Temas Natalinos – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 130 (2014)

Então é Natal… Aquela ocasião em que a gente arma a árvore, o presépio, reúne a família, troca presentes, degusta a ceia… e, por que não, também canta canções típicas da festa máxima da cristandade. Assim sendo, o Grand Record Brazil, em sua edição de número 130,  presenteia os amigos cultos, ocultos e associados do TM com mais esta compilação de músicas natalinas. São, no total, dez gravações.

Abrindo esta seleção natalina muitíssimo especial, temos o gaúcho (de Rio Grande) Alcides Gerardi (1918-1978), criador de sucessos do porte de “Antonico”, “Cabecinha no ombro” , “Marise” e “Chora, Pierrô”, entre outros,  interpretando aqui a valsa “Natal de saudade”,da dupla Raul Sampaio-Ivo Santos. Saiu pela Columbia em dezembro de 1957, sob número CB-10386-A, matriz CBO-1220, entrando também no LP coletivo “Nosso Natal”. Um ano mais tarde, houve uma reedição em 78 rpm com o número CB-11093-B. Ângela Maria, a grande Sapoti, interpreta o samba-canção “Outros Natais”, de autoria de Cláudio Luiz Pinto,impregnado de forte crítica social em sua letra. A Copacabana o lançou em dezembro de 1954, sob número 5351-A, matriz M-1006, sendo mais tarde faixa de encerramento do LP de 10 polegadas “Sucessos de Ângela Maria”, primeiro de uma série de três.  João Dias, que o próprio Francisco Alves escolheria para ser seu sucessor, por ter timbre de voz parecido com o dele, vem com duas faixas, ambas extraídas do disco Odeon  13592, gravado em 30 de novembro de 1953, com acompanhamento orquestral de Osvaldo Borba,  e lançado (detalhe intrigante) em janeiro de 54. O lado A,matriz 9987, é “A doce canção de Natal”, de autoria de Sivan Castelo Neto (psudônimo de Ulysses Lelot Filho), na qual João Dias canta ao lado de Edith Falcão e do então menino Altir Gonçalves.  O lado B, matriz 9988, que João Dias canta em dueto com Edith Falcão, é a conhecida valsa “O velhinho”, de autoria de Otávio Babo Filho, primo do compositor Lamartine Babo, correspondente à última faixa desta seleção. Relançadas mais tarde em LPs e compactos, essas gravações de João Dias permaneceram no catálogo da Odeon por vários anos. Na faixa 4, você tem  o grande João Gilberto interpretando o delicado samba em estilo bossa nova “Presente de Natal”,de autoria de Nelcy Noronha, uma das faixas de maior destaque de seu terceiro LP-solo, sem título, editado pela Odeon em outubro de 1961. Formado por Edda Cardoso, Lolita Koch Freire e Yeda Tavares Gomes da Silva, o Trio Madrigal comparece aqui com as duas músicas do disco Todamérica TA-5359, ambas cânticos, gravado em 15 de setembro de 1953 e lançado em novembro do mesmo ano. Abrindo-o,  a matriz TA-542 apresenta “Oh! Vinde crianças (Ihr Kinderlein, kommet)”, do compositor alemão  Johann Abraham Peter Schulz, sobre versos de seu conterrâneo  Christophe von Schmid, sendo a letra brasileira de Frei Paulo Avelino Assis. No lado B, matriz TA-543, vem “Noite de luz”, outra adaptação de Frei Paulo. Laranjinha e Zequinha, dupla do sertanejo-raiz,  vem aqui com as duas músicas do 78 Odeon número 13553, gravado em 31 de agosto de 1953 e lançado em dezembro do mesmo ano.  No lado A, matriz 9852, o valseado “Natal no sertão”, de Reinaldo Santos e Vicente Lia, e, no lado B, matriz 9862, a valsa “Ano novo”, de  Francisco Lacerda e José Maffei. Filha caçula do compositor Hervê Cordovil, e por tabela irmã de Norman e Ronnie Cord, Maria Regina Cordovil, então com apenas quatro anos de idade, apresenta as duas faixas do 78 RCA Victor 80-2398, gravado em 28 de setembro de 1961, com acompanhamento orquestral de Francisco Moraes, e lançado em outubro do mesmo ano. Primeiro temos o lado B, matriz M2CAB-1479, “Carta a Papai Noel”, de autoria do paizão Hervê e certamente seu maior sucesso. Depois vem o lado A, matriz M2CAB-1478, o clássico “Sinos de Belém  (Jingle bells)”, do norte-americano James S. Pierpont em versão de Evaldo Ruy. Curiosamente, esta canção foi composta em 1857 sem qualquer intenção natalina, com o título de “One  horse open sleigh”. Foi traduzida para inúmeros idiomas. Ambas as faixas também saíram no LP “A menor cantora do mundo”, por sinal o slogan de Maria Regina. O niteroiense Orlando Correia, que se destacou gravando sucessos do porte de “Meu sonho é você”, “Sistema nervoso” e “Serenata suburbana”, interpreta aqui o samba-canção “Natal sem você”, de Bruno Gomes e Jorge de Castro, com a participação do Trio Madrigal. Foi gravado na Todamérica em 15 de setembro de 1953 (a mesma sessão em que o Trio Madrigal registrou outras duas faixas deste volume) e lançado em novembro do mesmo ano, disco TA-5358-A, matriz TA-544. Enfim, é um presente que o GRB  oferece aos amigos cultos, cultos e associados do TM, com os mais sinceros votos de um maravilhoso Natal e um 2015 repleto de alegrias e realizações positivas. E nunca é demais lembrar do verdadeiro dono desta festa. Feliz aniversário, Jesus!

* Texto de Samuel Machado Filho

Orlando Correia, Ronaldo Lupo E Solon Sales – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 09 (2012)

A alegria do reencontro! Assim é que se pode definir esta nona edição do Grand Record Brazil, após duas semanas de ausência involuntária. Apresentamos nesta edição três cantores de muito sucesso em suas épocas, ainda que sejam pouco lembrados atualmente. São eles:

Orlando José Correia (Niterói, RJ, 1928-Rio de Janeiro, 2002). Antes de ser cantor, era mecânico de motores à explosão, diplomado pela General Motors, tendo sido dono até de uma oficina mecânica, além de um hotel e um restaurante, isso após deixar a carreira.. Ciro Monteiro, o “Formigão”, foi quem o descobriu cantando em um parque de diversões de lá de Niterói e o levou para o rádio carioca, atuando primeiro na Mayrink Veiga, depois na Guanabara, na Clube do Brasil e, por 28 anos, na Tupi. Orlando aqui comparece com o disco Todamérica TA-5325, gravado em 16 de junho de 1953 e lançado em agosto do mesmo ano. Na faixa de abertura, matriz TA-485, o samba-canção “Sistema nervoso”, que Wilson Batista, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr. compuseram em uma noite nas escadarias do Palácio Monroe, mais tarde demolido, com a presença de Orlando. Note-se a criatividade do técnico de gravação, Norival Reis, que, para a sonoplastia, usou um carrilhão e um despertador, além de fazer de câmara de eco o banheiro do estúdio! Completando, matriz TA-486, o belo fox “Dançando com você”, da parceria José Maria de Abreu-Jair Amorim, marcada por inúmeros hits inesquecíveis, bastando lembrar, por exemplo, “Alguém como tu”, um marco na carreira de Dick Farney. Dos anos 1980 até 2002, quando morreu, Orlando Correia residiu em Maricá, litoral norte fluminense.

Ronaldo Lupo (São Paulo, 1913-Rio de Janeiro, 2005). Pseudônimo de Ronaldo Lupovici. De origem judaica, foi também compositor, produtor e ator de cinema, tendo presidido o Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica. Ronaldo marca presença aqui com outra preciosidade do acervo da Todamérica, o disco TA-5040, gravado em 4 de dezembro de 1950 e lançado em fevereiro de 51, com duas músicas de sua autoria, No lado A, matriz TA-81, “Baião em Paris”, parceria com o baiano Duque (Antônio Lopes de Amorim Diniz), também dentista e dançarino, responsável pela divulgação do maxixe na Europa e nos EUA, a partir dos anos 1910. Ao parar de dançar, Duque inaugurou, em 1932, a Casa de Caboclo, de arquitetura rústica, na Praça Tiradentes, destinada a divulgação de música brasileira regional e folclórica. Completando o disco, matriz TA-82, Ronaldo apresenta o divertido fox “Depois eu conto”, que fez com Nestor Tangerine, A participação do coro pedindo “Conta! Conta!” é um dos pontos fortes desta composição, que Ronaldo voltaria a gravar em 1958, desta vez pela Columbia. Sua discografia em 78 rpm como intérprete tem apenas 13 discos com 45 fonogramas, nos selos Continental, Todamérica, Columbia e Mocambo.

Solon Hanser Sales (Sorocaba, SP, 1923-São Paulo, 1995). Era conhecido como o “seresteiro da Paulicéia”. Foi trapezista, acrobata e mágico no circo Irmãos Hanser, no qual trabalhavam o pai, a mãe e mais cinco tios, dando espetáculos em Sorocaba e cidades próximas. Já em São Paulo, formou com um amigo a dupla caipira Samburá e Chapinha (Sólon era este último), que atuou nas rádios Bandeirantes e Cultura, nesta última protagonizando uma novela sertaneja. Desfeita a dupla, prosseguiu sozinho a carreira. Aqui, as músicas do primeiro disco de Sólon Sales, gravado na Continental em 2 de janeiro de 1948 e entregue às lojas em maio-junho daquele ano com o número 15908, logo de saída emplacando dois estrondosos sucessos. Abrindo o disco, matriz 10804-1R, o tango brejeiro “Segue teu caminho”, de Mário Zan e Arlindo Pinto, uma verdadeira apoteose, que receberia inúmeros outros registros. O próprio Mário o acompanha com seu acordeon, ao lado do violonista Aymoré. O lado B, matriz 10803-1R, é a valsa “Belo Horizonte”, homenagem à “capital das Alterosas”, concebida por Arlindo Pinto e Anacleto Rosas Jr., autores de inúmeros hits sertanejos, mais uma vez com Mário Zan ao acordeom, à frente de seu conjunto, no acompanhamento. Sólon Salles nos oferece ainda outros quatro fonogramas raros: abrindo o terceiro disco do cantor, o Continental 16100, gravado em 20 de maio de 1949 e lançado entre julho e setembro desse ano, o balanceio “Cabeça inchada”, do mineiro (de Viçosa) Hervê Cordovil sobre motivo folclórico, matriz 11010. Um clássico que seria regravado inúmeras vezes, destacando-se os registros de Carmélia Alves e da dupla Adelaide Chiozzo-Eliana Macedo, também estrelas do cinema nacional, ambos de 1951. Completando o disco, matriz 11012, mais um tango brejeiro, “Perambulando”, de Mário Zan e Arlindo Pinto. Mais uma vez Mário comparece com sua sanfona e seu conjunto. Por fim, mais um disco Continental, o de número 16274, gravado em 23 de junho de 1950 e lançado em setembro-outubro do mesmo ano, com acompanhamento da orquestra do também médico Antônio Sergi, o Totó (por isso ele aparece no selo como “doutor”). No lado A, matriz 11148-R, o samba-canção “Meu castigo”, de autoria de José Nicolini, maestro e compositor paulistano de origem italiana. E, completando, matriz 11149-R, a conhecida valsa (ou corrido) “Beijinho doce”, de Nhô Pai, originalmente lançada em 1945 pelas Irmãs Castro, e muitíssimo regravada, inclusive por Nalva Aguiar, quando mereceu um arranjo mais “jovem”. Enfim, o GRB nos oferece, com músicas ditas “waves”, mais agradáveis momentos de alegria e recordação!

*TEXTO SAMUEL MACHADO FILHO

dançando com você – orlando correia
sistema nervoso – orlando correia
baião em paris – ronaldo lupo
depois eu conto – ronaldo lupo
beijinho doce – solon sales
belo horizonte – solon sales
cabeça inchada – solon sales
meu castigo – solon sales
perambulando -solon sales
segue teu caminho – solon sales