It’s Rock 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 45 (2012)

E chegamos esta semana à quadragésima-quinta edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, apresentando a segunda parte de uma seleção dos primórdios do rock brasileiro, feita e digitalizada pelo amigo Chico, administrador do blog Sintonia Musikal, que gentilmente a liberou para os amigos cultos, ocultos e associados do nosso TM, e a quem mais uma vez agradecemos a cortesia.

Abrindo a seleção desta semana, que perfaz um total de 13 fonogramas, o mambo-rock (ou rumba-rock) “Cha-hua-hua”, de Joe Lubin e Irving J. Roth, na execução de Luizinho e seu Conjunto, gravação lançada pela Columbia em 1958 com o n.o CB-11044-A, matriz CBO-1630, e que também integrou o LP “Um baile com Luizinho”, reedição ampliada de um álbum de dez polegadas com o mesmo título, editado um ano antes. Guitarrista, o músico teve também a banda Luizinho e seus Dinamites, e faleceu na década de 1990. Em seguida outra faixa instrumental, lançada pela mesma gravadora e também em 58, um pouco antes: o rock “Short shorts”, de Tom Austin, Bob Gaudio, Billy Dalton e William Crandall, integrantes do grupo americano Royal Teens, aqui na interpretação de Bolão e seus Rockettes, disco CB-11035-A, matriz CBO-1556, sendo também faixa do LP “Rock sensacional” (ironicamente reeditado mais tarde como “Viva a brotolândia”, mesmo título do primeiro LP de Elis Regina!). Saxofonista, clarinetista e flautista, Isidoro Longano, o Bolão (1925-2005) profissionalizou-se como músico em 1944, integrando várias orquestras e, como roqueiro, também gravou discos com os pseudônimos de Edward Long e Bob Longano, além de ter também integrado os Jet Blacks.

O pianista Aldovrando de Castro, o popular Mestre Duda,  foi durante anos muito popular na noite paulistana, teve conjunto próprio e gravou diversos discos de cunho dançante. Ele aqui comparece  com “The Tennessee rock and roll”, de Larry Coleman e Irving Reid, lançado em janeiro-fevereiro de 1958 pela Continental com o n.o 17514-B,  matriz 12017,  faixa depois incluída em seu segundo LP,  “Vai começar o baile”.

A faixa 4 é “Ski rock, ski roll”, de autoria de “Louis Oliveira and friends”, interpretada pelo grupo Os Cometas, gravação Odeon de 29 de janeiro de 1957, lançada em abril seguinte com o n.o 14185-B, matriz 11520. Na faixa 5, “A zoo rock”, composição e interpretação de Luiz de França, um autêntico zoológico musical, com imitações de animais diversos. Foi o primeiro lançamento, em 1959, de uma gravadora que durou pouco tempo, a Discobrás (0001-A).

Cantor e compositor paulistano, Osvaldo Rodrigues (n.1920) era linotipista nas oficinas de impressão do “Diário Oficial” de São Paulo antes de seguir carreira musical, e os colegas de trabalho o incentivaram a cantar. Gravou seus primeiros discos no selo Carnaval, da Star (futura Copacabana) em 1951, com músicas para a folia de Momo. Sua discografia, também nos selos Continental, Odeon e Philips, é bastante extensa: algo em torno de 50 discos 78, além de um compacto duplo e participações em LPs-coletâneas. Aqui, Osvaldo interpreta “Personality”, grande sucesso de Lloyd Price, composto por ele e Harold Logan, em versão de Sérgio Galvão e Neide Garcia. A gravação saiu em outubro de 1959 pela Continental, com o n.o 17740-A, matriz 12359. A versão teve também registros de Regina Célia e dos Golden Boys, na mesma ocasião.

Paraibano de João Pessoa, Jayro Aguiar (n. 1937)  gravou seu primeiro disco em 1956, na Copacabana, interpretando o samba “Uma noite no Rio” e a valsa “Sussu”. Tem também nove Lps, vários 78 rpm e alguns compactos em sua discografia. Seu último trabalho em disco foi o CD independente “Ontem, hoje e sempre”, nos anos 1990. Jayro Aguiar aqui comparece com o calipso “O herói da lambreta”, dele próprio em parceria com o acordeonista Mário Mascarenhas, lançado pela Copacabana em novembro de 1959 com o n.o 6051-A, matriz M-2508.

Liderado por Renato Barros, o grupo Renato e seus Blue Caps foi um dos mais populares dos anos 1960/70, e também um dos ícones da Jovem Guarda. Eis aqui uma faixa rara, em que eles aparecem com o nome de Os Adolescentes, lançada em 1960 pela modesta gravadora Ciclone, com o número 12015-A: “Espante a tristeza (Shoo ya blues)”, de Luther Dixon e Smith, em versão de Pedro Leandro Nunes. Foi aliás a estreia do grupo em disco.

Humorista e entrevistador de televisão, tendo criado tipos inesquecíveis, o carioca Jô Soares (n. 1938) mostra aqui seu lado roqueiro com a divertida “Volks do Ronaldo”, que ele mesmo lançou no compacto simples de selo Farroupilha n.o FA-103-B, em 1963. Naquele tempo, é bom que se frise, o Volkswagen 1300 ainda não era chamado de Fusca. Logo em seguida vem outro comediante famoso, Tutuca, pseudônimo de Usliver João Baptista Linhares (n.1934), famoso pelo bordão “Xiiiiiiii…..”. Ele aqui interpreta, de sua autoria, “Playboy maluco”, gravação de 12 de maio de 1960, lançada em julho seguinte, que inaugurou o selo Camden, da RCA Victor, com o n.o CAM-1001-A, matriz 13-L3PB-0966. E olha só quem vem depois: José Messias. Sim, ele mesmo, aquele jurado do Raul Gil! Admirado por uns, detestado por outros, ele aqui interpreta, de sua autoria, o “Rock do Cauby”, satirizando a popularidade do grande Cauby Peixoto, em gravação lançada pela Philips em abril de 1961, sob n.o P-61088-H-A. Nascido em Bom Jardim de Minas, no ano de 1928, Messias tem mais de duzentas composições gravadas, nas vozes de inúmeros intérpretes, como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nélson Gonçalves, Roberto Carlos e José Ricardo, entre outros.

Outro comediante querido, este lembrado com saudade pelo público, Walter d’Ávila (Porto Alegre, RS, 1911-Rio de Janeiro, 1996) aqui comparece com o “Rock do vovô”, de Bruno Marnet e Ari Monteiro, que gravou na Odeon em 30 de junho de 1961, com lançamento em novembro seguinte sob n.o 14744-B, matriz 14802.

E encerramos esta seleção com chave de ouro, trazendo nada mais nada menos que o futuro “Rei”, Roberto Carlos! Ele aqui interpreta, de Hélio Justo e Erly Muniz, “Triste e abandonado”, lançada pela CBS em outubro de 1962 com o número 3239-B, matriz CBO-3495, e depois disponibilizada em compacto duplo. Não poderia haver encerramento melhor para esta seleção, vocês não acham? Pois então, divirtam-se!

*Texto de Samuel Machado Filho

Luizinho E Seus Dinamites – Choque Que Queima (1967)

Outro grupo que merece um toque musical é este do Luizinho, guitarrista pioneiro no rock Brasil. Nos anos 50 ele já havia formado o “Blue Jeans Rockers”, grupo de rock and roll clássico, que animou muitos bailes no Rio de Janeiro. Os Dinamites era formado, além de Luizinho (guitarra e vocalista), por Jair (guitarra base), José Antônio (baixo) e Carlinhos (bateria) e Euclides (que também tocou com The Pop’s). “Choque que Queima”, me parece que foi o único disco do grupo. Mas mesmo sendo só um, já valeu demais. Obscuro, raro e esquecido, mesmo assim e talvez por isso mesmo, este disco merece um pouco mais da nossa atenção. Trata-se de um clássico, com certeza! “Luizinho morreu em meados dos anos noventa, deixando a lenda de ter sido um dos precurssores do rock nacional, sem o devido reconhecimento.” FR

01. Dinamite
02. Choque Que Queima (Choppin’ and Changin’)
03. Driving Guitars
04. Eu Vou a Lua (I Cannot Find a True Love)
05. As Estações (Evergreen Tree)
06. Apache
07. A Raposa e o Corvo (The Snake and The Bookworm)
08. Carango Twist (Down The Line)
09. Bongo Blues
10. Uma Voz na Solidão (A Voice in The Wilderness)
11. Lâmpada do Amor (Lamp of Love)
12. Guitar Twist