Vânia Bastos (1990)

O TM oferece hoje aos amigos cultos, ocultos e associados, com grata satisfação, um trabalho primoroso, concebido por uma  das mais expressivas intérpretes de MPB surgidas na década de 1980: Vânia Maria Bastos, ou simplesmente Vânia Bastos. Ela veio ao mundo na cidade paulista de Ourinhos, bem perto da divisa com o Paraná, no dia 13 de maio de 1956. E foi lá que se iniciou na carreira musical, participando de coros de igreja.  Aos 19 anos de idade, em 1975, transferiu-se para São Paulo, a fim de estudar Sociologia. Nessa ocasião, iniciou os estudos de canto com Ula Wolff, Lee Alison e Darcy Miranda. Ligada ao movimento cultural conhecido como Vanguarda Paulista, Vânia ingressou como vocalista, em 1980, da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé, com quem gravou o álbum “Clara crocodilo”, participando de todas as faixas, e fazendo a voz-solo em quatro delas.  Em 1983, no disco “Tubarões voadores”, também de Arrigo, tornou-se a principal solista das músicas do compositor. Paralelamente, acompanhou também o cantor-compositor Itamar Assumpção em shows e gravações. No decorrer dos anos 80, cantou em outros grupos paulistanos, como Magazine e Joelho de Porco.  Finalmente, em 1987, vem seu primeiro álbum-solo,  pela Copacabana, sem título, com sucesso de crítica. Dois anos mais tarde, a partir de um LP no qual interpreta composições de seu marido, Eduardo Gudin (entre elas “Paulista”, uma das mais conhecidas interpretações de Vânia, também constante deste álbum hoje postado), e em dupla com ele, este passou a produzir seus trabalhos fonográficos.  A discografia de Vânia Bastos, solo ou em dupla com outros,  abrange doze álbuns, entre LPs e CDs (em alguns deles homenageando compositores como Caetano Veloso, Tom Jobim, Edu Lobo e o pessoal do Clube da Esquina), e um DVD, “Tocar na banda”, lançado em 2007, no qual canta músicas que marcaram sua brilhante trajetória.  Seu mais recente trabalho, lançado neste ano de 2016, é “Concerto para Pixinguinha”, gravado ao vivo, em dupla com o contrabaixista Marcos Paiva. Este álbum de Vânia Bastos oferecido hoje a vocês pelo TM, é seu segundo trabalho-solo em disco (sem contar o que fez em dupla com o marido, Eduardo Gudin, evidentemente também produtor deste aqui), lançado em outubro de 1990 pela Eldorado, gravadora vinculada ao jornal “O Estado de S. Paulo”, e até hoje sinônimo de qualidade, tanto técnica quanto artística. Na ocasião, Vânia comemorava dez anos de carreira, e dedicou este trabalho aos filhos Rita e Noel. No repertório, autênticas pérolas, como a versão “Tudo que você é (All the things you are)”, que abre o disco, três faixas assinadas pelo marido-produtor Eduardo Gudin (a já citada “Paulista”, “Outra estação” e “Caiaque”) e regravações de “A vizinha do lado”, de Caymmi, e A filha da Chiquita Bacana”, de Caetano Veloso, esta acoplada a “Frou-frou”, do casal Rita Lee-Roberto de Carvalho. Destaque ainda para  “O rouxinol”, parceria de Gilberto Gil com Jorge Mautner, e um charleston de Inácio Zatz, “Não canto na chuva”. Tudo isso e muito mais em um trabalho primoroso e do mais alto nível, no qual Vânia Bastos firmou-se como uma das melhores cantoras brasileiras surgidas de 1980 para cá. Vale conferir!

tudo que você é
o rouxinol
frou frou – a filha da chiquita banana
outra estação
sky of my blues
caiaque30
a vizinha do lado
paulista
não canto na chuva
pedacinho

*Texto de Samuel Machado Filho

Tributo A Marcus Pereira (1982)

É inegável  a importância da gravadora Marcus Pereira para a história da nossa música popular. Ela foi a primeira no país a adotar uma política de produção alternativa, fora das grandes companhias do setor e do mecenato estatal. Como hoje o fazem selos tipo Kuarup, Biscoito Fino, Acari, Rob Digital etc. Tudo isso começou em 1967, quando o publicitário Marcus Pereira, então frequentador assíduo e sócio minoritário da boate Jogral, de São Paulo, através de sua agência de propaganda, produziu um LP para ser distribuído aos clientes como brinde de fim-de-ano, dedicado à obra de Paulo Vanzolini: o histórico “Onze sambas e uma capoeira”, reunindo vários intérpretes, entre eles Luiz Carlos Paraná (dono da Jogral), Chico Buarque e sua irmã Cristina (então estreando em disco). Mais tarde, a RGE o lançaria no mercado. Um ano depois, veio “Flauta, cavaquinho e violão”, dedicado ao choro.  Por fim, em 1973, Marcus Pereira decide fechar sua agência de publicidade e dedicar-se apenas à produção fonográfica. Assim nasceu a lendária Discos Marcus Pereira, cujo primeiro lançamento foi a série de quatro LPs “Música popular do Nordeste”, laureada com o Prêmio Estácio de Sá, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. E logo viriam outras, dedicadas à música popular de outras regiões do Brasil perfazendo um total de 16 álbuns. A Marcus Pereira era um selo aberto a estilos diversos de música: choro, samba, experimental… Por lá passaram nomes da mais alta estirpe da MPB, gravando ou participando de seus discos. E, em menos de dez anos de existência, o selo conseguiu lançar 144 álbuns! Entretanto, a famigerada economia brazuca fez com que a Marcus Pereira enfrentasse problemas de distribuição e acúmulo de dívidas, que deixaram a empresa à beira da falência, sem contar os problemas pessoais de seu proprietário. E tudo isso fez com que Marcus Pereira, em fevereiro de 1981, se suicidasse com um tiro no ouvido.  Um ano mais tarde, como homenagem póstuma a seu fundador e proprietário, a Discos Marcus Pereira (cujo acervo hoje pertence à Universal Music) lançou a coletânea que o TM agora oferece, prazerosamente, a seus amigos cultos, ocultos e associados. Este “Tributo a Marcus Pereira” reúne, em doze faixas, as músicas de que ele mais gostava, interpretadas por artistas que passaram por sua gravadora, em épocas e estágios diversos. Se não, vejamos: a faixa de abertura é “Engenho de flores”, interpretada pelo maranhense Papete  (José de Ribamar Viana), falecido em maio deste ano. Lançada em 1979, em seu segundo LP, “Bandeira de aço”, tornou-se hit nacional um ano depois, com Diana Pequeno. A segunda faixa é um clássico de sempre do mestre Cartola, interpretado por ele mesmo: “As rosas não falam”, gravação de 1976 que vale a pena sempre (re) ouvir, extraída do segundo álbum do mestre mangueirense.  “De Teresina a São Luís”, originalmente lançada por Luiz Gonzaga em 1962, é aqui revivida por Irene Portela, cujo registro é faixa de abertura de seu único LP-solo, “Rumo Norte” (1979). Na quarta faixa, Leci Brandão interpreta “Antes que eu volte a ser nada”, samba que a revelou para o grande público em 1975, no festival Abertura, da TV Globo, e, ainda nesse ano, daria título a seu primeiro álbum-solo. Renato Teixeira vem com “Moreninha, se eu te pedisse”, em gravação que foi originalmente lançada em 1971, num LP chamado “Álbum de família”, produzido sob encomenda da Cia. Cacique de Café Solúvel como brinde de Natal, e reeditado pela Marcus Pereira em 1974 (nesse ano, ainda seria faixa de abertura do primeiro volume de “Música popular do Centro-Oeste/Sudeste”).  “O menino (El menino)”, composição do argentino Atahualpa Yupanqui (Héctor Roberto Chavero), com letra brasileira de Dércio Marques, mineiro de Uberaba,  é interpretada por ele em gravação de 1977, extraída de seu primeiro álbum, “Terra, vento e caminho”. A inesquecível Nara  Leão interpreta “Cuitelinho”, em adaptação do mestre Paulo Vanzolini, em gravação de 1974, originalmente faixa de abertura do quarto volume de “Música popular do Centro-Oeste/Sudeste”. A irmã de Dércio Marques, Doroty, aqui comparece interpretando “Eterno como areia”, gravação de 1978, extraída do seu primeiro álbum, “Semente”.  Léo Karam interpreta “Jesuína”, gravação de 1976, lançada em seu único LP-solo, “Urbana”. Chico Maranhão (autor do frevo “Gabriela”, sucesso no festival de MPB da TV Record de 1967) aqui interpreta “A vida do ‘seu’ Raimundo”, lançada em 1980, em seu terceiro LP-solo, “Fonte nova”.  Surgida em outro festival de MPB da Record, o de 1966, na voz de Elza Soares, “De amor ou paz”, composição de Luiz Carlos Paraná e Adauto Santos, é aqui revivida por este último, em faixa do álbum “A música de Carlos Paraná”, lançado com o selo Jogral em 1971 e depois reeditado pela Som Livre e, claro, pela Marcus Pereira. Para finalizar, o próprio Luiz Carlos Paraná interpreta, de sua autoria, a guarânia “Vou morrer de amor”, faixa desse mesmo LP de 1971 anteriormente mencionado, documentando sua obra como compositor (o registro original é dele mesmo, feito em 1963). Enfim, um resumo interessante do memorável  legado da Discos Marcus Pereira, que, conforme está escrito na contracapa, foi “muito mais um estado de espírito do que uma gravadora convencional”.

engenho das flores

as rosas não falam

de terezina a são luiz

antes que eu volte a ser nada

moreninha se eu te pedisse

o menino

cuitelinho

eterno como areia27

jesuína

a vida de ‘seo’ raimundo

de amor ou paz\

vou morrer de amor

*Texto de Samuel Machado Filho

Rede Globo Especial (1973)

Olá, amigos cultos e ocultos! Demorei, mas voltei… ou por outra, tô vivo e ativo. Não bastasse a sempre e contante falta de tempo, desta vez tive uma torção no ombro direito que acabou se espalhando por todo o braço. Fui obrigado a recorrer a fisioterapia, pois a situação foi agravando. Daí, fiquei impossibilitado de mexer no computador durante esses últimos dias. Ficar velho é uma merda! Tem sempre uma novidade… E por falar em novidade, também para compensar a ausência, eu hoje estou trazendo uma postagem joinha… Um presente que vale por quatro.
Relembrando os bons tempos da Rede Globo, quando ainda se amarrada cachorro com linguiça… Temos aqui um álbum especial, um brinde de fim de ano oferecido pela emissora aos seus associados. Juro que este eu também não conhecia. Mais um bom presente do meu amigo Fáres. Como podemos ver aqui, temos um álbum com quatro lps distintos, lançamentos recentes da Som Livre, ainda naquele início dos anos 70. Numa singular embalagem, a Rede Globo selecionou 4 discos da sua gravadora: a trilha nacional de sua novela “Os Ossos do Barão”, com músicas compostas por Marcos Valle e interpretada por diversos artistas; Luiz Bonfá em seu diferentaço ‘Jacarandá”, disco produzido e arranjado por Eumir Deodato; a trilha internacional da novela “O Bem Amado” e de quebra temos ainda Astor Piazzolla em seu clássico disco “Adios Nonino”, lançado em 72 no Brasil pela Som Livre. Sem dúvida, um leque bem agradável, que amostra bem a produção fonográfica do selo/gravadora. Não deixem de conferir…
Os Ossos Do Barão – TSO
qual é – djavan
meu velho pai – djalma dias
chega de enganar a nega – betinho
tenha juízo – márcio lott
e tem mais – eustáquio sena
os ossos do barão – marcos valle
tango – claudia regina
mundo em festa – bibi vogel
ebo exú – coral som livre
cafezinho – trama
canto da sereia – claudia regina
tu ca num chiagne – paulo fortes
Luiz Bonfá – Jacarandá
apache talk
jacarandá
gentle rain
you or not to be
strange message
don quixote
song thoughts
danse v
empety room
sun flower
O Bem Amado
also spreach zarathustra – eumir deodato
fleur de lune – françoise hardy
listen – paul bryan
masterpiece – the temptations
i’ve been  around – nathan jones group
poor devil – free sound orchestra
dancing in the moonlight – david jones
shine shine – david hill
harmony – ben thomas
take time to love me – john wagner coalition
dancing to your music – archie bell and the drells
i could never love – chrystian
give me your love – the sister love
daddy’s home – germaine jackson
Astor Piazzolla – Adios Nonino
adios nonino
atoño porteno
michelangelo 70
coral
fugata
soledad
final
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Rock De Autor (1991)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Depois de quase 10 anos de atividades e um infinito de mais de três mil títulos postados, confesso a vocês que as vezes eu esqueço o que já postei. E na ânsia de ver logo um disco postado, muitas vezes eu nem me dou ao trabalho de verificar se já postei ou não. Este é o caso do presente lp que só agora eu me toquei de já tê-lo postado há uns 6 anos atrás. Como a postagem anterior é antiga e o link nem existe mais, vou repostá-lo ainda mais completo.
Só relembrando e esclarecendo… este disco foi o segundo e último trabalho do selo independente Manifesto, lançado no segundo semestre de 91. O que temos aqui é uma coletânea de artistas/autores/poetas da cena pop e underground paulista. Pela contracapa podemos ver: Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Aguilar, Ricardo Salvagni, Jimi Joe, Miranda, Maria Andrade, Zaba, Dequinha, Nasi, Miguel Barella, Giuseppe Lenti, Charlie C., Akira S, Minho K, Cid Campos, P. Antunes e RH Jackson, este último um dos produtores do Manifesto. Rock de Autor é um disco diferente e acima de rótulos. Infelizmente, como toda produção independente, teve pouca repercussão e uma edição um pouco limitada.

we bop – p. antunes
as gangs – aguilar
esse é o lugar – paulo miklos
drunk rock – minho k
o verme e a estrela – cid campos
tokei – akira s e charlie c
sote inglês – miranda, neneco, m andarde, jimi joe e r salvagni
o gato de schrodinger – rh jackson
preposições – dequinha e zaba
e só – arnaldo antunes
o gato vermelho -maria andrade
borgo san freiano – m barella e g lenti
arabia maldita – nasi

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Daltony – Cirrose (1983)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Há algum tempo atrás eu trouxe aqui um compacto do cantor, compositor e violonista Daltony Nóbrega. Hoje temos o lp, disco integral, com todas as faixas, incluindo as duas do compacto. Daltony (Nóbrega) é mineiro, de Juiz de Fora. Iniciou sua carreira musical nos anos 60 participando do Grupo Mineiro, um conjunto vocal que atuou em festivais e também ao lado de artistas como Beth Carvalho, Marlene e outros, já no início dos anos 70. Nessa década, passou a se apresentar sozinho e suas composição foram gravadas por Evinha, Cláudia, Eliana Pittman, Célia, Trio Mocotó, Simone, Roberto Ribeiro e por aí a fora… Continuou participando de festivais e tendo suas músicas defendidas inclusive por outros intérpretes. Foi diretor musical na TV Globo e por lá fez também muita música, inclusive para projetos infantis, como foram os casos de “Plunct plact zum”, “Turma do Pererê” e “Pirlimpimpim”. Durante as décadas de 80 e 90 esteve sempre muito autuante, trabalhando para a televisão, compondo, produzindo, escrevendo roteiros e também gravando seus discos.
Seguimos assim como este lp e caso tenham interesse, já consegui também o segundo disco do Daltony. Num próximo momento a gente publica ele aqui, ok?

cirrose
tereza iná
cadeira de dentista
batista
ode ao detran
amigo malandro
barafunda
só pra faturar
cozinheira granfina
samba da cascata
nouveau riche
falso amor sincero
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Porto Alegre 83 (1983)

Olá, amigos cultos e ocultos! Entre as obscuridades musicais vindas do Sul, temos aqui um disco dos mais interessantes. Produção independente para uma coletânea trazendo alguns dos mais expressivos artistas da cena musical gaúcha, nos anos 80. Este disco figura como um dos mais importantes trabalhos da mpb gaúcha. Infelizmente, pouco conhecido além das fronteiras da capital, Porto Alegre. Confiram, pois só aqui você conhece e escuta isso…

radiko laps
boca da noite
para dija – fernando o
solidão – caio trein
saias rodando – giba giba
saudade – caio trein
sacudindo – geraldo flach
sopapo – giba giba
rosa formosa – kim ribeiro
evasão – marcelo nadrus
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Vários – Enquanto Isso… ?! (1991)

Olá, amigos cultos e ocultos! Aqui vai mais um disco de rock e independente, lançado em 1991 pelo selo independente Manifesto, criado pelos músicos Alex Antunes e RH Jackson (Voluntários da Pátria). Um projeto musical que nasceu ainda nos anos 80 e só foi se concretizar no início dos anos 90. “Enquanto Isso…?!” foi o disco de estréia, uma coletânea que reúne seis bandas da cena ‘underground’ paulista da época: Vzyadoq Moe, Notícias Popular (Akira S & As Garotas Que Erraram), Solano Star, AKT2 Frauen Kreisen, 3 Hombres e Killing Chainsaw.
Ao que parece, o selo Manifesto só lançou dois lps. No semestre seguinte de 91 sairia outro disco, o excelente “Rock de Autor”. Infelizmente, projetos como esses, que fogem do padrão do momento, nunca são muito bem aceitos, ou acabam se limitando a um seleto grupo de pessoas, aquelas que escutam música com outros olhos ;). Confiram…

santa brígida – vzyadoq moe
the cabinet – vzyadoq moe
notícias popular – notícias popular
4:33 – notícias popular
só meu beijo cala a sua boca – solano star
yellow eyes – solano star
principe no deserto vermelho – akt 2 frauen kreisen
wir brauchen helfen – akt 2 frauen kreisen
aventura – 3 hombres
leviatã – 3 hombres
prudence – killing chainsaw
lollypop – killing chainsaw

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Cão Fila (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Como dizem por aqui, a gente tarda, mas não falha (muito). Entre passos e espaços segue o nosso toque musical. E como todos sabem, aqui é um lugar para quem escuta música com outros olhos. É bem nessa ‘vibe’ que hoje dou sequência a nossa mostra ‘pop-rock-ou-coisa-assim’. Desta vez saindo um pouco da produção independente. Vamos às curiosidades do mercado fonográfico no início da década de 80. Temos aqui a banda Cão Fila em seu único disco lançado pela gravadora Continental em 1980. Um álbum que impressiona pela capa, pela produção gráfica que contempla até encarte em papel cartão. À primeira vista o álbum nos passa a ideia de uma banda de hard rock, Algum daqueles discos obscuros do rock nacional que voltam a cena, ou coisa assim… Taí um trabalho que, ao meu ver, teria tudo para dar certo, não fosse o fator principal, a própria música. Explico… Temos aqui um álbum muito bem produzido nas mãos de Toni Bizarro e Pena Schmidt e com participações especiais de músicos como  Eduardo Assad e Lincoln Olivetti. A capa nos remete mesmo a ideia de ser uma banda de rock pesado. Mas é quando o disco rola que a gente percebe que a coisa não é bem assim. O Cão Fila fica um pouco a desejar no quesito agressividade, tanto instrumental quanto em sua mensagem. A banda tem mais uma pegada pop romântica, talvez até um pouco adocicada graças aos arranjos do Eduardo Assad. Formada por Demian, Tarcíso, Denis e Tigues, o Cão Fila não durou muito para contar história, Demian e Denis, irmão gêmeos, alguns anos mais tarde voltariam a cena como dupla ‘sertaneja’ interpretando versões do pop internacional. Parece que realmente encontraram o seu lugar.

pecado madrigal
idilio08
perdas e danos
adeus
cão fila
menina dos sonhos
coração vazio
noite em claro
a volta
non ducon ducoi
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Porto Alegre/Rock (1985)

Amigos cultos e ocultos, continuamos nossa saga pop rock musical, que por curiosidade, na sequencia, tem sido produções independentes. E aqui vai mais uma, certamente rara e pouco conhecida pros lados de cá. Como já disse em outras ocasiões, os sulistas tem seu próprio universo e em alguns aspectos parece até que se bastam. É o um outro Brasil.
Aqui temos a coletânea  P. Alegre Rock, lançada de maneira independente em 1985. Um disco que marca o retorno à cena musical do cantor da lendária banda dos anos 60, Liverpool, Fuguetti Luz. Tem também nomes como Lionel Gomes, Vôo Livre, Byzarro, Astaroth, Sodoma, V-2 e Pupilas Diladas, bandas que marcaram o pop rock gaúcho nos anos 80.

abertura – fuguetti luz
dia de rock – lionel gomes
relâmpagos do progresso – byzarro
tempo futuro – vôo livre
novas pulsações – bandaliera
alienado legião de bestas – astaroth
buscando a eternidade – sodoma
anarquia – v-2
planeta estranho – pupilas dilatadas
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Ayrton Mugnaini Jr – A Coragem de Ayrton Mugnaini Jr (1992)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje temos mais um lançamento independente, do inicio da década de 90. Apresento, Ayrton Mugnaini Jr, jornalista, pesquisador de MPB, compositor e produtor paulista. Ayrton foi um dos mentores/integrantes da impagável ‘Língua de Trapo’, banda que tinha no humor seu sucesso garantido, lá pelos idos dos anos 80. Também fez parte da banda Magazine, de Kid Vinil. “A coragem de Ayrton Mugnaini Jr” foi seu primeiro trabalho solo e de uma certa forma, inevitavelmente, muito do Língua de Trapo se pode perceber neste disco. O Magazine também tinha essa pegada de humor. E é mais ou menos nessa linha que nosso artista segue, cheio de coragem, nos trazendo um álbum com 14 faixas, em sátiras inteligentes, típicas de um bom virginiano 🙂

tributo a língua presa
imunologia
veterinária
virginiano
gorda
minhas pestinhas
velho amor
prove esta emoção
posso dar uma canja?
conformática
claudinha
acalanto
a garota do quinto andar
rebel dog blues
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