuperada, retomou a agenda de shows. Seu mais recente trabalho é o CD “Vanusa Santos Flores”, lançado em 2015 pela Saravá Discos, e produzido pelo cantor-compositor Zeca Baleiro. Hoje, o TM oferece a seus amigos cultos, ocultos e associados o décimo-quarto álbum de Vanusa, gravado ao vivo, em março de 1986,  no restaurante Inverno & Verão, de São Paulo, que ficava no bairro do Campo Belo e cedeu lugar, anos depois, a um supermercado (!). O título do álbum, “Mudanças”, corresponde a um dos hits da cantora, composto em parceria com o sempre notável Sérgio Sá. É um ligeiro retrospecto da carreira de Vanusa até então (ela já estava com 17 anos de estrada), no qual a intérprete desfila toda a sua capacidade vocal e interpretativa em faixas diversas: hits de carreira (“Paralelas”, “Mensagem”, “Manhãs de setembro”, além, claro, da faixa-título), alguns clássicos inesquecíveis (“Súplica cearense”, “Felicidade”, “Maria, Maria”, “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”, “Aprendendo a jogar”), um pot-pourri de sucessos dos eternos Beatles (“Yesterday”, “Day tripper” e “Eleanor Rigby”), e hits da ocasião (“Um dia de domingo’ e “Bilhete”, esta última com excelente arranjo de Antônio Adolfo). Tudo em interpretações de primeira, oferecendo, como diz a contracapa, “música para quem gosta de música”. Este disco seria relançado pela RGE em 1992, com o título de “A arte do espetáculo”. E constitui, sem dúvida, um prato cheio para os apreciadores de música com M maiúsculo, produto difícil de se encontrar nos dias que correm… Aproveitem!

mensagem – manhãs de setembro – paralelas
aprendendo a jogar
um dia de domingo
yesteerday – eleonor rigby – day tripper
mudanças
bilhete
era um garoto que como eu amava os beatles e os rolling stones
felicidade
súplica cearense

*Texto de Samuel Machado Filho

Dick Farney – Momentos (1985)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje eu trago para vocês mais um disco da série lançada pelo saudoso restaurante Inverno & Verão, que existiu em Sampa na década de 80. Já falamos dessa casa de show aqui no Toque Musical. Por ela passaram grandes nomes da música nacional e até internacional. E para mim, seu grande mérito foi o registrar e lançar em discos os muitos artistas que por lá estiveram. Com o apoio do Credicard/Visa, o I&V promoveu e lançou de forma quase independente uma dezena de títulos, em discos não comerciais. Ao que sei, esses lps eram oferecidos aos clientes e fornecedores da casa de shows. Por aqui eu já publiquei várias dessas produções e na sequencia temos outro artista, que também sempre esteve presente em nossas postagens, o grande Dick Farney. Embora gravado em estúdio, este lp registra alguns bons momentos do repertório da temporada do artista, em março de 1985. Que eu saiba, essas gravações nunca chegaram a ser lançadas comercialmente. Assim sendo, a oportunidade de conhecer e ouvir o disco é essa. Confiram já, pois o tempo do link é uma baforada 🙂

marina
copacabana
somos dois
este seu olhar
saudade mata a gente
se todos fossem iguais a você
the lady is a tramp
uma loira
ponto final
alguém como tu
.

Zimbo Trio – Interpreta Milton Nascimento (1985)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Tenho recebido mensagens de alguns de vocês perguntando sobre a coleção Grand Record Brazil, de resgate dos fonogramas de 78 rpm. Me perguntam se terá continuação. Eu informo que sim, iremos continuar. A pausa longa é devido a minha falta de tempo para selecionar, digitalizar e compor a capinha. Eu diria, mais acertadamente, que meu problema maior, no momento, é reinstalar alguns programas básicos de edição e tratamento de imagens no meu computador. Meu Photoshop e meu Corel estão desatualizados e são versões antigas, free e limitados. Acho que chegaram no limite. Já não consigo trabalhar com esses programas. Daí, todo trabalho de restauro das capas ou de criação ficam comprometidos. Esse é o motivo pelo qual eu não tenho conseguido qualidade na apresentação das capas. Elas estão sendo apresentadas conforme o aspecto real do disco fotografado.
Bom, entrando no que interessa, vamos hoje com mais uma dose do Zimbo Trio, em apresentação e produção da casa de shows e restaurante, Inverno & Verão. Infelizmente esse espaço gourmet musical já não existe mais. Em seu lugar, hoje funciona um supermercado.
Mas voltando ao Zimbo Trio, temos aqui um registro do grupo ao vivo se apresentando na casa em agosto de 1985. O Zimbo Trio apresenta neste show um repertório exclusivo, com a música de Milton Nascimento. Uma releitura instrumental e jazzística de fazer inveja a qualquer músico estrangeiro. A qualidade da gravação é prefeita. O momento é único, por ser uma apresentação ao vivo. Vale muito a pena ouvir esse disco 😉

nada será como antes
teia de renda – coração de estudante
certas canções
menestrel das alagoas
travessia – viola violar – fé cega faca amolada
canção da américa
conversando no bar
outubro
.

Zimbo Trio – Trocando Em Miúdos A Tristeza do Jeca (1984)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Segue hoje, aqui, mais uma produção para o Inverno & Verão, um restaurante e casa de shows que fez história em São Paulo, na década de 80. Por lá passaram grandes nomes da MPB e desses, muitos dos seus shows foram registrado e posteriormente lançados em discos, em produções independentes, limitadas e não comerciais. Eram discos feitos para serem oferecidos como brindes, como é o caso deste do Zimbo Trio, oferecido como cortesia, em comemoração do terceiro aniversário do deste restaurante.
Zimbo Trio dispensa comentários. Aqui o grupo nos apresenta um repertório selecionadíssimo com dez músicas finas. Vale a pena ouvir de cabo a rabo.

lobo
serra da boa esperança
chovendo na roseira
luz
tristeza do jeca
natureza bela
aguas de março
trocando em miúdos
aquele um
atrás da porta
.

Inverno Verão Apresenta Angela Maria (1985)

Boa noite, amigos cultos e ocutos. Devagar, devagarinho vão saíndo as postagens. Aqui mais um disco dos muitos pacotes enviados pelo amigo Fares. Acho que temos material para abastecer o Toque Musical até o fim do ano, hehehe… Vai depender, é claro, do administrador que anda mais pra lá do que pra cá. Mas no pinga não pinga, sempre que possível teremos um novo toque aqui.
Hoje temos um disco da série “Inverno & Verão”, com a grande Angela Maria. Produção meio que independente, projeto que partiu do empresário Romualdo Zanoni, proprietário do restaurante Inverno & Verão. Na década de 80 o famoso restaurante foi palco e produtor de grandes artistas que por lá passaram e tiveram registradas as suas apresentações. Aqui no Toque Musical temos algumas dessas produções, discos de artistas como Dick Farney, Raul de Souza, Tito Madi e Silvio Caldas, Agora é a vez da Angela Maria. Mas ao contrários de outros discos dessa série, este é um álbum que não foi gravado ao vivo. Conforme nos informa a contracapa, este trabalho comemora os 35 anos de carreira da cantora, isso lá por volta de 1985. Embora seja um momento especial da artista e tenha bons arranjos e regência do maestro Daniel Salinas, o conjunto da obra não convence. Aliás, eu diria, que a Angela Maria teve a infelicidade de ser orientada para um repertório romântico-brega, o que limitou muito todo o seu potencial. Mesmo assim, vale a pena ouvir esta grande cantora brasileira.

velhos tempos
brigas
primavera em lisboa
o bilhete
ora eu, ora você
infinitas estrelas
apesar de não ser
passado e futuro
mais um cabelo branco
pensando em ti
.

Raul De Souza – Viva Volta (1986)

Seguindo a nossa jornada fono musical, vamos curtir agora um pouco de jazz, música instrumental de primeira linha com um dos maiores trombonistas do mundo, o fera, Raul de Souza. Dono de uma técnica única, este instrumentista se projetou a partir dos anos 60, ao lado de outros artistas da era bossa nova, segunda geração. Nos anos 70 ele trabalhou nos Estados Unidos com Sérgio Mendes, Flora Purim, Airto Moreira e Milton Nascimento. Ainda nos “States’ ele também tocou com grandes nomes da música americana, como os jazzistas Cal Tjader, Sonny Rollins, George Duke e outros mais. Por lá ele gravou alguns discos interessantes como, “Sweet Lucy” e “Don’t Ask My Neighbors”, produzidos por George Duke, sempre na linha do jazz. Seu trabalho diluiu um pouco quando se associou ao produtor Arthur Wright, na gravação do álbum “‘Til Tomorrow Comes”. Disco fraquinho, na onda da discoteca, coisa mesmo para o mercado americano. A partir dos anos 80 ele volta ao Brasil, se apresentando pouco, mas sempre as voltas com gravações, tocando no disco de um e de outro. Grava também dois discos, “The Other Side of The Moon” e este, “Viva Volta”. Ainda na década de 80 ele se muda para a França se apresentando com seu conjunto. Na década seguinte ele se fixa em Paris, retornando ao Brasil quase dez anos depois. Acho que foi nessa época que fizeram com ele um documentário, chamado também de “Viva Volta”, de 2005, onde o artista reconstrói sua trajetória, contando um pouco da sua história e tem ainda no filme um encontro (de arrepiar) dele com a cantora Maria Bethania (tem que ver).
O álbum “Viva Volta” é um disco gravado ao vivo, uma produção do empresário Romualdo Zanoni, dono da famosa casa de shows paulista Inverno & Verão. Nos anos 80 ele lançou diversos discos gravados ao vivo em seu restaurante. Nomes como Dick Farney, Tito Madi, Zimbo Trio e outros, também tiveram discos pela Inverno & Verão. Este lp de Raul de Souza foi relançado em 92 pela RGE, dentro da série “A arte do espetáculo ao vivo”. Sem dúvida, nada como uma gravação ao vivo, sem retoques, onde o músico se apresenta mais naturalmente. Melhor ainda quando a gravação é de qualidade e temos ainda a participação de outros grandes instrumentistas como é o caso aqui do pianista Guilherme Vergueiro, o batera Chico Melão, o contrabaixista Pixinga e os guitaristas Rui Yamamura e Jarbas Barbosa. Raul nos apresenta um repertório autoral e também músicas de João Bosco e Aldir Blanc, Milton Nascimento, Djavan, Noel e Vadico e outros… No disco-show Raul também mostra que de sopro ele também é fera no saxofone. Taí um artista que merece o nosso toque musical. Confiram…

manhã cedo
papel machê
viva volta
travessia
amor em paz
fato consumado
obi
inverno e verão
samba mestiço
feitio de oração
salve o rio