Heitor Villa-Lobos – Os Choros De Câmara (1977)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Como já deu para perceber, nos últimos dias nós não tivemos postagens. O tempo anda curto para mim. Deixa esse abril passar, logo estarei mais presente. Disco é o que não falta 😉
Para manter acesa a chama, vai aqui um disquinho que deveria ter sido postado na Semana Santa, por ser um tipo de música mais apropriado para o momento, calma e tranquila. Mas eu realmente não achei um tempinho, por isso vai hoje e agora, nesses cinco minutinhos que me restam de folga.
Segue aqui um álbum do excelente selo Kuarup. Um disco realmente de primeira, trazendo “Os Choros de Câmara”, de Villa-Lobos em sua primeira gravação completa. Este álbum foi gravado em 1977, segundo consta na contracapa. Foi produzido originalmente para ser um brinde  do Banco do Brasil no exterior, depois, mais tarde viria a ser lançado  pela Kuarup.
Segundo nos contam os pesquisadores da música no Brasil, o Choro era um gênero de música instrumental  urbano já bem popular, no fim do século XIX. Heitor Villa-Lobos em seus estudos musicais, ainda na infância, já mantinha contato com este tipo de música, contrariando, de uma certa forma, o rigor e formalidade da música chamada “erudita”, ou ainda, aquela na qual a sua classe social estava inserida. Villa-Lobos teve assim a oportunidade de vivenciar a música popular e dela absorver elementos fundamentais que o transformaria num dos nomes mais importante da música brasileira. Complementando um pouco mais, segue aqui um trecho de um artigo sobre Estilos Populares na Música de Câmara Brasileira, publicado no site Portal do Fagote, assinado por Janet Grice: A palavra choro significa, literalmente, chorar, e os intérpretes de choro são chamados “Chorões”. No entanto, a palavra se aplica às peças mais lentas e sentimentais, os choros-canções, mas muitas peças assim denominadas são rápidas e muito sincopadas, mais semelhantes a um samba do que a uma serenata. Em algumas fontes, pode-se encontrar que a origem da palavra “choro” derivaria de uma forma de música e dança africana chamada xolo, termo que, posteriormente, teria passado a ser escrito choro. Um conjunto tradicional de choro pode incluir instrumentos solistas de sopro, como a flauta, clarineta ou saxofone, acompanhados de violão ou outro instrumento de corda como o bandolim e o cavaquinho e o pandeiro.  O termo “choro” também se refere ao repertório musical executado por esses conjuntos: danças e serenatas de origem européia que foram tocadas em festividades populares. Num choro, a linha do baixo é improvisada como um contraponto à melodia, que sofre variações a cada repetição. A improvisação típica toma a forma de variações melódicas e da criação de contrapontos entre os instrumentos do conjunto, ao contrário do jazz, onde existe a modificação da estrutura harmônica. A forma de um choro típico é uma estrutura simples de rondó consistindo em três seções de 16 compassos em tonalidades distintas, mas relacionadas. A estrutura harmônica é similar à da modinha, uma antiga canção portuguesa popular no Brasil desde a época colonial. Fagotistas familiarizados com as 16 Valsas para Fagote Solo de Francisco Mignone conhecem as melodias sentimentais e obsedantes que ele escreveu baseado em elementos da valsa, da modinha e do choro. Como Mignone, tanto Villa-Lobos como Lorenzo Fernandez captaram a essência do choro sem aderir à forma tradicional. No século XX, o choro se transformou num estilo de música e dança bem-comportado e popular, relacionado intimamente com as danças tipicamente urbanas, como o maxixe e o samba. Forma primitiva do samba, o maxixe era incrivelmente popular como uma dança e uma forma de canção no final do século XIX. Tendo recebido esse nome pela maneira de dançar a polca arrastando os pés e remexendo os quadris, tratava-se de uma dança vigorosa em compasso 2/4 que incorporava elementos africanos, hispano-americanos e europeus.

Ao que tudo indica, este disco (CD) pode ainda ser encontrado com facilidade em diversas lojas físicas ou virtuais.
 
choros n. 1
choros n. 2
choros n. 3 (picapau)
choros n. 4
choros n. 5 (alma brasileira)
choros n. 2 (primeira gravação da versão para piano)
choros n. 7 (settimino)
dois choros (bis)
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Orquestra Som Bateau – Ataca De Nostalgia (1975)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Sobrou um tempinho, olha eu aqui de novo. E hoje trazendo mais um disco da Orquestra Som Bateau. Desta vez ela vem trazendo um bocado de sucessos dos anos 50 e 60 em forma de ‘medley’, ou como eu sempre falo aqui, o `pot-pourri’. Ao contrário dos outros álbuns, neste a Orquestra Som Bateau traz também um côro, ou seja, não se limita apenas ao instrumental. Os arranjos são do Azimuth José Roberto Bertram, que também dá seu toque nas interpretações. Um disco realmente interessante, vale uma conferida 😉

nel blu di pinto di blu
tea for two
the shadow of your smile
over the rainbow
al di lá
guantanamera
matilda
come sinfonia
ho carol
banana boat song
a string of pearls
dameti un martello
moonlight serenade
tenderly
singin’ in the rain
night and day
besame mucho
beguin the beguine
hey there
i left my heart in san francisco
cuando sali de cuba
stupid cupid
diana
siboney
raindrops keep falling on my head
el dia en que me quieras
everyboby’s talkin’
blue gardênia
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Nelson Gonçalves – Sambas E Boleros (1961)

Olá amigos cultos e ocultos! Olha eu metendo a mão nos ‘discos de gaveta’ novamente para tentar salvar o dia. Aqui vai para vocês um Nelson Gonçalves, mais batido que uma ‘carreirinha’, mas sempre muito bem vindo (hehehe…). Este álbum, assim como quase toda a discografia de Nelson, já foi bem divulgado em blogs e outras fontes. Também já foi relançado em vinil nos anos 80 e depois em cd. Quer dizer, o que estou fazendo aqui é apenas chover no molhado. Mas quando a chuva é boa a gente deixa cair, não é mesmo? Segue então, “Sambas e Boleros”, álbum originalmente lançado em 1961 e traz doze composições, sendo a maioria do próprio Nelson Gonçalves em parceria com Adelino Moreira.

levanta-me meu amor
plebeu
o amanhã do nosso amor
meu bairro
o mundo em meus braços
fica comigo esta noite
usted llegó
definitivamente
yo te quiero
és mentira
la ley del mas fuerte
tu nombre
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Compositores Brasileiros Contemporâneos – 13. Festival de Inverno da UFMG (1986)

Olá amigos cultos e ocultos! Abril é o mês em que eu mais estou ocupado, quase não tenho tempo para nada. É só trabalho! Preciso achar um momento para a música, para os discos e para o blog. O importante para mim é fazer tudo por prazer e não por obrigação (aliás, que obrigação?)
Segue na postagem de hoje este lp, lançado em 1986 pela Universidade Federal de Minas Gerais para o 13. Festival de Inverno, realizado em São João Del Rey. Época boa, quando ainda a UFMG acreditava em seu festival. Inclusive, o termo “Festival de Inverno” foi criado por eles, mas ao longo do tempo acabaram perdendo até o nome como algo exclusivo. Creio até que alguém já registrou ‘Festival de Inverno’, ou se tornou algo comum. Ainda nos anos 80 o Festival de Inverno da UFMG era o máximo, um evento que todos queriam participar. A produção artística durante o mês de julho, nas áreas de artes plásticas, música e letras eram intensas, a ponto de merecerem publicações. Este disco é um bom exemplo. Gravado ao vivo, possivelmente no Teatro Municipal de São João Del Rey, ele nos apresenta obras de seis compositores brasileiros, da chamada ‘Música Contemporânea’: Michel Philippot, Gilberto Mendes, J. A. de Almeida Prado, Armando Albuquerque, Arthur Nestrovski e Vânia Dantas Leitas. Como na edição anterior do Festival, onde também fora produzido um lp, acredito que este também tenha sido com os alunos que participaram das oficinas. Infelizmente, não encontrei outros dados sobre este disco, mas tenho certeza que logo aparece alguém aqui com a informação necessária. Também, se for do interesse de vocês, poderei em uma próxima ocasião postar o lp do 12. Festival. Deixo aqui também um link, “Música Contemporânea em Minas Gerais“, tese da historiadora Vânia Carvalho Lovaglio, na qual ela pontua também essas passagens dos Festivais de Inverno da UFMG.
piece n. 2 (para violino solo) – michel philippot
retrato – gilberto mendes
epsódio animal – j. a. de almeida prado
sonatinha – armando albuquerque
litania – arthur nestrovski
aju ramô – vania dantas leite
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Jackson Do Pandeiro – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 98 (2014)

Em sua nonagésima-oitava edição, e prosseguindo em sua brilhante e expressiva trajetória, o Grand Record Brazil tem a honra de apresentar a primeira de duas partes de uma retrospectiva dedicada a um dos nomes mais expressivos da música regional nordestina. Estamos falando de Jackson do Pandeiro.  Nosso focalizado recebeu na pia batismal o nome de José Gomes Filho, e foi o primeiro grande artista paraibano surgido em plena era do rádio. Veio ao mundo na cidade de Alagoa Grande, no dia 31 de agosto de 1919, filho de José Gomes e de Flora Maria da Conceição, uma cantora de cocos que usava o pseudônimo de Flora Mourão, e lhe deu de presente  o primeiro instrumento musical: um pandeiro, é claro. Seu nome artístico veio de um apelido dado por ele mesmo: Jack, inspirado em um mocinho de filmes de faroeste americanos, Jack Perry. Cantava no interior da sua Paraíba natal desde a adolescência, e fez algumas duplas antes de se consagrar como artista-solo, a primeira com Zé Lacerda, em Campina Grande, ainda como Jack do Pandeiro. Em 1947, às vésperas de começar a ganhar popularidade nas rádios locais, e de ser rebatizado artisticamente como Jackson do Pandeiro (por sugestão de um diretor de programa de rádio, pois ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse anunciado), formou a dupla Café com Leite, com Rosil Cavalcanti, em João Pessoa. Esse duo teve apenas um ano de existência, mas a amizade e a parceria refletiriam no início da carreira-solo de Jackson.  Em 1953, foi contratado pela Rádio Jornal do Commercio, do Recife,  (que tinha o slogan “Pernambuco falando para o mundo”), pertencente à família Pessoa de Queiroz. Foi lá que conheceu Almira Castilho de Albuquerque, com quem se casou em 1956, e viveu até 1967. A segunda esposa de Jackson foi a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem ele também se separou pouco antes de morrer.  Ainda em 1953, já ganhando notoriedade nacional e despertando o interessa das gravadoras, Jackson conhece Luiz Gonzaga, que imediatamente propõe encaminhá-lo à direção da RCA Victor. Porém, Jackson acaba preferindo a Copacabana, por ter escritório no Nordeste. Antes do Natal de 1953, sai seu primeiro disco, um 78 com “Forró em Limoeiro” (Edgar Ferreira) e “Sebastiana” (Rosil Cavalcanti), com êxito imediato. E seguiram-se inúmeros outros sucessos, tais como “O canto da ema”, “O crime não compensa”,  “Lapinha de Jerusalém”, “Chicletes com banana”, “Um a um”, “Cantiga do sapo”, além dos que foram reunidos neste primeiro volume e comentaremos a seguir. Após serem agredidos fisicamente durante uma passagem pelo Recife, Jackson e Almira  decidem residir no Rio de Janeiro, onde são contratados pela então poderosa Rádio Nacional, “a estação das multidões”. Mesclando com sabedoria temas carnavalescos, juninos e até natalinos, os discos de Jackson animavam qualquer ocasião, e deixavam os críticos abismados  com sua facilidade em cantar gêneros variados. O longo tempo em que Jackson tocou em cabarés aprimorou sua capacidade jazzística, sendo também famosa  sua maneira de dividir a música. Diz-se até que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com Jackson, que é considerado por muitos o maior ritmista da música popular brasileira, tanto que era conhecido como “o rei do ritmo”. Além de vários 78 rpm, sua discografia inclui mais de 30 LPs, o último deles, “Isso é que é forró”, lançado em 1981. Foram 29 anos de carreira, tendo passado também pelas gravadoras Columbia (e sua sucessora, a CBS), Philips, Continental e Cantagalo, tendo também participado de inúmeros projetos coletivos. Diabético desde os anos 1960, Jackson do Pandeiro faleceu em 10 de julho de 1982, na Casa de Saúde Santa Lúcia, em Brasília, DF, em decorrência de complicações de embolia pulmonar e cerebral. Ele tinha participado de um show na Capital Federal uma semana antes, e no dia seguinte passou mal no aeroporto antes de embarcar para o Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju, no Rio, e hoje seus restos mortais encontram-se em sua cidade natal, Alagoa Grande, em um memorial que a população do município preparou em sua homenagem. Alceu Valença costuma dizer que Luiz Gonzaga é o Pelé da música, e Jackson do Pandeiro, o Garrincha. É o que comprovaremos na seleção deste primeiro volume que o GRB lhe dedica, com 16 gravações, evidentemente preciosas e de valor histórico, a maior parte delas editadas em 78 rpm pela Copacabana, e reunidas depois em LPs de 10 e 12 polegadas. Abrindo este volume, o coco “A mulher do Aníbal”, de Genival Macedo e Nestor de Paula, lançado por volta de abril de 1954 com o n.o 5234-B, matriz M-749. A faixa seguinte é o xote “Cremilda”, de Edgar Ferreira, bem divertido e malicioso, lançado em maio de 1955 sob n.o 5412-A, matriz M-1014. O outro lado, matriz M-885-2, está na faixa 8: é o samba “Falsa patroa” de Geraldo Jacques e Isaías Ferreira. A faixa 3 é da fase de Jackson na Philips, o “Frevo do bi”, de Brás Marques e Diógenes Bezerra, alusivo à conquista do bicampeonato mundial de futebol (Copa do Mundo) pela Seleção Brasileira no Chile, lançado em junho de 1962, disco P61135H-A (inquebrável e de vinil!), e que nessa ocasião também foi gravado na Continental por um certo Papi Galan. Na quarta faixa, voltando à Copacabana, temos o rojão (tipo de baião mais acelerado) “Cabo Tenório”, de Rosil Cavalcanti, por certo inspirado em um polêmico político dessa época, o alagoano Tenório Cavalcanti (1906-1987), aliás interpretado pelo recém-falecido José Wilker no filme ‘O homem da capa preta”, em 1986. O disco recebeu o número 5741-B, e foi lançado por volta de março de 1957, matriz M-1866. Em seguida você tem justamente o lado A, o “Xote de Copacabana”, do próprio Jackson do Pandeiro (que assina com seu nome verdadeiro, José Gomes), matriz M-1865. A sexta faixa é outro  xote,“Moxotó”, também de José Gomes (ou seja,o próprio Jackson), agora em parceria com Rosil Cavalcanti, datado de 1956, disco 5579-B, matriz M-1504. Em seguida, o clássico “Dezessete na corrente”, rojão de Edgar Ferreira e Manoel Firmino Alves, de 1954, disco 5287-A, matriz M-884-2. O lado B está na décima faixa: é o batuque “O galo cantou”, de Edgar Morais, matriz M-883-2. Na faixa 9, o baião “No quebradinho”, de Marçal Araújo e José dos Prazeres, lançado em agosto-setembro de 1955, disco 5444-A, matriz M-1015. Na décima-primeira faixa, o contagiante “Micróbio do frevo”, de Genival Macedo, para o carnaval de 1955, e que saiu ainda em novembro de 54 com o número 5331-A, matriz M-980. E o lado B, matriz M-981, e faixa 15 desta seleção, é “Vou gargalhar”, samba de Edgar Ferreira que foi um dos campeões da folia de 1955. Na décima-segunda faixa, o divertido “Forró em Caruaru”, rojão que tem a respeitável assinatura do pernambucano Zé Dantas (1921-1962), também parceiro de Luiz Gonzaga em inúmeros hits. Foi lançado em março-abril de 1955 sob n.o 5397-A, matriz M-1104, tendo no verso justamente a faixa seguinte, o batuque “Pai Orixá”, de Edgar Ferreira, matriz M-882-3). Para encerrar, as duas faixas são do disco Copacabana 5277, lançado em 1954: “Eta baião!”, de Marçal Araújo (lado B, matriz M-823-2, faixa 14) e o coco “Boi brabo”, de Rosil Cavalcanti (lado A, matriz M-822-2). É a faixa que termina com chave de ouro a primeira parte da retrospectiva que o GRB dedica a Jackson do Pandeiro, fazendo justiça a este notório, expressivo e até hoje lembrado nome da música regional nordestina, prometendo a segunda parte para a próxima semana. Até lá e fiquem com Deus!
* Texto de Samuel Machado Filho

Egberto Gismonti – Sonho 70 (1970)

Olá amigos cultos e ocultos! Na puxada de discos da minha gaveta, outro lp que veio a mão foi o “Sonho 70”, segundo álbum lançado por Egberto Gismonti, em 1970. Este é mais um daqueles discos que ficou na gaveta pelo fato de ter sido bastante divulgado, diversos outros blogs já o haviam postado. Daí não vi muito sentido postá-lo também. Porém, devido a minha total falta de tempo para o blog,tenho que acabar investindo  nos “discos de gaveta”. Este, talvez, tenha sido o último disco de Egberto antes de entrar de vez numa viagem experimental, voltando-se quase exclusivamente para as composições instrumentais e pesquisas com os mais diferentes instrumentos. “Sonho 70” foi lançado em 1970. Uma produção de Roberto Menescal, que deu ao artista toda a liberdade de criação. Egberto também é o responsável pelos arranjos e a orquestração. No álbum, ele também conta com a participação especial de Dulce Nunes, que na época já era sua esposa. A música de estaque é a que dá nome ao disco, “Sonho”, compoisção que concorreu ao III Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo em 69. Este disco teve uma reedição em 1976, saíndo pelo selo Fontana. O original saiu pelo Polydor.

janela de ouro
parque lage
ciclone
indi
sonho
o mercador de serpentes
lendas
pêndulo
lírica n. 1
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Trio Irakitan – Canta O Sucesso (1969)

Boa noite amigos cultos e ocultos! Lá vou eu de novo recorrer aos meus “discos de gaveta”, pois o resto da noite eu vou passar numa festa. Mas para não deixar o fluxo de postagem tão espaçado, vou marcando presença aqui. Numa escolha sortida, o que veio para hoje é este disco do Trio Irakitan. Pode parecer estranho, mas eu nunca ouvi este disco direito, só mesmo no momento de sua digitalização. Sinceramente, não é dos meus melhores, em termos de repertório. Um misto romântico bem ‘italianado’, pode-se dizer que boa parte do disco são de versões da canção italiana. Confiram daí, que eu de cá vou tomar um banho. A ‘night’ me espera!

ama-me esta noite
quando o amor inspira poesia
quando o amor chegar
stella
melhor que você
noite vazia
custe o que custar
num sorriso teu
quem diria
noite chuvosa
balada ao mar
tiritando
..

Márcio Montarroyos – Carioca (1983)

Olá amigos cultos e ocultos! Na brecha do meu tempo, aqui vai o disco do dia (ou da noite, se preferirem). Vamos com o saudoso trumpetista Márcio Montarroyos, em disco lançado em 1983. Um álbum nota dez para quem gosta de música moderna instrumental. Fazendo juz à sua ilustre e talentosa figura, Márcio vem acompanhado pela nata do momento, músicos renomados, time de primeiríssima! Djalma Corrêa, Leo Gandelman, Jamil Jones, Victor Biglione, Ivan Conti, Ricardo Silveira, Arthur Maia, Lincoln Olivetti, Celso Fonceca… putz, a turma é grande, tem mais uns tantos… mas por aí já dá para sentir o clima. O disco foi gravado no Rio de Janeiro e finalizado em Nova York.

introduction – quilombo dos palmares
aruanda
ocean dance
skydive
samba solstice
christina
carioca
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Albertinho Fortuna – Meus Velhos Tangos (1955)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Como sempre a minha mesma cantilena, a falta de tempo. É verdade, ando muito sem tempo para me dedicar ao blog. Daí as postagens ficam espaçadas e até a qualidade dos textos vai caindo. Lacônico, conforme o momento e as circunstâncias…
Bom, vai aqui outro disco muito pedido por alguns e que finalmente eu resolvi botar pra fora. Temos aqui o cantor Albertinho Fortuna, figura já bem divulgada por aqui (o que não lhe falta é fã), mais uma vez desfilando os velhos tangos, em seu primeiro lp de 10 polegadas, lançado em 1955 pela Continental. Este álbum reúne quatro bolachas de 78 rotações, gravadas pelo cantor anteriormente. Temos assim oito músicas, oito tangos clássicos interpretados na voz de Albertinho, tendo o acompanhamento do paulista Eduardo Patané e sua típica. As versões desses famosos tangos foram feitas por Giuseppe Ghiaroni. Confiram!

caminito
yira… yira…
mano a mano
milonguita
tomo y obligo
volver
el penado 14
pañuelito
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A Música De Buci Moreira (parte 2) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 97 (2014)

E aí vai para todos os nossos amigos cultos, ocultos e associados, mais uma edição do Grand Record Brasil, a de número 97, apresentando a segunda e última parte da retrospectiva dedicada ao compositor Buci Moreira (1909-1982), oferecendo mais dez gravações históricas com suas músicas. Abrimos esta segunda parte com Carlos Galhardo, interpretando o samba “Loucura”, parceria de Buci com Oswaldo Lira e A. F. Conceição, gravado na RCA Victor em 17 de outubro de 1955 e lançado em janeiro de 56, destinando-se evidentemente ao carnaval, sob n.o 80-1539-B, matriz BE5VB-0896. “O cantor que dispensa adjetivos” também está na faixa 8, “Adoro o samba”, em que Buci Moreira tem como parceiro (aliás, um de seus mais constantes) Arnô Canegal, gravação Victor de 26 de agosto de 1941, lançada em novembro do mesmo ano sob n.o  34830-B, matriz S-052344. Prosseguindo, na faixa 2, temos o grande flautista Benedito Lacerda, à frente de seu grupo Gente do Morro, e também cantando, no samba “Preto d’alma branca”, só de Buci Moreira, que mostra a banalidade do preconceito racial. Foi lançado pela Brunswick (marca americana de curta duração no Brasil) em janeiro de 1931, por certo também visando o carnaval, com o n.o 10128-A, matriz 528. Em seguida  vem o misterioso H. G. Americano, intérprete de curta carreira fonográfica (apenas seis discos com dez gravações, em 1929/30), com o samba “Mulher soberba”, em que Buci tem como parceiro Oswaldo Santiago, lançado pela Odeon em agosto de 1930 com o n.o 10657-B. Depois, Francisco Alves nos traz outro samba, “Em uma linda tarde”, parceria de Buci Moreira com Nasinho (apelido de Norival Reis), gravação Victor de 16 de abril de 1935, lançada em julho seguinte com o n.o 33946-A, matriz 79877, com acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. O gaúcho Alcides Gerardi vem com “Protesto”, samba em que Buci tem como parceiro Felisberto Martins, então diretor artístico da Odeon, onde o cantor o gravou em 9 de junho de 1952, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 13318-B, matriz 9332. Henricão (Henrique Felipe da Costa, 1908-1984), também compositor de renome, aqui comparece com o samba “Pra que tanto ciúme?”, de Buci Moreira em parceria com Lacy Martins (irmão de Herivelto), gravado na mesma Odeon em 10 de dezembro de 1937 e lançado em janeiro de 38, com vistas ao carnaval, disco 11565-A, matriz 5731. Pioneiro da música country no Brasil, Bob Nélson (Nélson Roberto Perez, Campinas, SP, 1918-Rio de Janeiro, 2009), devidamente acompanhado de seus “rancheiros” (entre eles nada mais nada menos que Luiz Gonzaga à sanfona), apresenta a marchinha “Companheiro de caçada”, em que o parceiro de Buci Moreira é o ator Macedo Neto, que atuou no rádio e na televisão e foi inclusive marido de Dolores Duran. Foi gravada na RCA Victor em 26 de outubro de 1949, e lançada em janeiro de 50 (para o carnaval, claro) sob n.o 80-0634-A, matriz S-078961. O eterno “metralha do gogó de ouro”, Nélson Gonçalves (1919-1998) nos traz o samba “Perfeitamente”, do trio Buci Moreira-Arnô Canegal-Carlos de Souza, gravação Victor de 7 de abril de 1943, lançada em junho seguinte sob n.o 80-0086-B, matriz S-052749. Tem versos algo confusos, mas merece ser ouvido.  E, para encerrar com chave de ouro, volta Francisco Alves, agora junto com o Trio de Ouro em sua primeira formação (Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas), com o samba “Não é assim que se procede”, do quarteto Bucy Moreira-Arnô Canegal-Raul Marques-Henrique de Almeida, do carnaval de 1945, gravação Odeon de 13 de dezembro de 44 lançada bem em cima da folia, em fevereiro, disco 12550-B, matriz 7735. O próprio Herivelto comanda o acompanhamento, a cargo de sua escola de samba, e no final da gravação comete um erro crasso dizendo “Não é assim que se PORCEDE”! Isso, porém, é apenas é um detalhe. E assim apresentamos a segunda e última parte da retrospectiva do GRB dedicada a Buci Moreira. Até a próxima e muito obrigado pela atenção e carinho!
*Texto de Samuel Machado Filho

Coral Ars Nova – Missa Em Aboio (1966)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos. Para fecharmos a semana, aqui vai um lp excelente para se ouvir num fim de noite, principalmente deste domingo. Temos aqui um dos mais importantes corais brasileiros, o Ars Nova, formado na Escola de Música de UFMG no final dos anos 50. O nome Ars Nova veio em 64, foi sugerido pelo maestro e compositor Carlos Alberto Pinto Fonseca, regente do coral até 2003. É o grupo coral brasileiro mais premiado e conhecido internacionalmente.
“Missa em aboio” foi o primeiro disco lançado por eles. O álbum saiu pelo selo Festa em 1966. No repertório o Ars Nova nos apresenta uma obra sacra, do compositor nordestino Pedro Marinho e que dá nome a disco, “Missa em Abôio”. Dividido em faixas – Kyrie, Glória, Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei – esta obra ocupa todo o lado A. O lado B apresenta composições do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca.

missa em aboio
muié rendêra
café de sá chiquinha
ponto de oxum-iemanjá
galo garnizé
é a ti flor do céu
jubiabá
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João Gilberto – El Concierto Del Dia Seguinte – Madrid 1985 (2014)

Olá amigos cultos e ocultos! Como havia dito, esta é uma semana de surpresas e exclusividades, que fazem do Toque Musical um espaço único e sem igual (ups, até rimou). Para a nossa sexta feira eu estou trazendo uma outra produção da casa. Mais um bom registro do nosso querido João Gilberto, que com toda certeza vai fazer sucesso por aqui.
Há algum tempo atrás, conversando com um amigo espanhol, ele me contou sobre a primeira vez que o João Gilberto se apresentou na Espanha. Me disse que um amigo seu havia gravado todo show e por contingências do destino, ele foi quem acabou ficando com a fita. Uma pepita de ouro para ele. Um registro histórico guardado a sete chaves. Eu, na época dessa conversa bem que tentei convencê-lo a liberar o áudio para o Toque Musical, mas ele foi irredutível. Mas, como dizem, o que é do homem o bicho não come. Foi só esperar e eis que agora me chegou todo o material. Através de uma boa dica de um dos nossos amigos, consegui puxar pelo Torrent o comentado primeiro concerto de João Gilberto na Espanha. Acredito que este arquivo sonoro não seja o mesmo deste amigo espanhol. Provavelmente haviam outros também fazendo o ‘piratex’. O arquivo que baixei no Torrent veio com um áudio baixo, com as músicas separadas de maneira tosca, desmembradas de um áudio linear, um programa da Radio Nacional de España/Radio 3, segundo informação do texto em anexo, veiculado em 2010. Certamente, desde então, muita gente pode ter gravado este programa. E agora ele está aqui. Eu recuperei o áudio, dando um ganho substancial. Criei a arte e capinha, pois afinal a coisa aqui tem que ter uma boa apresentação. Não sei se vou agradar, mas acho que a capa ficou bonitinha.
Para uma melhor compreensão do que foi este show em Madrid, reproduzo a baixo o texto do “Anonymous”:
Show realizado em 19 de julho de 1985, João contava 54 anos de idade. Na noite anterior, portanto aos 18 de julho daquele ano, João havia executado sua mítica apresentação no festival de Montreux, que virou o primeiro disco ao vivo de sua carreira. Organizado pela prefeitura de Madrid, o show fazia parte da programação de “Los Veranos de la Villa”, onde constavam duas noites dedicadas à Bossa Nova. Na programação estavam agendados Antônio Carlos Jobim & Banda Nova para o dia 19/07 e João Gilberto para o dia 20/07. Tom já estava na Espanha, onde se apresentou no IX Festival de Jazz de Vitória-Gasteiz no dia 17/07. Contudo, João e sua equipe solicitaram à organização do evento que invertesse as datas de apresentação – muito possivelmente por motivos de saúde, uma vez que é possível perceber nessa gravação que João começava a transparecer um início de gripe, tossindo entre as canções. Com as entradas esgotadas para os dois dias, os organizadores atenderam ao pedido do artista e trocaram as datas. Assim, quem havia comprado entradas para ver Tom acabou assistindo João e vice-versa. Foram quase 1h30min de espera no sufocante verão de Madrid, e o público recebeu João “en el recinto castrense del Patio Central del Conde Duque de Madrid” com uma algazarra entre o alívio e a indignação. É possível que tenha sido seu primeiro concerto na Espanha. Vestia a mesma roupa que usara na noite anterior na Suíça (paletó cinza de padronagem xadrez, calça bege e tênis branco). Manteve praticamente o mesmo repertório e a mesma máxima potência hipnótica, ainda assim percebe-se um show sensivelmente distinto do anterior, capaz de revelar, no cotejo entre as apresentações, informações preciosas acerca do bruxo de Juazeiro. Para além das canções incluídas no disco de Montreux, podemos escutar nessa gravação de Madrid as canções “Wave”, “Chega de saudade”, “Eclipse”, “Doralice” e “Aos pés da cruz”. O destaque fica para “Você já foi à Bahia?”, escrita por Dorival Caymmi e inédita em toda a discografia oficial ou mesmo dentre as gravações piratas disponíveis na rede.
tim tim por tim tim
você já foi a bahia?
rosa morena
sem compromisso
wave
retrato em branco e preto
pra que discutir com madame
desafinado
chega de saudade
garota de ipanema
o pato
eclipse
adeus américa
a felicidade
estate
isto aqui o que é
doralice
menino do rio
aos pés da cruz
preconceito
aquarela do brasil
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Rita Lee & Tutti Frutti – Ao Vivo No Teatro Zaccaro SP 1976 (2014)

Olá, amigos cultos e ocultos! Estou tendo uma semana cheia de novidades, porém me falta o tempo necessário para encantar vocês. Nesta semana eu espero ainda apresentar aqui pelo menos duas curiosidades, ao estilo do Toque Musical. Ou melhor dizendo, duas produções exclusivas da casa 😉
Eis aqui a primeira, Rita Lee e sua banda Tutti Frutti em show realizado no Teatro Zaccaro, em Sampa, no ano de 1976. Um ano conturbado para a cantora, quando então enfrentou entre outras uma prisão por porte de maconha. Foi o ano também de lançamento do álbum “Entradas & Bandeiras”. Este show, me parece, foi o último com a banda. Ela depois partiria para uma carreira, digamos, mais solo e pop. O presente registro não é nenhuma coisa muito rara, podendo até ser encontrado no Youtube. Aqui, eu trago para vocês o show todo editado e no formato que a gente gosta, de um autêntico disco. A qualidade do som é razoável, vale mais pelo seu lado histórico. Além de tocar o repertório de “Entradas & Bandeiras”, ela ainda incrementa o show com clássicos dos Stones, Emerson Lake & Palmer, Rick Derringer e até o “Para Lennon e McCartney” de Milton Nascimento.

bruxa amarela
from the beginning
2001
com a boca no mundo (tico tico)
rock and roll hoochie koo
arrombou a festa
superstafa
para lennon e mccartney
corista de rock
posso contar comigo
drift away
esse tal de roque enrow
coisas da vida
superstafa bis
brown sugar
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Dick Farney – Atendendo A Pedidos (1959)

E aí… atendendo a pedidos, finalmente temos o Dick Farney, solicitado por muitos dos nossos amigos cultos e ocultos. Este álbum foi lançado no final dos anos 50 e traz o artista interpretando novamente seus primeiros grandes sucessos, em novas gravações e arranjos do maestro Léo Peracchi. Eu, sinceramente, gosto mais destas gravações, pois são mais modernas e próximas daquilo que realmente estava acontecendo de novo na música brasileira. Um excelente disco, que agora vocês podem novamente conferir… Ah, como um diferencial, estou incluindo no pacote o que podemos chamar de um pequeno encarte, extraído de revista da época, falando sobre o Dick Farney. Acho que vocês vão gostar 😉

barqueiro do são francisco
copacabana
alguém como tu
esquece
sempre teu
meu sonho
meu rio de janeiro
a saudade mata a gente
um cantinho e você
marina
ser ou não ser
ponto final
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Free Sound Orchestra – Faça A Festa (1975)

Olá amiguísimos, cultos e ocultos! Estamos tendo alguns retardos nas postagens devido a minha total falta de tempo para me dedicar mais aos discos e suas apresentações. Mesmo assim, não vou deixar a peteca cair…
Segue aqui este interessante álbum lançado pelo selo Soma, do Sistema Globo de Gravações (Som Livre) em 1975, o Free Sound Orchestra – “Faça a festa”. Um disco cujo o repertório se baseia na música pop internacional daquele momento. São doze temas, quase todos de sucesso comandados em arranjos e regência por ninguém menos que Waltel Branco. Ficaram mais interessados? Vamos lá… 😉

excuse me
sweet painted lady
oh namba
we said goodbye
soleado
feelings
happy man
seeme hear me
alle porte del sole
tears
kung fu fighting
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