Jacob Do Bandolim 7 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol 54 (2013)

E chegamos à edição número 54 do Grand Record Brazil. Uma trajetória muito boa, mas certamente iremos muito além, graças a vocês, nossos amigos cultos, ocultos e associados que tanto nos prestigiam. Aqui, encerramos a nossa retrospectiva dedicada ao mestre Jacob do Bandolim, apresentando mais preciosos fragmentos extraídos de suas apresentações radiofônicas.
Nas primeiras faixas, apresentamos excertos de uma apresentação feita por Jacob na Rádio Bandeirantes de São Paulo, então conhecida como “a mais popular emissora paulista”, no ano de 1962, quando a emissora funcionava em um prédio da Rua Paula Souza, zona cerealista da capital bandeirante, com apresentação de um importantíssimo nome da radiofonia paulistana, Moraes Sarmento. Abrindo o programa, a clássica valsa “Revendo o passado”, de Freire Júnior, cuja primeira gravação, apenas instrumental, surgiu em 1926, a cargo da Banda da Casa Edison. Em 1933, surgiu o primeiro registro cantado, na voz de Augusto Calheiros (“a patativa do Norte”). Tem várias outras gravações, e é lembrada até hoje. Depois vem o choro “Ingênuo”, que, segundo o próprio Pixinguinha, era, de todas as músicas que compôs, a que mais admirava. Sua primeira gravação surgiu em 1947, num daqueles famosos duetos entre o sax do mestre Pizindim e a flauta de Benedito Lacerda (que entrou como co-autor por conta de um acordo comercial que havia entre ambos). Peça inclusive regravada pelo próprio Jacob, em 1967, no álbum “Vibrações”. Logo depois, Moraes Sarmento lê trechos da resposta de Jacob a uma carta de 19 (!) páginas, enviada a Jacob em 1968 (na qual ele é até chamado de driblador de enfartes), lamentando o descaso das rádios, televisões e gravadoras a seu trabalho e a de outros de sua geração que ainda estavam vivos. Revela, inclusive, que a RCA havia preparado os LPs-coletâneas “Era de ouro” e “Assanhado” na época em que sofreu um enfarte (março de 1967), e pretendia lançá-los tão logo o mago do bandolim falecesse, o que só aconteceria dois anos mais tarde (os álbuns, claro, saíram ainda em vida do mestre). E, claro, agradece a todos os que então o prestigiavam, e que ainda o estimulavam a permanecer na ativa. Lembrava que numa entrevista dada ao jornal “O Tempo”, de São Paulo, em 1953-54, o choro acabaria em 10 anos. Ele parecia ter acertado, pois, de fato, o choro teve momentos de decadência, mas ainda hoje permanece vivíssimo, e felizmente o mago do bandolim errou esta profecia.
Voltaremos em seguida a 1946, mais precisamente aos tempos em que o grande Almirante apresentava o programa “Pessoal da velha guarda”, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro (“o cacique do ar”). Aqui, Jacob interpreta dois choros de sua autoria, muitíssimo bem apoiado pelo regional de Benedito Lacerda mais o sax de Pixinguinha: “Remelexo” e “Treme-treme”, por ele lançados, respectivamente, em 1948 e 1947, na Continental. Jacob, claro, também passou pela lendária Rádio Nacional, e, acompanhado pela orquestra da emissora, apresenta, de Hervê Cordovil (mineiro de Viçosa e autor de clássicos como “Cabeça inchada”, “Sabiá na gaiola” e “Rua Augusta”), a “Valsa simples”, ao que parece jamais levada a disco comercial.
Logo depois, apresentamos participações do bandolim do mestre Jacob em gravações marcantes e expressivas, todas da RCA Victor. A primeira é a que Dorival Caymmi fez para seu clássico samba-canção “Marina”, em 11 de julho de 1947, com lançamento em agosto seguinte sob n.o 80-0536-A, matriz S-078762. “Marina” foi uma coqueluche na época, e recebeu três gravações anteriores nesse mesmo ano: Francisco Alves (Odeon), Dick Farney (Continental, tida como a de maior êxito) e Nélson Gonçalves (também na RCA Victor). O clássico choro “Doce de coco”, lançado pelo próprio Jacob em 1951, aqui aparece cantado por Isaura Garcia, “a personalíssima”, com letra do mestre caipira João Pacífico, gravada na marca do cachorrinho Nipper em 10 de setembro de 1954, com lançamento em dezembro seguinte, disco 80-1389-A, matriz BE4VB-0571. Porém, a letra mais conhecida feita para “Doce de coco” é a de Hermínio Bello de Carvalho, por certo posterior a esta aqui. No outro lado, matriz BE4VB-0572, Isaurinha canta o samba “Sou paulista”, de Jayme Florence (o violonista Meira dos regionais) e Augusto Mesquita, também responsáveis pelo clássico “Molambo”. Depois vem a regravação feita por Luiz Gonzaga para seu primeiro grande sucesso como solista de sanfona: o “xamego” Vira e mexe”, feita em 5 de janeiro de 1950 e lançada em março seguinte. O disco (34748-B) e a matriz (52155) receberam os mesmíssimos números do original, que é datado de 1941. A matriz de cera teve tantas cópias prensadas que ficou totalmente inutilizada, o que obrigou Gonzagão a fazer este novo registro, agora com o reforço do bandolim do grande Jacob. A diferença é que, no original, o lado A tinha a valsa “Saudades de São João del Rei”, e aqui, a faixa que acompanha “Vira e mexe” é o baião “Qui nem jiló”, do próprio Gonzagão e Humberto Teixeira.
Para finalizar, apresentamos trechos do programa “Jacob e seus discos de ouro”, da Rádio Nacional, o último que fez em vida, gravado exatamente um dia antes de seu falecimento, 12 de agosto de 1969, e que seria apresentado no dia 15, o que evidentemente não aconteceu. A apresentação é feita pela Voz da América, emissora sediada na capital dos EUA, Washington, dentro do programa “Galeria musical da América”. É com essa apresentação que encerramos esta retrospectiva do GRB dedicada a Jacob do Bandolim, um mestre das cordas como poucos, e cuja saudade ainda dói na gente!
TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Maria Fernanda – Barbara Jefford – William Shakespeare – 22 Sonnets (1964)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo um disco bem diferente, para a alegria dos amantes da poesia. Quase sempre aparece alguém pedido e hoje, como eu estou um pouco melancólico, resolvi postar este raro lp onde temos 22 sonetos de William Shakespeare. Alguns talvez hão de perguntar porque postar poesia estrangeira, visto que temos tantos poetas brasileiros, além do fato do Toque Musical só postar coisa nacional. Claro, temos aqui um poeta estrangeiro, um escritor inglês. Mas muito mais que isso estamos falando de Shakespeare e o que o faz ainda mais interessante é o fato de termos aqui reunidos/escolhidos 22 de seus sonetos que falam de amor. Alguns, inclusive, nunca me fizeram tão bem ouví-los como agora. O álbum traz os 22 sonetos em sua versão original, falados pela atriz inglesa Barbara Jefford e também pela atriz brasileira Maria Fernanda (filha de Cecília Meirelles) em tradução do poeta e escritor paulista Péricles Eugênio da Silva Ramos. Este álbum foi um lançamento do selo mineiro Galaxia, que editou muita coisa interessante e pouco conhecida. Vamos procurar por outros…

se tudo quanto cresce (eu fico a meditar)
a umdia de verão com hei de comparar-te
de minha idade o espelho não me pode arguir
como o ator imperfeito
senhor do meu apreço
quando para as sessões do quieto pensamento
já vi muita manhã
de mármore não sei
vosso escravo que sou, compete-me servir
é tuas imagem que estas pálpebras pesadas
pecado de amor próprio
ah, não chores por mim
odeia-me portanto
descortinei o inverno ao me afastar de ti
longe de ti passei a primavera
não vejo envelhecerdes
oh! ninguém chame idolatria o meu amor
quando na cronica do tempo  que passou
falso o meu coração?
impedimentos não admito para a união
que porções eu bebi de pranto de sereia
meus dois amores de consolo e de aflição

Sylvio Mazzucca E Sua Orquestra – Conheça O Brasil (1972)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Estive pensando aqui, acho que vou voltar ao velho esquema de só enviar o link para o GTM caso haja alguma solicitação. Já fiz duas novas postagens e ninguém reclamou pedindo os links. Uma prova de que a casa anda mais vazia e desinteressante que reunião de condomínio. Contudo, ou melhor, sem nada, ainda assim o toque continua diário. E é justamente nesses momentos que eu gosto de postar aqueles discos raros que ninguém tem, só pro nêgo ficar esperto e ver depois o que perdeu.
Para este fim de sábado eu trago para vocês um álbum muito legal, um disco raro e feito por encomenda. Trata-se de um lp promocional, do selo Continental, feito exclusivamente para a Varig em 1972. Aqui vamos encontrar o maestro Sylvio Mazzucca e sua orquestra fazendo uma viagem por diferentes pontos do Brasil. Um “tour’ musical da melhor qualidade, sendo todas as músicas de autoria do compositor Archimedes Messina, aquele também autor da marchinha de abertura dos programas do Silvio Santos (Silvio Santos vem aí…) No álbum “Conheça o Brasil” temos doze músicas representando alguns dos Estados brasileiros. A música em cada qual procura refletir os variados gêneros referentes à região. Os arranjos e orquestração de Sylvio ficaram magníficos, dando a todas as faixas um grau de qualidade ainda maior. Querem conferir? Então peçam o link e corram para o GTM 😉
rio grande do sul
santa catarina
paraná
são paulo
minas gerais
rio de janeiro
bahia
paraiba
pernambuco
brasília
ceará
amazonas

João De Jesus Paes Loureiro E Salomão Habib – Belém. O Azul E O Raro (1998)

Boa noite amigos cultos e ocultos! Sexta feira, ainda e antes que ela acabe, deixa eu postar aqui o disco do dia. Estou trazendo hoje um cd que ganhei de presente do meu grande amigo paraense, Daniel. Foi muito graças a ele que tenho descoberto outros sons do outro lado do rio. A cultura paraense é riquissima e de uma certa forma, ainda pouco conhecida pras bandas do sul. Neste cd, de produção independente podemos constatar isso, num encontro da poesia com a música. Temos aqui dois grandes artistas paraenses,  o escritor e poeta João de Jesus Paes Loureiro e o violonista e compositor Salomão Habib. Intercalando música e poesia, os dois traçam a paixão pela cidade de Belém. Trata-se, sem dúvida de um trabalho de muita sensibilidade. Além do cd, acompanha também a obra o livro de João de Jesus, “Para ler como quem anda nas ruas”. Estou ainda degustando, lentamente, “Belém. O Azul e o Raro”. Tenho certeza que quem ouvir vai gostar. Porém, dificilmente vocês o encontrarão ainda para a venda. Assim, vamos ao GTM, último  recurso para quem escuta com outros olhos 😉
para ler com quem anda nas ruas – poesia de joão de jesus paes loureiro
belém antiga
guaimiaba
cabanagem
avemaria de belém
canção para belém

Grupo Manifesto – Manifesto Musical (1967)

Olá, amigos cultos e ocultos! Apenas para que vocês tenham uma ideia da situação aqui no blog, chegamos a mais de 100 solicitações de reposição de links no GTM. Não se trata de má vontade, apenas falta de tempo mesmo. Repor toda discoteca já apresentada aqui no Toque Musical é um trabalho de Hércules, toma o mesmo tempo de existência do blog. Assim sendo, vou atendendo os pedidos conforme a ordem de chegada, mas sempre priorizando a postagem do dia. Se querem ouvir os toques musicais, fiquem atentos! A coisa é diária.
Feito um manifesto inicial, mando agora mais um, o “Manifesto Musical”, disco de estréia Grupo Manifesto, lançado em 1967, pela Elenco. Postei há algum tempo atrás o “Nº 2“, invertendo sem pensar essa sequência, mas tudo bem. O que conta é que este é ainda mais imprescindível nas fileiras do Toque Musical e algum dia teria que ser postado. Eis aí… um álbum nota 10, tendo como carro chefe a premiada “Margarida”, do II Festival Internacional da Canção Popular de 1967, uma composição de Gutemberg Guarabyra. Há um conjunto de músicas realmente delicioso, mas destacaria também “Manifesto” e “Cabra Macho”, de Guto Graça Melo e Mariozinho Rocha. Outra também destacável é a belíssima “Desencontro”, de Amaury Tristão e Mário Telles, este último, por sinal participa também na faixa, cantando ao lado de Gracinha Leporace. Quem ainda não ouviu, faça-me o favor…

margarida
desencontro
manifesto
o mundo é nosso
amor ausente
além do infinito
cançao de esperar você
garota esquerdinha
mil côres
cabra macho
brasil dá samba
por exemplo você

Marcus Vinicius – Nordestino (1979)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje me baixou um desânimo danado. Fiquei meio frustrado com uma série de coisas que, em bloco, resolveram dar tudo errado. Tem época que é assim, parece que o destino está tramando contra a gente. Mas antes que eu afunde de vez a cara no travesseiro para esquecer as decepções, deixa eu cumprir minha promessa e dar aqui o meu toque musical.
Escolhido no sorteio, quase como um dos meus ‘discos de gaveta’, este álbum do cantor, compositor e produtor pernambucano Marcus Vinícius foi, sem dúvida, uma ótima opção. Este foi o terceiro álbum do artista e como o segundo (também já postado aqui), “Nordestino” é um lp totalmente autoral, onde mais uma vez Marcus Vinicius tem total liberdade de produção. É bom lembrar que ele sempre esteve ao lado do produtor Marcus Pereira e seu lendário selo. Marcus Vinicius foi diretor artístico, arranjador e instrumentista em muitos desses lançamentos. No presente lp, gravado em 1979, temos um conjunto de músicas que eu considero ainda melhores que nos álbuns anteriores. Um trabalho que se aproxima mais do gosto comum, sem contudo perder na qualidade. Ele vem acompanhado por um time de bons músicos que fazem dessa uma produção de primeiríssima. Infelizmente, este é amis um daqueles álbuns que nunca chegou a ter uma versão digital. Por isso é que a gente insiste…

velho faceta
como se não bastasse
hora de voltar
por falar nisso
dona máquina
evocação final
sólida
zona da mata
caboclo
a um passarinho
homem de pedra

Mike Falcão E Sua Orquestra De Dança – Jato Ao Redor Do Mundo (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Segue aqui para vocês mais um disco de Mike Falcão (e Sua Orquestra de Dança). Há quase um ano atrás eu postei aqui outro álbum, o “Sonhei que estávamos dançando“, também creditado ao tal ‘Mike Falcão’, que todos já bem sabe ser na verdade um pseudônimo usado por Walter Wanderley. “Jato ao redor do mundo” teria sido o segundo lp, lançado no ano seguinte, também pelo selo Imperial, da Odeon. Neste álbum iremos encontrar um repertório bem conhecido de todos, principalmente dos frequentadores do Toque Musical. São músicas de sucesso, nacional e internacional,  interpretadas e gravada pelos mais diferentes artistas. Uma seleção das melhores, em diversos gêneros dançantes, que poe nosso instrumentista muito a vontade e mais ainda os casais na pista de dança. (tô falando aqui do início dos anos 60!).Quem ainda não ouviu, ainda há tempo… e pode atá dançar 😉
samba da minha terra
matilda, matilda
siboney
ay cosita linda
olhos negros
regalo de viaje
nunca aos domingos
manhattan
autumm in new york
april imn paris
lisboa antiga
cidade de são sebastião

Jacob Do Bandolim 6 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 53 (2013)

E aqui vamos nós com a edição de número 53 do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, a sexta dedicada ao mago do bandolim, mestre Jacob Pick Bittencourt. Desta feita, apresentamos uma seleção de 14 fonogramas preciosos, extraídos de acetatos radiofônicos. O início da gloriosa carreira do mestre foi justamente como calouro no “Programa dos novos”, da Rádio Guanabara, em 1934. Sem pretensões profissionais, alcançou a nota máxima, disputando com 28 concorrentes, e ainda com um júri do qual faziam parte Orestes Barbosa, Francisco Alves e Benedito Lacerda, entre outros. Na mesma emissora, formou o grupo Jacob e sua Gente, revezando-se com o Gente do Morro, de Benedito Lacerda, no acompanhamento dos grandes astros da época (Noel Rosa, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Augusto Calheiros…). Com o sucesso obtido na Guanabara, o mestre Jacob passa a ser presença constante em programas radiofônicos, tocando, em troca de cachê , nas rádios Cajuti, Fluminense, Transmissora, Mayrink Veiga (onde atuava no programa de Ademar Casé, avô da Regina) e Ipanema, depois Mauá, sendo nesta última que Jacob ganhou um programa só seu.
Bem, senhores ouvintes, a PR-GRB tem o prazer de apresentar esta seleção dos melhores momentos das audições radiofônicas de Jacob do Bandolim. Para começar, temos o choro “Dengoso”, de autoria de João Pernambuco (João Teixeira Guimarães, Jatobá, hoje Petrolândia, PE, 1883-Rio de Janeiro, 1947), gravado originalmente por ele mesmo em solo de violão, em 1930. Em seguida temos “Gadu namorando”, de Ladislau Pereira da Silva e Alcyr Pires Vermelho (não anunciado pelo locutor como parceiro). A peça tem inúmeros registros, o primeiro deles feito em 1956 pelo trombonista Raul de Barros. Passando do choro à valsa, temos “Lamento”, de Nestor Monteiro e Gilberto Santos, uma joia rara que, infelizmente, não chegou ao disco comercial. Voltando ao choro, Jacob nos oferece “Soluçando”, de Cândido Pereira da Silva, o Candinho Trombone (Rio de Janeiro,1879-idem, 1960), originalmente gravado em 1916 pelo Grupo o Passos no Choro. Em seguida temos mais uma valsa, “Adelina”, de autoria do cavaquinista Mário Álvares Conceição, o Mário Cavaquinho (Rio de Janeiro, 1861-idem, 1905), cujas primeiras gravações foram feitas ainda na fase mecânica, pela Banda da Casa Edison, sem indicação exata de anos. Depois vem um choro do próprio Jacob, “Carícia”, por ele mesmo gravado na RCA Victor em 1956. O tango “O despertar da montanha”, faixa seguinte, é certamente o mais famoso trabalho do compositor Eduardo Souto, paulista de Santos (ou São Vicente, não há certeza), nascido em 1882 e falecido no Rio de Janeiro em 1942. “O despertar” foi composto em 1919 e sua primeira gravação data de 1931, pela Orquestra Colonial. Tem vários registros, inclusive do próprio Jacob do Bandolim, feito em 1949, e é uma obra conhecida até mesmo a nível internacional. Ganhou letra de Francisco Pimentel em 1946, gravada nesse ano por Sílvio Caldas. Logo depois, os choros “Cristal” e “Diabinho maluco”, do próprio Jacob, por ele gravados, respectivamente, em 1951 e 1956. Compositor, organista e maestro, Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, 1830-idem, 1906) comparece aqui com “Batuque”, rotulado como “tango característico” no selo da primeira gravação, feita em 1910 pela Banda do Corpo de Bombeiros na Victor americana. Já o “Choro da saudade” é de autoria de um… paraguaio! Sim, é do violonista Agustín Barrios (1885-1944), que homenageou a música e o povo de seu Paraguai natalício compondo obras modeladas a partir de canções populares das Américas Central e do Sul. “Saxofone, por que choras?” é o choro mais conhecido do clarinetista Severino Rangel, o Ratinho (Itabaiana, PB, 1896-Duque de Caxias, RJ, 1972), que também formou dupla humorística com Jararaca, de geral agrado. O choro foi lançado pelo próprio Ratinho em 1930, e tem vários registros (o próprio Jacob fez o seu em 1952). “Heróica” é outra composição do mago do bandolim, mas só seria gravada comercialmente em 1980, por outro bandolinista de renome, Déo Rian. E, para terminar, temos uma fala do próprio Jacob do Bandolim, na qual ele exalta a força de vontade e a capacidade de seus músicos acompanhantes, e elogia a acolhida que o público de São Paulo sempre lhe deu, mais que o do próprio Rio de Janeiro natal. Ah, como são as coisas… Não poderia haver melhor encerramento para esta compilação de registros radiofônicos do mestre Jacob, que certamente será muitíssimo bem recebida pelos ouvintes da PR-GRB. E semana que vem tem mais Jacob, hein? Aguardem…
TEXTO SAMUEL MACHADO FILHO

Free Jazz Festival – Brasil 86 (1986)

Olá amigos cultos e ocultos! Para não deixar o Robin Kenyatta perdido em meio a tantos e diferentes títulos nacionais, escolhi par ao domingo outro disco de jazz. Quem não se lembra do Free Jazz Festival? Um evento anual patrocinado pela Souza Cruz, a maior empresa de fumo do Brasil. Promovendo uma de suas mais populares marcas de cigarro, o Free. Nome este também dado a um estilo de jazz que teve com seus maiores expoentes figuras como John Coltrane, Rashied Ali, Sun Ra e muitos outros. Porém, longe de ser um festival de “free jazz”, este foi mesmo um fetival de música, contemplano gêneros bem variados e principalmente o jazz em sua mais ampla concepção. O Free Jazz Festival teve peo menos umas 15 edições e apresentou ao longo de todos esses anos artistas dos mais variados, nacionais e internacionais. Vingou de 1985 até 2001, provando que boa música sempre teve o seu espaço. O Free Jazz só não foi mais adiante devido a política antitabagismo que passou a ser mais intensa nas últimas décadas.
Temos aqui o que representa o ano de 1986. Ao contrário do que se esperava, este álbum, embora dúplo, não é gravado ao vivo. Uma pena. São na verdade fonogramas retirados de outros álbuns. Mesmo assim, vale a pena dar uma conferida.Temos entre os nacionais Cesar Camargo Mariano, Grupo D’Alma, Ricardo Silveira, Leny Andrade, Azymuth, Egberto Gismonti, Marcos Ariel, Turibio Santos, Paulo Moura, Rique Pantoja e Grupo Cama de Gato e até Dominguinhos

stardust – wynton marsalis
prisma – cesar camargo mariano
the lady in my lafe – stanley jordan
sonho de voar – grupo d’alma
dançador ruim – dominuginhos
rock and roll shoes – bj thomas and ray charles
may i have this dance – azymuth
little big horn – gerry mulligan
bom de tocar – ricardo silveira
casa de campo – leny andrade
sun on stairs – gerry mulligan
o trenzinho caipira – egberto gismonti
seven spanish angels – ray charles and willie nelson
mistura e manda – paulo moura
prelúdio nº3 – turíbio santos
esperançao – idriss boudioua quinteto
manaus – marcos ariel
melancia – rique pantoja e grupo cama de gato

Robin Kenyatta (Dom Salvador) – Nomusa (1975)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para não perder o hábito de postar nessa salada mista algo de novo (ou de velho), eu hoje estou trazendo para vocês um disco de jazz. Álbum importando, lançado em 1975 pelo selo Muse Records. Temos aqui o saxofonista americano Robin Kenyatta, um nome bem conhecido no mundo do jazz internacional. Gravou uma dezena de disco ótimos, sempre acompanhado por grandes nomes. Entre esses, o pianista brasileiro Dom Salvador. Foi extamente por conta da presença de Dom Salvador neste lp que ele está sendo postado aqui. Fiquei admirado com “Nomusa”, um autêntico “free jazz”, muito bem dosado. Traz Robin Kenyatta no sax alto; Dom Salvador no piano e orgão; Stafford James no contrabaixo e Joe Chambers na bateria. Dom Salvador tem neste álbum uma presença de destaque, principalmente nas faixas “Nomusa”, um fusion quase progressivo,onde ele toca orgão e em “Slow boat to China” onde ele também dá um show roubando toda a cena, mesmo com Kenyatta em dose dupla. Disco bem agradável de se ouvir, mesmo para quem não é lá muito fã de jazz. Pessoalmente, achei ótimo e recomendo…

nomusa
warm valley
slow boat to china
afternoon outing
prettyside avenue

Marlui Miranda – Rio Acima (1986)

Olá amigos cultos e ocultos! Abril é um mês complicado para mim. Sempre cheio de muita coisa para fazer, daí não sobra tempo para o blog e nem para responder às solicitações. Estou, dentro do possível, repondo os links pedidos. Tenham paciência e enquanto isso, vão curtido as novas postagens.
Hoje, sexta feira, venho trazendo mais uma produção independente. Pela primeira vez estou postando aqui no Toque Musical um disco da cantora e compositora cearense Marlui Miranda. Já passava da hora de termos aqui algum trabalho desta artista, que também está entre as minhas favoritas. Marlui tem um trabalho muito próprio, uma música voltada para as questões indígenas e ecológicas. Suas pequisas nessas áreas lhe renderam um reconhecimento internacional e vários prêmios. Trabalhou em filmes e documentários, criando diversas trilhas. Já tocou e se apresentou ao lado de grandes nomes como Egberto Gismonti, Gilberto Gil, Nana Vasconcellos e internacionais como Jack De Johnette e John Surman.
“Rio Acima” foi seu terceiro álbum e traz além de suas composições, músicas como o clássico “Na asa do vento”, de Luis Vieira e João do Vale e também “Volto prá curtir”, de Jards Macalé e Waly Salomão.

na asa do vento
tininim
morena bonita
volto prá curtir
lavandeira
na zagaia
do pilá
neliandra
no tempo do espicho

Ary Toledo – Compacto (1965)

Gente culta e oculta, bom dia! Estou hoje tão corrido que até me esqueci dos amigos… Enquanto tomo o meu café, aqui vai o post do dia, um simples compacto para não demorar… Se à noite ainda sobrar um tempinho, incluo outro disquinho para complementar a ‘dieta’.
Segue aqui este compacto do Ary Toledo, quando ele era antes mais cantor/compositor do que comediante, muito embora, em toda a sua trajetória, o humor sempre foi pontual. Temos aqui este compacto simples, lançado pela Fermanta em 1965. Vamos encontrar nele duas músicas de sucesso, a ótima “Pau de arara”, composição de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes que retrata as desventuras de um nordestino na praia do Copacabana. Seria triste se não fosse cômico. E também “Tiradentes”, composição de Ary e Chico de Assis, contando a história de Joaquim José da Silva Xavier, numa moda de viola nordestina. Não fosse o personagem o Tiradentes, talvez essa música não passasse pela censura. Mas aqui, desobediência civil (e também militar) pôde ser contada com duplo sentido, ou num entendimento mais crítico, sei lá…
Vai também incluido no pacote o compacto de 1969, já postado aqui há algum tempo atrás, trazendo as faixas “Maria Clara” e “O que será que as outras tem que a linda não tem?”.

pau de arara
tiradentes
maria clara
o que será que as outras tem que a linda não tem

Antonio Carlos Barbosa Lima – Viola Brasileira – Concerto Em Hi Fi (1963)

Olá amigos cultos e ocultos! Andei dando uma filtrada nos comentários através de uma outra configuração para evitar os ‘spams’, mas pelo jeito espantou também os ‘cultos’. Mas tudo bem… acho que já estou começando a exigir demais de vocês.
Para darmos sequencia nesta quarta feira, eu estou trazendo este raro e belísimo álbum lançado pela Chantecler em 1963. “Concerto em Hi Fi – Viola Brasileira”. Um disco gravado pelo excepcional violonista Antonio Carlos Barbosa Lima, acompanhado por orquestra e regência do maestro Armando Belardi. Nele é apresentado pela primeira vez o “Concertino para Viola Brasileira e Orquestra de Câmara” e “7 Prelúdios (6 nos modos da viola)”, do compositor, também mestre de Barbosa Lima, Theodoro Nogueira. Para quem gosta de viola, este disco é obrigatório, pois foi talvez a primeira incurssão da viola caipira no campo da música erudita. O disco é um registro de um concerto realizado na época, no Teatro Municipal de São Paulo. Um trabalho belíssimo, pouco explorado e conhecido do público, mesmo naqueles tempos…
concertino para viola brasileira e orquestra de câmara:

alegro moderato
andante expressivo
festivo
6 prelúdios (nos modos da viola):
lentamente
bem ritmado
lento – animado – lento
vagaroso
vivo
moderado – ligeiro
prelúdio nº 7 (bem chorado)

Trio Surdina – Boleros Famosos Vol. 1 (1955)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Há uns dois anos atrás eu postei aqui um disco do Trio Surdina. Foi a primeira vez que publiquei um trabalho desse trio maravilhoso, formado por Garoto, Fafá Lemos e Chiquinho do Acordeom. Na época, o disco em questão era “Boleros Em Surdina – Vol. 2”. Eu postei ele meio que incomodado por iniciar justamente com o volume 2. Naquele momento eu não tinha em mãos (e nem em pratos) o primeiro volume. Ficamos assim na pendência, até que hoje, procurando o que postar, dei de cara com o procurado volume 1. Meu engano foi por conta da capa, são bem semelhantes, o que muda são apenas as cores da ilustração. Nem me toquei para o detalhe. Mas, como dizem, nunca é tarde para ser feliz. Como em 1954 o trio original se desfez, por conta da morte de Garoto, Nilo Sérgio, o produtor, resolveu manter o nome Trio Surdina com outros músicos e com esses veio a lançar mais uma série de discos. Eu, tenho para mim, que “Boleros Famosos”, tanto o vol 1 como o 2 são com o trio original. Que tal a gente ouvir e comentar, heim? Quem quiser também pode dançar 😉

usted
sinceridad
cancion del alma
solamente una vez
un minuto
contigo
angelitos negros
pecadora

Jacob Do Bandolim 5 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 52 (2013)

Este é o quinquagésimo-segundo volume do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, e o quinto dedicado ao riquíssimo legado deixado por esse autêntico mestre das cordas que foi Jacob do Bandolim. E com ele, retomamos a apresentação de registros comerciais de Jacob, uma vez que, como os amigos cultos, ocultos e associados do TM se recordam, no volume anterior tivemos gravações domésticas extraídas dos “saraus” que o mago do bandolim promovia em sua casa no bairro carioca de Jacarepaguá.

São doze preciosas gravações, todas evidentemente feitas na RCA Victor. Abrindo nossa seleção desta semana, um choro do próprio Jacob, “Ciumento”, gravação de 14 de março de 1955, lançada em maio do mesmo ano, disco 80-1434-B, matriz BE5VB-0700. Em seguida, outra joia do choro concebida por ele mesmo, “Sempre teu”, gravada em 13 de junho de 1955 e lançada em agosto seguinte com o número 80-1476-A, matriz BE5VB-0769. Depois tem a música do verso desse disco, matriz BE5VB-0770, uma regravação do choro “Um a zero”. Ele foi composto por Pixinguinha em 1919,  por ocasião da conquista do Campeonato Sul-Americano de Futebol pelo Brasil, que derrotou o Uruguai exatamente por essa contagem, gol de Arthur Friendenreich. A primeira gravação, no entanto, só saiu em 1946, com o próprio Pixinguinha ao saxofone em dueto com a flauta de Benedito Lacerda, que entrou como parceiro na música por acordo comercial que existia entre ambos. Jacob recorda logo depois o “tango brasileiro” “Amapá”, de Juca Storoni (João José da Costa Jr., Rio de Janeiro, 1868-idem, 1917), cujo primeiro registro deu-se em 1909, na Victor americana, pela Banda do Corpo de Marinheiros Nacionais. Jacob fez seu registro em 13 de janeiro de 1956, com lançamento em março seguinte sob n.o 80-1565-B, matriz BE6VB-0942, e voltaria a gravar “Amapá” em 1960, no LP “Na roda do choro”. O registro do “ponteado” “De Limoeiro a Mossoró”, do próprio executante, data de 13 de março de 1956, com lançamento em maio seguinte sob n.o 80-1596-A, matriz BE6VB-1015. Outra obra-prima do mestre é “Carícia”, choro que ele gravou em 13 de julho de 1956, com lançamento em setembro do mesmo ano, com o n.o 80-1667-B, matriz BE6VB-1214. Temos em seguida outra demonstração do apreço de Jacob ao carnaval pernambucano, com o frevo “Buscapé”, gravado em 14 de setembro de 1956 e lançado em novembro (certamente com vistas à folia recifense de 57) sob n.o 80-1706-A, matriz BE6VB-1305. Apresentamos também o verso desse disco, matriz BE6VB-1306, outro frevo, só que de Jonas Cordeiro, “Pimenta no salão”. Um clássico do mestre Pixinguinha, o choro “Sofres porque queres” foi por ele composto inspirado em uma briga conjugal! Ele próprio o gravou pela primeira vez com sua flauta, em 1917, e o regravaria ao saxofone junto com o flautista Benedito Lacerda (que recebeu co-autoria) em 1946. Onze anos depois, a 10 de julho de 1957, Jacob do Bandolim gravou esta sua versão, lançada em setembro seguinte com o n.o 80-1845-A, matriz 13-H2PB-0165. Do limiar de 1958, em 17 de janeiro, é a gravação de Jacob para seu choro “Implicante”, lançada em abril do mesmo ano com o n.o 80-1930-A, matriz 13-J2PB-0339. O maxixe “Fubá”, motivo folclórico adaptado por Romeu Silva, surgiu em 1925, em gravação do cantor Fernando Albuquerque, e é revivido por Jacob em registro de 26 de agosto de 1959, lançado em novembro seguinte com o n.o 80-2125-A, matriz 13-K2PB-0736. A voz que se ouve vocalizando o refrão junto com o coro é a do próprio Jacob! Para finalizar, o lado B desse disco, matriz 13-K2PB-0737: o choro “Velhos tempos”, outra composição própria do mestre com a qualidade habitual. E atenção: nas próximas duas semanas, teremos mais tesouros preciosos gravados pelo mestre Jacob do Bandolim. Aguardem!

TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Marku Ribas – Marku (1973)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Domingo triste esse… Ontem a noite faleceu o Mestre Marku Ribas, vítima de um câncer. Ele estava nessa peleja desde o ano passado, quando então foi contatada a doença. Imagino como deve ter sido a barra neste seu último ano, principalmente sendo ele um cara tão ativo e irriquieto. Tive o prazer de conviver com ele em várias situações. Chegamos certa vez a dividir um quarto num hotel em Diamantina, quando então participavamos de um Festival de Inverno, da UFMG. Ele era realmente um Ser Musical, até nas nossas conversas a coisa rolava em forma de música. Sempre batucando com as pontas dos dedos, caminhavamos pelas ladeiras geladas da cidade. Numa dessas noites viramos sozinhos uma garrafa de whisky. Eu nem acreditei que tivesse bebido tanto. Mas ainda bem que foi um scotch, pois se fosse vodka eu nem nem lembraria desse caso. Pois é… a vida é assim, as coisas são assim… Tô mesmo muito triste 🙁
Em sua homenagem, faço aqui este post, trazendo o que foi um de seus primeiros trabalhos, lançado em 1973 pelo selo Underground (que muitos pensam ser o nome do trabalho).O disco foi uma produção dirigida por Cesare Benevenutti e contou arranjos e regências do maestro Erlon Chaves e supervisão musical de outro maestro, Leo Peracchi. No álbum vamos encontrar um repertório inteiramente autoral, com um originalidade abusiva e influências das mais distintas, fruto de suas pesquisas viajando pela Africa e Caribe. O álbum, em sua primeira edição saiu em capa dupla. Teve alguns problemas com a Censura, mas malandro que é malandro não bobeia… Conseguiu fazer o disco assim como queria. Aqui, o grande destaque é a faixa “Zamba Ben”, música que a cada nova década ganha mais admiração, atualíssima!
Este disco, assim como toda a discografia do artista, voltou à tona muito graças ao trabalho de divulgação em blogs e sites especializados. E isso que eu estou dizendo são praticamente as palavras do artista.
Valeu Mestre! Vai com Deus! Vai tocar ao lado de tantos outros que se foram, lá no céu.
zamba ben
5,30 schoelcher
o adeus segundo maria
n’biri n’biri
porto seguro
pacutiguibê iaô
madinina
matinic moins
orange lady

Projeto UniMúsica (1984)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Já faz um bom tempo que eu não pego uma gripe, desta vez ela veio com vontade. Não fosse o meu empenho, hoje não teríamos postagem. Mas vamos lá…
“Unimusica: Espaço Aberto Para o Som” foi um projeto musical que aconteceu em Porto Alegre nos anos 80, promovido pela Univesidade Federal do Rio Grande do Sul. Era, como nos informa o texto de contra capa, um espaço aberto a todas as manifestações musicais da comunidade universitária da UFRGS. Acontecia todas as sextas feiras no final da tarde, trazendo para apresentações diferentes artistas daquele Estado. Foram vários os artistas que se apresentaram no palco da Unimúsica e este lp é um resumo de tudo isso. Disco bacana, cheio de músicas boas, com artistas da melhor safra daquela época. Confere aí que eu de cá já vou me deitar. Mais uma aspirina, por favor…
horizontes (bailei na curva) – elaine geissler
porque ela me chama de pequeno – nelson coelho de castro
bicho – luis felipe franco
no, no chace – ney lisboa
êxodo – totonho villeroy
aves daninhas – victor hugo e geraldo flack
majestic – kim ribeiro
cantar – grupo canto livre
passarada – gloria oliveira
preconceitos e teoremas – josé luis galia
joana araguaia – paulo gaiger
tangará – os posteiros

Chico Lessa – No Tom De Sempre (2009)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Chegamos então à sexta feira, o melhor dia da semana! E hoje eu espero que seja mesmo. Esse tempo nublado não vai molhar o meu chapéu 🙂
Como tradicionalmente a sexta é dia de artista/disco independente, eu venho trazendo para vocês um disco nota 10, lançado em 2009 e pouca repercussão teve na época. Eu mesmo, não conhecia. Não conhecia este trabalho, mas o Chico Lessa é figurinha carimbada, cantor e compositor, um artista que tem sua trajetória associada ao pessoal do Clube da Esquina, aos festivais e agitos musicais cariocas daqueles anos 70. Eu sempre pensei que o Chico fosse mineiro, mas o cara é capixaba, nasceu em Vitória. Tomei um baita susto ao vê-lo nas fotos deste cd. Me lembro dele magrinho, meio hipponga. De repente me aparece assim, quase careca, de cabelso brancos… caraí… o tempo passou mesmo! Mas, considerando o inevitável, ele até que está muito bem e melhor ainda nessa produção feita pelo amigo Toninho Horta. Bom, por aí já dá pra imaginar o que temos neste cd. “No mesmo tom de sempre” é um trabalho que contempla (claro!) as composições de Chico, algumas, inclusive, em parcerias. Esta que dá nome ao disco, por exemplo, é uma música que ele fez em parceria com o Márcio Borges e foi incluida no disco “Os Borges – Em Famíla (1980)“. Como se pode ver pela contracapa são ao todo doze músicas, com participações super especiais de outros artistas como Carlar vilar, Yuri Popoff, Rudi Berger, Tatta Spalla, Robertinho Silva, Chico Amaral, Lô Borges, Juarez Moreira, Nivaldo Ornellas… e tem mais… inclusive o Toninho Horta, claro!
Quem quiser saber mais sobre o Chico Lessa e também sobre o lendário Clube da Esquina, sugiro uma visita ao blog Museu Clube da Esquina. Tem muita história para contar 🙂
Se alguém estiver interessado em comprar o cd, ainda é possível adquiri-lo através do site da Música Que Vem De Minas.

cá entre nós
ciúmes do rei
puxando o trem
poucas e boas
no tom de sempre
mesmo assim
vitória blues
sinal verde
groove do suá
samba do caxinguelê
seu fã
veneciano ausente

Dolores Duran – Canta Para Você Dançar (1957)

Muito bom dia a todos os amigos, mais ocultos do que cultos! (afinal, comentários contextualizados não andam rolando muito por aqui). Não sei vocês perceberam, mas nesta semana eu estou alternando, um dia para eles, outro dia para elas (e todos os dias para nós, é claro!)
O toque de hoje é com a cantora e compositora Dolores Duran, um nome já bem divulgado por aqui, inclusive, boa parte deste repertório volta a se repetir. Mesmo assim, eu achei por bem de postar o álbum original com capa da época. Este disco, óbvio, já foi relançado outras vezes, creio inclusive que já tenha saído também em cd (mas quem é que está procurando cd por aqui?). Certo é que “Dolores Duran Canta Para Você Dançar” é um disco ótimo. Conforme se pode ler no texto da contracapa, este foi o terceiro álbum de Dolores lançado pelo selo Copacabana, em 1957. “Canta Para Dançar Com Você” teria no ano seguinte um segundo volume (logo que der eu posto aqui para vocês). Creio que não seja necessário entrar em detalhes sobre o conteúdo musical deste lp, na contracapa, como vocês verão há uma descrição de cada uma das faixas. Pessoalmente, neste disco, o que mais me agrada são as músicas de Billy Blanco, que no álbum formam quatro. Não posso esquecer também da cereja do bolo, a faixa “Por causa de você”, de Dolores e Antonio Carlos Jobim. A cantora neste lp vem acompanhada por Severino Filho e seu conjunto. É dele também todos os arranjos. Um belo disco, independente qualquer coisa, essencial nas fileiras do Toque Musical 😉

scapricciatiello
por causa de você
ohô-ahá
quem foi
feiúra não é nada
que mormuren
coisas de mulher
viens
conceição
se papai fosse eleito
mi ultimo fracasso
camelot
only you
estatuto de boite

Paulo Cesar Pinheiro (1974)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Acordei hoje com uma sensação estranha, um misto de decepção e alívio que ao final se resume numa angústia. Bom, não quero falar disso não… O dia mal começou… Por isso mesmo, hoje eu estou postando um disco mais ao gosto do Augusto aqui 🙂 As vezes eu preciso ouvir coisas como a poesia de Paulo Cesar Pinheiro para exorcisar as ‘inhacas’. Como ele mesmo diz: “quando um muro separa, uma ponte une…”
Olhaí, que beleza de álbum! Quem conhece sabe, quem não sabe, precisa ouvir. Mais uma vez, marcando presença no nosso Toque Musical, um dos maiores letristas da MPB, hoje talvez o melhor, Paulo Cesar Pinheiro. Temos aqui este que foi o seu primeiro lp, gravado em 1974. Nessa época ele já era considerando um grande compositor (letrista) e prova disso são as músicas que fazem parte deste álbum. É nele que iremos encontrar alguns de seus grandes êxitos ao lado de parceiros como Eduardo Gudin, Maurício Tapajós, Baden Powell, João de Aquino e Miltinho (do MPB-4). Disco nota 10, recomendadíssimo!

maior é deus
bandoneon
eu não tenho ninguém
sagarana
falei e disse
besouro mangangá
lapinha
viagem
cicatrizes
recado do poeta
pesadelo
maior é deus

Dalva De Andrade – Amor E Ciúme (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Diante a penca de ‘spams’ que venho recebendo na seção de comentários das postagens do blog, achei por bem dar uma filtrada temporária, só para ver se esses idiotas se tocam e param de ficar enviando mensagens que nunca chegarão a serem publicadas aqui. Isso, sem dúvida não me afeta e nem trabalho me dá para excluí-los, mas as vezes a gente tem que fechar as portas para mostrar quem manda aqui. Comunicação nesse período, somente via e-mail. Não sabem não? Então dêem uma boa conferida no blog. Tudo que vocês precisam saber está aqui, basta procurar e ler, ok?
Bom, hoje vamos com a cantora Dalva de Andrade, que não é a primeira vez que aparece aqui no Toque Musical. Trago para vocês “Amor e Ciúme”, álbum lançado pela Odeon em 1961. Neste disco, para não variar, iremos encontrar aquele mesmo repertório romântico que sempre acompanhou a cantora. Porém, o que mais me agrada são músicas como o samba “Mente”, de Armando Cavalcanti; a versão de Romeo Nunes para “Cubanacan”, ou melhor ainda, a canção que abre o disco, “Benedito”, de Edson e Leila de França.

benedito
uma vez mais
onde estás meu amor
a volta
quando um amor se acaba
se você se importasse
cubanacan
súplica
mente
amor e ciúme
deixei de sorrir
meu lago azul

Jacob Do Bandolim – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 51 (2013)

E chegamos à edição número 51 do Grand Record Brazil, apresentando a quarta e última parte desta retrospectiva dedicada a este mestre das cordas que foi Jacob do Bandolim. E neste volume, o acervo do pesquisador Sérgio Terra nos revela 20 gravações que nunca foram lançadas comercialmente, feitas em gravador doméstico durante os antológicos “saraus” que o mestre promovia em sua casa, no bairro carioca de Jacarepaguá, semanalmente. Abrindo esta seleção, a valsa “Quando me lembro”, de outro bandolinista famoso, Luperce Miranda (1904-1977), por ele próprio gravada originalmente em 1932. O choro “Murmurando”, que vem em seguida, não é a famosa composição do maestro Fon-Fon, parece ser um outro choro do próprio Jacob. “O voo da mosca”, também do mestre, é uma réplica ao “Voo do besouro”, de Rinsky e Korsakov, e seria por ele gravada na RCA Victor em 1962, no álbum “Primas e bordões”. “Mariposa da luz” é da pianista e professora de música Neusa França, só gravado comercialmente em 1973, pelo citarista Avena de Castro. Na faixa 6, outro clássico do choro, “Flor do abacate”, de autoria de Álvaro Sandim (1862-1919), surgido em 1913, na fase mecânica de gravação, em registros do Grupo Faceiro e dos Chorosos do Abacate. Jacob do Bandolim o gravou duas vezes pela RCA Victor, em 1949 e 1960. E já que, neste 2013, comemoramos os 150 anos de nascimento do compositor e pianista Ernesto Nazareth (1863-1934), ele comparece nesta seleção de inéditas do mestre Jacob com uma de suas obras mais famosas, a polca-choro “Apanhei-te cavaquinho”, faixa 4, surgida em disco no ano de 1916, na gravação do flautista Passos, e inúmeras vezes regravada, inclusive pelo próprio Nazareth em solo de piano. Temas clássicos também batem ponto nesta seleção: a “Valsa número 7 de Chopin” (temos também a “número 1”) e as “Czardas”, do italiano Vittorio Monti (1868-1922). “Noites cariocas” é outro choro clássico do mestre Jacob, por ele lançado em 1957 e com inúmeras regravações, sendo até hoje peça obrigatória no repertório de qualquer “chorão”. “Receita de samba” e “Vibrações” são outras composições muito apreciadas do mago do bandolim, e foram por ele gravadas na RCA Victor em 1967, no excelente álbum “Vibrações”. Um certo doutor Formiga (quem seria?) recita um “Poema para Jacob”, por ele feito em justa homenagem ao mestre. Chico Buarque comparece aqui com “Carolina”, composição surgida em 1967 no Terceiro Festival Internacional da Canção (FIC), da TV Globo, defendida por Cynara e Cybele, recém-saídas do Quarteto em Cy. Jacob muito admirava Chico, e previu, acertadamente, que ele “atravessaria os anos”. O mestre também apresenta sua valsa “Santa Morena”, cuja gravação comercial, de 1954, está no volume 3 de nosso retrospecto. A clássica valsa “Velho realejo”, de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, é outro clássico de nosso cancioneiro, e foi lançada em 1940 na voz de Sílvio Caldas, sendo várias vezes regravada. Outro clássico é “Três estrelinhas”, de autoria de Anacleto de Medeiros (1866-1907), músico, compositor, fundador e regente da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Recebeu depois letra de Catulo da Paixão Cearense, sendo rebatizada como “O que tu és”. Antônio d’Áuria (1912-1988) aparece como uma espécie de convidado especial, nas faixas “Poesia e amor”, de Mário Álvares Conceição, só gravada comercialmente em 1976 por outro bandolinista, Déo Rian, e “Helena”, valsa de Albertino Pimentel, surgida ainda no tempo da gravação mecânica, em 1909, em execução da já mencionada Banda do Corpo de Bombeiros carioca. Encerrando esta seleção tempos “Marilene”, choro de Pixinguinha e Benedito Lacerda, por eles próprios lançado em 1950, com o mestre Pizindim ao saxofone e Benedito à flauta (na verdade a música é só de Pixinguinha, e Benedito entrou como parceiro por acordo comercial entre ambos). Enfim, um tesouro raro, de notável importância histórica, que o GRB oferece a tantos quantos apreciem a boa música instrumental brasileira. As 122 fitas cassetes gravadas por Jacob do Bandolim durante seus “saraus” foram doadas ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, e aqui apresentamos uma preciosíssima amostra deste trabalho. Bom divertimento!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.