Moraes Moreira (1975)

Olá, amigos cultos e ocultos. Que triste dia o de hoje, heim? Pois é, perdemos o ‘novo baiano’ Moraes Moreira. Já era uma estrela e agora foi de vez morar no céu. Toda perda, toda partida, sempre é de se lamentar, mais ainda quanto acontece num infeliz acaso, sem a gente estar esperando. Como dizem, cada vez mais o andar de cima está ficando melhor que este. Nossos grandes artistas, as pessoas que admiramos vão aos poucos nos deixando. Qualquer hora também chega a nossa vez e isso é inevitável. Então, sigamos em frente. A vida é mesmo uma baforada…
Em homenagem ao Moraes Moreira eu publico aqui este lp de 1975, lançado pelo selo Som Livre, seu primeiro disco solo. Para mim, este foi, sem dúvida, seu melhor trabalho. Aqui ainda ecoa o espírito dos Novos Baianos, quase a mesma sonoridade. De um tempo em que a música brasileira era ainda mais brasileira. E como disse anteriormente, em outro post, a década de 70, principalmente em sua primeira metade, foi o período onde ela mais se frutificou. A melhor safra fonomusical se deu nessa época (claro, sem esquecer que a base de tudo veio dos anos 50 e 60). Neste lp Moraes Moreira vem acompanhado do trio Armandinho, Dadi e Gustavo Schroeter, que já eram o princípio da banda A Cor do Som e logo viriam também a partir para um vôo solo, ou melhor, em grupo. Discão bacana que agora passa a ser ainda mais procurado e por conta disso se torna ainda mais caro. Confiram no GTM.

desabafo e desafio
guitarra baiana
sempre cantando
chinelo do meu avô
chuva no brejo
nesse mar nessa ilha
do som
ps
loucura pouca é bobagem
anda nega
se você pensa
violão vagabundo



Carnaval 76 – Convocação Geral Vol. 2 (1975)

Na sequencia carnavalesca temos então o segundo volume do projeto Carnaval 76 – Convocação Geral. Aqui também encontramos muita coisa boa, com destaque para Sérgio Sampaio, com a música “Cantor de rádio”, que viria no ano seguinte a fazer parte do seu lp “Sinceramente”. Tem Maria Alcina com “Paixão malagueta”, sucesso de vários carnavais, Alceu Valença no frevo “Pitomba pitombeira”. Moraes Moreira também vem de frevo na música “Satisfação”. Na contracapa podemos ver ainda a presença de veteranos com Jorge Veiga e Angela Maria. Tom e Dito também dão o recado na marchinha “Me larga, me solta, me deixa”. E ainda, Os Tincoãs e o maluco Osvaldo Nunes. É bom também lembrar do grande Waltel Branco, responsável pelos arranjos. Em resumo, um disco muito bom, com artistas de diferentes gravadoras. Puro espírito de carnaval.

paixão malagueta – maria alcina
a choradeira – oswaldo nunes
fazendo tudo – trama
quebra quebra guabiraba – os tincoãs
pitomba pitombeira – alceu valença
a roupa do gonça – jorge veiga
prenda minha no carnaval – angela maria
me larga me solta me deixa – tom e dito
satisfação – moraes moreira
cantor de rádio – sérgio sampaio
carnaval bloco do amor – renata lu

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Davi Moraes – Papai No Colégio (1984) e Os Campeões – SOS Vidas (1985)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Seguem aqui mais dois compactos para o nosso festival de 7 polegadas. Desta vez reuni dois disquinhos tipo ‘promocional’, aqueles que só foram ouvidos na época de seus lançamentos, essas coisas que algum dia, para alguém se tornará raridade. Por enquanto é apenas curiosidade.
O primeiro é um compacto no qual Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, faz sua estréia em disco, cantando e tocando ao lado do pai. “Papai no Colégio” é uma espécie de frevo criada por Moraes Moreira, com letra de Ziraldo. A música, inicialmente, foi criada para uma campanha publicitária voltada ao eleitor do Colégio Eleitoral e nela a mensagem é a de um filho pedindo ao pai para votar direitinho, “comporte-se bem no Colégio”. Do outro do compacto temos uma música instrumental, “Pai e filho”, tocada obviamente pelos dois, pai e filho 🙂
No segundo compacto temos o encontro de campeões, artistas e esportistas, cantando juntos a música, “O homem, amigo do homem”, criação da dupla Sá e Guarabyra no SOS Vidas, um evento do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, lançado em 1985.

papai no colégio – davi moraes
pai e filho – moraes moreira e davi moraes
o homem, amigo do homem – os campeões
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Copa 94 (1994)

Beleza! A Seleção faturou mais uma. Vamos indo bem… Três a zero é bom demais! Para homenagear o dia nada melhor que um disquinho que poderá vir a acompanhar às próximas rodadas, com certeza!
Temos aqui uma outra seleção, essa de músicas feitas exclusivamente para explorar o tema de Copa do Mundo. Num ufanismo naturalmente exacerbado, vamos de samba, axé, marchas, frevos hinos… tudo em nome do amor à camisa verde e amarelo, ao futebol. Salve, salve Brasil!
(Não sei porque, aparentemente não tem nada a ver… mas me lembrei e me deu vontade de ouvir The Cramps, “Bad music for bad people”)

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arrebenta brasil – seu boneco
brasil, foraça e raça (hino da seleção) – grupo nosso samba
haja coração – elson forrogode
brasil legal – luiz ayrão
raça brasileira – swing da cor
sorriso em verde e amarelo – garotas de outro de recife
coração verde amarelo (tema da tv globo) – aerobanda
vencer ou vencer – moraes moreira
sai fora – grupo pirraça
axé verde amarelo – banda lua
o brasil vai faturar – grupo galera
canarinho cowboy – dalmo medeiros e coro come
pra frente brasil – a taça do mundo é nossa – turma da seleção
i love tetra – turma da seleção

Show 1º De Maio (1980)

Bom dia para todos nós! Hoje, 1º de maio, é comemorado o Dia Mundial do Trabalho. Curiosamente, todos nós estamos de folga, é feriado. Será que é feriado no mundo todo? Eu nunca havia me perguntado isso antes. Taí, não sei… mas pelo jeito deve ser apenas no Brasil, ou não? Falou que é feriado tá pra nós. Neste ano temos muitos, para compensar o excesso de trabalho (e mal remunerado) que a população é obrigada a encarar. Dizem que o brasileiro não gosta de trabalho. E quem gosta? Trabalho bom é aquele que nos dá prazer, que nos realiza como pessoa e como profissional. Consequentemente, nos traz dinheiro e prosperidade. Mas para a grande maioria, essa realidade está longe de se concretizar. Trabalho no Brasil é sinônimo de sobrevivência!
Para celebrar a data, eu tenho aqui este álbum que é uma pequena amostra do memorável ‘Show 1º de Maio” de 1980 que aconteceu no pavilhão Rio Centro. Para um público com aproximadamente trinta mil pessoas, participaram um dos maiores blocos de artistas, cantores e compositores, já reunidos num mesmo espetáculo. O show foi promovido pelo Centro Brasil Democrático no sentido de angariar fundos para o Encontro Nacional de Músicos, no CONCLAT (Congresso da Classe Trabalhadora). Participaram do espetáculo dezenas de artistas dos mais consagrados. Não vou relacioná-los aqui, pois tudo pode ser conferido na contracapa.
O certo é que foi um tremendo show, começando as 21 horas e só foi terminar nas altas da madrugada. Um espetáculo dessa grandeza levantou as orelhas (e focinhos) dos militares da época. No ano seguinte tivemos o episódio do atentado terrorista, perpetrado por radicais militares que não viam com bons olhos a ‘Abetura’ iniciada naquela década. Esse lance foi de amargar. Pior ainda é saber que o então Capitão Wilson Dias Machado, (in)responsável pelo ataque, vive hoje numa boa, com a patente de Coronel e é educador do Exército no Colégio Militar de Brasília. Pode???
Este disco só tem um grave defeito. Ao pensarmos em quantos e ótimos artistas estiveram se apresentando no show, fica a pergunta: porque não fizeram um álbum duplo, triplo ou coisa assim? Resposta simples: questões contratuais com as gravadoras, limitaram a oito os artistas presentes no lp. Boca Livre, Dorival Caymmi, Sérgio Ricardo e João do Vale eram artistas independentes, os demais foram estrategicamente liberados pela Ariola e WEA.
Nessas horas é que se percebe como nas gravadoras só tem gente sem visão comercial. Ao invés de liberar o artista ou fonograma, que indiretamente promoveria a gravadora, eles preferiram resguardar seus tesouros. É isso aí seus Manés, continuem dando tiro nos pés!

prá não dizer que não falei de flores – o público
toada (na direção do dia) – boca livre
ele disse / assum preto – alceu valença
um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco – milton nascimento
não deixo de pensar / segredo do sertanejo / pisa na fulô – joão do vale
o preto que satisfaz (feijão maravilha) – as frenéticas
vou renovar – sérgio ricardo
lá vem o brasil descendo a ladeira
história de pescadores – dorival caymmi
prá não dizer que não falei de flores – o público

Moraes Moreira – República da Música (1988)

Este disco do Moraes Moreira vale pela capa. Uma sátira ou referência sobre um fato curioso ocorrido alguns meses antes do lançamento do disco. No final de 1987, uma embarcação de nome “Solana Star” com um carregamento de 15.000 latas de maconha (pesando 1,25 Kg cada) procedente da Indonésia, foi interceptada pela guarda costeira no litoral brasileiro. Para evitar o flagra a turma à bordo resolveu dispençar a carga jogado ao mar. Deu merda para os caras do mesmo jeito. Por outro lado, acabou fazendo a alegria da malucada naquele verão e por mais uns bons meses. Aquilo era um ‘maná’, um fumo nota 10! As latas se espalharam, sendo levadas às praias pelas marés, do sul da Bahia até Santa Catarina. A polícia federal correu atrás mas já era tarde. A malucada correu primeiro. Muita estória sobre isso foi contada e já virou lenda praieira. Mas de uma coisa eu posso ter certeza, essa capa do Moraes Moreira não foi atoa. Embora em todo o disco nenhuma faixa faça referência à droga, fica claro que a “República da Música” é mesmo ‘da lata’.

1. Vem me perdoar (Zeca Barreto – Moraes Moreira)
2. Do Caribe (Rodrigo Campello – Guilherme Maia – Fernando Moura – Moraes Moreira)
3. Dança dos bichos (Moraes Moreira)
4. Amores urbanos (Zeca Barreto – Fausto Nilo – Moraes Moreira)
5. Ferro na boneca (Galvão – Moraes Moreira)Participação: Baby do Brasil / Pepeu Gomes / Paulinho Boca de Cantor
6. Fogueira nova (Fausto Nilo – Armandinho – Moraes Moreira)
7. Carnê do carná (Moraes Moreira)
8. Quilombahia (Zeca Barreto – Moraes Moreira)
9. Rádio amador (Moraes Moreira)
10. Preta, pretinha (Galvão – Moraes Moreira)