Toque Musical – 5 Anos De Resistência!

Muito bom dia a todos! Hoje a data é especial aqui no blog, pois estamos completando cinco anos de atividades. Mais uma vez eu vou repetir, não esperava chegar até aqui. E quando eu digo isso, não é por conta da pressão, do descrédito e do despeito de alguns que passaram por aqui como nuvens negras. Isso eu sempre tirei, literalmente, de letra. O que eu não acreditava é ter tempo e paciência para uma empreitada diária. Se bem que, quando a gente faz uma coisa que gosta muito, não vê o tempo passar e em se tratando de música, discos e gravações, eu me dedico com afinco. Meu prazer é estar envolvido neste universo musical e ter o privilégio de poder ouvir, ditar e manusear discos raros, coisas super bacanas, que poucos podem ter acesso. Sinto-me bem podendo levar aos outros um pouco dessa minha riqueza. Nessa vida, só é feliz de verdade quem sabe compartilhar. Não há um prazer completo quando não se tem com quem dividir. Somos naturalmente dependentes e precisamos uns dos outros. Sinceramente, eu não estaria envolvido nessa história se achasse de verdade que estou prejudicando alguém. Muito pelo contrário, na aparente transgressão e anarquia, creio que fiz mais o bem do que o mal. É talvez por essa razão que eu permaneço e chego a ponto de criar um Toque Musical independente, bancando do próprio bolso o custeio de hospedagem do site. Felizmente, quando se faz o bem, a gente sempre encontrará no caminho outras pessoas dispostas a ajudar. E amigos, sejam eles cultos ou ocultos, nunca me faltarão. Aproveito, desde já, para agradecer os votos recebidos via e-mails, mensagens nos comentários e facebook. Obrigado a todos!

 

Victor Pilla Orq – Brazilian New Sound (1969)

Boa noite amigos cultos, ocultos e associados. Sem ressaca e de cara limpa, eu hoje estou trazendo um disquinho raro e dos bons. Um álbum pouco conhecido, mas que vale cada uma das duas 12 faixas. Repertório enxuto e de qualidade. Victor Pilla Orq é um nome em discos que eu não conhecia. Depois de muito procurar pela rede, começo a desconfiar que este conjunto/orquestra foi um nome que só aconteceu em disco. Não há na internet nenhuma informação ou pista que nos leve a este conjunto. Assim sendo, esta postagem fica passível de aliterações e está aberta a comentários e informações complementares. Ao invés de ficarmos quebrando cabeça tentando descobrir quem eram, vamos primeiro ouvi-los. Pede aí que a gente toca no GTM e também na WRTM numa nova programação musical 😉

 

correnteza

roda de palmas

sinhazinha

wave

andança

memórias de marta sare

zazueira

meia volta

o cantador

timidez

sá marina

canto de fé

Marcos Roberto – Singles E Raridades (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje eu estava certo de que iria faltar à postagem, pois o dia foi puxado. Literalmente puxado e arrastado. Estou com uma sensação de derrota perante a minha própria e impiedosa autocrítica. Ser virginiano é uma merda!  Mas depois de mais uma dose de whisky para acalmar (e acalmei), decidi sair do bode e voltar atrás. Quem posta, seus males espanta. Lá vou eu…

Me lembrei que estava em falta com o amigo Marujo. Na semana passada ele enviou esta seleção musical, montada com capricho, em homenagem ao cantor Marcos Roberto, falecido no sábado, dia 21 deste mês. Confesso a vocês que nunca dei muita boa para uma boa parte de artistas da Jovem Guarda que acabaram caindo no gênero brega fácil. Marcos Roberto, dentro do que eu conheço, foi um desses artistas que acabaram entrando no esquemão para não cair no esquecimento. Posso estar parecendo meio injusto, mas estou dizendo essas coisas diante ao que eu vi e agora estou ouvindo. Temos aqui uma seleção de ‘singles’ e raridades do cantor. Coisas que eu mesmo nem conhecia. E para o meu espanto e contradição, descubro aqui um artista que eu não conhecia. Algumas de suas músicas, do período da Jovem Guarda, superam em muito a maioria da turma (sem falar, obviamente, em Roberto e Erasmo). Pô, estou aqui delirando com músicas como “Bem mais de 100”; “Prisioneiro”; “Quem pôs tanta coisa em sua cabeça” e “Queime as minhas roupas”. Bom, se o Black & White ajudou eu não sei. O fato é que estou gostando. Por favor, não me falem de ressaca. Confiram aí a seleção, que acima de tudo foi feita com muito carinho e é também a nossa homenagem ao artista.

i love you, i do

encontrei o amor

vou rir de ti

pedacinho de sabão

no te tengo a ti

yo te quiero asi

la ultima carta

si tu quieres partir

prisioneiro

quem pôs tanta coisa na sua cabeça

maria rosa

queime minhas roupas

ah, antes que eu me esqueça

erros

vida, minha vida

bem mais que 100

muito obrigado

querida

vontade de voltar

deixa é comigo

lembranças de você

menina triste

te amo, te amo, te amo

Simonetti – É Disco Que Eu Gosto (1977)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje, sexta feira, seria convencionalmente o dia do artista/disco independente. Eu, porém, não tenho nada à mão no momento para salvar o dia. Se nossos artistas e seus discos independentes não vierem aqui para divulgar, eu é que não irei fazê-lo sem permissão. O espaço está aberto. Modéstia a parte, uma bela vitrine para qualquer artista apresentar seu trabalho. Fica aqui, novamente, o convite. Se está lançando um álbum, manda pra cá, pois é de disco que eu  gosto! Eu e todos por aqui 🙂 Como se pode ver, essa simpatia ao disco não é de hoje. Temos aqui um álbum lançado pela RGE em 1977. Uma coletânea trazendo alguns dos melhores momentos o maestro e arranjador italiano Enrico Simonetti, cujo o título é o inspirado “É disco que eu gosto”. Este era o nome de um programa da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, apresentado por Henrique Lobo nos anos 60. A música de abertura, o prefixo do programa, com o mesmo nome foi orquestrada e arranjada por Simonetti. Em 77 a RGE lança este lp reunindo alguns dos melhores momentos de seu internacional maestro. Simonetti atuou no Brasil nos anos 50 e 60. No início dos anos 70 ele voltou para a Itália onde continuou gravando, principalmente trilhas para tv e cinema. Pessoalmente, adoro os compositores italianos que trabalhavam com trilhas, são geniais e o Simonetti é um bom exemplo. Neste elepê podemos perceber bem as suas qualidades numa seleção musical totalmente brasileira, temas clássicos muito bem arranjados e orquestrados. Muito bom!

é disco que eu gosto

delicado

samba de uma nota só

favela

madureira chorou

divino espírito santo

evocação

se acaso você chegasse

tico tico no fubá

lampião de gaz

saudades da bahia

meditação

o orvalho vem caíndo

patorinhas

The Cuban Boys – Cha Cha Cha (1962)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Não sei se vocês já perceberam, mas estamos com mais um agrado no Toque Musical. Refiro-me ao nosso tocador de músicas, que agora passa a fazer parte do blog, trazendo semanalmente uma lista de músicas extraídas de diferentes postagens. Como o Toque Musical é por excelência um blog variado, teremos também uma programação sortida, agradando aos gregos, troianos e romanos 🙂 Por enquanto, ainda estamos em fase da adaptação e teste, mas mesmo assim já é possível conferir a programação musical. Basta clicar no quadro da Web Rádio Toque Musical e uma nova janela se abrirá para o tocador. Esta por sua vez não depende de estar nas páginas do TM. Obrigatoriamente ninguém precisa estar no blog para ouvir a WRTM. Fiquem a vontade para comentar. Tenho certeza que muitos farão desta, sua web rádio favorita.

Ainda  não está na programação, mas logo chega: The Cuban Boys, vocês conhece? Não estou me referindo ao grupo cubano de rap. Os garotos cubanos aqui são outro. Na verdade, nem cubanos eles são. O time aqui é mesmo de brasileiros. Um grupo criado e produzido para o selo Pawal, que naquele início dos anos 60 era também responsável pelos lançamentos de Celso Murilo e Seu Conjunto. Bom…, na verdade o The Cuban Boys e Celso Murilo e Seu Conjunto é a mesma coisa. A Pawal, como diversas outras gravadoras e selos, usavam desse artifício, criando pseudônimos para seus artistas, de maneira que esses pudessem atuar com sendo outros artistas. Para a Pawal isso era bom, pois ampliava o seu catálogo fonográfico.

Mas como eu dizia, temos aqui The Cuban Boys, uma produção feita para atender a demanda do mercado da época. A onda era então o Cha Cha Cha e Pawal mais que depressa lança lá o seu conjunto. Realmente, mataram a pau, um p… disco para se ouvir de cabo a rabo. Desfilam aqui alguns clássicos desse gênero delicioso, assim como também composições do organista, aqui chamado pelo nome real de Celso Pereira. Imperdível!

los marcianos

september song

carinito

esto es el ritmo

love for sale

cha cha celso

tea for two

rico vacilon

mirage

ritmo sabroso

cha cha cha na passarela

cha cha cha en copa

 

Mike Falcão – Sonhei Que Estávamos Dançando (1960)

Aproveitando o embalo, já que falamos ontem sobre Walter Wanderley, vamos hoje, novamente falar sobre ele. Ou melhor, vamos ouvi-lo, desta vez como Mike Falcão, outro codinome atribuído a ele. Seguindo a mesma linha e estilo, propostos pela Odeon para o Ivan Casanova, Mike Falcão é também mais um nome por trás de grandes instrumentistas, que por razões diversas jamais foram citados. Penso que esses grupos musicais criados pela Odeon, não foram apenas no sentido de desviar questões contratuais. Mas sim de gerar novos nomes para o ‘cast’ do selo paralelo da gravadora, no caso, o Imperial.

Neste álbum a presença de Walter Wanderley se faz ainda mais presente, através de seu estilo inconfundível ao piano e órgão. O repertório mescla doze temas variados, entre músicas nacionais e internacionais. Também, um excelente elepê, que merece o nosso toque musical.

how high the moon

i love paris

ao pés da cruz

saudade da bahia

i’ll never fall in love again

diana

lá vem a baiana

praça onze

around the world

moulin rouge

this can’t be love

besame mucho

Ivan Casanova E Seus Conjuntos – Melodias Célebres Do Cinema (196?)

Boa noite, amigo cultos, ocultos e associados! Antes que a terça vire quarta, aqui vai nossa postagem do dia. Hoje trazendo, mais uma vez, Ivan Casanova e Seus Conjuntos. Desta vez apresentado vários temas clássicos do cinema internacional. Um nome de fachada criado para esconder estrategicamente, por questões contratuais, artistas como Walter Wanderley. Muitos afirmam que este foi um codinome adotado por Walter, assim como outros. Porém ao ouvirmos este disco, quem ainda não sabe da história, há de pensar que Ivan Casanova é um saxofonista. Isto porque em quase todas as doze faixas o que mais se destaca é o saxofone. Daí, eu concluo que o tal codinome não se refere necessariamente ao Wanderley. Certamente ele está tocando neste elepê, percebe-se logo pelo estilo ao piano, mas, como dizem, uma andorinha só não faz verão. Havia ali outros grandes nomes que vale também ser citados, mas nessa história só vazou o Wanderley. Taí, um assunto bom para ser comentado aqui. Vamos lá amigos, demonstrem interesse! Quem sabe alguma coisa além, vem cá contar para nós 🙂

singing in the rain

blues skies

an affair to remember

ebb tide

unchained melody

around worldbe my love

stella by starlight

over the rainbow

love is a tender trap

high society

whatever wil be, will be

Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 28 (2012)

Fratura no joelho é um troço bem complicado… O nosso Augusto TM que o diga! Mas depois de mais um período de ausência forçada (até eu senti saudades), eis aqui a vigésima-oitava edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, apresentando mais dez preciosos fonogramas da era das 78 rotações por minuto para enriquecer os acervos de nossos amigos cultos e associados. E começamos com um sucesso de Patrício Teixeira (1893-1972), carioca da Rua São Leopoldo, na lendária Praça Onze, que começou a gravar ainda pelo processo mecânico e continuou de maneira bem sucedida na fase elétrica, até quando saiu seu último disco, em 1944. (depois disso, ainda gravaria a canção “Azulão”, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, para um LP da Sinter).  Foi até professor de violão, e entre suas alunas mais ilustres estão Nara Leão e as irmãs Linda e Dircinha Batista. E Patrício aqui comparece com um clássico: o samba “Gavião calçudo”, do mestre Pixinguinha, com letra de Cícero “Baiano” de Almeida, cujo sucesso desaguaria no carnaval de 1930. Saiu em duas gravações de Patrício: a primeira no selo Parlophon, em março de 1929, e esta segunda, com o selo Odeon, lançada em agosto do mesmo ano com o n.o 10436-A, matriz 2685, na qual o intérprete canta a letra completa, acompanhado de piano e violão (no registro original era com orquestra, e nele só foram apresentados o estribilho e uma das estrofes). “Azulão” também está aqui, mas no registro original do “cantor das noites enluaradas”, Paraguassu (Roque Ricciardi, 1894-1976), lançado pela Columbia em fevereiro de 1930, disco 5141-A, matriz 380474.

Em seguida, um monólogo divertidíssimo interpretado pelo ator Pinto Filho. Trata-se de “Guerra ao mosquito”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, lançado pela Parlophon em agosto de 1929 com o n.o 12989-A, matriz 2670. Mais atual impossível, uma vez que o Brasil tem sido, nos últimos tempos, atingido por endemias tropicais como a dengue, especialmente no verão. Não faltam farpas a políticos de prestígio na época, como o então candidato a presidente da República Júlio Prestes.

A próxima faixa vem a ser o primeiro grande sucesso nacional de Ary Barroso como compositor: a marchinha “Dá nela”, interpretada por Francisco Alves com a Orquestra Pan American de Simon Bountman, e um dos hits do carnaval de 1930. Gravação de 9 de janeiro daquele ano, lançada pouco depois sob n.o 10558-A, matriz 3258. No dia 18, a música venceu um concurso promovido no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, e com o dinheiro ganho (cinco contos de réis!), Ary Barroso teve condições de se casar (com Yvonne Belfort Arantes) e ainda recebeu seu diploma de advogado. De letra extremamente machista (característica da época), “Dá nela” também deu nome a uma revista do Teatro Recreio, nela interpretada (de calça comprida!) por Zaíra Cavalcanti.

Um dos clássicos de Ary Barroso em parceria com Luiz Peixoto, o samba-canção “Na batucada da vida” (subintitulado “A canção da enjeitada”) tornou-se inovador na época do lançamento, pelo realismo com que tratava uma temática de cunho social. Originalmente saiu em 1934, na voz de Cármen Miranda, e aqui é apresentada no registro de Dircinha Batista, feito na Odeon em 14 de abril de 1950 e lançado em agosto seguinte, disco 13031-B, matriz 8685, com acompanhamento de piano do próprio mestre de Ubá. Como bem sabem os fãs de Elis Regina, em 1974 ela também fez um registro memorável desta composição.

O inesquecível Kid Morenguera, o grande Moreira da Silva (1902-2000), insubstituível rei do samba de breque, aqui comparece com o raríssimo disco Star 225, datado de 1951, com acompanhamento do conjunto do violonista Claudionor Cruz, destacando-se o saxofone de Portinho (Antônio Porto Filho), também maestro e arranjador de prestígio. De um lado, o samba-choro “Entrevista”, do próprio Moreira, e no verso, nesse mesmo ritmo, a homenagem do GRB aos motoristas na semana do dia deles e de seu santo padroeiro, São Cristóvão: “Sou motorista”!

Humberto Marsicano fez parte da geração de artistas paulistas surgidos no final dos anos 1920. De sua escassa discografia como cantor (apenas 16 fonogramas distribuídos em nove 78 rpm), apresentamos o disco Columbia 5051, lançado em julho de 1929, com acompanhamento da orquestra de Álvaro Ghiraldini. Abrindo-o, matriz 380143, o samba-choro “Mulher sem coração”, composto por um nome que iniciava então sua carreira, José Maria de Abreu (1911-1966), paulista de Jacareí, responsável por sucessos inesquecíveis, tais como “E tome polca”, “Alguém como tu”, “Dançando com você” e muitos outros. No verso, matriz 380144, o delicioso “sambinha-embolada” Tico-tico vuô”, de Juca Paulista e Juvenal de Abreu.

Para encerrar, uma marchinha do carnaval de 1957, lançada pela Continental em janeiro desse mesmo ano, com o n.o 17375-B, matriz C-3912. É “Seu Romeu”, de João Rosa, Arnaldo Moraes e do paulistano Ruy Rey (1915-1995), sendo este último o intérprete. Ruy, que se chamava Domingos Zeminian, foi também exímio “bandleader”, e especializou-se em ritmos hispano-americanos, precursores da atual salsa. Enfim, um belo apanhado com o qual o GRB mata as saudades de todos que estavam aguardando esta retomada. Divirtam-se e recordem!

*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Orquestra Sonora Tropical – Chacrinha Apresenta A Orquestra Sonora Tropical (196?)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Já que retomamos às postagens, as solicitações voltaram com força total. Se bem que há muitas onde eu só poderei ajudar se a pessoa se associar ao GTM. Infelizmente ainda existem aqueles que se precipitam e não lêem as informações e orientações do blog. Aos demais, peço que aguardem com paciência. Todos serão atendidos, ok?

Mantendo o espírito de curiosidade, estou trazendo para vocês este raro álbum da Mocambo. Vejam que interessante, “Chacrinha apresenta a Orquestra Sonora Tropical”. Logo de relance me chamou a atenção. Mesmo não entendendo bem a razão do nome do Chacrinha está neste disco, apesar do texto de contracapa que o coloca como uma autoridade no assunto musical. Realmente, o Abelardo Barbosa era, mas creio que acima de tudo era um chacrinha, o Chacrinha. Esperaria dele uma seleção musical mais popular, num universo mais diversificado de artistas, como era comum em seus programas. Música orquestral soou assim meio que esquisito, não parecia ser a praia dele. A tal Orquestra Sonora Tropical ao que parece só gravou este disco, que por sinal nem data de lançamento eu encontrei. A Orquestra, todavia é muito boa. A qualidade da gravação ficou um pouco a desejar. Um repertório variado. Duas faixas me deixaram muito curioso para ouvir logo esse disco, “Ensinando Bossa Nova” (Blame It On The Bossa Nova) e “Garota de Ipanema”. Se a primeira já não tinha bossa, a segunda então, nem se fala, virou um tremendo chachacha. Mesmo assim, vale a pena conhecer essa raridade…

ensinando bossa nova

doce amargura

garota de ipanema

sonhar contigo

non ci credo

amor sincero

coeur blesse

tudo de mim

al di la

chariot

roberta

.

.

Trios Em Bossa, Samba E Jazz – Uma Coletânea Toque Musical (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Estamos preparando para breve a nossa web rádio, ou mais exatamente o nosso ‘player’, recheado de músicas para acompanhar vocês como uma rádio. Semanalmente estaremos aqui apresentando uma seleção de tudo o que rola nas postagem do Toque Musical. Eu tenho certeza de que vai agradar 🙂

E por falar em agradar, hoje eu estou trazendo para o nosso sábado de coletâneas uma seleção de tirar o chapéu. Esta logo vai estar rolando também na nossa rádio, aguardem!

Criei para vocês uma coletânea especial, dedicada aos diversos trios musicais de samba, bossa e jazz dos anos 60. Temos aqui 19 diferentes trios que eu fui reunindo ao longo da semana. Por certo que existem muitos outros e eu até gostaria de incluí-los nesse time, mas se for o caso, ficam para um segundo volume. Com toda certeza vai agradar em cheio.

A pressa nem sempre é inimiga da perfeição. Prova disso foi essa capinha que eu produzi aqui rapidinho, inspirada na boa música e na arte gráfica daquele momento. Ficou bonitinha, não é mesmo?

 

vamos embora uau – bossa jazz trio

nanã – sambalanço trio

farjuto – rio trio 65

zimbo samba – zimbo trio

samba novo – le trio camara

canto de ossanha – manfredo fest trio

samblues – som três

sambete n. 4 – bossa três

nós e o mar – tamba trio

seu chopin, desculpe – jongo trio

cidade vazia – milton banana trio

tema pro gaginho – salvador trio

água de beber – trio 3d

sambrasa – sambrasa trio

aleluia – trio boliche

estatuto da gafieira – trio plaza

primavera – sansa trio

o barquinho – trio harmônico

azul contente – trio seleno

.

.

Nostalgia Eletrônica Orquestra (1975)

Bom tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Vamos aos poucos nos adaptando à nova casa. Eu, principalmente, tenho ainda muito a aprender com essas novas ferramentas da plataforma WordPress. Felizmente, estou bem assessorado e isso me encoraja a tocar o barco. Hoje eu estou trazendo o disco que havia programado para ontem, mas acabei ficando sem condições para faze-lo. Como já havia postado uma dose de humor, deixei essa reinar mais um pouco.

Vamos assim com a “Nostalgia Eletrônica Orquestra”, um albinho curioso que logo que vi me chamou a atenção. Inicialmente eu pensei que se tratasse de um disco de música eletrônica, não essa ‘eletrônica pop ecstasyada’, mas aquela experimental onde se usava teclados moogs, sintetizadores e até teremins, muito comuns nos anos 60 e 70. Bom, na verdade não é nem um, nem outro, mas continua sendo curioso, um disco bem diferente.

Temos aqui o maestro, arranjador e produtor paulista, Daniel Salinas à frente desta orquestra, que é na verdade um conjunto no qual estão inseridos outros grandes músicos, mais conhecidos em trabalhos de estúdio. Salinas, além dos arranjos e direção, pilota diferentes tipos de teclados eletrônicos e o piano. Acredito que a escolha do nome Nostalgia Eletrônica Orquestra se deu por conta de um repertório de músicas antigas, principalmente chorinhos e serestas, frente a uma roupagem instrumental moderna para a época, com destaque para os teclados eletrônicos com poder de orquestra e em arranjos desconcertantes. Para quem conhece um pouco o trabalho do Daniel Salinas sabe o quanto o cara é eclético. Já trabalhou com o pessoal da Jovem Guarda e até com bandas de rock, como o Made In Brazil. Eu conheço uns três ou quatro discos dele e o que me atrai é justamente essa sua capacidade de misturar as coisas. Vai do jazz a dance music, do samba ao rock, do brega ao clássico e por aí… tudo sempre de maneira competente. Vale a pena conferir este elepê que é um bom exemplo da variações musicais de Salinas e a sua Nostalgia Eletrônica Orquestra.

jura

luar do sertão

mestiça

tico tico no fubá

rapaziada do brás

casinha da colina

aquarela brasileira

casinha pequenina

andré de sapato novo

club XV

odeon

 

Ed Lincoln – Boite (1963)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Eu ainda estou em fase de adaptação com a nova versão do blog. Estou usando uma plataforma do WordPress e pelo jeito ainda terei muito que aprender. Não fosse a ajuda de alguns amigos cultos e ocultos, eu talvez nem teria me aventurado em mudanças tão radicais. Enfim, o barco já está no mar, agora é aprender remar e contar com o vento.

Hoje, em nosso terceiro dia de postagem, quero prestar uma homenagem ao Ed Lincoln, que para a nossa tristeza, faleceu na última segunda feira, aos 80. Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia era cearense. Iniciou sua carreira como músico nos anos 50, inicialmente tocando contrabaixo. Temos, inclusive aqui no Toque Musical um de seus primeiros discos, gravado ao lado de Dick Farney. Depois ele mudou para o piano e órgão eletrônico, onde viria a criar o seu estilo. Nos anos 60, na febre dos bailes em clubes, ele ficou conhecido como “O Rei dos Bailes” por conta de seu jeito inconfundível de tocar. Mesclando na dose certa o seu Hammond com um repertório de samba, ele criou um ‘swing’ que logo seria copiado por outros e viria a ser chamado de ‘samba rock’.

Em “Boite”, álbum lançado em 1963 pelo selo Pawal, podemos ouvir o artista numa fase de transição. Aqui ele ainda toca piano e pelo que contam, também o contrabaixo. O repertório é bem variado, com sambas, boleros e outros sucessos da música internacional.Mas o órgão já começa aqui a pedir mais espaço e anuncia um novo som que iria muito além do ambiente de boate.

 

stoping’ at the savoy

carioca

se você soubesse

sedução

e daí

mon oncle

adios

saudade

gicolete

hino ao amor

tenderly 

se eu pudesse

.

.

.

Dilermando Reis – Melodias Da Alvorada (1960)

Muito bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Finalmente, após uma pausa de quase 30 dias, aqui estou eu de volta! Minha ideia era a de voltar só em agosto, mais exatamente no dia 30 de julho, quando então o Toque Musical completa 5 anos de atividades. Porém, devido às circunstâncias em que eu me encontro, com mais uns quinze dias de licença médica, achei por bem ocupar esse tempo me dedicando ao blog e sua nova versão. Como todos já sabem, estamos agora em um espaço independente. Não há mais perigo do blog sair do ar (ou da rede), somente se no fim do ano eu deixar de pagar a conta. Mas isso não vai acontecer, o TM vai vingar, nem que eu precise passar o chapéu e recolher algumas contribuições (hehehe…)

Estamos inaugurando o novo Toque Musical, mas vamos deixar as comemorações para o dia do aniversário. Quem tem em seu computador uma tela ‘widescreen’ poderá visualizar plenamente a nova face do blog e verá também a citação aos 5 anos. Contudo, o que mais importa é que estamos de volta e eu garanto, vai ter muito coisa boa rolando. Para começar, e não por acaso, escolhi este disco do violonista Dilermando Reis, “Melodias da Alvorada”. Tem tudo a ver com a ocasião, a alvorada, o renascimento do Toque Musical. Este álbum me foi presenteado pela frequentadora, amiga culta, Maria Ignez, a quem eu mais uma vez agradeço o carinho. 

Temos assim, Dilermando Reis interpretando dez belíssimas melodias dirigidas a uma nova era. Uma homenagem à nova Capital Federal, a então recém inaugurada cidade de Brasília. E não poderia ser outro o artista, Dilermando era amigo íntimo do Presidente Juscelino. Acompanhou JK em serenatas e foi deste até professor de violão. Neste álbum, lançado pela Continental em 1960, teremos o prazer de ouvir temas escolhidos, literalmente a dedos, sendo em sua maioria composições do próprio Dilermando. A este disco caberia um pouco mais de informações e história, mas vou deixar essas por conta dos comentaristas, afinal uma boa (ou má) postagem se faz de comentários, principalmente quando são complementares.

 

lembro-me ainda

despertar da montanha

canção para alguém

sons de carrilhões

sons de carrilhões

oiá de rosinha

abandono

quando os olhos falam

caxinguelê

exaltação à brasília

.

.

.

Sílvio Caldas – Seleção Grand Record Brazil – Vol. 27 (2012)

Este é o segundo volume do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, o vigésimo-sétimo  no geral, dedicado a este grande nome da MPB que foi o carioca Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas. Além de cantar e contar interessantes histórias da MPB com um pique invejável, o “titio” possuía espírito aventureiro, gostava de caçar e pescar, e até se embrenhou nos sertões para garimpar ouro, vejam só! Era também um cozinheiro de mão cheia (suas peixadas, por exemplo, eram bastante apreciadas), e obviamente foi proprietário de restaurantes e casas noturnas. Sílvio Caldas era também um especialista em… despedidas. “Aposentou-se” várias vezes oficialmente, mas quando menos se esperava… lá estava ele de novo! Aposentadoria mesmo, só com a sua morte, em 1998.

Aí vão, para deleite e apreciação de tantos quantos apreciem nossa música popular no que ela tem de melhor e mais expressivo, mais doze preciosas gravações de Sílvio. Em ordem cronológica de lançamento, temos, para começar, o lado A do disco Victor 33911,  gravado em 12 de outubro de 1934 e lançado em março de 35: a famosa valsa “Serenata”, matriz 79729, de sua profícua parceria com Orestes Barbosa, cuja introdução, sem palavras, tornou-se prefixo pessoal de Sílvio.  Dois violões e um bandolim (o de Luperce Miranda) acompanham Sílvio nessa gravação, sem dúvida uma das melhores e mais importantes de sua carreira. Logo depois, do Odeon 11255, gravado em 25 de junho de 1935 e lançado em setembro seguinte, apresentamos o lado A, matriz 5082: o samba “Inquietação”, uma das obras-primas do mestre Ary Barroso, que Sílvio também interpretou no filme “Favela dos meus amores”, de Humberto Mauro. No acompanhamento, a Orquestra Odeon, do palestino Simon Bountman, que também teve os nomes Pan American, Copacabana, Parlophon (quando gravava nessa marca, coligada da Odeon)e Simão e sua Orquestra Columbia. Quer dizer, todas eram a mesmíssima orquestra. Falando na Columbia, eis um  importantíssimo disco de Sílvio nessa marca, lançado em dezembro de 1938 com o número 55002 e acompanhamento do regional do multi-instrumentista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955), trazendo duas joias de altíssimo quilate: no lado A, matriz 3716, a canção “Mágoas de um trovador”, de J. Cascata e Manezinho Araújo (o “rei da embolada”, aqui mostrando seu lado sentimental). O verso, matriz 3715, traz mais uma conhecidíssima página da parceria de Sílvio com Orestes Barbosa: a clássica valsa “Suburbana”. Curiosamente, em 1943, quando a Columbia converteu-se na Continental, esse disco foi escolhido para inaugurar a nóvel marca, sendo relançado com o número 15001, inclusive os primeiros cem títulos da Continental foram relançamentos da antiga Columbia. De volta à Victor, temos depois o lado B do disco 34804, gravado em 4 de julho de 1941 e lançado em outubro seguinte, matriz S-052258, apresentando o fox-canção “Sempre você”, de Cristóvão de Alencar e Newton Teixeira. Em seguida, outro disco de Sílvio na marca do cachorrinho Nipper, o de número 80-0080, gravado em 2 de março de 1943 e lançado em maio seguinte, com duas valsas-canções de Georges Moran, russo que se radicou entre nós, e autor de outro hit de Sílvio, “Kátia”, além de outros dois clássicos imortalizados por Orlando Silva, “Balalaika” e “Zíngaro”. Abrindo-o, matriz S-052732, “Não voltarás nem voltarei”, parceria de Moran com Walter Nogueira da Silva e, no verso, matriz S-052733, “Ninotchka”, em que desta vez o parceiro é Cristóvão de Alencar, certamente inspirada no filme de mesmo nome, da MGM, de 1939, estrelado por Greta Garbo e Melvyn Douglas, sob a direção de Ernst Lubistch. Completando nosso roteiro da semana, dois discos gravados por Sílvio Caldas na Continental, em 1949, com acompanhamento da orquestra do maestro, compositor e flautista Nicolino Cópia, o Copinha. O primeiro deles é o de número 16034, lançado em março-abril desse ano, com duas composições do paulista (de Jacareí) José Maria de Abreu (1911-1966). No lado A, matriz 2030, o samba (estruturalmente um samba-canção) “Não me pergunte”, parceria de Abreu com outro consagrado nome da MPB, Jair Amorim. No verso, matriz 2031, a toada “Você de mim não tem dó”, de Abreu sozinho. O outro é o de número 16086, abrindo com outra composição de José Maria de Abreu, agora com a parceria de Alberto Ribeiro, a valsa “Chuva e vento”, matriz 2121. Alberto também assina, em parceria com Osvaldo Sá, a música do lado B, matriz 2120, o samba-canção “Tarde de maio”. Enfim, é tudo isso que apresentamos esta semana com Sílvio Caldas, e eu, particularmente, espero que ele volte a ser focalizado pelo GRB, dada a extensa bagagem fonográfica que deixou registrada em cera. Ouçam esta seleção e irão concordar comigo: ela nos dá aquele irresistível gostinho de quero-mais!

 

Texto Samuel Machado Filho